domingo, 21 de fevereiro de 2021

A P O C A L I P S E / SÉTIMA PARTE - O MILENIO 4

 

O QUE A BÍBLIA DIZ SOBRE O MILÊNIO?

Uma curta visão sobre o reino de mil anos surpreendente de paz que Cristo estabelecerá no fim dos tempos.

A profecia dada no livro de Apocalipse fala sobre todos os tipos de pragas terríveis e tribulações que vão cair sobre a terra no fim dos tempos. A ira de Deus será derramada sobre os servos de Satanás em abundância em um evento conhecido como a Grande Tribulação. Esta é a culminação natural do desenvolvimento do pecado sobre a terra

Mas no final de tudo isso Jesus Cristo voltará com os exércitos do céu e eles vão começar uma época gloriosa da cura na terra. Este é o início dos mil anos era de paz conhecido como o Milênio

O que é o Milênio?

O Milênio é um tempo de paz e harmonia na Terra quando Jesus e os santos hão de governar com justiça. É um momento em que todos os erros serão colocados à direita e todos os males serão limpos da terra. Isaías 65: 20-25 contém uma descrição mais completa da maravilha e da harmonia que vai caracterizar este tempo. A palavra “Milênio” não se encontra na Bíblia, mas sim a expressão “mil anos”, contudo é usada seis vezes em Ap. 20:1-7. É o período após o retorno de Cristo em que os justos reinarão com Ele na terra.

Ninguém vai explorar o outro, ninguém vai roubar ou assassinar. Toda a terra será governada por Cristo, sua noiva e os mártires. (Apocalipse 20: 4). Vai ser um governo justo, como sempre Deus pretendeu que a Terra fosse. Um refúgio de paz, de justiça e alegria. A criação, em completa harmonia com o seu Criador.

As pessoas vão viver vidas muito mais longas do que eles fazem agora. (Isaías 65:20) Mesmo os animais vão parar de matar uns aos outros e mudar seu modo alimentar, passarão a comer grama e plantas. (Isaías 65:25)

Será que vai haver pecado durante o Milênio?

Apesar de tudo isso a natureza pecaminosa que é inerente a toda a humanidade não terá mudado. As pessoas ainda vão nascer com uma carne em que não habita bem algum. (Romanos 7:18) A possibilidade de as pessoas a escolher o pecado ainda estará lá, o livre arbítrio.

Satanás será amarrado durante este tempo (Apocalipse 20: 2), ele não será capaz de exercer a sua influência externa sobre as pessoas. Portanto o pecado deixará de existir se assim o desejarem, pois será muito mais fácil para as pessoas escolher servir a Deus e viver uma vida justa quando cercadas por essa mesma justiça em todas as frentes. Quando há igualdade e justiça, há misericórdia, a paciência e humildade em todos, ao invés de guerra e da fome e da tirania e injustiça.

Aqueles que, no entanto, optar por viver uma vida pecaminosa e ceder ao seu próprio orgulho e egoísmo durante este tempo, vai morrer cedo. Leis de Deus ainda se aplica e ninguém será capaz de fugir com pecado despercebido (Isaías 65:20).

Jesus, a noiva, e os mártires

Jesus e Sua noiva, junto com os mártires mortos durante a Grande Tribulação estarão governando a terra. Estes são servos mais confiáveis de Deus. Jesus, que foi julgado em todos os pontos, mas sem pecado, tem autoridade absoluta sobre todo o pecado e injustiça.

Aqueles que estão com noiva de Cristo também venceram o pecado em suas vidas. Eles também têm autoridade para julgar e governar com justiça, e eles ensinará e pregará a justiça em todo o seu tempo na terra. Deus testou-lhes e eles foram purificados pelo fogo, da mesma forma como Jesus. Jesus e Sua noiva vão secar as lágrimas e trazer alegria e paz para as pessoas. Mas eles não terão mais suas próprias lágrimas, porque eles já estão cheios de bondade e alegria de Deus. 

Os mártires da Grande Tribulação também foram testados e também estarão juntos para governar durante o milênio, pois eles também deram suas vidas a Deus, embora de uma forma diferente do que a noiva. (Apocalipse 20: 4-6). Todos estes irão trabalhar em conjunto para assegurar que o mundo cresça em paz, harmonia, justiça e piedade durante o Milênio.

