terça-feira, 28 de junho de 2016

M A L A Q U I A S

O   L I V R O    D E    M A L A Q U I A S

O Livro de Malaquias é um livro profético que faz descrições que mostram a necessidade de reformas antes da vinda do Messias. Por ser um livro curto e de acordo com a catalogação, Malaquias é o último dos profetas menores, tendo sido escrito por volta do ano 430 a.C., sendo que o seu nome não é citado em mais nenhum livro da Bíblia.
O profeta Malaquias foi contemporâneo de Esdras e Neemias, no período após o exílio do povo judeu na Babilônia em que os muros de Jerusalém tinham sido já reconstruídos em 445 a.C., sendo necessário conduzir os israelitas da apatia religiosa aos princípios da lei mosaica.
Os temas tratados na obra seriam o amor de Deus, o pecado dos sacerdotes, o pecado do povo e a vinda do Senhor.
Nas últimas linhas deste livro do Antigo Testamento bíblico, vemos uma exortação de Deus às famílias: "converter o coração dos pais aos filhos e dos filhos aos seus pais". No término do livro de Malaquias convida-se ao arrependimento da família como alicerce da sociedade.
Outro tema tratado no livro de Malaquias refere-se às ofertas e aos dízimos, nos versos de 7 a 12 do capítulo 3, passagem esta que é muito utilizada com o objetivo de se justificar com amparo bíblico a contribuição das suas primicias (1/10), Provérbios 3 : 9-10, a primeira parte da renda dos fiéis de uma organização religiosa.
Embora o dízimo tenha sido reconhecido desde a época de Moisés, nos dias de Malaquias os sacerdotes do templo recolhiam as ofertas e não repassavam para os levitas, para que eles pudessem utilizá-las para cuidar dos próprios levitas, dos órfãos, das viúvas e viajantes. E isso fez com que o profeta (Malaquias) iniciasse uma advertência a todos sobre o roubo do dízimo: "Com maldição sois amaldiçoados, porque a mim me roubais, vós, a nação toda." (Malaquias 3:9).


INTRODUÇÃO AO LIVRO DE MALAQUIAS
Um novo recomeço 
Sabe-se muito pouco a respeito do profeta Malaquias, pois o livro omite detalhes de sua vida e genealogia tal como Obadias. Talvez o nome Malaquias seja apenas o título do enviado de Javé. No verso 3:1 a mesma palavra Malaquias é usada para descrever a atribuição do profeta e não seu nome. A tradição judaica coloca Malaquias como membro da Grande Sinagoga assim como Ageu e Zacarias. Este conselho foi o responsável por reimplantar e reorganizar a vida social, cultural e religiosa de Israel no pós-exílio.
O profeta Malaquias nos ajuda a entender melhor o contexto social e religioso de Judá após o cativeiro babilônico no início do século V a.C. Sua mensagem contra a idolatria (2:10-12), divórcio facilitado (2:13-16) e injustiça social (3:5) nos remetem à mensagem dos profetas pré-exílicos.
Quanto à integridade, o livro nem sempre foi uma obra distinta. Junto com Zacarias 9 a 11 e 12 a 14, Malaquias 1 a 4 fazia parte dos oráculos proféticos anônimos que estavam associados ao trecho de Zacarias 1 a 8. Apenas mais tarde os documentos que continham os trechos de Zacarias 9 a 11 e Zacarias 12 a 14 se fundiram para formar o livro todo do profeta Zacarias e o trecho de Malaquias 1 a 4 resultou em uma obra separada. Os eruditos chegaram a essa conclusão após analisarem a afinidade das introduções destes grandes trechos proféticos no mesmo período histórico.
O estilo literário de Malaquias com suas breves orações e estilo direto parecem sugerir que houve um período de anúncio oral das profecias antes do registro escrito definitivo.
A posição de Malaquias no cânon cristão não corresponde ao período cronológico, pois os livros de Esdras-Neemias, Ester e Crônicas são posteriores. Com relação à data da sua composição podemos afirmar que Malaquias foi redigido em meados da primeira metade do século V a.C por algumas razões:
O templo foi reconstruído em 515 a.C. Entretanto, Malaquias denuncia a queda na qualidade do culto que se prestava no templo já reconstruído (Ml. 1:7-14). Portanto, o livro de Malaquias é posterior a 515 a.C.
Malaquias cita a questão dos divórcios facilitados (Ml. 2:11). Sabemos que Esdras (458 a.C.) se opôs à prática do divórcio dos judeus para se casarem com mulheres pagãs. Como Malaquias cita este problema, supõe-se que Esdras ainda não havia interferido nessa questão.
O século V a.C. estava sob o domínio persa e o texto de Malaquias reflete essa influência quando ele cita “um livro memorial” (Ml. 3:16 cp. Dn. 7:10 e Dn. 12:1) e a expressão “sol da justiça” (Ml. 4:2). O termo “livro memorial” faz parte do desenvolvimento teológico hebraico sobre a vida após a morte, que ganhou notoriedade com o contato do judaismo com a cultura persa após o cativeiro. A expressão “sol da justiça” remete ao deus sol persa, que simbolizava a proteção e vitória nas batalhas. Ao utilizar este termo, Malaquias quis demonstrar que Javé daria proteção e segurança a todos os que o temessem quando visem o fogo consumidor no dia do Senhor.
A condições mencionadas por Malaquias evidenciam que o retorno do exílio não havia inaugurado a era messiânica. Ageu já havia apontado que o Estado davídico restaurado não havia se concretizado sob a liderança de Zorobabel (Ag. 2:20-23). Por isso o povo havia perdido o ânimo e começaram a questionar o amor e justiça de Deus (Ml. 1:2; 2:17). A crença nas promessas de Deus estava comprometida (Ml. 3:14-15), as leis não eram obedecidas e os mais humildes sofriam opressão (3:5); em contrapartida, os ritos religiosos oficiais eram desrespeitados e desprezados (1:7-14; 3:7-12).

