segunda-feira, 27 de junho de 2016

S O F O N I A S

O   L I V R O    D E    S O F O N I A S

Sofonias é um dos livros proféticos do Antigo testamento da Bíblia. Possui três capítulos.
O nome Sofonias significa "o Senhor o escondeu" ou "o Senhor escondeu-se". Ele era tetraneto de Ezequias, Sofonias 1.1. Caso este tenha sido o rei Ezequias, Sofonias foi um profeta de sangue real. o seu ministério ocorreu no tempo do rei Josias em 640 a.C. - 609 a.C. tendo profetizado, provavelmente antes da reforma desse rei em 621 a.C.
O tema de sua mensagem é que o Senhor ainda está firmemente em controle do Seu mundo, apesar das aparências contrárias, e que comprovará isso no futuro próximo ao aplicar um castigo terrível sobre a nação desobediente de Judá, e completa destruição sobre as nações pagãs gentias, somente através de um arrependimento em tempo é que haveria possibilidade de escape dessa ira.
O profeta Sofonias viveu e exerceu a sua atividade num momento em que Judá era disputado pelas grandes potências da época. Dentro do país se formaram dois partidos: um querendo ficar sob a influência do Egito, outro da Assíria. Durante longo período, nos reinados de Mamassés e Amon, a Assíria predominava. Uma tentativa de mudar a situação a favor do Egito, através de uma revolta de oficiais da corte, não obteve sucesso, porque cidadãos de grande influência econômica reagiram e colocaram no trono Josias, que ainda era menor de idade. Esse rei promoveu uma grande reforma, mas a situação voltaria a ser a mesma: o que era bom para a Assíria, era bom para Judá, inclusive a maneira de vestir (1:8).
Nesse contexto, Sofonias exerce seu ministério entre os anos 640-630 AC, durante a menoridade de Josias e antes de sua reforma religiosa e do ministério de Jeremias. Ele mostra como pesa, sobre toda essa situação, o Julgamento de Deus (1:2-18). O Dia de Javé ou O Dia do Senhor não é essencialmente o fim do mundo e da história, mas a transformação do povo de Deus e o fim de uma era de idolatria. Para o profeta, são ídolos não somente as divindades estrangeiras, mas também a absolutização das grandes potências, do dinheiro e do poder. Esses ídolos estão presentes, tanto nas outras nações quanto na cidade de Jerusalém, seja no palácio real, seja no Templo e nos bairros da cidade (2:4-3:8). A única possibilidade de salvação que Sofonias vislumbra para escapar à ira divina são os pobres da terra (2:3), isto é, os destituídos de poder e riqueza, que depositam sua confiança no verdadeiro Absoluto e clamam por justiça. São eles os únicos que poderão formar um resto para conduzir na história o projeto de Deus, e assim fazer com que o Dia de Javé se torne dia de alegria e restauração, e não de destruição (3:9-20).
A catástrofe anunciada atingiria tanto as nações quanto Judá inspiradas pelo orgulho (3:1.11) o castigo seria uma advertência (3:7) que deveria conduzir o povo à obediência e a humildade (2:3), sendo a salvação reservada aos humildes, que põem em prática a vontade do Senhor (3:12-13).

PRINCIPAIS ASSUNTOS
A época do livro descreve um tempo de grande apostasia e corrupção Sf 1.12; 3.2-4. A Assíria ainda ocupava o cenário Sf. 2.13. A adoração de Milcon ( em outras versões Malcã) era praticada Sf 1.5. * milcon = Moloque, uma divindade Amonita, verificar 1 Rs 11.5. As condições morais e religiosas então prevalecentes eram baixas, devido à influência maligna dos reinados de Manassés e Amom. O livro descreve uma provável invasão ( esse povo invasor teria sido os Citas que entre os anos 630 a 626 a.C. ameaçaram muitas nações e trouxeram calamidade aos povos do oriente médio) que chegaria à terra de Judá Sf 1.2-3, e alcançaria outras nações Sf 2.4,12-13.

O PROPÓSITO DO LIVRO
Partindo da ameaça cita, o profeta adverte severamente o seu povo sobre a aproximação do dia do Senhor e, juntamente com a advertência terrível, há o apelo ao arrependimento endereçado primariamente ao remanescente, mais do que para a nação inteira Sf. 2.3.
"O dia do Senhor", que é descrito 18 vezes no livro especialmente, um dia de julgamento Sf 1.2-3, 7-16, 18, 3.20.

