segunda-feira, 23 de novembro de 2015

S A L M O S

L I V R O    D E    S A L M O S


 






SALMOS (do grego ΨαλμόςMúsica, pois a palavra que intitula muitos salmos no texto hebraico é Mizmor מזמורMúsical) ou Tehilim (do hebraico תהיליםLouvores) é um livro do Tanakh (fazendo parte dos escritos ou ketuvim) e da Bíblia Cristã, vem depois do Livro de Jó, pois este encerra a sequência (AO 1943: seqüência) de livros históricos, e antes do Livro de Provérbios, iniciando os livros proféticos e poéticos em ordem cronológica, sendo o primeiro livro a falar claramente do Messias (ou Cristo) e seu reinado, e do Juízo Final. É o maior livro de toda Bíblia e constitui-se de 150 (ou 151 segundo a Igreja Ortodoxa), cânticos e poemas proféticos, que são o coração do Antigo Testamento, é a grande síntese que reúne todos os temas e estilos dessa parte da Bíblia, utilizados pelo antigo Israel como hinário no Templo de Jerusalém, e hoje são utilizados como orações ou louvores, no Judaísmo, no Cristianismo e também no Islamismo (o Corão no cap. 17, verso 82, refere os salmos como "um bálsamo"). Tal fato, comum aos três monoteísmos semitas, não tem paralelo, dado que judeus cristãos e muçulmanos acreditam nos Salmos que foram escritos em hebraico, depois traduzidos para o grego e latim.



Origens
A autoria da maioria dos salmos é atribuída ao rei Davi, o qual teria escrito pelo menos 73 poemas. Asafe é considerado o autor de 12 salmos. Os filhos de Corá escreveram uns nove e o rei Salomão ao menos dois. Hemã, com os filhos de Corá, bem como Etã e Moisés, escreveram no mínimo um cada. Todavia, 51 salmos seriam tidos de autoria anônima.
O período em que os salmos foram compostos varia muito, representando um lapso temporal de aproximadamente um milênio, desde a data aproximada de 1440 a.C, quando houve o êxodo dos Israelitas do Egito até o cativeiro babilônico, sendo que muitas vezes esses poemas permitem traçar um paralelo com os acontecimentos históricos, principalmente com a vida de Davi, quando, por exemplo, havia fugido da perseguição promovida pelo Rei Saul (Salmos 18, 52, 54) e de seu próprio filho Absalão (Salmo 3) ou quanto ao arrependimento pelo seu pecado com Bate-Seba (Salmo 51).
Poemas de louvor, os salmos foram inicialmente transmitidos através da tradição oral e a fixação por escrito teve lugar, sobretudo através do movimento de recolha das tradições israelitas, iniciado no exílio babilônico pelo Profeta Ezequiel (séculos VII-VI a.C.). Como tal, muitos destes textos são muito anteriores, sendo bastante difícil a sua crítica do ponto de vista literário estritos. Ainda assim, tendo em conta a comparação com a literatura poética coeva do Egito, da Assíria e da Babilônia, pode-se afirmar que estes poemas de Israel são um dos expoentes da poesia universal.
Os salmos, em termos de conteúdo, possuem estrutura coerente, o que também pode ser observado em passagens do Antigo Testamento e em obras literárias do Oriente Médio da Antiguidade.
Tal como em outras tradições culturais, também a poesia hebraica andava estreitamente associada à música. Assim, embora não seja de se excluir para os salmos a possível recitação em forma de leitura, "todavia, dado o seu gênero literário, com razão são designados em hebraico pelo termo Tehillim, isto é, «cânticos de louvor», e, em gregopsalmói, ou seja, «cânticos acompanhados ao som do saltério », ou ainda: oração cantada e acompanhada com instrumentos musicais.
De fato, todos os salmos possuem um certo caráter musical, que determina o modo como devem ser executados. E assim, mesmo quando o salmo é recitado sem canto, ou até individualmente ou em silêncio, a sua recitação terá de conservar este caráter musical
Os salmos acabaram por constituir um hinário litúrgico para uso no templo de Jerusalém, do qual transitaram quer para a sinagoga judaica, quer para as liturgias cristãs.

