domingo, 24 de maio de 2020

A P O C A L I P S E / QUINTA PARTE - ISRAEL PROTEGIDO 4 - CAP.11:1-14



O TRIUNFO DAS TESTEMUNHAS – CAPÍTULO 11:1-14

O Santuário e as Duas Testemunhas (Apocalipse 11:1-14)
O intervalo entre as sexta e sétima trombetas continua no capítulo 11 com mais duas cenas que mostram a proteção divina para os fiéis. O povo é protegido, mas não totalmente. Ainda sofrerão as agressões dos inimigos e podem até morrer, mas a vitória final pertence aos santos de Deus. Essa primeira parte do capítulo 11 dá continuidade ao texto de Ap.10:8-11, pois agora temos o relato das experiências amargas daqueles que passarão no Período da Tribulação da igreja que não subiu ao encontro com o Senhor na ocasião do Arrebatamento.

A Ordem para Medir o Santuário (11:1-2)
Apocalipse 11:1 – Foi-me dado um caniço semelhante a uma vara, e também me foi dito: Dispõe-te e mede o santuário de Deus, o seu altar e os que naquele adoram;

Foi-me dado um caniço semelhante a uma vara: João continua a sua participação ativa, recebendo um caniço para medir.
Dispõe-te e mede o santuário de Deus, o seu altar e os que naquele adoram: O relato de João aqui não oferece detalhes, mas nos lembra da medição do templo em Ezequiel 40-42. Notando que o contexto de Ezequiel 37-39 mostra o domínio do Messias sobre as nações. Em Ezequiel 40-42, o profeta assiste enquanto um homem mede o templo. A visão de Ezequiel mostra o povo de Deus restaurado à glória e à proteção de Deus, o qual volta ao templo no capítulo 43.
Zacarias 2:1-5 apresenta outra visão de medição, esta vez de Jerusalém. Como nos intervalos do Apocalipse, o propósito da visão de Zacarias é assegurar os fiéis da proteção divina: “Pois eu lhe serei, diz o SENHOR, um muro de fogo em redor e eu mesmo serei, no meio dela, a sua glória” (Zacarias 2:5).
Dispõe-te e mede o santuário de Deus, o seu altar e os que naquele adoram:  A ordem para medir o santuário, sem dúvida, lembrariam dessas passagens proféticas e do consolo que oferecem aos servos do Senhor.
O santuário de Deus, no Novo Testamento, é o povo do Senhor. Num texto que fala sobre a edificação da igreja, Paulo diz que os discípulos de Cristo são o santuário de Deus (1 Coríntios 3:16-17; 2 Coríntios 6:16). A família de Deus, edificada sobre a pedra angular, é o “santuário dedicado ao Senhor” (Efésios 2:19-22). O templo não é um edifício feito com mãos, e sim uma casa espiritual (1 Timóteo 3:15). Esta casa espiritual é feita de pedras que vivem (1 Pedro 2:5-6).
João tira qualquer dúvida sobre o significado do santuário quando diz que a medição incluiria “os que naquele adoram”. Não se trata de medir uma estrutura física. Este templo é composto por adoradores, pessoas, os verdadeiros sacerdotes de Deus que adoram dentro do templo.
Na visão de João ele recebe uma vara para medir três partes: o templo de Deus, o altar e o povo adorando ali. Nesse símbolo temos o Antigo Testamento como referência paralela em (Ez.40:5; 42:20; Zc.2:1) e a conclusão para o seu significado é de que a medição serve para separar a área que é santa da que é profana.
A área santa é o lugar da presença de Deus onde os santos habitam com ele por causa do sacrifício de Jesus que removeu os pecados do seu povo (Hb.9:12). O templo de Deus é símbolo da verdadeira igreja, que adora o verdadeiro Deus. Medir o altar do incenso mostra que os santos têm acesso a presença de Deus (Ap.6:9; 8:3,5 etc), e a medição dos adoradores, ou seja, todos os que adoram em qualquer lugar em espírito e em verdade (Jo.4:21-24), medição que indica que esse povo está protegido contra a condenação eterna. A medição do templo é um paralelo da selagem dos eleitos em Ap.7:1-8, apenas os símbolos são diferentes, mas o significado é o mesmo – proteção.

