quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

T I T O

E P Í S T O L A    À    T I T O

AUTOR:
Tito 1:1 identifica o apóstolo Paulo como o seu autor. Paulo é comumente aceito como autor dessa epístola, que teria sido escrita por volta dos anos 63 e 65 d.C.. É provável que nessa época Paulo estivesse na Macedônia.


QUANDO FOI ESCRITO: 
Epístola a Tito foi escrita em aproximadamente 66 dC. As muitas jornadas de Paulo estão bem documentadas e mostram que ele escreveu a Tito de Nicópolis em Épiro. Em algumas Bíblias, uma anotação da epístola pode mostrar que Paulo escreveu de Nicópolis na Macedônia. No entanto, não há conhecimento desse lugar e anotações não têm nenhuma autoridade por não serem autênticas.

CONTEÚDO:
Tito era um cristão gentio, grego, que auxiliava no ministério de Paulo. Quando Paulo partiu de Antioquia da Síria para defender seu evangelho em Jerusalém, levou Tito com ele (Gl 2.1-3). Supõe-se que Tito teria trabalhado com Paulo em Éfeso durante sua terceira viagem missionária. De Éfeso Paulo o enviou para ajudar a igreja de Corinto(2 Co 2.12-13; 7.5-6; 8.6).
Nessa carta Paulo aconselha o jovem pastor a como proceder na escolha dos presbíteros. Paulo também enfatiza o modo de se tratar as pessoas de variadas faixas etárias na igreja. Por fim Paulo incentiva ao evangelista a ajudar as pessoas no sentido do comportamento cristão exemplar, exortando-o a se tornar um exemplo para os fiéis.
Essa carta, e as duas endereçadas a Timóteo, são conhecidas como Epísto­las pastorais. Tomás de Aquino, no ano de 1274, referindo-se a I Timóteo, escreveu: “Esta carta é, por assim dizer, uma lei pastoral que o apóstolo enviou a Timó­teo”. Nessas cartas a atenção é dirigida ao cuidado do rebanho de Deus, à administração da igreja e ao com­portamento dela. Embora as cartas tenham sido endereçadas a Timóteo e Tito e conte­nham orientações pessoais, elas foram clara­mente escritas para o benefício das igrejas associadas a eles.

PROPÓSITO:
A Epístola a Tito é conhecida como uma das Epístolas Pastorais, assim como as duas cartas a Timóteo. Esta carta foi escrita pelo apóstolo Paulo para incentivar o seu irmão na fé, Tito, o qual havia sido deixado em Creta para liderar a Igreja que Paulo havia estabelecido em uma de suas viagens missionárias (Tito 1:5). Esta carta aconselha Tito a respeito de quais qualificações deve-se buscar nos líderes da igreja. Ele também alerta Tito acerca da reputação daqueles que viviam na ilha de Creta (Tito 1:12).

Além de instruir Tito sobre o que procurar em um líder da igreja, Paulo também incentivou-o a voltar a Nicópolis para uma visita. Em outras palavras, Paulo continuou a discipular a Tito e a outros enquanto cresciam na graça do Senhor (Tito 3:13).

VERSÍCULOS CHAVE:
Tito 1:5: "A razão de tê-lo deixado em Creta foi para que você pusesse em ordem o que ainda faltava e constituísse presbíteros em cada cidade, como eu o instruí.”

Tito 1:16: "Eles afirmam que conhecem a Deus, mas por seus atos o negam; são detestáveis, desobedientes e desqualificados para qualquer boa obra."

Tito 2:15: "É isso que você deve ensinar, exortando-os e repreendendo-os com toda a autoridade. Ninguém o despreze."

Tito 3:3-6: "Houve tempo em que nós também éramos insensatos e desobedientes, vivíamos enganados e escravizados por toda espécie de paixões e prazeres. Vivíamos na maldade e na inveja, sendo detestáveis e odiando-nos uns aos outros. Mas quando se manifestaram a bondade e o amor pelos homens da parte de Deus, nosso Salvador, não por causa de atos de justiça por nós praticados, mas devido à sua misericórdia, ele nos salvou pelo lavar regenerador e renovador do Espírito Santo, que ele derramou sobre nós generosamente, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador."