Na Igreja Católica, os 150 salmos formam o núcleo da oração cotidiana: a chamam Liturgia das Horas, também conhecida por Ofício Divino e cuja organização remonta a São Bento de Núrcia. A oração conhecida por rosário, com as suas 150 Ave Marias, formou-se por analogia com os 150 salmos do Ofício. Outra forma muito popular é organizar listas de Salmos por finalidade, isto é, salmos para serem rezados em determinadas ocasiões como festas, doenças, colheitas ou funerais. Historicamente, a primeira destas listas foi organizada a partir da prática de Santo Arsênio da Capadócia, que rezava um salmo como uma oração com certas finalidades.
Os salmos são também poesia, que é a forma mais apropriada para expressar os sentimentos diante da realidade da vida permeada pelo mistério de Deus, o aliado que se compromete com o homem para com ele construir a história. É Deus participando da luta pela vida e liberdade. Dessa forma, os salmos convidam para que também nós nos voltemos com atenção para a vida e a história. Nelas descobrimos o Deus sempre presente e disposto a se aliar, para caminhar na luta pela construção do mundo novo.
Os salmos supõem o contexto maior de uma fé que nasce da história e constrói história. Seu ponto de partida é o Deus libertador que ouve o clamor do povo e se torna presente, dando eficácia à sua luta pela liberdade e vida (Ex 3,7-8). Por isso, os salmos são as orações que manifestam a fé que os pobres e oprimidos têm no Deus aliado. Como esse Deus não aprova a situação dos desfavorecidos, o povo tem a ousadia de reivindicar seus direitos, denunciar a injustiça, resistir aos poderosos e até mesmo questionar o próprio Deus. São orações que nos conscientizam e engajam na luta dentro dos conflitos, sem dar espaço para o pieguismo, o individualismo ou a alienação.
O livro dos Salmos é um dos mais citados pelos escritores do Novo Testamento. O próprio Jesus orava os salmos, e sua vida e ação trouxeram significado pleno para o sentido que essas orações já possuíam. Depois dele, os salmos se tornaram a oração do novo povo de Deus, comprometido com Jesus Cristo para a transformação do mundo, em vista da construção do Reino.
Vários salmos são considerados pelos teólogos como proféticos ou messiânicos, pois referem-se à vinda do Cristo e, por isso, existem muitas citações de versos dos salmistas no Novo Testamento com o propósito de provar o cumprimento das profecias na pessoa de Jesus.
O Salmo 150 constituiria uma doxologia, ou arremate de louvor do livro. 

Variações entre as Traduções
O livro dos Salmos chegou até nós em sua versão grega (Septuaginta) e hebraica. A versão grega deste livro, como de toda a bíblia, foi utilizada pelos cristãos convertidos e por São Jerônimo na confecção de sua edição “Vulgata", tradução latina dos livros inspirados. Na Reforma Protestante é que se buscaram os manuscritos originais hebraicos para fazer novas traduções e foi constatada a diferença que havia entre as duas traduções: as versões, apesar de terem o texto completo, diferem na numeração de capítulos e versículos.
Versículos
A versão grega costuma apresentar, na maioria dos salmos, um versículo de introdução, em que são atribuídas autorias e apontados instrumentos que deveriam ser utilizados ao se cantar os textos. Este versículo faz com que a versão hebraica tenha, nesses casos, um versículo a menos, uma vez que essas informações não são consideradas inspiradas por essa versão.
Capítulos
Em suma, pode-se dizer que entre os Salmos 10 e 148, a numeração da Bíblia Hebraica está uma unidade à frente da numeração seguida na Septuaginta e na Vulgata, que juntam: os Salmos 9 e 10 no Salmo 9 (da Septuaginta/Vulgata), e, os Salmos 114 e 115 no Salmo 113 (da Septuaginta/Vulgata); e dividem: o Salmo 116 nos Salmos 114 e 115 (da Septuaginta/Vulgata), e, o o Salmo 147 nos Salmos 146 e 148
(da Septuaginta/Vulgata).
Veja a tabela abaixo: .
Texto hebraico
  Texto grego
1 a 8
  1 a 8
9 e 10
  9
11 a 113
  10 a 112
114 e 115
  113
116
  114 e 115
117 a 146
  116 a 145
147
  146 e 147
148 a 150
  148 a 150
Aplicação
No Judaísmo e o Protestantismo, a numeração usada sempre foi a hebraica.
A Igreja Católica, considerando oficial a tradução da "Vulgata", por muito tempo usou a numeração grega em suas bíblias. Porém, estudiosos consideram essa numeração errada, uma vez que certos salmos, que parecem ser um só, estão separados, enquanto outros, de assuntos bem diferentes, estão juntos. Vendo que a Vulgata era falha ao se basear somente num texto (Septuaginta), e no ínterim de novas descobertas das Escrituras (Manuscritos do Mar Morto), a Igreja permitiu a tradução das Escrituras diretamente dos originais (Constituição Dogmática Dei Verbum) e promoveu uma nova tradução e revisão da Bíblia (Neovulgata), que, desta vez, trouxe a numeração dos salmos a partir da versão hebraica, mas não resolveu a questão dos versículos introdutórios. A despeito desta nova tradução católica, é possível encontrar bíblias católicas que ainda se baseiam na Vulgata, por seu tradicionalismo, como é o caso da bíblia da Editora Ave Maria.