Depois do Milênio

Mesmo que o Milênio seja um tempo vivido em paz e justiça, mas não é o objetivo final de Deus para a Sua criação. Satanás foi preso, mas não completamente erradicado. E, apesar da admiração e harmonia na Terra, ainda não é perfeita aos olhos de Deus, porque ela carrega a mancha do pecado eterno.

No final do Milênio Satanás será solto de suas correntes por um curto período de tempo, embora não esteja claro exatamente quanto tempo este é. Esta é a sua última chance de enganar todas as nações e levar as pessoas a segui-lo. Incrivelmente, ele vai reunir número suficiente de pessoas de todo o mundo para criar um exército, e eles vão cercar Jerusalém novamente, em uma última tentativa desesperada para assumir a criação de Deus.

Mas agora é finalmente o suficiente, e tempo de Satanás é chegado. Deus enviará fogo do céu para devorá-los. O diabo vai finalmente ser lançado no lago de fogo e enxofre, onde está a besta e o Anticristo, e serão atormentados lá para sempre. (Apocalipse 20: 7-10). Isto marca o fim do Milênio é o último evento antes do julgamento final tomar lugar.  

As principais interpretações sobre o Milênio

Como já dissemos, existem quatro interpretações principais sobre o Milênio. Basicamente os pontos discutidos em tais interpretações são os seguintes:

·         Quando o Milênio ocorrerá? Antes ou depois da Segunda Vinda de Cristo?

·         O Reino Milenar deve ser entendido de forma literal e física, ou simbólica e espiritual?

·         Quem são os indivíduos citados em Apocalipse 20 que participam do Milênio?

·         Como será o reinado de mil anos com Jesus? Haverá pessoas nascendo e morrendo? Haverá morte?

·         Como a morte pode existir onde Jesus governa? As pessoas que nascem neste tempo já estão salvas? Não haverá pecado?

As quatro posições que se propõem a tentar responder tais questionamentos são: Amilenismo, Pós-Milenismo, Pré-Milenismo Histórico e Pré-Milenismo Dispensacionalista.

O Amilenismo e o Milênio

Embora o termo Amilenismo transmita uma ideia de que não exista um milênio, não é isso o que essa corrente escatológica defende. O Amilenismo entende sim que há um Milênio descrito no capítulo 20 do Apocalipse, entretanto não o interpretam como um reino literal de mil anos com Cristo governando sobre a terra após a sua vinda. O Amilenismo defende que o Milênio já foi iniciado na primeira vinda de Cristo, e terminará com a Sua segunda vinda, quando haverá a ressurreição geral dos mortos, o Juízo Final e o estabelecimento do novo céu e da nova terra. No Amilenismo, o Milênio ocorre com o reinado dos santos com Cristo nos céus, conectado com a expansão da Igreja e o avanço do Evangelho na terra.

Eles afirmam que existem apenas duas eras: “Era Presente e Era Vindoura” – sem estado intermediário de mil anos. O reino de Deus não tem duração de mil anos, ele é eterno. Cristo veio cumprir o AT e foi ungido rei (Dn.2), Jesus é a pedra cortada sem auxílio de mãos, sem a interferência humana e estabeleceu o seu reino com a sua vinda aqui presente (“é chegado o reino dos céus”, “dou autoridades a todos vocês” “vi satanás cair como relâmpago do céu” e quando subiu ao céu disse: “todo poder me é dado no céu e na terra”. Jesus já está entronizado ao lado de Deus todo poderoso. Nós já estamos ressuscitados espiritualmente e temos uma posição privilegiada com Cristo em seu reino (Ef.2:6). Sobre esta pedra edificarei a minha igreja “nós” e as portas do inferno não prevalecerá contra ela (Mc 16) “ide”. ³O reino de Deus está em processo e não vem de aparências, é algo espiritual. O reino de Deus não virá na segunda vinda de Cristo, mas já está no meio de nós. “o que ligarmos na terra será ligado no ceu”. Os amilenistas não acreditam que terá um milênio na terra, mas apenas o Reino Eterno. O reino de Deus não é deste mundo, não vem com aparência física. O reino de Deus é aqui/agora, influenciado pela igreja. I Cor.15:16 – É necessário que Jesus Cristo reine para que seus inimigos fiquem debaixo de seus pés (reino gradativo até que a morte seja extinguida). A morte será destruída por ocasião da 2ª vinda de Cristo e não terá lugar a partir de então na eternidade.

