terça-feira, 28 de junho de 2016

M A L A Q U I A S

O   L I V R O    D E    M A L A Q U I A S

O Livro de Malaquias é um livro profético que faz descrições que mostram a necessidade de reformas antes da vinda do Messias. Por ser um livro curto e de acordo com a catalogação, Malaquias é o último dos profetas menores, tendo sido escrito por volta do ano 430 a.C., sendo que o seu nome não é citado em mais nenhum livro da Bíblia.
O profeta Malaquias foi contemporâneo de Esdras e Neemias, no período após o exílio do povo judeu na Babilônia em que os muros de Jerusalém tinham sido já reconstruídos em 445 a.C., sendo necessário conduzir os israelitas da apatia religiosa aos princípios da lei mosaica.
Os temas tratados na obra seriam o amor de Deus, o pecado dos sacerdotes, o pecado do povo e a vinda do Senhor.
Nas últimas linhas deste livro do Antigo Testamento bíblico, vemos uma exortação de Deus às famílias: "converter o coração dos pais aos filhos e dos filhos aos seus pais". No término do livro de Malaquias convida-se ao arrependimento da família como alicerce da sociedade.
Outro tema tratado no livro de Malaquias refere-se às ofertas e aos dízimos, nos versos de 7 a 12 do capítulo 3, passagem esta que é muito utilizada com o objetivo de se justificar com amparo bíblico a contribuição das suas primicias (1/10), Provérbios 3 : 9-10, a primeira parte da renda dos fiéis de uma organização religiosa.
Embora o dízimo tenha sido reconhecido desde a época de Moisés, nos dias de Malaquias os sacerdotes do templo recolhiam as ofertas e não repassavam para os levitas, para que eles pudessem utilizá-las para cuidar dos próprios levitas, dos órfãos, das viúvas e viajantes. E isso fez com que o profeta (Malaquias) iniciasse uma advertência a todos sobre o roubo do dízimo: "Com maldição sois amaldiçoados, porque a mim me roubais, vós, a nação toda." (Malaquias 3:9).


INTRODUÇÃO AO LIVRO DE MALAQUIAS
Um novo recomeço 
Sabe-se muito pouco a respeito do profeta Malaquias, pois o livro omite detalhes de sua vida e genealogia tal como Obadias. Talvez o nome Malaquias seja apenas o título do enviado de Javé. No verso 3:1 a mesma palavra Malaquias é usada para descrever a atribuição do profeta e não seu nome. A tradição judaica coloca Malaquias como membro da Grande Sinagoga assim como Ageu e Zacarias. Este conselho foi o responsável por reimplantar e reorganizar a vida social, cultural e religiosa de Israel no pós-exílio.
O profeta Malaquias nos ajuda a entender melhor o contexto social e religioso de Judá após o cativeiro babilônico no início do século V a.C. Sua mensagem contra a idolatria (2:10-12), divórcio facilitado (2:13-16) e injustiça social (3:5) nos remetem à mensagem dos profetas pré-exílicos.
Quanto à integridade, o livro nem sempre foi uma obra distinta. Junto com Zacarias 9 a 11 e 12 a 14, Malaquias 1 a 4 fazia parte dos oráculos proféticos anônimos que estavam associados ao trecho de Zacarias 1 a 8. Apenas mais tarde os documentos que continham os trechos de Zacarias 9 a 11 e Zacarias 12 a 14 se fundiram para formar o livro todo do profeta Zacarias e o trecho de Malaquias 1 a 4 resultou em uma obra separada. Os eruditos chegaram a essa conclusão após analisarem a afinidade das introduções destes grandes trechos proféticos no mesmo período histórico.
O estilo literário de Malaquias com suas breves orações e estilo direto parecem sugerir que houve um período de anúncio oral das profecias antes do registro escrito definitivo.
A posição de Malaquias no cânon cristão não corresponde ao período cronológico, pois os livros de Esdras-Neemias, Ester e Crônicas são posteriores. Com relação à data da sua composição podemos afirmar que Malaquias foi redigido em meados da primeira metade do século V a.C por algumas razões:
O templo foi reconstruído em 515 a.C. Entretanto, Malaquias denuncia a queda na qualidade do culto que se prestava no templo já reconstruído (Ml. 1:7-14). Portanto, o livro de Malaquias é posterior a 515 a.C.
Malaquias cita a questão dos divórcios facilitados (Ml. 2:11). Sabemos que Esdras (458 a.C.) se opôs à prática do divórcio dos judeus para se casarem com mulheres pagãs. Como Malaquias cita este problema, supõe-se que Esdras ainda não havia interferido nessa questão.
O século V a.C. estava sob o domínio persa e o texto de Malaquias reflete essa influência quando ele cita “um livro memorial” (Ml. 3:16 cp. Dn. 7:10 e Dn. 12:1) e a expressão “sol da justiça” (Ml. 4:2). O termo “livro memorial” faz parte do desenvolvimento teológico hebraico sobre a vida após a morte, que ganhou notoriedade com o contato do judaismo com a cultura persa após o cativeiro. A expressão “sol da justiça” remete ao deus sol persa, que simbolizava a proteção e vitória nas batalhas. Ao utilizar este termo, Malaquias quis demonstrar que Javé daria proteção e segurança a todos os que o temessem quando visem o fogo consumidor no dia do Senhor.
A condições mencionadas por Malaquias evidenciam que o retorno do exílio não havia inaugurado a era messiânica. Ageu já havia apontado que o Estado davídico restaurado não havia se concretizado sob a liderança de Zorobabel (Ag. 2:20-23). Por isso o povo havia perdido o ânimo e começaram a questionar o amor e justiça de Deus (Ml. 1:2; 2:17). A crença nas promessas de Deus estava comprometida (Ml. 3:14-15), as leis não eram obedecidas e os mais humildes sofriam opressão (3:5); em contrapartida, os ritos religiosos oficiais eram desrespeitados e desprezados (1:7-14; 3:7-12).