ESTRUTURA DO LIVRO

O livro de Malaquias divide-se em argumentos da seguinte maneira:
·       Introdução: O mensageiro (1:1)
·       Primeiro argumento: Javé ama Israel (1:2-5)
·       Pergunta: Como o Senhor nos tem amado?
·       Segundo argumento: A infidelidade dos sacerdotes (1:6 – 2:9)
·       Pergunta: De que maneira desprezamos o seu nome?
·       Terceiro argumento: A repreensão dos infiéis (2:10-16)
·       Pergunta: Por quê?
·       Quarto argumento: A justiça de Javé em seu julgamento (2:17 – 3:5)
·       Pergunta: Onde está o Deus da justiça?
·       Quinto argumento: Arrependam-se (3:6-12)
·       Pergunta: Como voltaremos?
·       Sexto argumento: A justiça de Deus na restauração (3:13 – 4:3)
·       Pergunta: O que temos falado contra ti?
·       Epílogo: Lembrem-se de Moisés e Elias (4:4-6)
O estilo usado por Malaquias difere dos demais profetas, pois, ao invés de utilizar a fórmula tradicional dos profetas, “assim diz o Senhor”, o texto está estruturado com frases diretas em primeira pessoa em seis oráculos com dez perguntas e respostas. O padrão das perguntas e respostas segue o modelo abaixo:
·       Declaração de uma verdade;
·       A resposta do público
·       A tréplica do profeta reafirmando a verdade dita no início
·       Afirmações finais
Malaquias segue o padrão literário encontrado em pequena escala em outros profetas:
·       Isaias: 40:27-28;
·       Miquéias: 2:6-11;
·       Jeremias: 2:23-25, 29-32; 29:24-32;
·       Ezequiel: 12:21-28
Este modo de expor os oráculos contribuiu para o desenvolvimento do tema da Aliança de Javé com seu povo, criando inclusive o modo como as escolas rabínicas passaram a ensinar seus alunos, chamado método de ensino dialogal que foi também utilizado por Jesus no sermão do Monte (Mt. 5:21-27).

O quadro abaixo mostra o esquema geral dos argumentos apresentados por Malaquias:
Primeiro argumento: 1:1-5
Amor incondicional de Javé por Israel baseado em Deuteronômio 7. Este amor incondicional gerou a eleição de Jacó.
Segundo argumento: 1:6 – 2:9
A falta de amor de Israel por Javé se manifestou na falta de critérios na realização do culto que deveria ser prestado. O padrão deuteronômico (Dt. 14:23; 33:10) para os sacerdotes foi ignorado.
Terceiro argumento: 2:10-16
A quebra do primeiro mandamento manisfestou-se na união com pessoas pagãs e passaram a adorar outros deuses. Essa atitude teve como consequência a quebra do sétimo mandamento ao se divorciarem se suas esposas para aderir ao casamento pagão.
Quarto argumento: 2:17-3:6
De acordo com a visão do povo, Deus não se importava mais com a justiça na terra. Entretanto Deus iniciaria a justiça mandando um mensageiro do fim dos tempos que prepararia o caminho para a vinda de Javé entre seu povo.
Quinto argumento: 3:7-12
A crise era tempo de se apegar ao pouco que tinham. Deus queria ensiná-los a não depender dos poucos recursos materiais, mas queria que o povo se entregasse totalmente a ele.
Sexto argumento: 3:13-15
Qual era a necessidade da adoração a Javé. A confiança em Javé é trocada pela dúvida da existência.


PROPÓSITOS E CONTEÚDO DO LIVRO
Malaquias aborda os seguintes temas:
·       A adoração sincera a Javé
·       Os justos e ímpios serão atingidos pelo Dia do Senhor
·       A fidelidade no casamento
·       O anúncio do Dia do Senhor
·       O divórcio
Malaquias é contundente com relação ao relacionamento entre os hebreus e a Aliança com Javé. Malaquias cita os desdobramentos da aliança ao mencionar a aliança de Levi (1:6 – 2:9), a aliança dos pais, o pacto cerimonial (2:10-16) e o mensageiro da Aliança.
Para Malaquias o arrependimento incluía as seguintes ações práticas:
·       Purificação do sacerdócio corrupto
·       Adoração sincera e não rituais mecânicos
·       Reparação dos excessos nos dízimos e sacrifícios que aconteciam no templo
·       Restauração das famílias
·       Prática da justiça social como um dos fundamentos da Aliança

O PRECURSOR
Embora Isaías diga algo a respeito do precursor do Messias (Is. 40:3), a ideia de que Elias seria este precursor é exclusiva de Malaquias (Ml. 4:5). Este conceito desenvolveu-se durante todo o período dos macabeus e o Novo Testamento associa Elias com João Batista (Mt. 11:7-15).

INCLUSIVISMO E EXCLUSIVISMO
Na Bíblia temos livros como Esdras, Neemias, Ageu e Zacarias 1-8 que se colocam contra a inclusão de estrangeiros na comunidade pós exílica. Em contra partida, livros como Malaquias, Isaías 56-66, Rute e Jonas mantém uma postura inclusivista com reação aos estrangeiros na comunidade pós cativeiro.
Conquanto as duas posições estejam em tensão, podemos conciliá-las, pois ambas são palavras de Deus, mas dirigidas a grupos distintos. Quando a Bíblia ordena a exclusão dos estrangeiros, está, na verdade, condenando o sincretismo religioso. Este foi justamente o problema que levou Israel ao exílio, quando permitiu que práticas pagãs de idolatria e injustiça fizessem parte do dia a dia da nação. Era preciso cuidado para que estas práticas não corrompessem novamente a nação que se recuperava do cativeiro.
Por outro lado a Bíblia também ordena que os israelitas recebessem todos os estrangeiros, pois eles mesmos foram estrangeiros em terra estranha. A Bíblia sempre se coloca ao lado dos excluídos e marginalizados que não encontravam amparo nas estruturas de poder e que passaram por algum tipo de injustiça, pois olhariam para Javé na esperança de um futuro melhor (Ml. 1:11, 14; 2:10). É fundamentada na esperança de um mundo melhor que nasce a literatura apocalíptica onde Javé promete restaurar todas as coisas.

RESUMINDO...
O Livro de Malaquias, no tradicional cânon judaico, ocupa o último lugar entre os escritos dos chamados profetas menores, tendo sido escrito após o exílio babilônico, quando o Templo de Jerusalém já havia sido reedificado, pois há claras indicações que os sacrifícios e festas achavam-se plenamente restaurados. O Templo anterior tinha sido incendiado por Nebuzaradão, general de Nabucodonosor (II Reis 25:8 e 9).
O profeta Malaquias era um judeu de firmes convicções, de rigorosa integridade e de intensa devoção a Deus. Ele era contemporâneo de Neemias (comparar Malaquias 2:8 com Neemias 13:29 e Malaquias 2:10-16 com Neemias 13:23) e de Esdras (comparar Malaquias 2:11 com Esdras 9:1 e 2). Em seus escritos há uma repreensão severa contra os sacerdotes que se converteram em pedras de tropeço em vez de serem líderes espirituais para o povo.
Embora o Livro tenha apenas quatro capítulos, infelizmente poucos são os que verdadeiramente têm se debruçado para entender todo o seu contexto. Esta é a razão porque há tantas interpretações equivocadas e tendenciosas quanto ao texto de Malaquias 3:8-10. Quando Deus disse: “Todavia vós Me roubais... nos dízimos e nas ofertas alçadas” (Malaquias 3:8), Ele estava direcionando estas palavras a quem? Esta questão deve ser analisada em todo o seu contexto histórico à luz da Palavra de Deus.