O ¹Pós-Milenismo e o Milênio

O Pós-Milenismo, como o próprio nome sugere, entende que o Milênio também ocorrerá antes da segunda vinda de Cristo, porém, ao contrário do Amilenismo. O Pós-Milenismo entende que o Milênio será um período de grande paz e prosperidade resultante da pregação do Evangelho em todo mundo. Logo, para o Pós-Milenismo o mundo tende a melhorar antes da volta de Cristo, de modo que o Milênio será caracterizado pela maioria dos habitantes da terra respeitando a Palavra de Deus, numa espécie de cristianização do mundo. Após esse período, Satanás será solto e Cristo o destruirá em Sua segunda vinda, condenando-o eternamente.

O ²Pré-Milenismo Histórico e o Milênio

O Pré-Milenismo Histórico defende um reino literal de Cristo na terra durante mil anos que será iniciado com a Sua segunda-vinda.

Como será o reinado de mil anos com Jesus? Haverá pessoas nascendo e morrendo? Haverá morte? Como a morte pode existir onde Jesus governa? As pessoas que nascem neste tempo já estão salvas? Não haverá pecado?

Para o Pré-Milenismo Histórico, Cristo governará a partir de Jerusalém e será um período sem igual na terra. No final do Milênio, Satanás estará solto e enganará as nações influenciando-as a guerrearem contra Jerusalém e o governo de Cristo. Então, Jesus destruirá as nações rebeldes juntamente com Satanás, lançando-os em condenação eterna. Após isso, haverá o Juízo Final e o início do estado eterno.

Jesus reina por mil anos em Jerusalém e depois inaugura o Estado eterno por meio de um Juízo Final. Será um governo literal de mil anos antes de Jesus Cristo entregar o Reino a Deus Pai. Jesus em seu governo levantará o tabernáculo caído de Davi (Atos 15:14, II Sam. 7:28), promessas dadas a descendência perpétua ao Trono de Davi. Estabelecerá o reino de mil anos restaurando todas as coisas antes de entregar para Deus (Atos 15:24-28). Jesus estabelece seu reino encerrando assim a sequência dos reinos humanos da terra (Daniel 2:34-35 – império da Babilônia ao império Romano), “encheu a terra” alcance total do milênio. Prenderá Satanás por mil anos e Cristo reinará para restaurar a terra. O milênio é uma necessidade da natureza terrena e humana (Rom.8:18-19). 

No Milênio as pessoas nascerão e morrerão (terão vida longa, reprodução e morte – Zac.8). O diabo será eliminado primeiro e depois a morte. A morte existirá para aqueles que sobreviveram a Tribulação (restauração). A vida e a morte existirão no milênio, mas a maldição deixará de existir, pois a terra estará sendo restaurada enquanto satanás estará preso. A vida em Cristo é benção no milênio.

No milênio Jesus irá provar àqueles que nascerem neste período a (fidelidade). Após soltar Satanás, este formará um bloco contra Cristo (Ap.20:5-6). Satanás ainda conseguirá juntar muitos contra Cristo, mas será finalmente destruído e após isso será estabelecido o Trono Branco (julgamento), e por fim o reino será entregue a Deus. No milênio satanás insultará e enganará as nações que não conheceram o pecado como fez no Éden. As pessoas não o conheceram e da mesma forma em que agiu no início da criação, enganará a muitos assim como fez também com os anjos do céu.

O ³Pré-Milenismo Dispensacionalista e o Milênio

Também defende que o Milênio será literal na terra, e começara após a segunda fase da segunda vinda de Cristo. “²Diferente do Pré-Milenismo Histórico, essa posição estabelece um tratamento completamente distinto entre Israel e Igreja, ou seja, Deus possui dois propósitos: um com relação à terra e ao povo de Israel, e outro relacionado com o céu e a Igreja.

Para os Pré-Milenistas Dispensacionalistas, Jesus em Sua primeira vinda tentou estabelecer o Reino de Deus na terra, porém foi rejeitado pelos judeus. Então, Deus adiou esse plano e começou a tratar com a Igreja. “Somente após finalizar seus propósitos com a Igreja é que Ele retomará Seu plano para com Israel, e isso ocorrerá principalmente no Milênio, onde as promessas do Antigo Testamento serão cumpridas literalmente na restauração e exaltação de Jerusalém e do povo judeu sob todo o mundo gentio”.