RESUMO: 
Como maravilhoso deve ter sido quando Tito recebeu uma carta de seu mentor, o apóstolo Paulo. Paulo era um homem muito honrado, e com razão, depois de estabelecer várias igrejas em todo o mundo oriental. Esta famosa introdução do apóstolo teria sido lida por Tito: "a Tito, meu verdadeiro filho em nossa fé comum: Graça e paz da parte de Deus Pai e de Cristo Jesus, nosso Salvador" (Tito 1:4).

A ilha de Creta, local onde Paulo deixou Tito encarregado de liderar a igreja, era habitada por nativos da ilha e judeus que não conheciam a verdade de Jesus Cristo (Tito 1:12-14). Paulo sentiu que era de sua responsabilidade continuar discipulando a Tito, assim como instruir e incentivá-lo no desenvolvimento de líderes dentro da igreja em Creta. Assim como o apóstolo Paulo guiou Tito na sua busca de líderes, Paulo também deu sugestões sobre como Tito devia instruir esses líderes para que pudessem crescer na sua fé em Cristo. Suas instruções incluíam direções para homens e mulheres de todas as idades (Tito 2:1-8).

Para ajudar Tito a permanecer na sua fé em Cristo, Paulo sugeriu que Tito viesse a Nicópolis e trouxesse com ele dois outros membros da igreja (Tito 3:12-13).

CONEXÕES: 
Mais uma vez, Paulo acha necessário instruir os líderes da igreja a terem cuidado com os judaizantes, ou seja, aqueles que tentavam adicionar obras ao dom da graça que produz a salvação. Ele adverte contra aqueles que são enganadores rebeldes, especialmente os que continuavam afirmando que a circuncisão e adesão aos rituais e cerimônias da lei mosaica ainda eram necessárias (Tito 1:10-11). Este é um tema recorrente por todas as epístolas de Paulo e no livro de Tito, ele chega até a dizer que suas bocas devem ser caladas.

APLICAÇÃO PRÁTICA:
O apóstolo Paulo merece a nossa atenção quando buscamos obter na Bíblia instruções sobre como viver uma vida agradável ao Senhor. Podemos aprender o que devemos evitar, assim como aquilo que devemos imitar. Paulo sugere que busquemos ser puros ao evitarmos as coisas que contaminam nossas mentes e consciências. E, em seguida, Paulo faz uma afirmação que jamais deve ser esquecida: "Eles afirmam que conhecem a Deus, mas por seus atos o negam; são detestáveis, desobedientes e desqualificados para qualquer boa obra" (Tito 1:16). Como cristãos, devemos examinar nossas próprias vidas a fim de garantir que se alinham com a nossa profissão de fé em Cristo (2 Coríntios 13:5).

Junto com esse aviso, Paulo também nos diz como evitar negar a Deus: "ele nos salvou pelo lavar regenerador e renovador do Espírito Santo, que ele derramou sobre nós generosamente, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador" (Tito 3:5b-6). Ao buscar uma renovação diária de nossa mente pelo Espírito Santo, podemos desenvolver-nos em cristãos que honram a Deus pela maneira como vivemos.

CONTROVÉRSIAS ACERCA DA AUTORIA:
Dúvidas acerca da autoria paulina dessa carta foram expressas pela pri­meira vez, provavelmente, durante os primei­ros anos do século XIX. Particularmente desde a publicação da obra de Percy Neale Harrison, inti­tulada The Problem of the Pastoral Letters (O problema das Epístolas Pastorais), de 1921, o debate acerca da autoria tem se intensificado bastante. Em geral, os argumentos contra a autoria paulina se fundamentam na situação histó­rica, no tipo de ensino falso censurado, no estágio de organização eclesiástica que é des­crito e no vocabulário e estilo.

SITUAÇÃO HISTÓRICA:
Os eventos históricos citados no livro (Tt 1.5; 3.12) não se harmonizam com a estrutura geral do livro de Atos. Mesmo aceitando que o autor de Atos, Lucas, teria feito um registro seletivo das atividades de Paulo, é difícil encontrar lugar para os tais eventos. Porém a teoria de que Paulo esteve livre por um tempo após sua prisão citada no fim do livro de Atos ajustaria esses eventos e, à luz das evidências disponíveis, essa teoria não parece irracio­nal. Certamente Paulo estava esperando a liberdade (Fp 1.25; 2.23,24; Fm 22), e a at­mosfera do último parágrafo de Atos aponta nessa direção e não para a sua morte. A tradi­ção sustenta a ideia de um período de liberdade, durante o qual Paulo se empenhou em mais esforços missionários, e que foi abreviado por seu encar­ceramento final em Roma (l Clemente 5.7; Eusébio, História Eclesiástica ii.22.1,2). Al­guns estudiosos modernos também apoiam essa reconstrução dos acontecimentos. Como teoria, é tão plausível quanto a que afirma que a atividade de Paulo, se não sua vida, termina com o último capítulo de Atos.