DIVISÃO DO LIVRO
O julgamento de Judá (O Dia de Javé) 1:2-2:3
O julgamento de nações 2:4-15
Os motivos do julgamento de Jerusalém 3:1-7
O remanescente e o reino Messiânico 3:8-20

INFUÊNCIA
Esse livro inspirou o versículo 41 do capítulo 13 do Evangelho de Mateus, e a descrição do Dia de Javé (1:14-18) inspirou Joel.

ACRÉSCIMOS POSTERIORES
Os anúncios de conversão dos pagãos (2:11 ; 3:9-10);
Pequenos Salmos (3:14-15; 16-18a)
Os dois últimos versículos (3:18b-20) foram escritos após o Exílio na Babilônia.


INTRODUÇÃO AO LIVRO DE SOFONIAS

Ninguém escapa do Dia do Senhor
Sofonias foi um profeta que viveu no mesmo período de Jeremias, e talvez tenha sido um membro da corte governamental, pois provavelmente era descendente do rei Ezequias. Na introdução (1:1) ao livro são citadas quatro gerações de sua família, talvez para ratificar o conhecimento que tinha sobre os pecados de Judá e dar credibilidade à sua pregação, uma vez que era descendente de um dos grandes reis de Jerusalém.
O século VII a.C. foi um período conturbado, pois a Babilônia estava em plena ascensão mundial com a derrocada do Império Assírio. O trabalho de Sofonias e Jeremias era testemunhar a favor de Deus na iminência da destruição do Templo e de Jerusalém pela Babilônia.
Do ponto de vista cronológico Sofonias se situa entre o fim do ministério de Isaías, no século VIII a.C., e o início de Jeremias. Sofonias quebrou o período de cinquenta anos de silêncio profético do reinado agressivo de Manassés e, junto com Jeremias, ajudou a fundamentar a reforma religiosa promovida por Josias (628-622 a.C. – 2 Cr. 34). Sofonias usou os principais temas teológicos dos profetas do século VIII para aplicá-los ao cenário turbulento do século VII.
Manassés reinou por cinquenta e cinco anos. Seu reinado reinstituiu o sincretismo religioso com a religião baalista, e embora tenha se arrependido no cativeiro babilônico, Judá não se recuperou mais deste reinado catastrófico. Uma geração inteira de hebreus só havia conhecido apenas um rei, e em condições, social e religiosa, completamente desfavoráveis. A tímida tentativa de reforma por Manassés (2 Cr. 33:12-19) não foi suficiente para apagar as manchas deixadas pela apostasia de cinco décadas e influenciou negativamente seu filho Amon, que herdou a apostasia do pai, arrematando o julgamento de Judá.
Josias, filho de Amon, começou a reinar aos oito anos de idade, e, entre seu 12º e 18º ano de reinado Josias instituiu a maior reforma religiosa até então. As práticas cúlticas e litúrgicas foram mudadas e eliminaram-se os elementos estrangeiros, contudo o coração do povo pareceu não ter mudado. Por esta razão os profetas Sofonias e Jeremias, após ele, denunciaram o pecado e anunciaram o juízo que já estava às portas de Judá.
Sofonias, tal qual Oséias e Amós, estava atento aos movimentos da política internacional; ao enfraquecimento da Assíria como potência mundial e à ascensão da Babilônia no Antigo Oriente Próximo. Alguns anos após a profecia de Sofonias, Nínive, capital do Império Assírio, foi destruída; Josias foi morto em Megido (2 Rs. 23:29); Nabucodonosor derrotou o Egito na batalha de Carquemis e tomou o controle da Palestina e da Síria das mãos da Assíria. Judá foi então destruída e o grande dia do sacrifício do Senhor havia chegado (Sf. 1:8).