ESTRUTURA DO LIVRO

O livro de Malaquias divide-se em argumentos da seguinte maneira:
·       Introdução: O mensageiro (1:1)
·       Primeiro argumento: Javé ama Israel (1:2-5)
·       Pergunta: Como o Senhor nos tem amado?
·       Segundo argumento: A infidelidade dos sacerdotes (1:6 – 2:9)
·       Pergunta: De que maneira desprezamos o seu nome?
·       Terceiro argumento: A repreensão dos infiéis (2:10-16)
·       Pergunta: Por quê?
·       Quarto argumento: A justiça de Javé em seu julgamento (2:17 – 3:5)
·       Pergunta: Onde está o Deus da justiça?
·       Quinto argumento: Arrependam-se (3:6-12)
·       Pergunta: Como voltaremos?
·       Sexto argumento: A justiça de Deus na restauração (3:13 – 4:3)
·       Pergunta: O que temos falado contra ti?
·       Epílogo: Lembrem-se de Moisés e Elias (4:4-6)
O estilo usado por Malaquias difere dos demais profetas, pois, ao invés de utilizar a fórmula tradicional dos profetas, “assim diz o Senhor”, o texto está estruturado com frases diretas em primeira pessoa em seis oráculos com dez perguntas e respostas. O padrão das perguntas e respostas segue o modelo abaixo:
·       Declaração de uma verdade;
·       A resposta do público
·       A tréplica do profeta reafirmando a verdade dita no início
·       Afirmações finais
Malaquias segue o padrão literário encontrado em pequena escala em outros profetas:
·       Isaias: 40:27-28;
·       Miquéias: 2:6-11;
·       Jeremias: 2:23-25, 29-32; 29:24-32;
·       Ezequiel: 12:21-28
Este modo de expor os oráculos contribuiu para o desenvolvimento do tema da Aliança de Javé com seu povo, criando inclusive o modo como as escolas rabínicas passaram a ensinar seus alunos, chamado método de ensino dialogal que foi também utilizado por Jesus no sermão do Monte (Mt. 5:21-27).