Apocalipse 11:2 – mas deixa de parte o átrio exterior do santuário e não o meças, porque foi ele dado aos gentios; estes, por quarenta e dois meses, calcarão aos pés a cidade santa.
Deixa de parte o átrio exterior..., porque foi ele dado aos gentios: A ordem para medir não somente oferece consolo, fala também de santificação. Os adoradores dentro do santuário são separados dos gentios no átrio. A palavra traduzida “gentios” aparece 22 vezes no Apocalipse, normalmente traduzida “nações” ou “povos”. Várias vezes, refere-se aos gentios na carne ou às nações em geral, como pessoas que ouvem o evangelho e recebem a oportunidade de serem salvas (5:9; 7:9; 14:6; 21:24-26; 22:2). Da mesma forma que palavras como judeu, circuncisão e Israel, no Novo Testamento, passam a identificar os servos de Cristo (Romanos 2:28-29), a palavra gentios, às vezes, representa os que não conhecem a Deus (1 Tessalonicenses 4:5; 3 João 7). Assim, vivemos “no meio dos gentios” (1 Pedro 2:12), mas não andamos como eles andam (Efésios 4:17; 1 Pedro 4:3). Neste sentido, a palavra gentios ou nações, em algumas das citações no Apocalipse, refere-se aos ímpios. São as nações seduzidas por Satanás para pelejarem contra o povo de Deus (20:7-9). São as mesmas que impedem o sepultamento das duas testemunhas (11:9-10) e que se enfurecem contra os servos de Deus (11:18). As nações apoiam a meretriz, Babilônia (17:15), são seduzidas pela feitiçaria dela (18:23) e se prostituem com ela (18:3). Jesus, porém, domina as nações com o cetro de ferro (12:5; 19:15). Os vencedores participam do reinado dele sobre os povos (2:26-27; 20:4,6).
Quarenta e dois meses: Este período sempre representa um tempo relativamente breve de tribulação ou sofrimento. É o mesmo período de “tempo, tempos e a metade de um tempo” (12:14; Daniel 7:25), de 1.260 dias (11:3; 12:6) ou de “três anos e seis meses” (Tiago 5:17). É a metade de sete anos, que representaria um período completo.
Calcarão aos pés a cidade santa: Há diversas interpretações da cidade santa.
Pré-milenaristas geralmente explicam que a cidade santa é Jerusalém (terrestre) e que o templo será reconstruído naquela cidade para o cumprimento desta profecia. Enfrentam inúmeras dificuldades com esta interpretação, que descarta totalmente os limites de tempo encontrados do começo ao fim do Apocalipse.
Outros acreditam que o Apocalipse foi escrito antes de 70 d.C. e que fala da destruição do templo e da cidade de Jerusalém pelos romanos. Citam Lucas 21:24, onde Jesus usou linguagem semelhante para falar sobre a destruição de Jerusalém. Uma vez que entendem a cidade literal, procuram uma explicação literal do tempo de 42 meses. Aqui a situação se complica. Frequentemente citam a duração da guerra entre os romanos e os judeus, dizendo que Nero enviou Vespasiano no início de 67 (fevereiro? – há dúvida sobre esta data) para vencer os judeus rebeldes e que o período de 42 meses termina com a destruição da cidade de Jerusalém em setembro de 70. Mas o exército romano não entrou em Jerusalém em 67. Vespasiano começou na direção de Jerusalém em 68, mas desistiu devido à morte de Nero. Tito cercou Jerusalém nos primeiros meses de 70, invadiu os muros por volta de abril ou maio, e destruiu a cidade em setembro. Assim, para dizer literalmente que calcaram aos pés a cidade literal de Jerusalém por 42 meses exige algumas explicações mais complicadas. Para defender esta posição é necessário, também, manter uma data para o Apocalipse antes de 70 d.C., contra outras evidências que ainda encontraremos.
O que é a cidade santa? Consideremos as evidências bíblicas. As expressões “cidade santa” ou “santa Cidade”, em si, aparecem onze vezes na Bíblia. Neemias 11:1 e 18 identificam a cidade física de Jerusalém. Daniel chamou Jerusalém de “santa cidade” (9:24). Isaías repreende o povo de Israel que profanaram o nome da “santa cidade” (48:2). Mais tarde ele fala de “Jerusalém, cidade santa” (52:1). Lendo o capítulo todo, percebemos a ênfase na restauração espiritual do reino de Cristo sobre seu povo, da salvação que vem pela pregação do evangelho. Mateus usa esta expressão duas vezes (4:5; 27:53) para identificar a cidade literal de Jerusalém. As outras ocorrências se encontram no Apocalipse – aqui em 11:3, e algumas outras vezes no final do livro. Em 21:2, 10 e 22:19, ele claramente descreve o povo espiritual de Deus, a nova Jerusalém que desce do céu. Outras expressões semelhantes ajudam a entender este sentido espiritual. Apocalipse 3:12 fala da presença eterna do vencedor no “santuário do meu Deus” e na “cidade do meu Deus, a nova Jerusalém que desce do céu”. Paulo disse que a nossa mãe é a Jerusalém livre lá de cima e não a “Jerusalém atual, que está em escravidão com seus filhos” (Gálatas 4:25-26). O autor de Hebreus disse: “Mas tendes chegado ao monte Sião e à cidade do Deus vivo, a Jerusalém celestial... e igreja dos primogênitos arrolados nos céus” (Hebreus 12:22-23).
Entendendo este sentido de Jerusalém espiritual ou celestial, como podemos entender estes primeiros versículos do capítulo 11. João mede o santuário de Deus, mostrando a intenção do Senhor de proteger o seu povo, mas ainda diz que a cidade santa será pisada pelos gentios durante três anos e meio. O povo fiel seria protegido, mesmo deixando a igreja ser perseguida por um período (serão perseguidos por terem rejeitado a salvação e darão suas próprias vidas em amor a Cristo durante o Período de Tribulação). Podem afligir a igreja, e até matar os corpos dos fiéis, mas não atingirão os espíritos dos verdadeiros adoradores. “Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma” (Mateus 10:28). A igreja pode ser calcada aos pés pelos perseguidores, mas eles nunca chegarão a destruir o santuário em si onde os sacerdotes adoram a Deus.
Aqui está claro que Deus faz uma clara divisão entre os verdadeiros crentes e os que são apenas nominalmente. (ver Is.29:13; Mt.15:8,9; Ap.2:9; 3:9).
A “cidade santa” é a Jerusalém espiritual, são os cristãos arrependidos que são “pisados”, ou seja, perseguidos durante “42 meses” que simbolicamente deve se referir a um intervalo de extensão que se estende da Primeira Vinda de Cristo até a sua Segunda Vinda.