TIPOS DE ENSINO CENSURADO:
Esforços têm sido feitos na tentativa de provar que os falsos ensinos re­futados nas Epístolas Pastorais refletem o gnosticismo do século II. Por outro lado, os que negam isso ressaltam que o gnos­ticismo pode ter se originado já no sé­culo I, e que o que se condena nessas epístolas está mais próximo do gnosticismo incipiente do que a forma mais desenvolvida dessa corrente filosófico-religiosa. Aliás, não é fácil discernir diferenças essenciais entre as práticas condenadas nessas cartas e uma mistura do gnosticismo refutado em Colossenses e do judaísmo combatido em Gálatas. É visível que a forma como o gnosticismo é tratado nesses livros é diferente e a refutação é substituída pela denúncia, inclusive sendo acrescentadas orientações acerca do tratamento prático da situação. Porém isso pode ser explicado pelo fato de que as cartas pastorais não são endereçadas a igrejas, mas a representantes apostólicos fami­liarizados com as respostas de Paulo a essas heresias, embora ainda assim necessitem do conselho dele sobre a maneira em que de­vem lidar com elas.

ORGANIZAÇÃO ECLESIÁSTICA:
Mais objeções são citadas com base na ideia de que a organização na igreja primi­tiva dificilmente poderia ter se desenvolvido ao nível descrito aqui durante a época apos­tólica. A posição atribuída a Timóteo e Tito e também o uso que Paulo faz do termo “bispo” são considerados reflexo do episcopado monárquico, que sabemos que não surgiu antes do início do século II. E evidente que Timó­teo e Tito exerciam autoridade mais ampla do que a de um ancião comum do Novo Tes­tamento, mas faziam isso claramente como representantes do apóstolo, e não como bis­pos monárquicos. Sempre que ocorre o singular da palavra “bispo”, sem dúvida é usada no sentido genérico. Longe de sugerir que um bispo deveria ser indicado em cada igre­ja, Paulo destaca a pluralidade de presbíte­ros “em cada cidade”. O argumento de que o governo da igreja descrito nas Epístolas Pas­torais seja pós-apostólico perde muito do seu peso quando o ensino dessas cartas com rela­ção a bispos e presbíteros é comparado com passagens como At 14.23; 20.17,28; Fp 1.1; lTs 5.12,13. É particularmente importante a fala de Paulo aos anciãos (episkopoi) de Éfeso, visto que eles eram ativamente responsáveis naquela igreja antes do ministério de Timó­teo lá. Finalmente, em conexão com a orga­nização eclesiástica, seria bom comparar o conselho dado em l Tm 5 com relação às viú­vas com At 6.1; 9.39,41.