A QUEM SE DESTINAVA A MENSAGEM?

Na parte introdutória do livro é mencionado que a mensagem de Deus foi dada a “Israel, por intermédio de Malaquias.” Malaquias 1:1.
Após o exílio babilônico, a decadência de Israel em termos espirituais era notória. Esta decadência teve como causa a corrupção moral e doutrinária de seus líderes religiosos. A exposição dos fatos no livro de Malaquias, indica que a principal queixa de Deus foi contra os sacerdotes, claramente explicitada a partir do verso 6

“O filho honra o pai, e o servo ao seu amo; se Eu, pois, sou pai, onde está a Minha honra? E se Eu sou amo, onde está o temor de Mim? Diz o Senhor dos exércitos a VÓS, Ó SACERDOTES, que desprezais o Meu nome. E vós dizeis: Em que temos nós desprezado o Teu nome?” Malaquias 1:6.

O texto indica de que houve um desvio de conduta por parte dos sacerdotes, sendo culpados de desprezarem o nome de Deus. Eles perderam o relacionamento pessoal com Ele. Os sacerdotes do templo, em desobediência à lei que regulamentava as atividades do Templo, indevidamente recolhiam todas as ofertas do povo, nada deixando para os levitas, os órfãos, as viúvas e estrangeiros. Os sacerdotes transformaram-se em profissionais da religião e totalmente divorciados de Deus.

As passagens seguintes fornecem maiores detalhes, especificando os pecados cometidos pelos sacerdotes, não todos, mas aqueles que eram arrogantes e desonestos. Eles foram culpados de profanarem o nome de Deus e de oferecerem no altar sagrado ofertas inaceitáveis, tais como animais cegos, coxos e enfermos (Malaquias 1:7-14). Deus fala especificamente aos sacerdotes e não ao povo, pois eram os sacerdotes que acendiam o fogo no altar (Malaquias 1:10).

O capítulo 2 de Malaquias prossegue com a condenação de Deus aos SACERDOTES:

“Agora, ó SACERDOTES, este mandamento é para VÓS.” Malaquias 2:1.

Após descrever alguns pecados deles (Malaquias 1:6-14), Deus agora descreve o seu castigo:

“Se não ouvirdes, e se não propuserdes no vosso coração dar honra ao Meu nome, diz o Senhor dos exércitos, enviarei a maldição contra vós, e amaldiçoarei as vossas bênçãos; e já as tenho amaldiçoado, porque não aplicais a isso o vosso coração. Eis que vos reprovarei a posteridade, e espalharei sobre os vossos rostos o esterco, sim, o esterco dos vossos sacrifícios; e juntamente com este sereis levados para fora.” Malaquias 2:2 e 3.

Não se deve esquecer que a aliança de Deus com Israel incluía a Sua específica aliança com os sacerdotes da tribo de Levi. No entanto, Deus disse que os SACERDOTES corromperam o pacto de Levi:

“Então sabereis que Eu vos enviei este mandamento, para que o Meu pacto fosse com Levi, diz o Senhor dos exércitos. Meu pacto com ele foi de vida e de paz e Eu lhes dei para que Me temesse; e ele Me temeu, e assombrou-se por causa do Meu nome. A lei da verdade esteve na sua boca, e a impiedade não se achou nos seus lábios; ele andou comigo em paz e em retidão, e da iniqüidade apartou a muitos. Pois os lábios do sacerdote devem guardar o conhecimento, e da sua boca devem os homens procurar a instrução, por que ele é o mensageiro do Senhor dos exércitos. Mas vós vos desviastes do caminho; a muitos fizestes tropeçar na lei; corrompestes o pacto de Levi, diz o Senhor dos exércitos.” Malaquias 2:4-8.

Como conseqüência, Deus os fez “desprezíveis e indignos diante de todo o povo,...” (Malaquias 2:9).

Deus continua falando aos SACERDOTES em Malaquias.2:10-17, condenando-os por causa dos casamentos com mulheres estrangeiras. Deus censurou a hipocrisia dos sacerdotes, por continuarem a oferecer sacrifícios, enquanto viviam em rebelião. Esta conclusão é obvia, pois Malaquias 2:13 tem uma forte relevância contra os sacerdotes, por terem sido eles os que literalmente choravam sobre o altar. O povo de Judá e Israel não tinha acesso direto ao altar.

Com relação aos casamentos mistos com mulheres pagãs, a mesma situação ocorreu no tempo de Neemias, ocasião em que Deus sentia-Se muito desgostoso com os sacerdotes (Neemias 13:27-30).

Em Malaquias 3:1-5 a repreensão de Deus é novamente dirigida aos SACERDOTES. Nestes textos, ao anunciar o envio do “mensageiro”, uma profecia cumprida mais tarde na pessoa de João Batista, que prepararia o caminho do Messias, Deus anunciou que o juízo começaria pelo “Seu Templo”, para purificar “os filhos de Levi”. Esta associação de palavras: “templo”, “filhos de Levi”, tudo tem a ver com o sacerdócio levítico. Com a centralização de poder por parte dos sacerdotes, as normas de Deus foram desvirtuadas, desobedecidas e as coisas santas foram profanadas. Como consequência, os sacerdotes, detentores de todo o poder, passaram a oprimir as viúvas, os órfãos e os estrangeiros, por não repassarem os dízimos que lhes eram devidos. Estes dízimos não eram em dinheiro, mas em forma de alimentos. Esta prática perversa já tinha sido denunciada por Deus através o profeta Ezequiel:

“Os seus sacerdotes transgridem a Minha lei, e profanam as Minhas cousas santas; entre o santo e o profano não fazem diferença; nem discernem o impuro do puro; e de Meus sábados escondem os seus olhos, e assim sou profanado no meio deles. Os seus príncipes no meio dela são como lobos que arrebatam a presa, para derramarem o sangue, para destruírem as almas, para seguirem a avareza. E os seus profetas têm feito para eles reboco de cal não adubada, vendo vaidade, e predizendo-lhes mentira, dizendo: Assim diz o Senhor Jeová; sem que o Senhor tivesse falado. Ao povo da terra oprimem gravemente, e andam roubando, e fazem violência ao aflito e ao necessitado, e ao estrangeiro oprimem sem razão.” Ezequiel 22:26-29.