Salmos Proféticos
O Salmo 91 e muitos outros são considerados proféticos ou messiânicos pela Teologia cristã, pois apontam para a vinda do Messias, sendo com frequência citados no Novo Testamento da Bíblia com o objetivo de identificar Jesus Cristo como o cumpridor da promessa.
No Salmo 2, que fala do reinado do Ungido de Deus, verificam-se algumas citações no livro de Atos e na Epístolas aos Hebreus.
Já o Salmo 8 que fala da glória divina e da dignidade do Filho do Homem é citado no Evangelho de Mateus, bem como em algumas epístolas de Paulo.
Por sua vez, o Salmo 16 é uma referência à ressurreição de Cristo em seu verso 10, quando Davi assim profetiza:
"Pois não deixarás a minha alma na morte, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção."
Por sua vez, o Salmo 22 fala do sofrimento e da vitória do Messias que se entende cumprido na crucificação de Jesus, principalmente devido aos versos 7 e 18 que, respectivamente, coincidem com a zombaria experimentada durante o martírio e a repartição das vestes pelos soldados.
Todos esses salmos foram proferidos pelo rei Davi, que teria governado Israel um milênio antes do ministério de Jesus.
Importante destacar que tais salmos referem-se à numeração da Bíblia protestante, o que deve ser observado pelo leitor ao consultar a Bíblia católica, cujo conteúdo é o mesmo.



Os Salmos e a História de Davi
Vários salmos relacionam-se com os acontecimentos que marcaram a vida do rei Davi.
O Salmo 59 tem a ver com a ocasião em que Saul teria enviado homens à casa de Davi para prendê-lo. Já os Salmos 34 e 56 referem-se à sua fuga de Saul. Por sua vez, o Salmo 142 foi composto quando David encontrava-se escondido na caverna de Adulão, na região do Mar Morto.
Ao terminar a perseguição de Saul, Davi compõe o Salmo 18, ressaltando a fidelidade de Deus.
Quando é confrontado pelo Profeta Natã sobre o seu adultério com Bate-Seba e a morte de Urias, Davi compõe o Salmo 51, demonstrando o seu verdadeiro arrependimento.
Novamente ao ser perseguido, agora por seu filho Absalão, Davi ainda escreve os Salmos 3 e 7, o que revela sua confiança no livramento de Deus.
Além destes citados acima, outros Salmos que se relacionam com passagens da vida de Davi seriam o 52 (depois que Doengue assassinou os 85 sacerdotes e suas famílias), o 54 (quando os zifeus tentaram traí-lo), o 57 (enquanto se escondia em uma caverna) e o 63 (enquanto escondia-se no deserto de En-Gedi).
Importante alertar novamente que tais Salmos referem-se à numeração da Bíblia protestante, o que deve ser observado pelo leitor ao consultar a Bíblia católica, cujo conteúdo permanece o mesmo.

O tratamento musical dos Salmos na Liturgia Cristã
A história do canto do salmo na liturgia cristã corre paralela à história da liturgia, da música e das Igrejas cristãs. Após o desenvolvimento do salmo responsorial no século IV, a função do salmista acaba por se transformar num ministério próprio, mais tarde incluído até no clero local. No entanto, este ministério acaba por cair em desuso com a especialização crescente dos cantores e com a instituição das scholae, ao mesmo tempo em que a participação do povo se reduz.
Na missa, o salmo vê-se limitado a um único versículo, nas versões extraordinariamente elaboradas do gradualgregoriano, assim chamado por ser cantado dos degraus do altar. No Ofício Divino, o canto dos salmos recebe também o desvelo de gerações de compositores, que expressamente compõem algumas das obras-primas da música ocidental, em particular para o solene canto de Vésperas, como, por exemplo, Vespro della Beata Vergine Maria, de 1610, de Claudio Monteverdi, ou as Vesperae Solennes de Confessore, KV 339, de Wolfgang Amadeus Mozard), mas onde muitas vezes, na prática, a oração cede lugar ao concerto.

Na Igreja Católica, o moto proprio Tra le Solecitudine de 1903, do Papa Pio X, exclui da liturgia os salmos "de concerto". Após o Concílio Vaticano II, é restaurado o salmo responsorial na missa, através da Instrução Geral do Missal Romano de 1969.