Nessa posição escatológica, o Milênio durará mil anos literais, e Jesus estará governando visivelmente num trono em Jerusalém, e será um momento de grande paz e prosperidade sobre a terra. As nações adorarão a Deus em um Templo reconstruído em Jerusalém, onde também haverá novamente a oferta de sacrifícios de animais, porém não serão ofertas propiciatórias, mas ofertas memoriais em referência à morte de Cristo pela humanidade.

As pessoas viverão normalmente nessa terra maravilhosa, haverá nascimentos e mortes, já que o pecado e a morte ainda não estarão extintos como ocorrerá no novo céu e na nova terra. Entretanto, o mal será amplamente restringido com a prisão de Satanás.

Durante esse reinado, a Igreja dos santos ressurretos estará habitando a Nova Jerusalém, uma cidade celestial que estará pairando nos ares sobre a terra, e, em ocasiões especificas, os crentes poderão descer à terra para participarem de alguns julgamentos ao lado de Cristo.

No final desse período Satanás será solto, enganará as nações e fará uma guerra final contra “o acampamento dos santos“, e Cristo então os derrotará definitivamente. Depois disso haverá o julgamento perante o grande trono branco, onde todos os ímpios ressuscitarão para receberem a condenação eterna no lago de fogo.

 

Como interpretar o Milênio?

Em todas as posições citadas acima há entre seus defensores cristãos genuínos, que possuem compromisso com a Palavra de Deus e que também são muito capacitados no assunto. Portanto, antes de tudo, creio que esse tema não deva ser motivo de divisões entre os cristãos. Com isso, quero dizer que o fato de alguém defender uma posição ou outra, não o torna um herege, muito menos um seguidor de “seitas” como alguns erroneamente afirmam. Este assunto é realmente muito difícil, sobretudo por tratar de coisas ainda futuras, as quais não temos ainda o completo discernimento.

Na verdade, todas as diferentes interpretações possuem suas dificuldades particulares, portanto devemos analisá-las à luz da Bíblia como um todo, e julgar qual delas parece ser mais coerente com a Palavra de Deus.

A seguir, falarei muito brevemente qual a minha posição particular sobre esse assunto. Tratarei esse tema eliminando posição por posição, para que o entendimento fique mais claro. Começando pelo Pós-Milenismo, sei que essa posição foi muito popular durante muitos anos, e defendida por grandes homens de Deus. Porém as guerras, sobretudo do século 20, fizeram com essa posição perdesse espaço.

¹Para mim, a expectativa de um mundo maravilhoso antecedendo a volta de Cristo contrasta com várias passagens bíblicas que afirmam a contínua e crescente tensão entre o mundo decaído e incrédulo com os seguidores de Cristo. O próprio livro do Apocalipse deixa isso bem claro. Logo, para mim parece claro que o ensino bíblico é de que o mundo irá de mal a pior, até que Cristo venha.

Também tenho sérias dificuldades em aceitar a forma geralmente preterista que muitos pós-milenistas interpretam algumas passagens bíblicas. Como esperam por um mundo melhor, geralmente os pós-milenistas entendem que vários eventos escatológicos já estão no passado, como por exemplo, a grande tribulação e a apostasia mencionada pelo Apóstolo Paulo em 2 Tessalonicenses, no Capítulo 2.  Ainda sobre o Pós-Milenismo, penso que Apocalipse 20 não dá qualquer apoio à defesa dessa corrente escatológica.

Falando agora sobre as posições pré-milenistas, posso dizer que o ²Pré-Milenismo Histórico é uma visão muito mais equilibrada do que o ³Pré-Milenismo Dispensacionalista. Para mim, esta última posição, que também é a mais recente dentro do cristianismo, possui sérios problemas e acaba sendo totalmente confusa. A distinção radical entre Israel e Igreja presente no Dispensacionalismo, biblicamente penso ser injustificável. Sobre isto, podemos rapidamente dizer que qualquer distinção entre judeus e gentios já foi abolida, e Deus possui apenas um único povo, a noiva, a Igreja (At 13:32-39; Gl 3:28,29; Cl 3:11; Ef 2:14,19; 1Pe 2:9).