O Trabalho, a Morte e a Ressurreição das Duas Testemunhas (11:3-13)
Apocalipse 11:3 – Darei às minhas duas testemunhas que profetizem por mil duzentos e sessenta dias, vestidas de pano de saco.
Darei às minhas duas testemunhas que profetizem por mil duzentos e sessenta dias: A ordem vem de cima. As testemunhas profetizam pela autoridade de Deus.
Quem são as duas testemunhas? Comentaristas têm oferecido diversas respostas a esta pergunta. Alguns procuram personagens específicos, até sugerindo a volta à terra de pessoas do Velho Testamento (por exemplo, Moisés e Elias ou Enoque e Elias). Outros sugerem o Antigo e o Novo Testamentos. Alguns dizem que são a Lei (de Moisés) e os Profetas (veja Lucas 16:29,31; 24:27; Atos 13:15; 24:14; Romanos 3:21 e outras passagens que falam sobre a Lei e os Profetas, mas considere também comentários de Jesus mostrando que estas revelações do Antigo Testamento já seriam ultrapassadas pelo evangelho – Mateus 11:13; Lucas 16:16). Outras possibilidades incluem profetas e apóstolos (Lucas 11:49) ou o Espírito Santo e os apóstolos (João 15:26-27; Atos 5:32).
Por não ter uma identificação específica neste trecho, talvez a resposta melhor se encontra no próprio contexto. Os primeiros versículos do capítulo falaram sobre a igreja, o povo de Deus. Cristãos fiéis são descritos como testemunhas ou pessoas que dão testemunho em outros versículos do livro (2:13; 6:9; 12:11,17; 17:6; 19:10; 20:4).
O tempo do trabalho deles, 1.260 dias, é igual a 42 meses (11:2) ou três anos e meio (usando o calendário de 12 meses de 30 dias). Este período, a metade de sete anos, normalmente descreve um período de tribulação e sofrimento. Seria um trabalho difícil, cheio de angústia, mas seria temporário.
Na minha opinião o texto está se referindo à igreja que não fora arrebatada  juntamente com o povo de Israel que serão perseguidos durante a tribulação.
Vestidas de pano de saco: Pano de saco é a roupa de lamentação e angústia, sentimentos opostos à alegria (Salmo 30:11; 35:13; 69:11; Ezequiel 27:31; Joel 1:8). Jacó se vestiu de pano de saco quando lamentou a suposta morte de José (Gênesis 37:34). Quando Acabe ouviu a condenação de sua casa, ele se lamentou em pano de saco, um gesto de angústia e humildade (1 Reis 21:27-29). Pano de saco acompanha o arrependimento em várias outras citações bíblicas (Neemias 9:1-2; Jonas 3:6-8; Mateus 11:21; Lucas 10:13). Ezequias se vestiu de pano de saco quando buscou a libertação de Jerusalém diante da ameaça assíria (2 Reis 19:1-3). O pano de saco das duas testemunhas sugere a mensagem difícil e a lamentação delas em pronunciar a mensagem do Senhor, uma mensagem que certamente condenava os perversos.
Devemos interpretar as “Duas Testemunhas” aqui de maneira simbólica para não incorrermos em erros grosseiros de interpretação.
As “Duas Testemunhas” representam a Igreja de Cristo em sua totalidade que proclama o Evangelho ao mundo e sofre perseguição por isso. Tanto o povo gentio, quanto os judeus formão uma só família escolhida por Deus e estas “testemunhas” devem pregar ao mundo a Palavra de Deus (v.9), mesmo que isto os levem à morte.
Vestir pano de saco (de pelos de camelo ou cabritos) conclama o povo ao arrependimento, pois o juízo de Deus é eminente. Esse é o período da Grande Comissão, tanto a Igreja quanto Israel até a consumação dos séculos (Mt.28:19-20).
Porque assim não dizer também que as “Duas Testemunhas” constituem algo que pode continuar existindo na presença de Deus, e ser ao mesmo tempo atacado na Terra. A interpretação pode estar se referindo de que as ‘testemunhas’ são a Palavra de Deus – o Antigo e o Novo testamentos pois ambos são importante testemunhas quanto à origem e à perpetuidade da lei de Deus. Ambos são também testemunhas do plano da salvação. Os tipos, sacrifícios e profecias do Velho Testamento apontam para um Salvador por vir. Os evangelhos e as epístolas do Novo Testamento falam acerca de um Salvador que veio exatamente da maneira predita pelas profecias, e a Palavra de Deus é viva, eficaz e permanece para sempre, independente dos acontecimentos vindouros.

Apocalipse 11:4 – São estas as duas oliveiras e os dois candeeiros que se acham em pé diante do Senhor da terra.
São estas as duas oliveiras e os dois candeeiros que se acham em pé diante do Senhor da terra: Esta linguagem nos lembra da visão de Zacarias 4 (leia o capítulo). As duas oliveiras que alimentavam de azeite o candelabro são identificados como “os dois ungidos, que assistem junto ao Senhor de toda a terra” (4:14). No Velho Testamento, sacerdotes e reis foram ungidos (Levítico 8:12,30; 1 Samuel 10:1; 16:1,13). No Novo Testamento, os cristãos são o “reino, sacerdotes para o seu Deus e Pai” (1:6), o “sacerdócio real” (1 Pedro 2:9). Apoiando a interpretação das duas testemunhas como a igreja é a expressão acrescentada aqui, “os dois candeeiros”. No Apocalipse, os candeeiros representam as igrejas (1:20). Os candeeiros no templo sempre ficavam acesos diante de Deus, como os cristãos brilham diante do Senhor como a luz do mundo (Mateus 5:14-16; Efésios 5:8;1 Tessalonicenses 5:5).

Apocalipse 11:5 – Se alguém pretende causar-lhes dano, sai fogo da sua boca e devora os inimigos; sim, se alguém pretender causar-lhes dano, certamente, deve morrer.
Se alguém pretende causar-lhes dano: Agora entram os perseguidores, aqueles que queriam causar danos aos servos de Deus.
Sai fogo da sua boca e devora os inimigos: É uma visão num livro que emprega uma grande variedade de símbolos. O fogo da boca das testemunhas não é literal, mas representa o poder dos servos de Deus de persistir no seu trabalho, apesar da oposição dos inimigos. A figura nos lembra de vários profetas do Velho Testamento. Moisés e Arão enfrentaram seus adversários no Egito com uma série de pragas devastadoras (Êxodo 7-12). Quando Acazias, rei de Israel, tentou prender Elias, fogo desceu do céu e consumiu os soldados do rei (2 Reis 1:1-14). Os servos de Nabucodonosor que tentaram matar os amigos de Daniel foram consumidos pelo fogo da fornalha (Daniel 3:19-22). Deus está com as testemunhas e lhes dará a vitória. Os adversários devem morrer. Sabemos que a perseguição começou pouco tempo depois do início da igreja. Alguns discípulos foram presos, e alguns morreram (Estêvão – Atos 7; Tiago – Atos 12; etc.). Mas o trabalho da divulgação do evangelho continuou praticamente sem empecilho, e a palavra circulou pelo mundo inteiro nas primeiras três décadas (veja Colossenses 1:23), mas virá tempo em que falar de Deus será proibido pelo mundo todo.
Vs.5,6 – As “testemunhas” de João carregam características dos profetas do Antigo Testamento, o “fogo que sai da boca” revela que a Palavra de Deus não pode ser detida, é um testemunho do qual os que ouvem e não se arrependem não podem escapar. (Jr.5:14; 23:29)
Aqui temos também uma comparação das “testemunhas” do apocalipse com os profetas Elias (1Rs.17:1) e Moisés (Êx.7:17,19,20), nessa comparação vemos que Deus responde a oração da sua Igreja (Tg.5:16,17; Mt.17:20; 1Co.13:2). A Igreja do Senhor possui o poder da oração quando suplica a Deus para que ele intervenha com juízo. (Ap.6:10; Dt.32:35)