ESTRUTURA DE SAFONIAS
·       O livro de Sofonias pode ser dividido da seguinte maneira:
·       Aviso do julgamento universal (1:1-3)
·       O julgamento de Judá e Jerusalém (1:4-13)
·       O julgamento das nações (1:14 – 2:15)
·       A acusação de Judá e Jerusalém (3:1-7)
·       Aviso do julgamento universal (3:8)
·       A Restauração (3:9-20)
Além de Amós, Sofonias é o único profeta menor que proclama oráculos contra as nações além de Judá. Portanto, esses julgamentos não devem ser vistos isoladamente, mas parte de um programa de Javé para punir os crimes contra a humanidade que essas nações cometiam.
Sofonias é o profeta que mais mencionou o “Dia do Senhor”. Sua ênfase no julgamento divino dá a tônica do livro tanto em termos do julgamento manifestado na história de cada nação como parte da completude escatológica na preservação do remanescente (3:13).
A expressão “Naquele dia” evoca uma ideia de terror e angústia onde Judá e todas as nações ao seu redor seriam julgadas. Esse julgamento é descrito em termos universais e ecológicos (1:2-3), quando a humanidade seria julgada por seus pecados. Mais uma vez a natureza sofre as consequências pela transgressão da humanidade.
Em virtude do sincretismo religioso com seus sacrifícios humanos, idolatria e astrologia Judá seria julgada. Esse julgamento alcançaria todas as camadas da sociedade, que estavam contaminadas pelo pecado (1:4-13). Embora Sofonias fizesse parte da família real, isso não o impediu de denunciar o uso de roupas estrangeiras (1:8) pelos príncipes de Judá, isto é, a aceitação dos valores éticos, morais e espirituais dos pagãos.
Depois de alistar as razões do castigo, Sofonias descreve as características terríveis do julgamento do Senhor, com cataclismos e angústia sem precedentes (1:14-18).Não obstante, este julgamento seria apenas um vislumbre do grande julgamento dos fins dos tempos que ainda há de vir.
Os próximos trechos dos oráculos de Sofonias (2:4 – 3:8) atingem as nações ao redor de Judá. O julgamento em geral acontece em razão do orgulho e arrogância dessas nações que desprezaram Israel (2:8-11).
A parte final do livro trata sobre a restauração de Deus após seu julgamento e enfatiza o amor por seu povo. Os gentios também serão renovados e haverá a possibilidade de servirem ao Senhor com harmonia (3:9-10). Israel será purificado e reunido (3:11) assim que buscar ao Senhor e fugir do pecado (3:12-13). Jerusalém receberá o perdão de Deus e terá a presença do Senhor em seu meio (3:14-17).
Israel, por fim, será restaurado de acordo com as bênçãos da Aliança em Deuteronômio (Dt. 26:18-19).

PROPÓSITO E CONTEÚDO
Sofonias aborda os seguintes temas:
O dia do Senhor vem aí
O juízo por vir será universal
Os humildes devem buscar o Senhor
Sofonias pretendeu causar mudanças profundas em Judá quando declarou seus oráculos, pois o anúncio do juízo divino tinha a intenção de restaurar o povo da Aliança. O teor de sua mensagem era o Dia do Senhor, que se aproximava rapidamente, e incluía a denúncia contra os líderes religiosos e os oficiais corruptos. Portanto, o julgamento não seria punitivo, mas corretivo.
Embora o julgamento tenha sido claramente exposto, Sofonias não mencionou a forma que teria. A corrupção político-espiritual traria consequências permanentes. Ao mesmo tempo, Sofonias insiste para que os justos busquem ao Senhor, a fim de que fossem poupados pela misericórdia no dia da ira de Deus.
A restauração mencionada em 3:9-20 foi de caráter religioso-espiritual, onde o remanescente disporia da paz e segurança do Senhor (3:15).

O DIA DO SENHOR
O termo “dia do Senhor” foi usado pelos profetas para indicar o dia quando Deus instalasse sua própria ordem no mundo e quase todas as profecias que se utilizam deste termo apontam para movimentos rumo a essa condição ideal. Entretanto, antes da concretização final, que será realizada diretamente pelo Senhor, cumpre-se o processo de acabar com a iniquidade.
Logo, antes do dia do Senhor escatológico, isto é, o dia que inaugurará a ordem estabelecida pelo próprio Deus, existem diversos “dia do Senhor”. Por isso, a queda de Nínive, da Babilônia e a própria derrocada de Jerusalém são consideradas como “dia do Senhor”. Neste caso, o julgamento divino não é final, embora fosse bastante drástico. O resultado deste dia do Senhor permitiria o surgimento de um remanescente purificado.
O dia do Senhor é um momento onde a justiça é feita e geralmente é retratado com a inversão da ordem atual. Um exemplo é que o dia do Senhor é descrito como um dia de trevas e não de luz; os pobres são exaltados acima dos ricos e os senhores servirão os servos. Esta é uma característica da literatura profética que se utiliza do conceito de Dia do Senhor.
O povo hebreu sempre imaginou um dia do Senhor como um dia de alegria onde Javé destruiria para sempre seus inimigos e eles triunfariam. Mas jamais esperaram que também seriam julgados nesse dia. Desde Amós, os profetas desmistificaram essa ideia, dizendo que os israelitas também estariam entre os inimigos de Deus, maduros para o dia do juízo (Am. 5:18-20).
Javé não podia tolerar o orgulho, que impedia que o povo confiasse no Senhor para sua salvação. O orgulho era o mal enraizado no coração do ser humano; Judá (2:3), Moabe (2:10) e Nínive (2:15) não estavam isentos dessa doença. A declaração de independência de Deus era o terrível pecado. Os únicos aptos a escapar da fúria da ira do Senhor era o humilde que confiaria em seu nome (3:12).
No Novo Testamento, o próprio Deus, encarnado em Jesus aprofundaria ainda mais todos esses conceitos, e daria ele mesmo o exemplo em sua própria vida.

