O LIVRO DE
AGEU
O Livro de Ageu é um dos livros proféticos do Antigo testamento da Bíblia.
Possui dois capítulos. Está entre os chamados Profetas
Menores.
O autor pode ser chamado "O Profeta do Templo",
provavelmente tenha nascido durante os setenta anos de exílio na Babilônia.
Deve ter regressado a Jerusalém com Zorobabel.
Pertence ao último período profético (profetismo
posterior ao Exílio). Antes do Exílio a mensagem central era o anúncio do
castigo, durante o Exílio havia uma mensagem consoladora, após o Exílio era o
momento de promover a restauração.
Ageu, seu escritor, foi um profeta hebreu e contemporâneo
de Esdras, Neemias e Zacarias. Sua mensagem foi de
exortação e motivação a respeito da restauração de Jerusalém e seu Templo.
Possui quatro principais mensagens do Senhor para os judeus que
retornaram do exílio em Babilónia. São fortes repreensões devido
ao descaso na reconstrução do Templo.
Escrito entre o final de agosto e meados de dezembro
de 520 AC, cerca de 17 anos depois do retorno dos judeus do exílio,
quando ainda não se completara a construção do Templo. O profeta Ageu, indicava
que o povo estava se preocupando com as próprias vidas e esquecendo do
principal - a casa de Deus. Este livro frisa a importância nas obras de Deus e
que Ele deve estar sempre em primeiro lugar, na vida e nas obras das pessoas.
No ano 538 AC, quando os judeus voltaram do Exílio
da Babilônia, a situação de Judá e de Jerusalém era deplorável: cada
um procurando se defender sozinho, sem nenhum interesse em formar a unidade que
lhes desse a característica de povo. Mesmo aqueles que voltaram do exílio
estavam preocupados em construir a própria casa, plantar a sua roça, vender as
suas mercadorias, mais do que restabelecer a dignidade nacional. Um leigo
(Zorobabel) e um sacerdote (Josué) procuram reunir esse povo e reconstruir
Jerusalém e o Templo, a fim de reestruturar o povo de Deus.
No ano 520 AC o profeta Ageu entra em cena para encorajar
os compatriotas. Suas exortações têm como eixo o seguinte tema: Se o Templo for
reconstruído, tudo vai melhorar, pois Deus habitará de novo no meio deles e
espalhará as suas bênçãos. Trata-se de um apelo veemente para tornar viva e
fraterna a comunidade, que está ameaçada de total desintegração.
Entretanto, Ageu não se contenta em estimular o tempo
presente, mas procura fazer com que todos vejam no futuro uma esperança maior
para o povo de Deus, que retornará à sua grandeza anterior, tendo como chefe um
descendente de David.
O Templo ganhará dimensões magníficas no tempo
de Herodes, mas será deturpado e se tornará fonte de exploração. Jesus vai
criticar essa degradação a que chegou o lugar de encontro com Deus e o símbolo
da unidade do povo, e anunciará a substituição desse Templo por outro: o seu
próprio corpo (Jo 2:21). Desse modo, torna-se presente um futuro maior do que o
sonhado por Ageu: o verdadeiro Templo que dá vida e une o povo é o próprio
Filho de Deus, que se fez homem, e que não é apenas descendente de David, mas
também seu Senhor.
AS
QUATRO MENSAGENS DO LIVRO DE AGEU
· Aos
que moram em grandes casas, ao passo que o Templo estava em ruínas.
(1:1-15)
· Proclamação
de que Deus encheria a sua casa de glória. (2:1-9)
· O
abandono da reconstrução do Templo tornou a todos impuros perante
Deus. (2:10-19)
· Mensagem
a Zorobabel faria tremer os céus e a terra. (2:20-23)
ESTRUTURA
DE AGEU
O livro de Ageu estrutura-se da seguinte forma:
· Oráculo
1: o desafio da renovação da Aliança – 1:1-15
· Oráculo
2: a promessa da renovação – 2:1-9
· Oráculo
3: o chamado à santidade – 2:10-19
· Oráculo
4: Zorobabel como descendente davídico – 2:20-23
As mensagens de Ageu são pormenorizadamente datadas.
Provavelmente ele tenha seguido a tradição iniciada por Jeremias e Ezequiel, os
profetas do período do exílio. Sua mensagem começa com o apelo à população para
reconstruir o templo de Jerusalém. Fundamentados nas profecias de Ezequiel
(caps. 40 a 48), tanto Ageu quanto Zacarias, provavelmente, consideravam a
reconstrução do templo como o início da era messiânica.
Ageu passa um sentido de urgência e gravidade em sua
mensagem ao usar por 29 vezes a expressão “assim diz o Senhor”. Sua mensagem
foi endereçada aos líderes de Judá, Zorobabel (político) e Josué (religioso).
Ageu utilizou-se de uma disposição de textos invertida,
chamada de quiasmo. Este padrão é notado quando lemos que a primeira e a
terceira mensagens começam como o
termo “assim diz o senhor” (1:2; 2:11) e tratam sobre a agricultura, terminando
com uma advertência. A segunda e quarta mensagens terminam com a expressão
“declara o Senhor dos exércitos” (2:9; 2:23) e tratam sobre a restauração de
Israel e contém uma benção.