VOCABULÁRIO E ESTILO:
É provável que a objeção mais significativa contra a autoria paulina ve­nha das diferenças claramente discerníveis entre a linguagem e estilo das Pastorais e das outras cartas aceitas como paulinas. Esse ar­gumento é desenvolvido de forma bastante convincente na obra de Harrison. Ele ressalta que um grande número de palavras que ocorre nesse conjunto de cartas não apareceu anteriormente nos escritos de Pau­lo, e que algumas, de fato, não são encon­tradas em outros livros do NT. Além disso, algumas palavras que foram usadas anterior­mente agora trazem um sentido diferente. Por exemplo, enquanto a palavra “fé” antes tinha tido o sentido de “confiança”, aqui é usada para descrever o “corpo de doutrinas”. Mas o desvio estilístico mais marcante das cartas paulinas anteriores está no uso dos particípios, essas palavras em que o estilo indi­vidual está envolvido em escala tão grande, e que não parecem sujeitas ao mesmo grau de mudança como o vocabulário e o estilo geral de um autor. A diferença entre as outras cartas de Paulo com relação a isso é menor que a diferença entre todas elas e as Pasto­rais. Além disso, há uma ausência marcante de certas preposições e pronomes que carac­terizam os escritos reconhecidamente paulinos. A primeira vista, o argumento que surge da análise estatística das palavras usadas é impressionante, mas sua força é diminuída quando outros fatores são levados em consi­deração. Precisamos dar o devido valor às importantes diferenças de variação de voca­bulário e estilo que ocorrem nas suas outras cartas. Mudanças tanto de vocabulário quan­to de estilo também podem ser atribuídas em alguma medida ao propósito que o autor tem em mente. Ele está tratando de situações essencialmente diferentes das tratadas nas cartas anteriores. Tampouco se pode ignorar a idade do autor, ou o fato de que ele está se dirigindo a indivíduos, e não a igrejas. Precisa-se levar em consideração também o método de composição que foi usado pelo autor. Parece provável que o autor empre­gava os préstimos de um amanuense (copista) que tinha permissão para uma certa liberdade na real formulação do material que lhe era ditado, sendo a carta depois escrutinada pelo autor.

O CONTEÚDO BÍBLICO DO LIVRO DE TITO

TIT0 1:1-16
Presbíteros: Protetores da Congregação
A esperança de vida eterna do cristão é certa! No começo de sua carta ao seu filho espiritual Tito, Paulo afirmou que ele labutava na esperança de vida eterna (1:2). Ele estava contando com a promessa de Deus feita antes de o mundo começar. Essa promessa é certa porque é incompatível com a natureza justa de Deus mentir.
Paulo identificou tanto sua posição como seu ministério. Ele era um apóstolo, mas demonstrou sua humildade, descrevendo-se como um servo (1:1). Estava confiada a Paulo a pregação da mensagem divina que espalharia a fé e o conhecimento de Deus (1:1-3).
Paulo tinha deixado Tito na ilha de Creta com instruções para que pusesse em ordem certas coisas naquelas igrejas. Explicitamente, Tito tinha que completar a indicação de presbíteros nessas igrejas (1:5). Paulo relacionou as qualificações de presbíteros para que Tito pudesse ajudar os cristãos dessas congregações a escolher homens capazes de fazerem este trabalho. Os presbíteros também eram chamados “bispos” e lhes era designado o trabalho de pastorear o rebanho de Deus (compare com 1:5-7 e Atos 20:17,28). Podemos concluir que um presbítero é um pastor!
As qualificações relacionadas (1:6-9) indicam claramente que um presbítero precisa ser homem casado e com filhos cristãos. Precisa ser instruído na palavra de Deus e maduro espiritualmente, tendo aplicado essa instrução em sua própria vida. Precisa ser capaz de usar seu entendimento da palavra de Deus tanto para exortar como para corrigir outros (1:9).
Mestres competentes tais como presbíteros eram necessários para reprovar muitos falsos mestres que, em seu desejo de ganho financeiro, estavam desencaminhando famílias inteiras (1:10-11). Paulo citou um dos escritores cretenses, observando que sua descrição desprimorosa dos cretenses era perfeita (1:12-13)! Paulo mandou que Tito reprovasse rispidamente aqueles cretenses que estavam ensinando fábulas judaicas e mandamentos dos homens (1:13-14). E ainda descreveu esses homens, observando como que eles achavam o mal em tudo porque suas mentes e consciências estavam contaminadas (1:15). Ainda que declarassem estar em comunhão com Deus, eles O negavam pelas suas obras e, como resultado, eram abomináveis, desobedientes e desqualificados para qualquer boa obra (1:16).