O texto acima foi escrito muitos anos antes de Malaquias. Já naquela época Deus tinha transmitido mensagens duras contra os sacerdotes, condenando as suas más práticas. Indiscutivelmente foram eles os opressores do povo e foram eles também os que roubavam e agiam com violência contra os aflitos e necessitados.

Assim, respeitando o contexto, é justo concluir que o pronome “vós” mencionado em Malaquias 3:7-10 refere-se aos SACERDOTES desonestos. Esses sacerdotes eram culpados de roubar a Deus e por isso Ele os repreendeu severamente, conforme Malaquias 1:6 e 2:9. Deus estava cansado da desonestidade deles. Por estas razões as maldições estavam sendo direcionadas a eles (Malaquias 1:14, 2:2 e 3:9).


UM HISTÓRICO DE PERVERSÃO DO SACERDÓCIO LEVÍTICO

O sistema sacrifical concedia aos sacerdotes excelente oportunidade de ensinar o plano da salvação aos transgressores. No entanto, os rituais celebrados pelos sacerdotes no santuário foram pervertidos. O sacrifício de animais tornou-se uma fonte de renda para eles. Alguns dos sacerdotes corruptos viram perfeitamente que quanto mais o povo pecasse e quanto mais trouxesse ofertas pelo pecado e ofensas, tanto maior porção lhes caberia.

Chegaram ao ponto de animar o povo a pecar. Está escrito acerca dos sacerdotes corruptos: “Alimentam-se do pecado do Meu povo, e da maldade dele têm desejo ardente.” Oséias 4:8. Afirma este texto que os sacerdotes, ao invés de admoestar o povo e insistir em que deixasse o pecado, tinham “desejo ardente” de sua maldade, e almejavam que pecasse outra vez e voltasse com outra oferta pelo pecado.

A degradação do sacerdócio ocorreu já na primeira fase de sua existência (I Samuel 2:13-16). Deus ordenara que a gordura fosse queimada sobre o altar, e que se a carne fosse comida, devia ser fervida. Os sacerdotes, contudo, desejavam a sua porção crua com a gordura, de modo que a pudessem assar. Deixara de ser uma oferta sacrifical, para tornar-se, em vez disso, uma festa de glutonaria. A Palavra de Deus diz que “era, pois, muito grande o pecado destes mancebos perante o Senhor, porquanto os homens desprezavam a oferta do Senhor.” I Samuel 2:17.

Com o passar do tempo a corrupção se generalizou a tal ponto que o cargo do sumo sacerdote revestiu-se de caráter político, ao ser ele designado pelo governo. Os lucros das grandes festas eram repartidos com os oficiais superiores. Todo o plano de Deus foi corrompido pelos sacerdotes. Por isso a expressão de Jesus: “A minha casa será chamada casa de oração; vós, porém, a fazeis covil de ladrões.” Mateus 21:13.

Muitos dos sacerdotes possuíam um amargo ressentimento contra os profetas. Eles odiavam os homens que eram enviados para repreendê-los. Muitas das perseguições movidas contra os profetas no Antigo Testamento foram chefiadas ou instigadas pelos sacerdotes. Os profetas foram por eles perseguidos, torturados e mortos.

Os oponentes de Cristo eram sempre os sacerdotes, os escribas e os fariseus. Quando o Senhor Jesus foi apresentado perante Pilatos, foram os sacerdotes os que Lhe acusaram (Marcos 15:3). Oferecendo-Se sobre o Calvário, tornou sem valor a partir de então o sistema sacrifical. Pessoalmente, durante o Seu ministério, Cristo não ofereceu sacrifício algum, porque Ele não pecou, e, ensinando os homens a não pecar, feriu o cerne da perversão sacerdotal.

Não se deve pensar, todavia, que todos os sacerdotes eram ímpios. Muitos homens fiéis podiam ser contados entre eles.


CONCLUSÃO
Os sacerdotes foram incapazes de discernir o profundo significado espiritual do seu serviço simbólico. As gloriosas verdades, que estavam claramente delineadas neste serviço sagrado, foram obscurecidas, por causa da sua desobediência aos preceitos de Deus.

De uma maneira solene os sacerdotes impenitentes foram advertidos sobre o dia do julgamento por vir e para eles foi endereçado o seguinte convite de Deus: “Tornai vós para Mim e Eu tornarei para vós.” Malaquias 3:7.

Ao rejeitarem este afetuoso convite de Deus, eles selaram o seu destino. Mais tarde, nas proximidades do fim do ministério terrestre de Cristo, os principais sacerdotes ouviram do Mestre a parábola da vinha (Mateus 21:33-46). Havendo retratado ante os sacerdotes o seu ato final de impiedade, Cristo dirige-lhes a pergunta: “Quando, pois, vier o Senhor da vinha, que fará àqueles lavradores?” Os sacerdotes haviam acompanhado a narrativa de Jesus com profundo interesse. Sem considerar a relação que havia do assunto para com eles mesmos, a resposta deles foi a seguinte: “Fará perecer miseravelmente a esses maus, e arrendará a vinha a outros lavradores, que a seu tempo lhe entreguem os frutos.” Inadvertidamente haviam eles pronunciado sua própria condenação. Com a morte de Cristo o sacerdócio levítico foi extinto e no ano 70 d.C. o Templo de Jerusalém foi destruído pelos romanos.

Desde então Deus desejou atuar em cada indivíduo, transformando-o em um templo Seu, no qual pudesse ser exercido um sacerdócio santo e aceitável:

“Ou não sabeis que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?” I Coríntios 6:19

“Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo.” I Pedro 2:5.

“Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes dAquele que vos chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz.” I Pedro, 2:9.

Nunca esqueçamos que Deus é honrado com a pureza do coração com que amamos, com o tesouro com que enriquecemos os necessitados e com o esplendor do nosso temor e dedicação.
Autor: Malaquias 1:1 identifica o autor do Livro de Malaquias como sendo o profeta Malaquias.

Quando foi escrito: O livro de Malaquias foi escrito entre 440 e 400 aC.

Propósito: O livro de Malaquias é um oráculo: “Sentença pronunciada pelo SENHOR contra Israel, por intermédio de Malaquias” (1:1). Esta foi a advertência de Deus através de Malaquias para dizer ao povo a voltar-se para Deus. Enquanto o último livro do Antigo Testamento se encerra, o pronunciamento da justiça de Deus e a promessa de Sua restauração através da vinda do Messias estão soando nos ouvidos dos israelitas. Quatrocentos anos de silêncio passam, mas esse período termina quando o próximo profeta de Deus, João Batista, transmite uma mensagem semelhante e proclama: "Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus" (Mateus 3:2).