Apocalipse 11:6 – Elas têm autoridade para fechar o céu, para que não chova durante os dias em que profetizarem. Têm autoridade também sobre as águas, para convertê-las em sangue, bem como para ferir a terra com toda sorte de flagelos, tantas vezes quantas quiserem.
Elas têm autoridade para fechar o céu: Como fez Elias durante o reinado de Acabe (1 Reis 17:1; Tiago 5:17-18).
Têm autoridade também sobre as águas, para convertê-las em sangue, bem como para ferir a terra com toda sorte de flagelos: Como fizeram Moisés e Arão no Egito (Êxodo 7-12).
Deus equipa seus servos com poder para vencer os inimigos. Deus agiu durante o ministério dos apóstolos através de milagres que demonstraram o poder divino e confundiram os inimigos (Atos 5:17-21; 12:6-24; 16:23-26; 19:13-17). Paulo cegou Elimas, um “inimigo de toda a justiça” (Atos 13:9-11) e expulsou o espírito adivinhador da jovem em Filipos (Atos 16:16-18). O período apostólico foi caracterizado pelo crescimento do evangelho: “Com grande poder, os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus” (Atos 4:33). “Crescia a palavra de Deus” (Atos 6:7). “Assim, a palavra do Senhor crescia e prevaleceu poderosamente” (Atos 19:20). O maior poder dado aos discípulos vem da própria palavra pregada. O evangelho “é o poder de Deus para a salvação” (Romanos 1:16). As armas espirituais são “poderosas em Deus, para destruir fortalezas...e toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus” (2 Coríntios 10:3-6). A palavra de Deus é “a espada do Espírito”, usada “contra as forças espirituais do mal” (Efésios 6:10-17). Esta espada é “mais cortante do que qualquer espada de dois gumes” (Hebreus 4:12).
Elas têm poder para fechar o céu, para que não chova durante os dias da sua profecia; e têm poder sobre as águas para convertê-las em sangue, e para ferir a terra com toda sorte de pragas, quantas vezes quiserem.

Apocalipse 11:7 – Quando tiverem, então, concluído o testemunho que devem dar, a besta que surge do abismo pelejará contra elas, e as vencerá, e matará,
Quando tiverem, então, concluído o testemunho que devem dar: Este trecho obviamente não fala do término final da missão da igreja, pois já usou a figura de um período curto (1.260 dias). Chegando ao ponto determinado por Deus, e tendo cumprido a sua responsabilidade de testemunhar, Deus permitiria que a cena continuasse. Embora tenhamos sempre trabalho para fazer, é possível encerrar uma determinada missão (Lucas 10:10-12; Atos 13:46-47). Deus determinou uma missão de tempo limitado para os seus servos, e deixou o inimigo mostrar seu poder limitado somente quando a missão fosse encerrada.
A besta que surge do abismo pelejará contra elas, e as vencerá e matará: Esta besta se tornará importante nos próximos capítulos. Ela sobe do mar (13:1) ou do abismo (11:7; 17:8) e peleja contra os santos e os vence (13:7). Mas a sua vitória não é final nem completa, pois será vencida pelo Cordeiro e seus servos (17:12-14). Aqui, porém, a besta aparece e, por enquanto, vence as testemunhas do Senhor.
A era do evangelho, contudo, chegará ao final (Mt 24.14). A Igreja, como poderosa organização missionária, fin­dará seu testemunho. A besta que sobe do abismo, isto é, o mundo anticristão, movido pelo inferno, pelejará contra a Igreja e a destruirá. Assim, logo antes da segunda vinda, o cadáver da Igreja, cujo testemunho oficial e público foi silenciado e sufo­cado pelo mundo, está tombado na praça da grande cidade. Esta é a praça da Jerusalém imoral e anticristã. Jerusalém crucificou o Senhor. Por causa de sua imoralidade e perseguição dos san­tos ela se tornou, espiritualmente, como Sodoma e Egito (cf Is 1.10; 3.9; Jr 23.14; Ez 16.46). Tornou-se símbolo da Babilônia e da totalidade do mundo imoral e anticristão.
Nos dias de hoje podemos encontrar muitas igrejas mortas no meio deste mundo, elas não mais existem como instituição de influência e de poder missionário! Seus líderes estão mortos e sua voz foi silenciada. Uma prefiguração dos últimos tempos, mas com uma diferença: Na tribulação a igreja dará sua vida por amor a Cristo. A igreja será perseguida, mas os que morrerem morrerão por amor a sua Palavra.