Focando agora na questão do Milênio, não há base bíblica para afirmar que Deus adiou seus planos e o estabelecimento de Seu Reino. Nesse ponto, prefiro concordar com Jó ao dizer que “nenhum dos Teus planos pode ser frustrado” (Jó 42:2). A questão é que o objetivo do ministério de Jesus não foi oferecer um reino político a Israel, restaurando o reino de Davi, ao contrário, quando quiseram fazê-lo rei, Ele se recusou (Jo 6:15). O próprio Jesus foi categórico ao afirmar na ocasião de seu ministério que o Reino de Deus não viria com visível aparência (Lc 17:20-21).

É importante também entendermos o caráter presente e futuro do Reino de Deus, ou seja, já foi inaugurado (Mt 2:2; 4:23; 9:35; 27:11; Mc 15:2; Lc 16:16; 23:3; Jo 18:37), está em prosseguimento (Mt 24:14; Rm 14:16,17; 1Co 4:19,20; Cl 4:11) e será completamente consumado (1Co 15:50-58; Ap 11:15).

Também podemos colocar como um problema das visões Pré-milenistas, especialmente o Dispensacionalismo, a grande diferença entre o Milênio citado em Apocalipse 20 com o Milênio que eles defendem, além da falta de qualquer referência bíblica no Antigo Testamento acerca de um reino terreno futuro de mil anos.

Sei que há muitas referências no Antigo Testamento que são utilizadas por Pré-milenistas para tentar justificar tal posição, porém eles falham na interpretação de profecias que naturalmente se referem a volta de Israel do exílio babilônico, ou à Igreja do Novo Testamento, ou até mesmo ao novo céu e a nova terra. ³Não há necessidade de um reino terreno temporário para que tais profecias se cumpram, nem mesmo a obrigatoriedade do cumprimento literal de todas as profecias.

No Novo Testamento encontramos um ótimo exemplo sobre isso. Em Atos 15:14-18, Tiago interpreta uma profecia registrada no livro do Profeta Amós de maneira não-literal. Em Amos 9:11,12, a profecia fala sobre o concerto do tabernáculo caído de Davi, para que “possuam o restante de Edom e todas nações” que são chamadas pelo nome do Senhor.

Já em Atos, Tiago entendeu que essa profecia se cumpriu quando Deus chamou os gentios à salvação, tornando judeus e gentios um só povo em Cristo. Logo, nem todas as profecias do Antigo Testamento devem ser interpretadas de maneira estritamente literal.

Apesar de tudo isso já citado, os argumentos ainda podem até parecer fracos para contestar as visões pré-milenistas. Portanto, para concluir, quero citar algumas perguntas que não consigo encontrar respostas para elas dentro do Pré-Milenismo:

1.    Se haverá um reino milenar e literal após a segunda vinda de Cristo, por que não há qualquer referência sobre isso nos Evangelhos e nas Epístolas do Novo Testamento?

2.    Por que no Sermão Escatológico (Mt 24; Mc 13; Lc 17) Jesus apresentou uma descrição detalhada sobre os acontecimentos que iriam ocorrer, e não citou em nenhum momento um reino milenar futuro?

3.    Se o reino milenar futuro diz respeito principalmente às promessas feitas ao povo de Israel, por que Jesus nunca falou nada sobre ele aos seus discípulos que eram judeus? Isso não teria os confortado de algum modo?

4.    Ainda no Sermão Escatológico, Jesus foi claro ao dizer: “Eis que de antemão vos tenho dito tudo” (Mc 13:23). Se Ele afirmou ter dito tudo acerca do fim dos tempos, por qual motivo ele não citou o Milênio? Não creio que Ele tenha se esquecido justamente do reino milenar futuro.

5.    Pedro foi um dos discípulos que estava presente quando Jesus pronunciou o Sermão Escatológico, e pessoalmente ouviu as palavras do Mestre. Então por que em sua segunda epístola (2Pe 3) ao falar sobre a segunda vinda de Cristo, ele não fala nada sobre um reino milenar futuro? Será que talvez seja porque Jesus não o ensinou nada sobre isso? Para o apóstolo Pedro, haverá a segunda vinda de Cristo, o julgamento de todas as pessoas e o início do estado eterno, com o mundo sendo “purificado” transformando-se em novos céus e nova terra.

6.    Como explicar o retorno de crentes glorificados para uma terra ainda imperfeita, onde existe pecado e morte, mesmo que isso seja em ocasiões específicas? Isso não seria uma violação da finalidade da glorificação?