Versículos-chave: 
Malaquias 1:6: "O filho honra o pai, e o servo, ao seu senhor. Se eu sou pai, onde está a minha honra? E, se eu sou senhor, onde está o respeito para comigo? -diz o SENHOR dos Exércitos a vós outros, ó sacerdotes que desprezais o meu nome. Vós dizeis: Em que desprezamos nós o teu nome?"

Malaquias 3:6-7: "Porque eu, o SENHOR, não mudo; por isso, vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos. Desde os dias de vossos pais, vos desviastes dos meus estatutos e não os guardastes; tornai-vos para mim, e eu me tornarei para vós outros, diz o SENHOR dos Exércitos; mas vós dizeis: Em que havemos de tornar?"

Malaquias escreveu as palavras do Senhor ao povo escolhido de Deus que tinha se desviado, especialmente aos sacerdotes que tinham abandonado ao Senhor. Os sacerdotes não estavam levando a sério os sacrifícios que deviam fazer a Deus. Animais com defeitos estavam sendo sacrificados, embora a lei exigisse animais sem defeito (Deuteronômio 15:21). Os homens de Judá estavam sendo desleais às esposas de sua juventude e se perguntando por que Deus não aceitava os seus sacrifícios. Além disso, as pessoas não estavam oferecendo o dízimo da forma em que deviam (Levítico 27:30, 32). Entretanto, apesar do pecado do povo e de se afastarem de Deus, Malaquias reitera o amor de Deus por Seu povo (Malaquias 1:1-5) e Suas promessas de um mensageiro que estava por vir (Malaquias 2:17 - 3:5).

Malaquias 3:1-6 é uma profecia a respeito de João Batista. Ele era o mensageiro do Senhor, enviado para preparar o caminho (Mateus 11:10) para o Messias, Jesus Cristo. João pregava arrependimento e batizava no nome do Senhor, preparando assim o caminho para o primeiro advento de Jesus. Porém, o mensageiro que vem "de repente para o Templo" é o próprio Cristo na Sua segunda vinda, quando Ele vier em poder e glória (Mateus 24). Naquele tempo, Ele vai "purificar os filhos de Levi" (v. 3), o que significa que aqueles que exemplificaram a lei mosaica também precisariam de purificação do pecado através do sangue do Salvador. Só então eles serão capazes de oferecer "uma oferta em justiça", pois será a justiça de Cristo imputada a eles através da fé (2 Coríntios 5:21).

APLICAÇÃO PRÁTICA
Deus não se agrada quando não obedecemos aos Seus mandamentos. Ele recompensará aqueles que O ignoram. Quanto a Deus odiando o divórcio (2:16), Deus leva muito a sério a aliança de casamento e não quer que ela seja quebrada. Devemos permanecer fiéis ao cônjuge de nossa juventude por toda vida. Deus vê o nosso coração, então Ele sabe quais são as nossas intenções; nada pode ser escondido dEle. Ele voltará e será o juiz. No entanto, se voltarmo-nos a Ele, Ele voltará para nós (Malaquias 3:6).

Z A C A R I A S

O   L I VR O    D E    Z A C A R I A S

O Livro de Zacarias é um dos livros proféticos do Antigo testamento da Bíblia. Possui 14 capítulos.
A primeira parte do livro, composta dos capítulos 1 a 8, contém os oráculos do profeta Zacarias, cujo nome significa "YHVH se Lembra".
Apresentado como neto de Idô (1:1 e 1:7) ou como filho de Idô (Esd 5:1; 6:14 e Targum), deve ter sido chefe da família sacerdotal de Idô, por volta de 500 AC (Neemias12:16), umas das famílias sacerdotais da tribo de Levi. Ele é um dos mais messiânicos de todos os profetas do AT, dado referências distintas e comprovadas sobre a vinda do Messias.
Contemporâneo de Ageu foi um dos chamados "profetas" pós – exílicos, que viveu em uma época em que a comunidade judaica procura reconstruir as suas bases de fé e vida social. Sofrendo ainda as amargas consequências do Exílio na Babilônia, o povo sente-se desencorajado e tem dúvidas sobre a presença de Deus em seu meio.
Zacarias, em oráculos e visões, mostra que Deus continua aí para realizar o seu projeto através da comunidade. O profeta reanima a esperança de um povo que passa por grandes dificuldades materiais e dúvidas de fé e que, por isso, é levado à resignação passiva. Zacarias estimula os compatriotas a arregaçarem as mangas para reconstruir o Templo (ver Esdras 6:14), símbolo da fé e unidade nacional.
Zacarias, assim como Ageu se preocupa com a reconstrução do Templo de Jerusalém, mas dá maior destaque à restauração nacional e às suas exigências de pureza e moralidade. Essa restauração deve abrir uma era messiânica na qual o sacerdócio representado por Josué será exaltado (3:1-17), mas na qual a realeza será exercida pelo "Germe" (3:8), termo messiânico que o versículo 12 do cap. 6 aplica à Zorobabel.
A segunda parte do livro, formada dos capítulos 9 a 14, foi escrita nos últimos decênios do séc. IV AC, período em que os gregos dominavam a Palestina, depois da grande campanha de Alexandre Magno (333 AC). O autor olha para o futuro do povo de Deus. Anuncia também o aparecimento do Messias com três características: rei (9:9-10), bom pastor (11:4-17 e 13:7-9) e «transpassado» (12:9-14). Ao ler esta segunda parte, é impossível não lembrar Jesus entrando em Jerusalém montado num jumentinho (rei-messias), ou quando afirma: «Eu sou o bom pastor»; ou ainda sofrendo a paixão e morte na cruz.
Dentre os argumentos que evidenciam que a segunda parte foi escrita em um momento posterior, pode-se citar que:
·       falta de referência a datas;
·       não se fala nem de Zacarias, nem de Zorobabel, nem de Josué e nem da reconstrução do Templo;
·       o estilo é diferente;
·       utiliza-se com frequência livros anteriores como Jeremias e Ezequiel;
·       o horizonte histórico não é mais o do retorno do Exílio na Babilônia, pois Assíria e Egito são apresentados como nomes simbólicos de todos os opressores.
Também há evidências de que essa segunda parte não foi escrita por um único autor, haveria, portanto um Segundo Zacarias (Dêutero-Zacarias), que escreveu os capítulos 9 a 11 e um Terceiro Zacarias (Trito-Zacarias) que escreveu os capítulo 12 a 14, dentre as quais se pode citar:
·       os capítulos 9 a 11 formam uma seção distinta daquela compreendida nos capítulos 12 a 14, sendo cada uma introduzida por um título distinto;
·       os capítulos 9 a 11 são escritos em verso, enquanto que os capítulos 12 a 14 são escritos quase que em sua totalidade em prosa;
·       os capítulos 9 a 11 se utilizam de textos poéticos pré-exílicos e referem-se a fatos históricos difíceis de precisar, com exceção dos oito primeiros versículo do cap. 9 que referem-se à conquista de Alexandre, enquanto que os capítulos 12 a 14 descrevem em termos de apocalipse as provações e as glórias de Jerusalém dos últimos tempos.
·       Por outro lado cita-se que a escatologia não está ausente dos capítulos 9 a 11 e que certos temas encontram-se em tanto na seção compreendida pelos capítulos 9 a 11 como na seção compreendida nos capítulos finais, como, por exemplo, o dos "pastores" do povo (10:2-3; 11:4-14; 13:7-9).