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

J Ó



The Patient Job
O    L I V R O    D E    J Ó
Livro de Jó ou Job é um dos livros sapienciais do Antigo Testamento e da Tanakh, vem depois do Livro de Ester e antes do Livro de Salmos. É considerada a obra prima da literatura do movimento de Sabedoria. Também é considerada uma das mais belas histórias de prova e fé. Conta a história de , onde o livro mostra que era um homem temente a Deus e o agradava.
As inúmeras exegeses presentes neste livro são tentativas clássicas para conciliar a coexistência do mal e de Deus (teodicéia). A época em que se desenrolam os fatos, ou quando este livro foi redigido, é controverso. Existe uma famosa discussão no Talmud a este respeito.
A autoria de  é incerta. Alguns eruditos atribuem o livro a Moisés. Outros atribuem a um dos antigos sábios, cujos escritos podem se encontrados em Provérbios ou Eclesiastes. Talvez o próprio Salomão tenha sido seu autor. O livro de Jó também é considerado o livro mais antigo da Bíblia, mais até que o livro de Gênesis.
Por outro lado, a Edição Pastoral da Bíblia sustenta que o livro provavelmente foi redigido, em sua maior parte, durante o exílio, no século VI AC .
Bíblia de Jerusalém sustenta que o livro é posterior a Jeremias e Ezequiel, ou seja, escrito em uma época posterior ao Exílio na Babilônia, considerando provável sua composição no início do séc. V AC[2] .
Tradução Ecumênica da Bíblia sustenta que a obra foi composta em várias etapas:
  • O prólogo (1:1-2:13) e o epílogo (42:7-17), seriam um conto folclórico que originalmente narrava a paciência exemplar de um homem da terra de Us (talvez em Edom, a sudeste do Mar Morto). Este conto circulava entre os sábios do Oriente Médio de formal oral desde o fim do Segundo Milênio AC, e foi recontado em hebraico na época de SamuelDavid e Salomão (sécs. XI e X AC).
  • Servindo-se da bem conhecida história do infeliz Jó (Ez 14:14.20), um poeta da segunda geração do Exílio na Babilônia (aprox. 575 AC) compôs o poema (3:1-31:40; 38:1-42:6).
  • Os discursos de Elihu (32:1-37:24), que tratam do valor educador do sofrimento, seria uma adição posterior de outro autor.
  • Muitos pensam que o Elogio da Sabedoria (28:1-28) seria uma adição posterior. 



A TEMÁTICA DO LIVRO

O tema central desse livro não é o problema do mal, nem o sofrimento do justo e inocente, e muito menos o da "paciência de Jó", mas a natureza da relação entre o homem e Deus, em oposição à teologia da retribuição.
Como Jó, na época do Exílio na Babilônia, o povo de Judá tinha perdido tudo: família, propriedades, instituições e a própria liberdade, o que exigia uma revisão da teologia da retribuição.
Para conseguir sua intenção, o autor usa uma antiga lenda sobre a retribuição (1.1-2,13; 42.7-17), omitindo o final (42.7-17) e substituindo-o por uma série de debates que mostram o absurdo da teologia da retribuição, incapaz de atender à nova situação (3.1-42,6).
Aspecto importante do livro é que Jó faz a sua experiência de deus na pobreza e marginalização. A confissão final de Jó, " Eu te conhecia só de ouvir. Agora porém, meus olhos te vêem " (42.5). É o ponto de chegada de todo o livro, transformando a vida do pobre em lugar da manifestação e experiência de Deus, A partir disso, podemos dizer que o livro de Jó é a proclamação de que somente o pobre é apto para fazer tal experiência e, por isso, é capaz de anunciar a presença e ação de Deus dentro da história.
Bruce Wikinsone Kenneth Boa interpretaram na história de Jó, cinco maneiras com as quais Deus usa as adversidades descritas em Deuteronômio 8:
a) Humilhar-nos - Jó 22.29, Deut. 8.2
b) Testar-nos - Jó 2.3, Deut. 8.2
c) Reorganizar nossas prioridades - Jó 42.5-6, Deut. 8.3
d) Disciplinar-nos - Jó 5.17, Deut. 8.5
e) Preparar-nos para bençãos futuras - Jó 42.10, Deut. 8.7




O LIVRO DE JÓ EM PARTES:

Introdução e Prólogo (1.1 - 3.26

Os Amigos de Jó Debatem com Ele


A Defesa Final de Jó e a Réplica de Eliú




VERSÃO DO LIVRO DE JÓ

           Jó 1  - Jó era um homem rico, íntegro e reto, que temia Deus, e fugia do mal. Tinha sete filhos, e era muito rico. Satanás visitou Deus, e disse que Jó O temia porque Ele o abençoava. Se deixasse de abençoá-lo, Jó  amaldiçoaria Deus. Então Deus deixou satanás olhar por Jó. Num só dia satanás tirou tudo de Jó, e ele se lamentando disse: Nasci nu, voltarei nu. O Senhor deu, o Senhor tirou: bendito seja o nome do Senhor! E Jó não blasfemou, nem pecou.