RESUMINDO...


Autor: Sofonias 1:1 identifica o seu autor como sendo o profeta Sofonias. O nome de Sofonias significa "defendido por Deus".

Quando foi escrito: O Livro de Sofonias foi provavelmente escrito entre 735 e 725 AC.

Propósito: A mensagem de Sofonias de julgamento e incentivo contém três doutrinas principais: 1) Deus é soberano sobre todas as nações. 2) Os ímpios serão punidos e os justos serão recompensados no dia do julgamento. 3) Deus abençoa aqueles que se arrependem e confiam nEle.

Versículos-chave:
Sofonias 1:18: "Nem a sua prata nem o seu ouro os poderão livrar no dia da indignação do SENHOR, mas, pelo fogo do seu zelo, a terra será consumida, porque, certamente, fará destruição total e repentina de todos os moradores da terra."
Sofonias 2:3: "Buscai o SENHOR, vós todos os mansos da terra, que cumpris o seu juízo; buscai a justiça, buscai a mansidão; porventura, lograreis esconder-vos no dia da ira do SENHOR."
Sofonias 3:17: "O SENHOR, teu Deus, está no meio de ti, poderoso para salvar-te; ele se deleitará em ti com alegria; renovar-te-á no seu amor, regozijar-se-á em ti com júbilo."

CONCLUSÃO
Sofonias pronuncia o juízo do Senhor sobre toda a terra, sobre Judá, sobre as nações vizinhas, sobre Jerusalém e sobre todas as nações. Isso é seguido por proclamações de bênçãos do Senhor sobre todas as nações e especialmente sobre o remanescente fiel do Seu povo em Judá.
Sofonias teve a coragem de falar abertamente porque sabia que estava proclamando a Palavra do Senhor. Seu livro começa com "A palavra do Senhor" e termina com "diz o Senhor". Ele sabia que nem os muitos deuses que o povo adorava nem o poder do exército assírio poderiam salvá-los. Deus é misericordioso e compassivo, mas quando todos os seus avisos são ignorados, o julgamento é de se esperar. O Dia do Julgamento de Deus é frequentemente mencionado nas Escrituras. Os profetas o chamaram de "Dia do Senhor". Eles se referiam a vários eventos (como a queda de Jerusalém) como manifestações do Dia de Deus, cada um dos quais apontava para o último Dia do Senhor.
Grande parte das bênçãos finais sobre Sião (pronunciadas nos versículos 14-20) ainda está para ser cumprida, o que nos leva a concluir que são profecias messiânicas que aguardam a segunda vinda de Cristo para serem finalmente concretizadas. O Senhor remove o nosso castigo somente através de Cristo, o qual veio para morrer pelos pecados de Seu povo (Sofonias 3:15, João 3:16). Entretanto, Israel ainda não reconheceu o seu verdadeiro Salvador. Isso ainda está para acontecer (Romanos 11:25-27).
A promessa de paz e segurança para Israel, numa altura em que o seu Rei está no seu meio, será cumprida quando Cristo voltar para julgar o mundo e resgatá-lo para Si próprio. Assim como Ele subiu ao céu depois da Sua ressurreição, assim Ele regressará e criará uma nova Jerusalém na terra (Apocalipse 21). Naquela época, todas as promessas de Deus para Israel serão cumpridas.

APLICAÇÃO PRÁTICA
 Com alguns ajustes em nomes e situações, esse profeta do século 7 aC poderia ficar atrás dos nossos púlpitos hoje e entregar a mesma mensagem de julgamento dos ímpios e de esperança para os fiéis. Sofonias nos recorda que Deus fica ofendido com os pecados morais e religiosos de Seu povo. O povo de Deus não escapará de punição quando peca deliberadamente. A punição pode ser dolorosa, mas o seu propósito é redentor e não punitivo. A inevitabilidade da punição sobre a impiedade dá conforto em um momento em que parece que o mal está desenfreado e vitorioso. Temos a liberdade de desobedecer a Deus, mas não a liberdade para escapar das consequências dessa desobediência. Aqueles que são fiéis a Deus podem ser relativamente poucos, mas Deus não os esquece.


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