DATA
A introdução do Livro de Zacarias foi escrita entre outubro e novembro de 520 AC, dois meses após a primeira profecia de Ageu , oito visões do profeta ocorreram em fevereiro de 519 AC (Zacarias 2:4). Os caps 7-8 ocorrem dois anos mais tarde, em 518 AC, o cap. 7 é um retrospecto do passado nacional, e o cap. 8 abre as perspectivas da salvação messiânica, ambos a propósito de um problema sobre o jejum, suscitado em novembro de 518 AC. A referência à Grécia em 9.13 pode indicar que os caps. 9-14 foram escritos depois de 480, quando a Grécia substituiu a Pérsia como o grande poder mundial. As profecias que abrangem o Livro de Zacarias foram reduzidas à escrita entre 520 e 475 aC.
Não há dúvidas sobre a autenticidade dos oito primeiros capítulos, mas existem evidências de que os versículos 20 a 23 do capítulo 8 são um acréscimo posterior, sendo os versículo 18 e 19 a conclusão primitiva do livro.

AS OITO VISÕES
As oito visões são o cerne da primeira parte da obra e descrevem antecipadamente a restauração definitiva da comunidade. As três primeiras visões (os cavaleiros, os ferreiros, o agrimensor) apresentam as fases preparatórias da restauração messiânica; as duas visões centrais (a investidura de Josué, os dois Ungidos) dizem respeito ao governo da nova comunidade; as três últimas (o livro, a mulher no alqueire, os cavaleiros) evocam as condições da restauração final.
Cabe observar que a quarta visão tem características literárias e teológicas particulares, e diferentemente da quinta visão que mantém os dois Ungidos em pé de igualdade, confere ao sacerdote um lugar preponderante, o que indicaria que essa quarta visão seja um acréscimo posterior, e que o texto original teria somente sete visões. Tal modificação revela a importância conquistada pelo sacerdote a partir do desaparecimento do príncipe davídico Zorobabel. Sendo que, posteriormente, o novo testamento (Hebreus cap. 3) reinterpretará a profecia declarando que Zacarias se referia a Jesus.

OUTROS ASPECTOS EM RELAÇÃO A PRIMEIRA PARTE
·       2:10-17 é um apelo aos exilados para que voltem à cidade cujas condições são evocadas na segunda e terceiras visões (2:1-9);
·       3:8.9.10c são uma promessa à Josué depois da visão de sua investidura (3:1-7.9a);
·       4:6b-10a trazem uma garantia ao governador Zoroibabel;
·       1:1-6 e 7:4-14 pregações;
·       8:1-17.20-23 promessas sobre o futuro;
·       7:1-3 e 8:18-19 consulta referente aos jejuns comemorativos das calamidades de 587 AC.

CONTEXTO HISTÓRICO
Os exilados que retornaram à sua terra natal em 536 a.C. sob o decreto de Ciro, estavam entre os mais pobres dos judeus cativos. Cerca de cinquenta mil pessoas retornaram para Jerusalém sob a liderança de Zorobabel e Josué. Rapidamente, reconstruíram o altar e iniciaram a construção do templo. Logo, todavia, a apatia se estabeleceu, à medida que eles foram cercados com a oposição dos vizinhos samaritanos, que, finalmente foram capazes de conseguir uma ordem do governo da Pérsia para interromper a construção. Durante cerca de doze anos a construção foi obstruída pelo desânimo e pela preocupação com outras atividades.
Zacarias e Ageu "persuadiram o povo a voltar ao Senhor e aos seus propósitos para restaurar o templo". Zacarias "encorajou o povo de Deus indicando-lhe um dia, quando o Messias reinaria de um templo restaurado, numa cidade restaurada".

MESSIANISMO
Zacarias é, às vezes, referido como o mais messiânico de todos os livros do Antigo Testamento.
Dentre as referências à Era Messiânica, pode-se citar, as previsões do ressurgimento da Casa de David (12) e de uma teocracia guerreira (10:3-11:3), mas também cultual no estilo de Ezequiel (14)  e dentre as referências ao Messias, pode-se citar.
·       Como o Servo do Senhor, o Renovo (Zacarias 3:8);
·       Como o homem cujo nome é Renovo (Zacarias 6:12);
·       Como Rei e como sacerdote (Zacarias 6:13);
·       Como o verdadeiro Pastor (Zacarias 11:4-11);
·       Rei Messias humilde e pacífico (9:9-10).
Ele dá um expressivo testemunho sobre a traição de Cristo por trinta moedas de prata (Zacarias 11:12-13 - Mateus 27:9, combinado com Jeremias 26:31 , sua crucificação (Zacarias 12:10), seus sofrimentos (Zacarias 13:7) e sua segunda vinda (Zacarias 14:4).
Duas referências a Cristo são consideradas pelos religiosos como de profundo significado. A entrada triunfal de Jesus em Jerusalém é descrita com detalhes em Zacarias 9:9, quatrocentos anos antes do acontecimento (ver Mateus 21:4; Marcos 11:7-10).
Outras passagens no Novo Testamento também ligam-se com o Livro de Zacarias, tais como: Marcos 14:27 e João 19:37.
Um dos versículos mais dramáticos das Escrituras proféticas é encontrado em Zacarias 12:10, quando, na maioria dos manuscritos a primeira pessoa é usada: "E olharão para mim, a quem traspassaram.". Jesus Cristo acreditam os religiosos, pessoalmente, profetizou sua definitiva recepção pela casa de Davi.