O quadro abaixo mostra o esquema geral dos argumentos apresentados por Malaquias:
Primeiro argumento: 1:1-5
Amor incondicional de Javé por Israel baseado em Deuteronômio 7. Este amor incondicional gerou a eleição de Jacó.
Segundo argumento: 1:6 – 2:9
A falta de amor de Israel por Javé se manifestou na falta de critérios na realização do culto que deveria ser prestado. O padrão deuteronômico (Dt. 14:23; 33:10) para os sacerdotes foi ignorado.
Terceiro argumento: 2:10-16
A quebra do primeiro mandamento manisfestou-se na união com pessoas pagãs e passaram a adorar outros deuses. Essa atitude teve como consequência a quebra do sétimo mandamento ao se divorciarem se suas esposas para aderir ao casamento pagão.
Quarto argumento: 2:17-3:6
De acordo com a visão do povo, Deus não se importava mais com a justiça na terra. Entretanto Deus iniciaria a justiça mandando um mensageiro do fim dos tempos que prepararia o caminho para a vinda de Javé entre seu povo.
Quinto argumento: 3:7-12
A crise era tempo de se apegar ao pouco que tinham. Deus queria ensiná-los a não depender dos poucos recursos materiais, mas queria que o povo se entregasse totalmente a ele.
Sexto argumento: 3:13-15
Qual era a necessidade da adoração a Javé. A confiança em Javé é trocada pela dúvida da existência.


PROPÓSITOS E CONTEÚDO DO LIVRO
Malaquias aborda os seguintes temas:
·       A adoração sincera a Javé
·       Os justos e ímpios serão atingidos pelo Dia do Senhor
·       A fidelidade no casamento
·       O anúncio do Dia do Senhor
·       O divórcio
Malaquias é contundente com relação ao relacionamento entre os hebreus e a Aliança com Javé. Malaquias cita os desdobramentos da aliança ao mencionar a aliança de Levi (1:6 – 2:9), a aliança dos pais, o pacto cerimonial (2:10-16) e o mensageiro da Aliança.
Para Malaquias o arrependimento incluía as seguintes ações práticas:
·       Purificação do sacerdócio corrupto
·       Adoração sincera e não rituais mecânicos
·       Reparação dos excessos nos dízimos e sacrifícios que aconteciam no templo
·       Restauração das famílias
·       Prática da justiça social como um dos fundamentos da Aliança

O PRECURSOR
Embora Isaías diga algo a respeito do precursor do Messias (Is. 40:3), a ideia de que Elias seria este precursor é exclusiva de Malaquias (Ml. 4:5). Este conceito desenvolveu-se durante todo o período dos macabeus e o Novo Testamento associa Elias com João Batista (Mt. 11:7-15).

INCLUSIVISMO E EXCLUSIVISMO
Na Bíblia temos livros como Esdras, Neemias, Ageu e Zacarias 1-8 que se colocam contra a inclusão de estrangeiros na comunidade pós exílica. Em contra partida, livros como Malaquias, Isaías 56-66, Rute e Jonas mantém uma postura inclusivista com reação aos estrangeiros na comunidade pós cativeiro.
Conquanto as duas posições estejam em tensão, podemos conciliá-las, pois ambas são palavras de Deus, mas dirigidas a grupos distintos. Quando a Bíblia ordena a exclusão dos estrangeiros, está, na verdade, condenando o sincretismo religioso. Este foi justamente o problema que levou Israel ao exílio, quando permitiu que práticas pagãs de idolatria e injustiça fizessem parte do dia a dia da nação. Era preciso cuidado para que estas práticas não corrompessem novamente a nação que se recuperava do cativeiro.
Por outro lado a Bíblia também ordena que os israelitas recebessem todos os estrangeiros, pois eles mesmos foram estrangeiros em terra estranha. A Bíblia sempre se coloca ao lado dos excluídos e marginalizados que não encontravam amparo nas estruturas de poder e que passaram por algum tipo de injustiça, pois olhariam para Javé na esperança de um futuro melhor (Ml. 1:11, 14; 2:10). É fundamentada na esperança de um mundo melhor que nasce a literatura apocalíptica onde Javé promete restaurar todas as coisas.