Apocalipse 11:8 – e o seu cadáver ficará estirado na praça da grande cidade que, espiritualmente, se chama Sodoma e Egito, onde também o seu Senhor foi crucificado.
E o seu cadáver ficará estirado na praça: O cadáver (cadáveres – 11:9) das testemunhas não é tratado com nenhum respeito pela besta e seus servos. Os corpos ficam na rua como troféus da vitória sobre os fiéis (veja o desrespeito mostrado pelos filisteus quando mataram Saul – 1 Samuel 31:8-10). Aqueles que morreram pelas mãos do anticristo estarão expostos para todos verem.
Da grande cidade que, espiritualmente, se chama Sodoma e Egito, onde também o seu Senhor foi crucificado: Este versículo é um dos mais polêmicos do livro. Qual cidade? É uma cidade específica, ou linguagem que representa algo maior? Claramente a descrição usa linguagem simbólica, pois qualquer interpretação literal cairia em diversas contradições. Sodoma foi destruída há milhares de anos. Egito é um país, não apenas uma cidade. Jesus foi crucificado em Jerusalém, nem em Sodoma e nem no Egito. Representam a soberba, o pecado e a idolatria.
Sodoma e Egito aparecem somente neste versículo no livro do Apocalipse, mas são citados frequentemente em outros livros da Bíblia. Sodoma e Egito – “Símbolos de degeneração moral e de desafio aos mandamentos de Deus.
Vamos ver o significado destes lugares:
Sodoma: Depois de sua destruição (Gênesis 19), Sodoma serve como exemplo de destruição e castigo divino, ou de pecado aberto e perversidade exagerada. “...como Sodoma, publicam o seu pecado e não o encobrem. Ai da sua alma! Porque fazem mal a si mesmos” (Isaías 3:9). “Porque maior é a maldade da filha do meu povo do que o pecado de Sodoma, que foi subvertida como num momento, sem o emprego de mãos nenhumas” (Lamentações 4:6). “...como Sodoma, e Gomorra, e as cidades circunvizinhas, que, havendo-se entregado à prostituição como aqueles, seguindo após outra carne, são postas para exemplo do fogo eterno, sofrendo punição” (Judas 7). Veja também: Deuteronômio 32:32-33; Isaías 1:9-10. Sodoma seguramente representa pecadores que merecem castigo.
Egito: Muitas citações bíblicas referem-se à nação ou à terra do Egito. Quando usado simbolicamente, o Egito sugere pecado, idolatria, imundícia, escravidão e rejeição de Deus. Quando o povo de Israel chegou à terra prometida e fez a circuncisão dos homens, Deus disse: “Hoje, removi o opróbrio do Egito” (Josué 5:9). A terra do Egito foi conhecida como a casa da servidão (Josué 24:17; Judas 5), uma figura empregada no Novo Testamento para descrever a escravidão ao pecado (Atos 7:39-40; Hebreus 3:16 e, implicitamente, em 1 Coríntios 10:1). O Egito oprimiu o povo de Deus, e serve como uma figura apropriada dos perversos que oprimiam e perseguiam os cristãos na época de João.
Sodoma e Egito, então, representam as ideias de pecado, perversidade, rejeição de Deus e opressão dos fiéis. Resumindo, representam a sociedade ímpia que se colocou em oposição ao povo do Senhor, perseguindo os servos de Jesus. E a terceira descrição? O que quer dizer “onde também o Senhor foi crucificado”? Algumas pessoas, mesmo aceitando o significado simbólico de Sodoma e Egito, sugerem uma interpretação literal desta frase e concluem que Jerusalém fosse um dos principais objetos da ira de Deus no Apocalipse. É claro que Jesus foi crucificado em (ou perto de) Jerusalém. Mas, num sentido maior, ele foi crucificado pelo mundo – pelo povo ímpio – que não o aceitou. O relato do evangelho do mesmo autor destaca esta rejeição pelo mundo, não somente por Jerusalém: “O Verbo estava no mundo, o mundo foi feito por intermédio dele, mas o mundo não o conheceu” (João 1:10). É interessante observar que mais de um terço das ocorrências da palavra “mundo” na Bíblia todas se encontram nos livros de João. A vitória aparente do mal sobre Jesus trouxe tristeza aos discípulos e alegria ao mundo (João 16:19-20). O lugar onde o Senhor foi crucificado foi no mundo, no meio de uma sociedade rebelde que o rejeitou porque preferia permanecer nas trevas. A mesma sociedade que odiava o Mestre, também odiaria os discípulos: “Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim” (João 15:18). Regozijaram-se na vitória aparente sobre Jesus, e fariam uma grande festa quando vencerem, aparentemente, as testemunhas dele. Mas nenhuma das duas vitórias foi real.

Apocalipse 11:9 – Então, muitos dentre os povos, tribos, línguas e nações contemplam os cadáveres das duas testemunhas, por três dias e meio, e não permitem que esses cadáveres sejam sepultados.
Muitos dentre os povos, tribos, línguas e nações contemplam os cadáveres das duas testemunhas: Pessoas de todas as nações, ou seja, pessoas do mundo em geral, contemplam os corpos mortos das testemunhas do Senhor. A descrição usada aqui é quase a mesma encontrada algumas outras vezes no livro para identificar a sociedade em geral, ou as pessoas de diversas nações. A grande multidão que adora a Deus diante do trono vem de “todas as nações, tribos, povos e línguas” (7:9). João foi encarregado de profetizar “a respeito de muitos povos, nações, línguas e reis” (10:11). A meretriz Babilônia se assenta sobre “povos, multidões, nações e línguas” (17:15). Esta linguagem denomina as pessoas do mundo ou da sociedade em geral. Algumas dessas pessoas aceitam as bênçãos que vêm pelo descendente de Abraão e, assim, fazem parte da multidão de adoradores diante do trono. Outras seguem a meretriz e se regozijam com as vitórias passageiras sobre os servos do Senhor. Muitos (mas não todos – 7:9) dentre os povos olham para os corpos dos servos mortos.
Por três dias e meio: Não há dúvida. Estão mortas. Os corpos já estariam com o mal cheiro da decomposição. Mas há mais aqui. Três dias e meio, a metade de sete dias, novamente representa um período curto, um tempo de angústia para os fiéis que sofrem das perseguições, ou seja metade dos últimos 7 anos de tribulação que a igreja será perseguida até a morte. Mas, a “vitória” da besta não dura por muito tempo. Somente as pessoas com miopia espiritual serão enganadas por esta falsa vitória.
E não permitem que esses cadáveres sejam sepultados: Os ímpios querem o proveito máximo desta “vitória” sobre os servos de Deus. Deixam os corpos expostos para mostrar o seu poder sobre os justos. O que eles não entendem, ainda, é que a morte não é o fim para os servos de Deus. Os vencedores não sofrem “dano da segunda morte” (2:11). Também não entendem como o orgulho da festa desta falsa vitória ajudará a salientar a vitória verdadeira dos servos do Senhor. O que acontecerá nos versículos 11 e 12 será visível a todos!
O mundo como inimigo da Igreja do Senhor (Ap.10:11; 13:7; 14:6; 17:15), comemora a “morte” da Noiva de Cristo, essa comemoração de triunfo sobre o povo de Deus é muito curta, são apenas três dias e meio. A Igreja com a mensagem do Evangelho é um tormento para consciência daqueles que não se arrependeram de seus pecados.