        Jó 2- a) Jó ficou leproso. Sentou-se na cinza do chão, e usava um caco de telha para se coçar. Sua mulher o instigava, e ele disse: Você fala como insensata. Aceitamos a felicidade que vem de Deus, e devemos também aceitar a infelicidade!
  •       b) Jó tinha tres amigos: Elifaz, Bildad, Sofar, que foram lhe visitar, (e Eliú - Jó32). E falaram o seguinte:
    Jó 3- Primeiro discurso de Jó.
    Porque não morri no seio materno, estaria agora deitado em paz. Dormindo com os mortos, os reis, os ricos, os valentes, os pequenos e os grandes. Na morte até os prisioneiros e os escravos são livres.
    Jó 4 e 5- Primeiro discurso de Elifaz.
    a) O homem e a morte.
    Jó, você foi bom, incentivou muita gente, deu força ao fraco, e suas palavras levantavam os caídos. Mas agora é sua vez de ouvir. Você confiou na sua piedade e integridade, e agora sofre. Lembre-se que o inocente e o justo não são destruídos, os pecadores é que sofrem, e perecem ao sopro de Deus. Agora digo que o homem não é justo para Deus. Por isso morre para sempre sem conhecer a sabedoria.
    b) Espírito.
    Chame os mortos para ver se alguém responde. O homem é mau, e o mal não sai do pó, e o sofrimento não brota na terra, tudo vem do homem, como faíscas voando no ar.
    c) Deus.
    Por isso rogo a Deus. Ele faz coisas grandes e maravilhas insondáveis. Distribui a chuva pela terra, exalta o humilde, e lhe dá alegria, frustra os projetos dos maus e dos astutos, e pega o manhoso em sua manha. Coloca o sábio em treva e faz ele andar às apalpadelas ao meio dia. Dá esperança ao infeliz.
    d) Conversão e salvação.
    Feliz aquele que Deus corrige. Não se aborreça com sua lição, pois ele fere e cuida. Seis vezes te salvará da angústia, na sétima o mal não te atingirá mais. Fará um pacto com as pedras do chão, e elas não te machucarão. Na sua casa haverá paz, e nada te faltará. É o que observamos, é o que aprendemos.
    Jó 6 e 7- Resposta de Jó a Elifaz – a vida e a morte.
    a) Se Deus me esmagasse, e suas mãos cortassem os meus dias, eu iria gostar, pois meus tormentos se acabariam, e eu não teria tempo para blasfemar.
    b) A vida - A vida do homem é uma luta, como nos dias de guerra. Como um escravo que espera à sombra, e aquele que espera o salário. Ou aquele que não vê a hora de ir trabalhar, e depois chama a noite para vir logo, e descansar. A vida é um sopro. Quem me vê hoje, amanhã me procurará, e não me encontrará.
    c) A vida é como uma nuvem que passa, e quem desce à região dos mortos não volta mais à sua casa.
    Jó 8- Primeiro discurso de Bildad.
    a) Pecado – Deus não entorta o que é reto, nem distorce a justiça. Se o ofendemos, ele nos entrega às conseqüências de nossas culpas.
    b) Perdão e conversão – O que pedir a Deus em oração, ele te atende, e te cura. Mas se você corrigir suas atitudes, ele fará muito mais.
    c) Aprender com o passado - Veja as gerações passadas, examine com cuidado suas experiências, elas podem instruir, e purificar o coração, mas o tempo passa rápido, nós nos esquecemos das coisas passadas, e não aprendemos com elas.
    d) Impiedade – O papiro fora da água seca logo. Assim é o homem, seca quando se esquece de Deus. Sua esperança se acaba, perde a confiança e a segurança.
    e) Mas Deus não rejeita o homem íntegro, nem dá a mão ao malvado. Ele põe um sorriso na face do íntegro, e alegria em sua vida, e seus inimigos se afastam envergonhados.
    Jó 9 e 10- Resposta de Jó a Bildad – Deus.
    a) O homem nunca tem razão contra Deus. Numa disputa com ele não conseguirá responder uma vez em mil. Deus move a duna no deserto sem que ela perceba. Sacode a terra, e abala sua fundação. Manda o Sol se levantar para esconder as estrelas.
    b) Deus passa perto de mim, me toca, e eu não percebo. Quem o impedirá de fazer alguma coisa? Quem o repreenderá. Quem diz: Porque faz isso? Se nem o vê fazer. Quem somos nós para interrogar Deus! Mesmo tendo razão eu não perguntaria, nem responderia, apenas pediria clemência ao meu juiz.