A primeira mensagem era um chamado à
reconstrução do templo, que havia parado na época de Sesbazar. O povo, em
virtude das condições escassas, estava cuidando em primeiro lugar de seus
interesses pessoais. Ageu os confronta associando o fracasso das colheitas ao
abandono pela casa de Javé. Ageu os anima a colocar os interesses de Javé à
frente dos interesses particulares a fim de obter a benção divina (1:8; 1:13).
A segunda mensagem veio um mês depois
como continuação do encorajamento à reconstrução e também foi endereçado ao
governador e ao sumo sacerdote. O desânimo abateu-se sobre a população quando
comparou-se a nova estrutura do templo com a antiga forma nos tempos de Salomão
(2:3; Ed. 3:12). Ageu os incentiva a continuar e anuncia uma promessa
escatológica de que todas as nações viriam a Jerusalém, e essa nova casa seria
cheia da glória do Senhor (2:6-7). Ageu transmite que a benção não estava na
aparência ou riqueza externa, mas na presença de Deus entre seu povo.
Entretanto, essa promessa teve um cumprimento imediato quando Dario encontrou o
decreto de Ciro e permitiu que não apenas o templo fosse reconstruído, mas
também enviou provisões para que se terminasse o templo o mais breve possível
(Ed. 6:4, 8-10).
A terceira mensagem de Ageu veio um mês
após a primeira profecia de Zacarias (Zc. 1:1-6), que anunciava a necessidade
de arrependimento do povo. Por isso a mensagem de Ageu insiste nessa atitude
(Ag. 2:17). Ageu afirma que a impureza contamina muito mais do que a santidade,
e confronta os sacerdotes que tinham a função de interpretar as escrituras.
Contanto que os sacrifícios servissem para a remoção do pecado a iniquidade do
povo era tamanha que estava contaminando o sacrifício (Ag. 2:14). O pecado do
povo era a apatia em não colocar os alicerces do templo (Ag. 2:15); por essa
razão Javé os castigara com uma produção menor do que estavam acostumados (2:16-17).
A mensagem de Ageu exigia o retorno do povo (2:17) que termina com o lançamento
dos fundamentos do templo e um tom positivo do Senhor (2:18-19).
A quarta mensagem (2:20-23) foi
endereçada a Zorobabel e é muito parecida com a primeira com o acréscimo de uma
linguagem escatológica (“destruir o trono dos reinos”). Essa mensagem também
inclui elementos messiânicos ao comparar Zorobabel com um anel de selar (2:23).
Zorobabel, um descendente de Joaquim é a esperança messiânica. O profeta
Zacarias também associou Zorobabel com as esperanças messiânicas, pois
descendia da família do rei Davi (Zc. 3:8; 6:12).
Essa esperança messiânica serviu para
encorajar toda a nação na reconstrução do templo, que foi finalizada em 515
(Ed. 6:14-15).
PROPÓSITO E
CONTEÚDO
Ageu trata sobre os seguintes assuntos:
§ A definição das prioridades corretas
§ A fidelidade de Javé na renovação da
Aliança
§ O templo como símbolo da Aliança
A tarefa de Ageu era incentivar os
judeus que retornaram do exílio a reconstruir o templo de Jerusalém que fora
destruído por Nabucodonosor setenta anos antes. Suas quatro mensagens tinham o
objetivo de animar o povo para suas responsabilidades, direitos e deveres para
com a Aliança.
O TEMPLO
O livro de Deuteronômio estabelece um
lugar para a adoração de Deus (Dt. 14:23-25; 16:2-11). Durante a época dos
juízes, Siló foi este lugar (Js. 18:1). O lugar definitivo tom ou forma apenas
no reinado de Davi, que, embora, não tenha construído o templo, deixou tudo
planejado e reunido para a execução do projeto (1 Cr. 22:1-16).
O templo simbolizava a presença de Javé
entre o povo de Israel e tinha a função de lembrar o povo sobre a verdadeira
adoração que deveria ser prestada a Deus.
Entretanto, na época de Jeremias (627 –
582 a.C.) o templo havia se tornado uma espécie de objeto mágico para o povo de
Israel. Os judeus pensavam que simplesmente o templo, por si só, garantiria
segurança e bem-estar. Em razão dessa confiança mal depositada Jeremias previu
sua destruição. Ezequiel, pouco tempo depois, viu a glória de Deus deixar o
templo. Isso representava a insatisfação de Deus por causa de suas
transgressões, mas também a presença de Deus no meio do povo durante o exílio.
Deus não estava restrito a apenas um lugar.
A mensagem de reconstrução do templo
não deve ser vista como contraditória a Jeremias, pois Ageu estava convidando o
povo à correta adoração a Javé e não à confiança cega em uma construção. A
atitude de humildade e reverência diante de Deus seria acompanhada pela
reconstrução daquilo que simbolizava a presença de Deus entre o povo.