Apocalipse 11:10 – Os que habitam sobre a terra se alegram por causa deles, realizarão festas e enviarão presentes uns aos outros, porquanto esses dois profetas atormentaram os que moram sobre a terra.
Os que habitam sobre a terra se alegram por causa deles: Quando a besta mata os servos do Senhor, os ímpios fazem a festa. A prática de enviar presentes é uma maneira de expressar alegria em ocasiões especiais (Neemias 8:9-10). Aqui, os perversos fazem uma festa de vitória. Há uma verdadeira guerra, uma luta entre o bem e o mal, e os malfeitores se regozijam com qualquer vitória, mesmo de pouca duração, sobre o bem. Frequentemente, os ímpios acham que suas “vitórias” servem para libertar pessoas oprimidas por regras desnecessárias de religiões ultrapassadas. Oferecem a liberdade para satisfazer qualquer desejo sexual, ou a liberdade para tirar a vida de crianças antes de elas nascerem, ou a liberdade para exigir o respeito de outros mesmo quando praticam coisas que desprezam os princípios de decência daqueles que seguem a Deus. Prometem liberdade, mas são escravos da corrupção (2 Pedro 2:19).
Porquanto esses dois profetas atormentaram os que moram sobre a terra: Aqui revela o motivo do assassinato. Os dois profetas atormentaram os ímpios. Como? Eles pregaram a verdade! A palavra de Deus atormenta os malfeitores, tirando o sossego daqueles que recusam se submeterem ao Senhor. Este é o lado amargo da pregação do evangelho. Por isso, os pregadores fiéis são odiados pelo mundo (Mateus 10:22). Paulo sofreu perseguições e avisou que os piedosos seriam perseguidos por homens perversos (2 Timóteo 3:10-13).

Apocalipse 11:11 – Mas, depois dos três dias e meio, um espírito de vida, vindo da parte de Deus, neles penetrou, e eles se ergueram sobre os pés, e àqueles que os viram sobreveio grande medo;
Depois dos três dias e meio, um espírito de vida, vindo da parte de Deus: Foram três anos e meio de profecia e três dias e meio de falsa vitória dos ímpios antes da vitória real das testemunhas de Deus. O Senhor manda um espírito de vida, pois ele é a verdadeira e única fonte de vida. Um tema constante nas Escrituras é o contraste entre a vida e a morte (Deuteronômio 30:15; Mateus 7:13-14; etc.). A vida é sempre ligada a Deus, e a morte sempre ligada ao pecado. A palavra vida aparece mais nos livros de João do que nos escritos de qualquer outro autor no Novo Testamento. João emprega esta palavra com um rico significado espiritual, a partir do prólogo de seu evangelho: “A vida estava nele e a vida era a luz dos homens” (João 1:4). A vida própria é uma qualidade divina: “Porque assim como o Pai tem vida em si mesmo, também concedeu ao Filho ter vida em si mesmo” (João 5:26). Jesus oferece a vida aos homens, dizendo: “Eu sou o pão da vida” (João 6:48) e oferecendo a água viva (João 4:10-11). Acrescenta: “Eu lhes dou a vida eterna” (João 10:28) e “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá” (João 11:25). Resumindo o seu papel essencial para a salvação dos homens, ele diz: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim” (João 14:6). “E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (João 17:3). Na sua primeira carta, João descreve Jesus como o “Verbo da vida” (1:1) e o identifica como “a vida eterna, a qual estava com o Pai e nos foi manifestada” (1:2). Sem o Pai e o Filho, a vida se torna impossível: “E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está no seu Filho. Aquele que tem o Filho tem a vida; aquele que não tem o Filho de Deus não tem a vida” (5:11-12). Ele disse que Jesus “...não só destruiu a morte, como trouxe à luz a vida e a imortalidade, mediante o evangelho” (2 Timóteo 1:10).
A vida vem de Deus.
Neles penetrou, e eles se ergueram sobre os pés: O espírito de vida enviado por Deus ressuscitou as testemunhas. A vitória da besta e dos perversos acabou! Que conforto aos discípulos do Senhor na Ásia ou em outros lugares onde a perseguição ameaçava matá-los! Poderiam até morrer, mas a morte não teria a vitória final sobre os fiéis. Eles são e sempre serão os vencedores (2:11). Este versículo serve para encorajar os servos de Deus em qualquer época, enfrentando qualquer ameaça do inimigo. Podem sofrer; podem até morrer. Mas, no final, ficarão de pé, vitoriosos!
E àqueles que os viram, sobreveio grande medo: A festa acabou! A vitória dos ímpios não durou, era falsa. Agora os perversos percebem que seu adversário é realmente invencível. Nem a morte segura os servos de Jesus! “Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?.... Graças a Deus, que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Coríntios 15:55-57). Os perseguidores têm todo motivo para sentir medo. Perderão!

Apocalipse 11:12 – e as duas testemunhas ouviram grande voz vinda do céu, dizendo-lhes: Subi para aqui. E subiram ao céu numa nuvem, e os seus inimigos as contemplaram.
As duas testemunhas ouviram grande voz vinda do céu, dizendo-lhes: Subi para aqui: Mais uma grande voz. As testemunhas ouviram esta voz, mas não sabemos se os adversários a ouviram. A voz chamou os servos vitoriosos a subirem para o céu. Missão cumprida!
E subiram ao céu numa nuvem: As testemunhas, depois de sua ressurreição, subiram como Jesus subiu (Atos 1:9). No Arrebatamento, os fiéis subirão “entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares” (1 Tessalonicenses 4:17).
E os seus inimigos as contemplaram: Que cena triste para os inimigos de Deus. As testemunhas, não contidas pela morte, agora somem de vez. A besta que surgiu do abismo e parecia tão forte se mostra incapaz de vencer os servos de Deus. O resto do livro mostrará, com mais detalhes, esta certeza da vitória dos fiéis sobre seus adversários ímpios. “Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé. Quem é o que vence o mundo, senão aquele que crê ser Jesus o Filho de Deus?” (1 João 5:4-5).
 “Como Jesus morreu nas mãos dos ímpios, assim morrerão seus servos. Como Jesus ressuscitou dentre os mortos, assim ressuscitarão seus servos. Como Jesus subiu ao céu e uma nuvem o encobriu dos apóstolos (At.1:9), assim seus servos subiram numa nuvem à vista de seus inimigos”.