    c) O homem mau (satanás / autoridades).
    Sim, eu sou inocente! E não me importo se estou à beira da morte, mas eu digo que Deus faz morrer o inocente e o ímpio. A terra está nas mãos dos maus, e Deus veda os olhos dos juízes para eles não verem o mal, e ver o desespero do inocente. Se não é ele, quem faria isso?
    c) Estou desgostoso da vida, mas não me condeno. Quero saber de Deus porque ele me trata assim. Porque encontra prazer em me oprimir, e favorece os planos dos maus. Será que ele vê como os homens?
    Jó 11- Primeiro discurso de Sofar – A Sabedoria.
    a) Você está falando muito, e vai ficar sem resposta, porque o falador perde a razão. E você não pode zombar de Deus, sem que ninguém te repreenda. Se Deus te desse a Sabedoria, você veria que ele esquece boa parte dos nossos pecados. A Sabedoria parece confusa para o homem, se não fosse assim, uma cabeça oca a entenderia, e um asno se tornaria razoável.
    b) Se quiser Sabedoria, volte-se para Deus, estenda-lhe as mãos, e peça-a. Enquanto espera, se afaste do mal, não conviva com a injustiça, e a ela virá. E seu futuro será mais brilhante que o meio dia, e a noite passará virá a aurora, e terá mais confiança, esperança e paz.
    Jó 12 - Resposta de Jó a Sofar - Deus.
    a) Você é mesmo muito hábil e sábio, mas eu não sou inferior a ti. Os homens riem daquele que ora a Deus, e zombam do justo e inocente. O violento goza de paz e segurança, e seu braço é o seu deus. Agora, pergunte aos animais, e eles te darão lições, e te ensinarão que Deus fez tudo isso, e que traz nas mãos o sopro de vida dos humanos.
    b) Deus - O ouvido distingue as palavras, e o paladar o sabor. Os cabelos brancos trazem sabedoria, e a inteligência dá longa vida. Deus tem a sabedoria, o conselho e a prudência, e mais a inteligência, o poder e a força.
    c) O que Deus destrói não será reconstruído. Ele conhece o que engana e o enganado. Confunde os juízes. Destrona o rei, e o faz mendigar. Abate o poderoso. Faz o sacerdote se apressar. Tira a palavra dos seguros de si, e a sabedoria dos velhos. Faz o nobre ser desprezado, e afrouxa os fortes. Revela segredos, e põe vida na morte. Torna grande uma nação, depois a destrói. Tira a razão das autoridades, e os deixam perdidos sem pistas, e tontos como embriagados.
    Jó 13- Jó continua falando a Sofar, (pois querem que ele se diga culpado):
    a) Eu sei disso, e você também sabe, mas eu queria mesmo, era discutir com Deus.
    Porque vocês são impostores, e seriam mais sábios se ficassem calados. Digo mais, vocês mentem para defender Deus, mas ele não precisa de defesa, nem de suas mentiras. Vocês são cheios de defeitos, e querem ser advogados dele. Eu quero falar, depois aconteça o que acontecer.
    b) Eu sei que tenho razão. Quero saber de Deus, quantos pecados cometi? E que me mostrem eles. Porque ele não vem? Esconde-se para me assustar? Eu não passo de uma folha seca levada pelo vento, e ele quer me perseguir?
    Jó 14- Jó fala com Deus – O homem.
    a) O homem é como a flor que nasce e morre. Uma sombra fugitiva. Ele vive pouco tempo, e é cheio de misérias. E o Senhor o vigia, e o chama para ser julgado. O homem é impuro, e quem o fará se tornar puro? Ninguém. Poucos são os seus dias, e (Deus) se afasta dele, e o deixe em paz até o dia da sua morte.
    b) Reencarnação – Para uma árvore há esperança, pois quando cortada, ela brota. Mas o homem quando morre se deita para nunca mais levantar. Durante toda a duração dos céus, ele não despertará, e jamais sairá do seu sono. Seria bom se um homem depois de morto pudesse reviver!
    Jó 15- Segundo discurso de Elifaz – O homem.
    a) O homem sábio não fala ao vento, não usa argumentos fúteis e palavras vazias. Ele respeita Deus, e não se deixa levar pelos impulsos do coração.