INTRODUÇÃO AO LIVRO DE ZACARIAS
 – O Messias vem aí
O ministério de Zacarias foi adicional ao de Ageu no período pós-exílico. Zacarias começou seu trabalho cerca de dois meses após os oráculos de Ageu. Ageu desafiara o povo a reconstruir o templo e Zacarias chamou a comunidade pós-exílica ao arrependimento. Uma vez que os trabalhos de reconstrução estavam concluídos, restava ao povo a consciência correta da adoração e serviço apropriados.
O nome Zacarias significa Javé se lembrou, e expressa o sentimento dos exilados após o cativeiro babilônico. No livro de Neemias lemos que Zacarias era neto de Ido, que retornara do cativeiro com Zorobabel e Jesua (12:4). Neemias também o identifica como membro da família sacerdotal de Ido (12:16). Zacarias, portanto, era descendente de Levi e serviu em Jerusalém como sacerdote e profeta.
O livro está indubitavelmente seccionado em duas partes. O livro pode ser dividido de acordo com seu estilo e interesse histórico entre os capítulos 1 a 8 e 9 a 14. A primeira parte se situa no período persa, antes da reconstrução do templo sob a liderança de Josué e Zorobabel. Neste trecho, as profecias são datadas e vêm em forma de visões. A segunda parte não trata mais sobre o templo; Josué e Zorobabel não são mais mencionados; as profecias não são mais datadas nem tem a forma de visões. A ênfase teológica da segunda parte é totalmente escatológica se comparada com a primeira. O estilo literário também é distinto da primeira parte, tratando-se, claramente, de uma literatura apocalíptica, gênero característico do período pós-exílico.
Da mesma maneira que Ageu, Zacarias escreveu aos hebreus de Jerusalém e proximidades que retornaram do exílio. Em virtude da impassividade espiritual neste período, Zacarias exortou e motivou os ex-cativos a reconstruir e prosseguir a vida.
Os oráculos de Zacarias foram pronunciados durante o reinado de Dario, rei da Pérsia (521 – 486 a.C.). Somente um grupo reduzido de judeus retornara a Jerusalém após os 70 de cativeiro; por isso os muros e o templo de Jerusalém continuavam destruídos. Logo, a promessa de restauração predita por Jeremias e Ezequiel estavam longe do seu cumprimento (Jr. 30 – 33; Ez. 36 – 39). Conforme estudado anteriormente, foi um período de sombras, desânimo e ameaças das nações ao redor contra qualquer tentativa mínima de progresso.
Em contraste com essa situação desoladora, as palavras de Ageu e Zacarias animaram e motivaram o povo da Aliança à reconstrução material e regeneração espiritual. Ageu iniciou este trabalho e Zacarias arrematou sua mensagem para a renovação espiritual (1:3-6; 7:8-14).
O ministério de Zacarias durou mais de 2 anos até a conclusão dos trabalhos de reconstrução do templo e celebração da páscoa em 515 a.C. (Ed. 6:13-22).

ESTRUTURA DO LIVRO
Os oráculos de Zacarias podem ser estruturados da seguinte forma:
·       A chamada ao arrependimento – 1:1-6
·       As visões de Zacarias – 1:7 – 6:8
·       A coroação de Josué – 6:9-15
·       Mensagem sobre a justiça, misericórdia e jejum – 7:1-14
·       Mensagem sobre a restauração de Jerusalém – 8:1-23
·       Oráculos sobre o Messias – 9 – 11
·       Oráculos sobre Israel – 12 – 14
O livro divide-se em duas partes principais contendo oito visões, quatro mensagens e dois oráculos. A primeira parte contém a introdução em forma de chamada ao arrependimento (1:1-6), as visões noturnas (1:7 a 6:15) e as palavras sobre o jejum (7 e 8). A segunda parte, como visto acima, tratam-se de oráculos escatológicos sobre o Messias (9 a 11) e Israel (12 a 14). Todos esses estilos literários reunidos serviram para estimular os judeus do pós-exílio a permanecerem fiéis à Aliança para o estabelecimento do seu reino por meio do Messias.
A introdução serve como uma convocação para o retorno a Javé, ratificando a mensagem de Ageu acerca da reconstrução do templo (Ag. 1:1-6). Entretanto, a reedificação do templo deveria vir acompanhada da restauração espiritual. A mensagem de retorno ao Senhor é confirmada pelas visões que confirmam que Javé está “voltando para Jerusalém” (1:3; 16; 2:10), e que seu controle sobre o cosmos não foi perdido.
Resumidamente, o conteúdo das visões pode ser entendido da seguinte maneira:


Primeira visão
1:7-17
Javé está no controle de tudo, embora o reino não esteja implantado
Segunda visão
1:18-21
Intervenção da Javé na história para a realização do seu propósito
Terceira visão
2:1-13
Encorajamento do povo ao prometer que Javé habitaria com seu povo
Quarta visão
3:1-10
Ação misericordiosa de Javé ao purificar Israel, representado por Josué
Quinta visão
4:1-14
Encorajamento do povo pela ação do Espírito Santo para a reconstrução do templo
Sexta visão
5:1-4
Encoraja a obediência à Lei
Sétima visão
5:5-11
Desencorajamento das esperanças políticas e econômicas vindas da Babilônia
Oitava
6:1-8
A ira de Deus é aplacada e seu povo vingado. A coroação de Josué indica a unificação dos ofícios de rei e sacerdote na mesma pessoa, tipificando o Renovo do Messias.


Após as visões, as mensagens de Zacarias contém a advertência contra uma religiosidade oca e superficial e o desafio à obediência a Javé. A verdadeira espiritualidade se fundamentaria na busca pela justiça social e a consequente restauração de Israel no futuro (8:9-13).
A segunda parte do livro, de cunho escatológico, trata sobre o Messias. A rejeição que o povo faria dele resultaria em sua dispersão e sofrimento nas mãos de um pastor falso e ganancioso (9:1 – 11:17). Após seu arrependimento, Deus reúne os eleitos e restaura as bençãos da Aliança onde Israel desfruta da presença de Deus em seu reino inaugurado.
Aqui o conteúdo de Zacarias tem uma ênfase diferente da primeira parte. Ao que tudo indica, o texto de Zacarias, nos capítulos 1 a 8, nutre uma esperança de que Zorobabel poderia ser o agente de implantação do Reino de Deus. Entretanto, no trecho dos capítulos 9 ao 14, Zorobabel não é sequer mencionado, dando espaço a outros elementos de mudança não apenas terrestre, mas também revolucionária, cósmica e cataclísmica.