Apocalipse 11:13 – Naquela hora, houve grande terremoto, e ruiu a décima parte da cidade, e morreram, nesse terremoto, sete mil pessoas, ao passo que as outras ficaram sobremodo aterrorizadas e deram glória ao Deus do céu.
Naquela hora, houve grande terremoto: Houve grande terremoto, e ruiu a décima parte da cidade, e morreram, nesse terremoto, sete mil pessoas: Já encontramos terremotos como símbolos do castigo divino. Este terremoto afeta a décima parte da cidade e causa a morte de 7.000 pessoas. Como as primeiras trombetas, este castigo também não é final e total, mas a retirada das testemunhas de Deus traz consequências graves para a cidade mundana, a sociedade dos ímpios. Grande terremoto – “Esse terremoto não é o final da História, porque ruiu apenas a décima parte da cidade. Deve ser entendido como o derramamento de um juízo parcial de Deus para conduzir os homens ao respeito de Sua Palavra”.
As outras ficaram sobremodo aterrorizadas e deram glória ao Deus do céu: Ficaram com medo, mas o texto não diz que se converteram. Nabucodonosor, impressionado com a interpretação do seu sonho por Daniel, reconheceu o Senhor como “o Deus dos deuses, e o Senhor dos reis” (Daniel 2:47) mas ainda fez a sua imagem de ouro e exigiu que os homens a adorassem (Daniel 3) e se exaltou ao ponto de ser humilhado por Deus (Daniel 4). É possível dar glória a Deus sem se converter a ele.
Agora volta-se o olhar para o que vai acontecer com o mundo ímpio antes do Juízo Final. O terremoto (símbolo de Juízo, Ap.6:12) golpeia uma parte dos ímpios e o restante dos ímpios vão dar glória a Deus, mas essa fala dos pecadores não é fruto de verdadeiro arrependimento, mas de medo do juízo que já está certo sobre suas vidas. Enquanto a Igreja proclama a Palavra de Deus, há tempo para a salvação, mas quando o Juízo Final for instaurado não haverá mais nenhuma possibilidade para isso. (Ap.19:11-21).

Apocalipse 11:14 – Passou o segundo ai. Eis que, sem demora, vem o terceiro ai.
O fim do primeiro “ai” foi em Ap.9:12 e aqui está o fim do segundo “ai”, agora começa o relato do significado do terceiro “ai” a sétima trombeta, o Juízo Final.

QUEM SÃO AS DUAS TESTEMUNHAS
Segundo alguns estudiosos estas duas testemunhas podem ser:

ELIAS – Esta testemunha teria o “poder para fechar o céu, para que não chova durante os dias da sua profecia; ...” Apocalipse 11:6 (primeira parte). Comparar com I Reis 17:1 – “Então Elias, o tisbita, que habitava em Gileade, disse a Acabe: Vive o Senhor, Deus de Israel, em cuja presença estou, que nestes anos não haverá orvalho nem chuva, senão segundo a minha palavra.” O profeta Elias tenazmente combateu a idolatria e a adoração aos falsos deuses.

MOISÉS – Esta testemunha teria o poder “sobre as águas para convertê-las em sangue, e para ferir a terra com toda sorte de pragas, quantas vezes quiserem.” Apocalipse 11:6 (última parte). Comparar com Êxodo 7:19 – “Disse mais o Senhor a Moisés: Dize a Arão: Toma a tua vara, e estende a mão sobre as águas do Egito, sobre as suas correntes, sobre os seus rios, e sobre as suas lagoas e sobre todas as suas águas empoçadas, para que se tornem em sangue; e haverá sangue por toda a terra do Egito.” O profeta Moisés recebeu as duas tábuas da LEI (Dez Mandamentos), escritas pelo próprio dedo de Deus e durante a sua vida defendeu o seu cumprimento. Moisés morreu, mas seu corpo nunca foi encontrado (Deut.34:6) e segundo a Bíblia o próprio Deus o enterrou.  No livro de Judas está escrito que satanás lutou com o anjo Gabriel pelo corpo de Moisés.

ENOQUE – Enoque andou com Deus e o Senhor o tomou para si, tipificando na pessoa de Enoque o arrebatamento da Igreja.

A PALAVRA DE DEUS – Simbolizando as testemunhas através do Velho e Novo testamento, os profetas e os apóstolos ou o Povo Judeu e a Igreja de Cristo.

Conclusão
Este texto bíblico deixa muito claro, portanto, que entre os toques da sexta trombeta (segundo “ai”) e a sétima trombeta (terceiro “ai”), haveria um período de espera. Tudo se encaixa perfeitamente, pois, de acordo com Apocalipse 10:11, haveria um tempo em que o remanescente povo de Deus receberia a incumbência de profetizar novamente a muitos povos, e nações, e línguas, e reis.

Durante esse período de espera, fatos de grande relevância deveriam ocorrer, os quais teriam como objetivo sinalizar o breve retorno de nosso Senhor Jesus Cristo.

A segunda parte do capítulo 11 do livro de Apocalipse (ver Apocalipse 11:15-19) faz referência às majestosas cenas que ocorrerão ao toque da sétima trombeta. Ela anunciará a queda de todos os reinos do mundo e a tão esperada volta de Cristo. Esta é a maravilhosa e inconfundível certeza: “Os reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do Seu Cristo, e Ele reinará pelos séculos dos séculos.” Apocalipse 11:15.

No auge da última e decisiva guerra do Armagedom (sexta praga), todos os inimigos de Deus serão aniquilados e os reinos do mundo serão entregues ao nosso Senhor Jesus Cristo. O Apocalipse confirma a presença e atuação do dragão, da besta e do falso profeta nesta última batalha (Apocalipse 16:13 e 14; 19:11-21).

O apóstolo Paulo diz: “Eis aqui vos digo um mistério: nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao som da última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos serão ressuscitados incorruptíveis. E nós seremos transformados.” I Coríntios 15:51 e 52.

Aos tessalonicenses o apóstolo Paulo tem declarado o seguinte: “Porque o Senhor mesmo descerá do céu com grande brado, à voz do arcanjo, ao som da trombeta de Deus, e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro.” I Tessalonicenses 4:16.