7.    Como explicar o convívio do Cristo glorificado e de pessoas em corpos glorificados, juntamente com pessoas ainda vivendo em corpos de carne e sangue? Que estranha convivência haverá entre pessoas que são imortais com pessoas ainda mortais?

8.    O que acontecerá com as pessoas que morrerem no Milênio literal? Para onde elas irão? Será que ressuscitarão imediatamente?

9.    Como será um mundo em que Cristo estará em um trono físico governando? Como Satanás conseguirá manipular as pessoas a se rebelarem contra uma presença tão visível e notória de Deus? Se isso de fato ocorrer, qual foi a eficácia dos mil anos de paz e prosperidade?

10.  Como encontrar base bíblica para defender a ideia de salvação após a vinda de Cristo? As pessoas durante o Milênio precisarão crer em Jesus para serem salvas? Se sim, como alguém então não crerá diante de um reino literal de Cristo na terra? Isso não será injusto com quem viveu antes desse período, e não contrariará a doutrina bíblica de que a fé é crer no invisível (Hb 11:1)?

11.  A ideia da retomada dos sacrifícios durante o Milênio, mesmo que memoriais, não significa um retrocesso considerando a excelente explanação do autor da Epístola aos Hebreus onde claramente ele coloca todas essas coisas como algo temporário?

12.  Se o reino milenar futuro exige um julgamento após mil anos da segunda vinda de Cristo, como entender o ensino de todo o Novo Testamento de que o Juízo Final segue imediatamente à segunda vinda Cristo? Também como explicar o fato de a Bíblia se referir a apenas um único juízo, ao contrário do que ensina o Pré-Milenismo?

13.  Se o Pré-Milenismo exige pelo menos duas ressurreições (em alguns casos até mais de três), como explicar a doutrina bíblica que haverá apenas uma única ressurreição (Jo 5:28,29; Jo 6:39-54; 11:24)?

Estes são apenas alguns dos questionamentos que me fazem rejeitar a posição Pré-Milenista, entretanto, respeito muito quem defende tal posição.

Bem, se considero que o Pós-Milenismo e as formas de Pré-Milenismo falham em ter fundamentação bíblica suficiente, só me resta agora o Amilenismo. Sob esse ponto de vista, vamos brevemente entender alguns pontos acerca do Milênio do capítulo 20 do Apocalipse.

Diante destes fatos e dessas perguntas que talvez ficaremos sem respostas, só posso dizer que há muitas coisas que jamais conseguiremos entender por tais coisas fazem parte dos pensamentos de Deus e ninguém conseguirá entender por completo os pensamentos de Deus. Se assim eu me comportar, também terei que perguntar como pode um mar se abrir diante de um povo e este povo passar e chegar a seco do outro lado? Como pode o Profeta Elias ser levado para o céu diante dos olhos de seu servo Eliseu? Como pode um homem possuir a força de mil homens nas tranças de seu cabelo? Como pode o próprio Jesus ser gerado no ventre de uma mulher através do Espírito Santo? São perguntas que só Deus pode nos responder que um dia creio que Ele nos responderá (Jó 5:9, Ecl.11:5, I Cor.2:9). Resumo dizendo: Milagre não é para quem vê, mas para quem crê. Deus criou todas as coisas por intermédio de sua palavra. Eu creio!

Sei que esse é um tema muito complexo, e que todas as posições, inclusive a que eu defendo, apresentam suas dificuldades. Porém, precisamos deixar claro acima de tudo que a Palavra de Deus é inerrante e infalível, ou seja, não há qualquer erro ou contradição nela.

Se nossas posições escatológicas possuem dificuldades em alguns pontos, tais dificuldades estão firmadas em nosso erro humano de interpretação da perfeita Palavra de Deus.

Ademais, também sabemos que há mistérios que não nos foram revelados, mas devemos ter a plena certeza de que tudo ocorre conforme a soberana vontade de Deus, por mais que não compreendamos.

Mais uma vez ressalto que essas discussões são secundárias, e o importante é que Pré-Milenistas, Amilenistas e Pós-Milenistas concordam que Cristo voltará, julgará todos os homens, condenará eternamente Satanás, seus agentes e os incrédulos ao lago de fogo, e os santos viverão eternamente com Ele no novo céu e na nova terra. Se mil anos antes, ou mil anos depois, diante de uma eternidade inteira isso é só um detalhe.