PROPÓSITO E CONTEÚDO

O profeta Zacarias trata dos seguintes assuntos em seus oráculos:
A renovação da Aliança
Justiça social
A soberania de Deus
O Messias
Zacarias escreveu para a comunidade pós-exílica que estava seguindo os mesmos passos de seus ancestrais (1:3-5). Por isso seus oráculos são para exortação, repreensão e incentivo nos tempos difíceis que enfrentavam. Esta geração era tão culpada pelo exílio quanto as anteriores (7:8-14).
Neste momento de crise, Zacarias apela ao arrependimento e retorno a Javé (1:3-5). A adoração e culto verdadeiros, no templo reconstruído com o incentivo de Ageu, viria apenas com a renovação espiritual e a obediência à lei do Senhor. Desse modo, as bênçãos da justiça e prosperidade trazidas pelo Messias se concretizariam no Reino de Deus (6:9-15; 8:13).
Distintamente de outras literaturas apocalípticas, Zacarias não focaliza somente os aspectos futuros do Dia do Senhor, mas invoca a consciência coletiva para a justiça social ainda no presente. Isto é, antes de todos os povos buscarem o favor de Deus em Jerusalém, os judeus deveriam buscar ao Senhor e praticar a justiça para com as viúvas, pobres, órfãos e também estrangeiros (7:9-10; 14:16-21).
Ao tratar sobre a ordenação de Josué e Zorobabel, Zacarias prosseguiu ratificando a liderança divinamente instituída em Israel, recobrando as esperanças na restauração messiânica e no cuidado de Javé ao guiar o povo da Aliança.

O valor de Zacarias para os Cristãos
As duas parte de Zacarias colocam os gentios no plano de salvação e trata sobre a prática do culto correto e a busca pelo Reino de Deus em primeiro lugar.
O Novo Testamento cita em torno de 70 trechos de Zacarias, dos quais a maior parte encontram-se em Apocalipse. As citações mais conhecidas estão nos capítulos 9 a 14. Os cristãos encontram o cumprimento da vinda do rei vencedor, mesmo que humilde (Zc. 9:9) na entrada triunfal de Jesus em Jerusalém (Mt. 21:5). A traição de Judas por 30 moedas de prata (Mt. 27:3-5) foi associada com Zc. 11:12-13. Mesmo o abandono de Jesus pelos discípulos (Mt. 26:31, 56) foi relacionado com Zc. 13:7.
Ademais Zacarias traz consolo e esperança para aqueles que sofrem nas mãos de pastores opressores e anima os leitores à construção de um mundo melhor, ao mesmo tempo que incentiva a olhar além do mundo material aguardando nossa redenção esperando por uma cidade melhor, da qual Deus é o construtor.

Autor: Zacarias 1:1 identifica o seu autor como sendo o profeta Zacarias.

Quando foi escrito: O Livro de Zacarias foi provavelmente escrito em dois segmentos principais entre 520 e 470 aC.

Propósito: Zacarias enfatizou que Deus tem usado Seus profetas para ensinar, advertir e corrigir o seu povo. Infelizmente, eles se recusaram a ouvir. Seu pecado trouxe a punição de Deus. O livro também traz evidências de que até mesmo a profecia pode ser corrompida. A história mostra que nesse período a profecia caiu em descrédito entre os judeus, dando entrada ao período entre os Testamentos quando nenhuma voz profética duradoura falava ao povo de Deus.

Versículos-chave: 
Zacarias 1:3: "Portanto, dize-lhes: Assim diz o SENHOR dos Exércitos: Tornai-vos para mim, diz o SENHOR dos Exércitos, e eu me tornarei para vós outros, diz o SENHOR dos Exércitos."

Zacarias 7:13: "Visto que eu clamei, e eles não me ouviram, eles também clamaram, e eu não os ouvi, diz o SENHOR dos Exércitos."

Zacarias 9:9: "Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém: eis aí te vem o teu Rei, justo e salvador, humilde, montado em jumento, num jumentinho, cria de jumenta."

Zacarias 13:9: "Farei passar a terceira parte pelo fogo, e a purificarei como se purifica a prata, e a provarei como se prova o ouro; ela invocará o meu nome, e eu a ouvirei; direi: é meu povo, e ela dirá: O SENHOR é meu Deus."


RESUMINDO...
O livro de Zacarias ensina que a salvação pode ser obtida por todos. O último capítulo descreve os povos de todo o mundo vindo adorar a Deus, o qual deseja que todas as pessoas o sigam. Esta não é a doutrina do universalismo, ou seja, que todas as pessoas serão salvas porque salvar faz parte da natureza de Deus. Em vez disso, o livro ensina que Deus deseja que todas as pessoas o adorem e aceitem aqueles que o fazem, independentemente de suas expressões nacionais ou políticas, como na liberação de Judá e de Jerusalém de seus inimigos políticos. Finalmente, Zacarias pregou que Deus é soberano sobre este mundo, apesar de qualquer aparência do contrário. Suas visões do futuro indicam que Deus vê tudo o que vai acontecer. As representações da intervenção de Deus no mundo ensinam que Ele, no fim das contas, trará os eventos humanos ao fim que Ele escolher. Ele não elimina a liberdade do indivíduo de seguir a Deus ou se rebelar, mas mantém as pessoas responsáveis pelas escolhas que fazem. No último capítulo, até mesmo as forças da natureza respondem ao controle de Deus.

PRENÚNCIOS
Profecias sobre Jesus Cristo e a era messiânica são abundantes em Zacarias. Desde a promessa de que o Messias viria habitar em nosso meio (Zacarias 2:10-12, Mateus 1:23), ao simbolismo do Renovo e da Pedra (Zacarias 3:8-9, 6:12-13, Isaías 11:1; Lucas 20,17-18), à promessa de Sua Segunda Vinda, onde aqueles que o traspassaram iriam olhar para Ele e lamentar (Zacarias 12:10, João 19:33-37), Cristo é o tema do livro de Zacarias do início ao fim. Jesus é o Salvador de Israel, uma fonte cujo sangue cobre os pecados de todos os que vêm a Ele para a salvação (Zacarias 13:1; 1 João 1:7).

APLICAÇÃO PRÁTICA

Deus deseja adoração sincera e vida moral de nós hoje. O exemplo de Zacarias de romper com preconceitos nacionais nos lembra que devemos alcançar todas as áreas da nossa sociedade. Devemos estender o convite de Deus de salvação às pessoas de todas as origens nacionais, línguas, raças e culturas. Elas precisam saber que a salvação está disponível apenas através do sangue derramado de Jesus Cristo na cruz, o qual morreu em nosso lugar para expiar o pecado. Entretanto, se rejeitarmos esse sacrifício, não há um outro sacrifício pelo qual possamos ser reconciliados com Deus. Não há outro nome debaixo do céu pelo qual importa que sejamos salvos (Atos 4:12). Não há tempo a perder, hoje é o dia da salvação (2 Coríntios 6:2).