RESUMINDO...
O Livro de Malaquias, no tradicional cânon judaico, ocupa o último lugar entre os escritos dos chamados profetas menores, tendo sido escrito após o exílio babilônico, quando o Templo de Jerusalém já havia sido reedificado, pois há claras indicações que os sacrifícios e festas achavam-se plenamente restaurados. O Templo anterior tinha sido incendiado por Nebuzaradão, general de Nabucodonosor (II Reis 25:8 e 9).
O profeta Malaquias era um judeu de firmes convicções, de rigorosa integridade e de intensa devoção a Deus. Ele era contemporâneo de Neemias (comparar Malaquias 2:8 com Neemias 13:29 e Malaquias 2:10-16 com Neemias 13:23) e de Esdras (comparar Malaquias 2:11 com Esdras 9:1 e 2). Em seus escritos há uma repreensão severa contra os sacerdotes que se converteram em pedras de tropeço em vez de serem líderes espirituais para o povo.
Embora o Livro tenha apenas quatro capítulos, infelizmente poucos são os que verdadeiramente têm se debruçado para entender todo o seu contexto. Esta é a razão porque há tantas interpretações equivocadas e tendenciosas quanto ao texto de Malaquias 3:8-10. Quando Deus disse: “Todavia vós Me roubais... nos dízimos e nas ofertas alçadas” (Malaquias 3:8), Ele estava direcionando estas palavras a quem? Esta questão deve ser analisada em todo o seu contexto histórico à luz da Palavra de Deus.

A QUEM SE DESTINAVA A MENSAGEM?

Na parte introdutória do livro é mencionado que a mensagem de Deus foi dada a “Israel, por intermédio de Malaquias.” Malaquias 1:1.
Após o exílio babilônico, a decadência de Israel em termos espirituais era notória. Esta decadência teve como causa a corrupção moral e doutrinária de seus líderes religiosos. A exposição dos fatos no livro de Malaquias, indica que a principal queixa de Deus foi contra os sacerdotes, claramente explicitada a partir do verso 6

“O filho honra o pai, e o servo ao seu amo; se Eu, pois, sou pai, onde está a Minha honra? E se Eu sou amo, onde está o temor de Mim? Diz o Senhor dos exércitos a VÓS, Ó SACERDOTES, que desprezais o Meu nome. E vós dizeis: Em que temos nós desprezado o Teu nome?” Malaquias 1:6.

O texto indica de que houve um desvio de conduta por parte dos sacerdotes, sendo culpados de desprezarem o nome de Deus. Eles perderam o relacionamento pessoal com Ele. Os sacerdotes do templo, em desobediência à lei que regulamentava as atividades do Templo, indevidamente recolhiam todas as ofertas do povo, nada deixando para os levitas, os órfãos, as viúvas e estrangeiros. Os sacerdotes transformaram-se em profissionais da religião e totalmente divorciados de Deus.

As passagens seguintes fornecem maiores detalhes, especificando os pecados cometidos pelos sacerdotes, não todos, mas aqueles que eram arrogantes e desonestos. Eles foram culpados de profanarem o nome de Deus e de oferecerem no altar sagrado ofertas inaceitáveis, tais como animais cegos, coxos e enfermos (Malaquias 1:7-14). Deus fala especificamente aos sacerdotes e não ao povo, pois eram os sacerdotes que acendiam o fogo no altar (Malaquias 1:10).

O capítulo 2 de Malaquias prossegue com a condenação de Deus aos SACERDOTES:

“Agora, ó SACERDOTES, este mandamento é para VÓS.” Malaquias 2:1.

Após descrever alguns pecados deles (Malaquias 1:6-14), Deus agora descreve o seu castigo:

“Se não ouvirdes, e se não propuserdes no vosso coração dar honra ao Meu nome, diz o Senhor dos exércitos, enviarei a maldição contra vós, e amaldiçoarei as vossas bênçãos; e já as tenho amaldiçoado, porque não aplicais a isso o vosso coração. Eis que vos reprovarei a posteridade, e espalharei sobre os vossos rostos o esterco, sim, o esterco dos vossos sacrifícios; e juntamente com este sereis levados para fora.” Malaquias 2:2 e 3.

Não se deve esquecer que a aliança de Deus com Israel incluía a Sua específica aliança com os sacerdotes da tribo de Levi. No entanto, Deus disse que os SACERDOTES corromperam o pacto de Levi:

“Então sabereis que Eu vos enviei este mandamento, para que o Meu pacto fosse com Levi, diz o Senhor dos exércitos. Meu pacto com ele foi de vida e de paz e Eu lhes dei para que Me temesse; e ele Me temeu, e assombrou-se por causa do Meu nome. A lei da verdade esteve na sua boca, e a impiedade não se achou nos seus lábios; ele andou comigo em paz e em retidão, e da iniqüidade apartou a muitos. Pois os lábios do sacerdote devem guardar o conhecimento, e da sua boca devem os homens procurar a instrução, por que ele é o mensageiro do Senhor dos exércitos. Mas vós vos desviastes do caminho; a muitos fizestes tropeçar na lei; corrompestes o pacto de Levi, diz o Senhor dos exércitos.” Malaquias 2:4-8.