    b) O homem não é puro nem justo, é corrupto. Ele tem sede de injustiça, e bebe dela como se fosse água. O homem é detestável, o mal engana, e gera a infelicidade.
    Jó 16 e 17- Resposta de Jó a Elifaz.
    Você fala assim porque não é com você, e suas palavras é que são atiradas ao vento. Eu estava em paz. Deus a tirou de mim, e me reduziu a ser uma anedota para o povo. As pessoas boas e retas se espantam, e o inocente se irrita contra o ímpio. Mas o justo continua o seu caminho, e redobra sua coragem.
    Jó 18- Segundo discurso de Bildad.
    A luz do homem mau se apaga, e a chama de seu fogo não ilumina, mas escurece.
    Jó 19- Resposta de Jó a Bildad
    Saiba que é Deus que me afligi, e me cerca com sua rede. Meu escravo não me responde, minha mulher tem horror do meu hálito, sou pesado aos meus filhos, e as crianças riem de mim.
    Jó 20- Segundo discurso de Sofar – O homem é mau.
    Desde que o homem foi posto na terra, o triunfo do mau é breve, e a alegria do ímpio só dura um instante. O mal é doce na boca, mas se transforma nas entranhas, e ele faz vomitar o que engoliu. O homem mau não goza o fruto do trabalho, porque maltratou o pobre, roubou uma casa que não construiu. E em plena abundância, sente escassez.
    Jó 21- Resposta de Jó a Sofar – O sucesso do homem mau.
    Você diz isto, mas o homem mau prospera, envelhece, e vê seus netos prosperarem. Sua casa é tranquila, sem alarmes, e a vara de Deus não o atinge. Diz a Deus: ‘Afasta-te de mim, não quero conhecer o seu caminho. Quem é o Senhor para que eu o sirva? Que vantagem tenho em fazer orações?’ Contudo, longe de mim o modo de pensar dos ímpios!
    Jó 22- Terceiro discurso de Elifaz – Reconciliação.
    Reconcilia-se com Deus, peça perdão, e será feliz. Não se ache altivo. Aceita suas instruções, e as guarde, porque Deus rebaixa o orgulhoso, e socorre o que baixa os olhos.
    Jó 23 e 24- Resposta de Jó a Elifaz
    Sim, minha queixa é uma revolta, porque a mão de Deus pesa sobre mim. Queria falar com ele, mas não o encontro. Mas se ele me põe à prova, me purificará, e sairei puro como o ouro.
    Jó 25- Terceiro discurso de Bildad - Deus.
    A Deus pertencem o poder e a majestade. Da sua morada faz reinar a paz, e sua luz ilumina todos. Por isso o homem não pode ser puro, nem justo diante de Deus.
    Jó 26 a 31- Resposta de Jó a Bildad - Deus.
    Deus deixa a Terra em cima do nada. Prende as águas nas nuvens, e elas não se rasgam. Traçou um círculo nos confins do mar, onde a luz alcança as trevas. E tudo isso é apenas o contorno de suas obras. Quem compreenderá o seu poder?
    Jó 27- Continuação da resposta – (origem de ‘satanás’como pessoa).
    Deus me recusa justiça. Eu não menti, e não dou razão a vocês, porque sou inocente. Minha consciência não me acusa. Que meu inimigo seja o culpado, e meu adversário o mentiroso.
    Jó 28- Continuação da resposta - Origem da Sabedoria.
    Há lugares onde se tira a prata e o ouro. O ferro e o cobre são extraídos do solo. Mas a sabedoria, de onde ela sai? Onde se esconde a inteligência? O homem ignora seu caminho, ninguém a encontra na terra dos vivos. Só Deus conhece o caminho que leva a ela, é ele quem sabe seu lugar. E diz ao homem: O temor ao Senhor, eis a Sabedoria (Espírito Santo), fugir do mal, eis a Inteligência (Verbo, Cristo).
    Jó 29- Continuação da resposta – O homem bom.
    Quem fará voltar a ser como era, quando a luz de Deus me guiava nas trevas? Quando eu saía, o jovem se escondia, e o velho ficava de pé. Os chefes paravam de conversar para me saudar. Eu livrava o pobre que pedia socorro, e o órfão sem apoio. Revestia-me de justiça. Era os olhos do cego, e os pés do manco. Era um pai para os pobres. Domava o perverso. Quem me escutava acolhia o meu conselho. Era bem vindo como a chuva. Sorria para os que perdiam a coragem, e se reerguiam.
    Jó 30- Continuação da resposta - A miséria humana.