A sociedade estava se renovando e
renovava-se também a presença de Javé entre Israel, por isso a reconstrução do
templo foi tão importante naqueles dias.
RESUMINDO...
Autor: Ageu 1:1 identifica o autor do Livro de Ageu
como sendo o profeta Ageu.
Quando foi escrito: O livro de Ageu foi escrito em aproximadamente 520 aC.
Propósito: Ageu buscou desafiar o povo de Deus com respeito às suas prioridades. Ele os chamou a reverenciar e glorificar a Deus através da construção do Templo, apesar da oposição local e oficial. Ageu os exortou a não se desanimar porque este templo não seria tão ricamente decorado como o de Salomão. Ele os exortou também a abandonar a impureza de seus caminhos e a confiar no poder soberano de Deus. O Livro de Ageu é um lembrete dos problemas que o povo de Deus enfrentou naquele momento, de como as pessoas corajosamente confiaram em Deus e como Deus providenciou para as suas necessidades.
Versículos-chave:
Ageu 1:4: "Acaso, é tempo de habitardes vós em casas apaineladas,
enquanto esta casa permanece em ruínas?"Quando foi escrito: O livro de Ageu foi escrito em aproximadamente 520 aC.
Propósito: Ageu buscou desafiar o povo de Deus com respeito às suas prioridades. Ele os chamou a reverenciar e glorificar a Deus através da construção do Templo, apesar da oposição local e oficial. Ageu os exortou a não se desanimar porque este templo não seria tão ricamente decorado como o de Salomão. Ele os exortou também a abandonar a impureza de seus caminhos e a confiar no poder soberano de Deus. O Livro de Ageu é um lembrete dos problemas que o povo de Deus enfrentou naquele momento, de como as pessoas corajosamente confiaram em Deus e como Deus providenciou para as suas necessidades.
Versículos-chave:
Ageu 1:5-6: "Ora, pois, assim diz o SENHOR dos Exércitos: Considerai o vosso passado. Tendes semeado muito e recolhido pouco; comeis, mas não chega para fartar-vos; bebeis, mas não dá para saciar-vos; vestis-vos, mas ninguém se aquece; e o que recebe salário, recebe-o para pô-lo num saquitel furado."
Ageu 2:9: "A glória desta última casa será maior do que a da primeira, diz o SENHOR dos Exércitos; e, neste lugar, darei a paz, diz o SENHOR dos Exércitos."
Será que o povo de Deus vai reavaliar suas prioridades, tomar coragem e agir com base nas promessas de Deus? Deus buscou advertir as pessoas a ouvir as Suas palavras. Deus não apenas os advertiu, mas Ele também ofereceu promessas por meio de Seu servo Ageu a fim de motivá-los a segui-Lo. Porque o povo de Deus inverteu suas prioridades e não colocou Deus em primeiro lugar em suas vidas, Judá foi enviado para o exílio babilônico. Em resposta à oração de Daniel e como cumprimento das promessas de Deus, o Senhor dirigiu o rei persa daquela época, Ciro, a permitir que os judeus no exílio voltassem a Jerusalém. Um grupo de judeus retornaram à sua terra com grande alegria, colocaram Deus em primeiro lugar em suas vidas, adoraram-no e começaram a reconstruir o Templo de Jerusalém sem a ajuda do povo local que vivia na Palestina. Sua fé corajosa se encontrou com a oposição da população local, bem como do governo persa, por cerca de 15 anos.
Tal como acontece com a maioria dos livros dos profetas menores, Ageu termina com promessas de restauração e bênção. No último versículo, Ageu 2:23, Deus usa um título claramente messiânico em referência a Zorobabel: "Servo Meu" (Compare 2 Samuel 3:18; 1 Reis 11:34, Isaías 42:1-9; Ezequiel 37:24 , 25). Através de Ageu, Deus promete fazê-lo como um anel, o qual era um símbolo de honra, autoridade e poder, algo como o cetro do rei usado para selar cartas e decretos. Zorobabel, como o anel de sinete de Deus, representa a casa de Davi e a retomada da linha messiânica interrompida pelo exílio. Zorobabel restabeleceu a linha davídica de reis que culminaria no reinado milenar de Cristo. Zorobabel aparece na linha de Cristo tanto no lado de José (Mateus 1:12) quanto no de Maria (Lucas 3:27).
APLICAÇÃO
PRÁTICA
O Livro
de Ageu chama a atenção para os problemas mais comuns que as pessoas enfrentam
ainda hoje. Ageu nos pede para: 1) examinar nossas prioridades a fim de vermos
se estamos mais interessados em nossos próprios prazeres do que em fazer a obra
de Deus, 2) rejeitar uma atitude derrotista quando nos deparamos com oposição
ou situação desanimadora, 3) confessar nossos fracassos e buscar viver uma vida
pura diante de Deus; 4) agir corajosamente por Deus porque temos a certeza de que
Ele está sempre conosco e está em pleno controle de nossas circunstâncias, e 5)
descansar seguro nas mãos de Deus sabendo que Ele vai nos abençoar
abundantemente quando o servimos fielmente.
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