Como conseqüência, Deus os fez “desprezíveis e indignos diante de todo o povo,...” (Malaquias 2:9).

Deus continua falando aos SACERDOTES em Malaquias.2:10-17, condenando-os por causa dos casamentos com mulheres estrangeiras. Deus censurou a hipocrisia dos sacerdotes, por continuarem a oferecer sacrifícios, enquanto viviam em rebelião. Esta conclusão é obvia, pois Malaquias 2:13 tem uma forte relevância contra os sacerdotes, por terem sido eles os que literalmente choravam sobre o altar. O povo de Judá e Israel não tinha acesso direto ao altar.

Com relação aos casamentos mistos com mulheres pagãs, a mesma situação ocorreu no tempo de Neemias, ocasião em que Deus sentia-Se muito desgostoso com os sacerdotes (Neemias 13:27-30).

Em Malaquias 3:1-5 a repreensão de Deus é novamente dirigida aos SACERDOTES. Nestes textos, ao anunciar o envio do “mensageiro”, uma profecia cumprida mais tarde na pessoa de João Batista, que prepararia o caminho do Messias, Deus anunciou que o juízo começaria pelo “Seu Templo”, para purificar “os filhos de Levi”. Esta associação de palavras: “templo”, “filhos de Levi”, tudo tem a ver com o sacerdócio levítico. Com a centralização de poder por parte dos sacerdotes, as normas de Deus foram desvirtuadas, desobedecidas e as coisas santas foram profanadas. Como consequência, os sacerdotes, detentores de todo o poder, passaram a oprimir as viúvas, os órfãos e os estrangeiros, por não repassarem os dízimos que lhes eram devidos. Estes dízimos não eram em dinheiro, mas em forma de alimentos. Esta prática perversa já tinha sido denunciada por Deus através o profeta Ezequiel:

“Os seus sacerdotes transgridem a Minha lei, e profanam as Minhas cousas santas; entre o santo e o profano não fazem diferença; nem discernem o impuro do puro; e de Meus sábados escondem os seus olhos, e assim sou profanado no meio deles. Os seus príncipes no meio dela são como lobos que arrebatam a presa, para derramarem o sangue, para destruírem as almas, para seguirem a avareza. E os seus profetas têm feito para eles reboco de cal não adubada, vendo vaidade, e predizendo-lhes mentira, dizendo: Assim diz o Senhor Jeová; sem que o Senhor tivesse falado. Ao povo da terra oprimem gravemente, e andam roubando, e fazem violência ao aflito e ao necessitado, e ao estrangeiro oprimem sem razão.” Ezequiel 22:26-29.

O texto acima foi escrito muitos anos antes de Malaquias. Já naquela época Deus tinha transmitido mensagens duras contra os sacerdotes, condenando as suas más práticas. Indiscutivelmente foram eles os opressores do povo e foram eles também os que roubavam e agiam com violência contra os aflitos e necessitados.

Assim, respeitando o contexto, é justo concluir que o pronome “vós” mencionado em Malaquias 3:7-10 refere-se aos SACERDOTES desonestos. Esses sacerdotes eram culpados de roubar a Deus e por isso Ele os repreendeu severamente, conforme Malaquias 1:6 e 2:9. Deus estava cansado da desonestidade deles. Por estas razões as maldições estavam sendo direcionadas a eles (Malaquias 1:14, 2:2 e 3:9).


UM HISTÓRICO DE PERVERSÃO DO SACERDÓCIO LEVÍTICO

O sistema sacrifical concedia aos sacerdotes excelente oportunidade de ensinar o plano da salvação aos transgressores. No entanto, os rituais celebrados pelos sacerdotes no santuário foram pervertidos. O sacrifício de animais tornou-se uma fonte de renda para eles. Alguns dos sacerdotes corruptos viram perfeitamente que quanto mais o povo pecasse e quanto mais trouxesse ofertas pelo pecado e ofensas, tanto maior porção lhes caberia.