TITO 2:1-15
Vivendo por Sã Doutrina
Paulo instruiu Tito, no capítulo um, a auxiliar as igrejas da ilha de Creta a identificar e escolher presbíteros. Uma das responsabilidades de tais homens seria confrontar indivíduos que estavam desencaminhando outros pelos seus ensinamentos de fábulas judaizantes e mandamentos dos homens. Enquanto essas pessoas professavam que “conheciam” Deus, elas negavam sua própria afirmação por sua desobediência (1:10-16). Agora, no capítulo 2, Paulo ordena a Tito que ensine, em contraste, como as pessoas devem comportar-se. Ele se refere a este tipo de ensinamento como “sã doutrina” porque, se seguida, ela levará os cristãos a manterem a saúde espiritual.
Paulo aborda a conduta e as responsabilidades dos cristãos nas bases de idade, sexo e emprego. Primeiro, ele descreve o papel dos mais velhos, e então das mais velhas (2:2-3). Ele esmiúça as responsabilidades das mulheres mais jovens observando que as mulheres mais velhas deveriam ensiná-las (2:4-5). A seguir, ele passa aos moços em geral no versículo 6 e a Tito especialmente no versículo 7. Finalmente, ele conclui esta parte descrevendo a conduta apropriada dos servos (2:9-10). Ainda que suas instruções dadas a um grupo obviamente não sejam totalmente diferentes daquelas dadas a outro grupo, Paulo aborda necessidades específicas e tentações dos vários grupos (por exemplo, roubo entre servos, falta de submissão entre viúvas, integridade entre jovens; 2:5,7,10).
Um motivo forte para se comportarem de acordo com a sã doutrina era evitar qualquer ocasião para os incrédulos acusarem os discípulos de impiedade (2:5, 8). Em vez de fazerem com que a palavra de Deus fosse difamada pela conduta pecaminosa, os cristãos poderiam “adornar” a doutrina de Cristo através de sua obediência (2:10).
Paulo continua observando em geral por que os cristãos deveriam viver de acordo com a sã doutrina (2:11-14). Deus demonstrou sua graça para com a humanidade enviando seu Filho para morrer na cruz. Jesus morreu para redimir os homens de sua iniquidade, assim provendo para ele próprio um povo especial purificado e zeloso das boas obras (veja Efésios 5:25-27). A mensagem do evangelho é que podemos tornar-nos parte deste povo especial se quisermos deixar a impiedade e as paixões pecaminosas do mundo e viver de acordo com a sã doutrina.

TITO 3:1-15
Obreiros do Bem, Salvos pela Graça
O apóstolo Paulo nos lembra de nossa conduta passada. “Éramos néscios, desobedientes, desgarrados, escravos de toda sorte de paixões e prazeres, vivendo em malícia e inveja, odiosa e odiando-nos uns aos outros” (3:3). A bondade e o amor de Deus foram manifestados quando salvou os homens pecadores como Paulo e aqueles com os quais Tito trabalhava. Contudo, esta divina misericórdia tem consequências. Deus não salvou os homens para que eles continuassem na sua conduta pecaminosa. Tito é mandado lembrar seus irmãos de que o comportamento deles como cristãos precisa ser muito diferente do passado (3:1-2). Observe que a conduta ordenada nestes versículos é diretamente oposta à que é descrita no versículo 3. Ao invés de odiar aos outros ou agir com maldade, os cristãos têm que ser pacíficos e gentis com as pessoas, evitando falar mal delas.
Uma das acusações feitas contra os cristãos nas perseguições romanas do segundo e terceiro séculos era que eles eram desleais ao governo. Esta acusação era feita porque os cristãos não queriam adorar o imperador. Contudo, os cristãos estariam entre os melhores cidadãos em qualquer país, porque se submetiam voluntariamente ao governo, por causa de Cristo (3:1; veja também Romanos 13:1-7).
Ainda que Paulo ressalte a necessidade dos cristãos estarem prontos para fazerem boas obras (veja 1:16; 2:7,14; 3:1,8,14), ele não quer que ninguém pense que sua salvação resultou de suas obras de justiça (3:5). Somos justificados pela graça através da lavagem espiritual cumprida no batismo (3:5; 1 Pedro 3:21; Efésios 1:7; Atos 22:16; Apocalipse 1:5; Romanos 6:3-4). Não merecemos a herança que nos é dada, a vida eterna (3:7).
Enquanto os cristãos precisam buscar boas obras, precisam evitar discussões tolas e contendas que não edificam. Precisam também ser cuidadosos com os irmãos facciosos. Estes indivíduos devem ser admoestados uma e duas vezes e, se não se arrependerem, os irmãos devem evitá-los (3:9-11).
Paulo termina sua carta a Tito com alguns pedidos pessoais referentes aos seus companheiros no trabalho. Ele pede a Tito para ir encontrá-lo em Nicópolis, onde ele passaria o inverno. Mesmo nestas recomendações finais, ele salienta a importância das boas obras (3:14).