    a) São jovens que não atingirão a idade madura, pois a miséria e a fome os reduziram a nada. Comem ervas e cascas de arbustos. São expulsos do meio do povo como ladrões. Moram em cavernas e barrancos medonhos. Filhos de infames, e gente sem nome, que são expulsos da terra.
    b) O pior para Jó.
    Agora estes jovens zombam de mim. Eu sou o assunto de suas estórias. Afastam-se de mim com horror, e cospem em meu rosto. Não têm educação. Deus me jogou no lodo, clamo e ele não me responde, se tornou cruel comigo.
    c) Mas o que cai, tem direito de estender a mão, e pedir socorro. Eu chorei com os oprimidos, e tive piedade dos pobres. Esperei felicidade, e veio a desgraça. Esperei a luz, e veio treva.
    Jó 31- Continuação da resposta
    Sempre respeitei as mulheres, o escravo, o pobre, o órfão e o estrangeiro. Nunca pus  minha segurança no ouro, nem adorei ídolos. E agora estou aqui sofrendo, e ninguém me ouve.
    Jó 32- Manifestação de Eliú – A velhice não dá Sabedoria.
    Os interlocutores de Jó se calaram, então Eliú ouvindo Jó se justificar, lhe disse: Sou jovem, vocês velhos, e a timidez me impedia de falar. Eu pensava que os velhos eram sábios, pois os anos fazem conhecer a sabedoria. Mas vejo que é o Espírito de Deus no homem que o torna inteligente. Não são os mais velhos os sábios, nem os anciãos os que praticam a justiça. Ninguém refutou Jó, mas eu vou lhe responder.
    Jó 33- Primeiro discurso de Eliú.
    Jó disse que não pecou, e que Deus está contra ele. Diz que Deus não responde seus discursos, mas Deus fala de modos diferentes, por sonhos, visões e pela dor. Mas Jó não percebeu.
    Jó 34- a) Segundo discurso de Eliú – Deus.
    Procure discernir o que é justo, e conhecer o que é bom.
    b) Resposta de Jó. Eu sou inocente! Deus não me faz justiça, e eu passo por culpado e mentiroso.
    c) Réplica de Eliú. Você blasfema, quando diz que o homem não ganha nada em ser agradável a Deus, porque ele trata cada um conforme os seus atos, e lhe dá o que merece. Ele não prefere rico ou pobre, porque ele fez todos. Ele segue nossos passos, e não há trevas onde o pecador possa se esconder. Ele vê a dor do pobre, derruba o poderoso num olhar, e cuida para que o ímpio não venha a reinar, e coloque armadilhas para o povo.
    Jó 35- Terceiro discurso de Eliú – o homem.
    Você disse: qual a vantagem em não pecar? Respondo: A maldade do homem prejudica o seu semelhante, e a justiça serve para a boa convivência. O rei mau e orgulhoso oprime o povo, que geme e clama, e diz que Deus não intervém.
    Jó 36 e 37- Quarto discurso de Eliú – Deus.
    Deus é poderoso por sua ciência, mas não é arrogante. Não deixa viver o mau, e faz justiça ao aflito. Faz o homem reconhecer sua falta, e quer que ele renuncie à injustiça. E se ele obedece termina seus dias na felicidade e em delícia. Então Jó, não seja injusto por causa do sofrimento. Deus é rico em força, igualdade e justiça, e não tem que prestar contas a ninguém. Por isso não podemos chegar perto dele, mas se queremos bênçãos temos que reverenciá-lo, pois ele não vigia quem se julga sábio.
    Jó 38 e 39- Primeiro discurso de Deus.
    Eu criei tudo, e dei a cada um a sabedoria. Quem quer discutir comigo? Que responda! DEUS FALA DA SABEDORIA NA CRIAÇÃO. E Jó disse: Leviano sou, e não posso Te responder. Levo minha mão à boca. Falei uma vez, não repetirei, e nada acrescentarei.
    Jó 40 e 41- Segundo discurso de Deus.
    Deus disse: Você quer reduzir minha justiça a nada, e me condena. DEUS FALA DA SABEDORIA NA CRIAÇÃO. Você é capaz de fazer o que eu faço? Se fizer eu te louvarei por triunfar pela força da sua mão.
    Jó 42- a) Jó responde: Sei que podes tudo, e que nada te é difícil. Falei porque não compreendia suas maravilhas. Ouvi falar de ti, mas agora meus olhos te viram. E eu me retrato e me arrependo.
    b) E o Senhor devolveu tudo o que satanás havia tirado de Jó.