Chegaram ao ponto de animar o povo a pecar. Está escrito acerca dos sacerdotes corruptos: “Alimentam-se do pecado do Meu povo, e da maldade dele têm desejo ardente.” Oséias 4:8. Afirma este texto que os sacerdotes, ao invés de admoestar o povo e insistir em que deixasse o pecado, tinham “desejo ardente” de sua maldade, e almejavam que pecasse outra vez e voltasse com outra oferta pelo pecado.

A degradação do sacerdócio ocorreu já na primeira fase de sua existência (I Samuel 2:13-16). Deus ordenara que a gordura fosse queimada sobre o altar, e que se a carne fosse comida, devia ser fervida. Os sacerdotes, contudo, desejavam a sua porção crua com a gordura, de modo que a pudessem assar. Deixara de ser uma oferta sacrifical, para tornar-se, em vez disso, uma festa de glutonaria. A Palavra de Deus diz que “era, pois, muito grande o pecado destes mancebos perante o Senhor, porquanto os homens desprezavam a oferta do Senhor.” I Samuel 2:17.

Com o passar do tempo a corrupção se generalizou a tal ponto que o cargo do sumo sacerdote revestiu-se de caráter político, ao ser ele designado pelo governo. Os lucros das grandes festas eram repartidos com os oficiais superiores. Todo o plano de Deus foi corrompido pelos sacerdotes. Por isso a expressão de Jesus: “A minha casa será chamada casa de oração; vós, porém, a fazeis covil de ladrões.” Mateus 21:13.

Muitos dos sacerdotes possuíam um amargo ressentimento contra os profetas. Eles odiavam os homens que eram enviados para repreendê-los. Muitas das perseguições movidas contra os profetas no Antigo Testamento foram chefiadas ou instigadas pelos sacerdotes. Os profetas foram por eles perseguidos, torturados e mortos.

Os oponentes de Cristo eram sempre os sacerdotes, os escribas e os fariseus. Quando o Senhor Jesus foi apresentado perante Pilatos, foram os sacerdotes os que Lhe acusaram (Marcos 15:3). Oferecendo-Se sobre o Calvário, tornou sem valor a partir de então o sistema sacrifical. Pessoalmente, durante o Seu ministério, Cristo não ofereceu sacrifício algum, porque Ele não pecou, e, ensinando os homens a não pecar, feriu o cerne da perversão sacerdotal.

Não se deve pensar, todavia, que todos os sacerdotes eram ímpios. Muitos homens fiéis podiam ser contados entre eles.


CONCLUSÃO
Os sacerdotes foram incapazes de discernir o profundo significado espiritual do seu serviço simbólico. As gloriosas verdades, que estavam claramente delineadas neste serviço sagrado, foram obscurecidas, por causa da sua desobediência aos preceitos de Deus.

De uma maneira solene os sacerdotes impenitentes foram advertidos sobre o dia do julgamento por vir e para eles foi endereçado o seguinte convite de Deus: “Tornai vós para Mim e Eu tornarei para vós.” Malaquias 3:7.

Ao rejeitarem este afetuoso convite de Deus, eles selaram o seu destino. Mais tarde, nas proximidades do fim do ministério terrestre de Cristo, os principais sacerdotes ouviram do Mestre a parábola da vinha (Mateus 21:33-46). Havendo retratado ante os sacerdotes o seu ato final de impiedade, Cristo dirige-lhes a pergunta: “Quando, pois, vier o Senhor da vinha, que fará àqueles lavradores?” Os sacerdotes haviam acompanhado a narrativa de Jesus com profundo interesse. Sem considerar a relação que havia do assunto para com eles mesmos, a resposta deles foi a seguinte: “Fará perecer miseravelmente a esses maus, e arrendará a vinha a outros lavradores, que a seu tempo lhe entreguem os frutos.” Inadvertidamente haviam eles pronunciado sua própria condenação. Com a morte de Cristo o sacerdócio levítico foi extinto e no ano 70 d.C. o Templo de Jerusalém foi destruído pelos romanos.

Desde então Deus desejou atuar em cada indivíduo, transformando-o em um templo Seu, no qual pudesse ser exercido um sacerdócio santo e aceitável:

“Ou não sabeis que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?” I Coríntios 6:19

“Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo.” I Pedro 2:5.

“Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes dAquele que vos chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz.” I Pedro, 2:9.

Nunca esqueçamos que Deus é honrado com a pureza do coração com que amamos, com o tesouro com que enriquecemos os necessitados e com o esplendor do nosso temor e dedicação.
Autor: Malaquias 1:1 identifica o autor do Livro de Malaquias como sendo o profeta Malaquias.

Quando foi escrito: O livro de Malaquias foi escrito entre 440 e 400 aC.

Propósito: O livro de Malaquias é um oráculo: “Sentença pronunciada pelo SENHOR contra Israel, por intermédio de Malaquias” (1:1). Esta foi a advertência de Deus através de Malaquias para dizer ao povo a voltar-se para Deus. Enquanto o último livro do Antigo Testamento se encerra, o pronunciamento da justiça de Deus e a promessa de Sua restauração através da vinda do Messias estão soando nos ouvidos dos israelitas. Quatrocentos anos de silêncio passam, mas esse período termina quando o próximo profeta de Deus, João Batista, transmite uma mensagem semelhante e proclama: "Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus" (Mateus 3:2).

Versículos-chave: 
Malaquias 1:6: "O filho honra o pai, e o servo, ao seu senhor. Se eu sou pai, onde está a minha honra? E, se eu sou senhor, onde está o respeito para comigo? -diz o SENHOR dos Exércitos a vós outros, ó sacerdotes que desprezais o meu nome. Vós dizeis: Em que desprezamos nós o teu nome?"

Malaquias 3:6-7: "Porque eu, o SENHOR, não mudo; por isso, vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos. Desde os dias de vossos pais, vos desviastes dos meus estatutos e não os guardastes; tornai-vos para mim, e eu me tornarei para vós outros, diz o SENHOR dos Exércitos; mas vós dizeis: Em que havemos de tornar?"

Malaquias escreveu as palavras do Senhor ao povo escolhido de Deus que tinha se desviado, especialmente aos sacerdotes que tinham abandonado ao Senhor. Os sacerdotes não estavam levando a sério os sacrifícios que deviam fazer a Deus. Animais com defeitos estavam sendo sacrificados, embora a lei exigisse animais sem defeito (Deuteronômio 15:21). Os homens de Judá estavam sendo desleais às esposas de sua juventude e se perguntando por que Deus não aceitava os seus sacrifícios. Além disso, as pessoas não estavam oferecendo o dízimo da forma em que deviam (Levítico 27:30, 32). Entretanto, apesar do pecado do povo e de se afastarem de Deus, Malaquias reitera o amor de Deus por Seu povo (Malaquias 1:1-5) e Suas promessas de um mensageiro que estava por vir (Malaquias 2:17 - 3:5).

Malaquias 3:1-6 é uma profecia a respeito de João Batista. Ele era o mensageiro do Senhor, enviado para preparar o caminho (Mateus 11:10) para o Messias, Jesus Cristo. João pregava arrependimento e batizava no nome do Senhor, preparando assim o caminho para o primeiro advento de Jesus. Porém, o mensageiro que vem "de repente para o Templo" é o próprio Cristo na Sua segunda vinda, quando Ele vier em poder e glória (Mateus 24). Naquele tempo, Ele vai "purificar os filhos de Levi" (v. 3), o que significa que aqueles que exemplificaram a lei mosaica também precisariam de purificação do pecado através do sangue do Salvador. Só então eles serão capazes de oferecer "uma oferta em justiça", pois será a justiça de Cristo imputada a eles através da fé (2 Coríntios 5:21).

APLICAÇÃO PRÁTICA
Deus não se agrada quando não obedecemos aos Seus mandamentos. Ele recompensará aqueles que O ignoram. Quanto a Deus odiando o divórcio (2:16), Deus leva muito a sério a aliança de casamento e não quer que ela seja quebrada. Devemos permanecer fiéis ao cônjuge de nossa juventude por toda vida. Deus vê o nosso coração, então Ele sabe quais são as nossas intenções; nada pode ser escondido dEle. Ele voltará e será o juiz. No entanto, se voltarmo-nos a Ele, Ele voltará para nós (Malaquias 3:6).

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