Portanto, ao soar a última trombeta, os justos mortos serão ressuscitados e os justos vivos serão transformados.

O profeta Daniel assim descreve esse grandioso evento, ao revelar o sonho do rei Nabucodonosor:

“Estavas vendo isto, quando uma pedra foi cortada, sem auxílio de mãos, a qual feriu a estátua nos pés de ferro e de barro, e os esmiuçou. Então foi juntamente esmiuçado o ferro, o barro, o bronze, a prata e o ouro, os quais se fizeram como a pragana das eiras no estio, e o vento os levou, e não se podia achar nenhum vestígio deles; a pedra, porém, que feriu a estátua se tornou uma grande montanha, e encheu toda a terra. ...Mas, nos dias desses reis, o Deus do céu suscitará um reino que não será jamais destruído; nem passará a soberania deste reino a outro povo; mas esmiuçará e consumirá todos esses reinos, e subsistirá para sempre.” Daniel 2:34, 35 e 44.

Diz também a Palavra de Deus que, ao soar a sétima trombeta “abriu-se o santuário de Deus que está no céu, e no seu santuário foi vista a arca do seu pacto; e houve relâmpagos, vozes e trovões, e terremotos e grande saraiva.” Apocalipse 11:19. Esta cena é descrita novamente quando o sétimo anjo derramar a sua taça no ar: “...e saiu uma grande voz do santuário, da parte do trono, dizendo: Está feito. E houve relâmpagos e vozes e trovões; houve também um grande terremoto, qual nunca houvera desde que há homens sobre a terra, terremoto tão forte quão grande; ...e sobre os homens caiu do céu uma grande saraivada, pedras quase do peso de um talento; e os homens blasfemaram de Deus por causa da praga da saraivada, porque a sua praga era mui grande.” Apocalipse 16:17-21.

Os textos de Apocalipse 11:19 e Apocalipse 16:17-21 tratam do mesmo evento. Ao som da sétima trombeta dar-se-á a volta de nosso Senhor Jesus, a queda total das nações, a recompensa dos santos e a implantação do Reino Milenar de Cristo.

OUTRAS INTERPRETAÇÕES
Quem são as duas testemunhas apresentadas no livro do Apocalipse, capítulo 11 e o que revelam as Escrituras Sagradas quanto ao contexto histórico ao qual estão inseridas?

Algumas respostas apresentam que as cenas que estão descritas na primeira parte do capítulo 11 do livro de Apocalipse (ver Apocalipse 11:1-14) é uma continuação do período histórico da sexta trombeta. O texto faz referência ao último período profético, quando ocorreram as mais cruéis perseguições contra o povo de Deus (ver Apocalipse 11:2 e 3). Durante este período a Palavra de Deus descreve a exaltação das duas testemunhas. Elas iniciaram o seu testemunho em 538 d.C., quando o povo de Deus foge para o deserto, e terminaram em 1798 d.C., data em que houve o aprisionamento do líder da igreja romana. A respeito desse período é nos dito o seguinte: “E concederei às minhas duas testemunhas que, vestidas de saco, profetizem por mil duzentos e sessenta dias” Apocalipse 11:3.

As ações do povo de Deus em defender os ensinamentos dos profetas e preservar a eterna lei do Senhor durante esse período, também conhecido como “idade média”, foram comparadas à atuação destas duas testemunhas, identificadas como “profetas”, conforme Apocalipse 11:10, as quais no passado atormentaram os habitantes da terra. Não foi por um acaso que as duas testemunhas tiveram destaque durante o ministério de Jesus, ao serem vistas por três de Seus apóstolos em uma visão do futuro reino milenar de Cristo (ver Mateus 16:28; 17:1, 3 e 9). Com os mesmos ideais que as duas testemunhas tiveram quando enalteceram a eterna lei de Deus e quando combateram a idolatria, assim também o povo de Deus prossegue anunciando o verdadeiro Evangelho aos que habitam sobre a Terra.
Outra interpretação está no livro “O Grande Conflito” de Ellen , baseado em Apoc. 11:19 “Abriu-se o santuário de Deus que está no céu, e no seu santuário foi vista a arca do seu pacto; e houve relâmpagos, vozes e trovões, e terremoto e grande saraivada”.
Abriu-se o santuário – “As palavras de São João no sentido de que ‘abriu-se… o santuário de Deus, que se acha no Céu, e foi vista a arca da aliança no Seu santuário’, descrevem o lugar santíssimo, pois era ali que a arca estava. Foi ali que Jesus entrou ao se cumprirem os 2.300 dias, em 1844, o que nos permite entender que a partir dessa época entramos no período da sétima trombeta. Quando Cristo sair do lugar santíssimo, terão terminado o juízo investigativo, Sua obra mediadora e o tempo da graça, e terão lugar as bodas do Cordeiro.” – SRA/EP, p. 134.
“O começo do julgamento que precede o Segundo Advento. …’A arca do concerto de Deus está no santo dos santos, ou lugar santíssimo, que é o segundo compartimento do santuário. No ministério do tabernáculo terrestre, que servia como ‘exemplar e sombra das coisas celestiais’, este compartimento se abria somente no grande dia da expiação, para a purificação do santuário. Portanto, o anúncio de que o templo de Deus se abrira no Céu, e de que fora vista a arca de Seu concerto, indica a abertura do lugar santíssimo do santuário celestial, em 1844, ao entrar Cristo ali para efetuar a obra finalizadora da expiação. Os que pela fé seguiram seu Sumo sacerdote, ao iniciar Ele o ministério no lugar santíssimo, contemplaram a arca de Seu concerto. Como houvessem estudado o assunto do santuário, chegaram a compreender a mudança operada no ministério o Salvador, e viram que Ele agora oficiava diante da arca de Deus, pleiteando com Seu sangue em favor dos pecadores.” – O Grande Conflito, p. 433.
Outra mais recente interpretação baseada  no Livro de Daniel 8:9-16, onde fala sobre o “peque no chifre”  interpretam que este evento também se refere aos 2300 dias. O pequeno chifre não é Epifânio, o imperador de Roma, mas o surgimento do Império Romano em 280 a.C que são as pernas da estátua de Nabucodonozor (visão do livro de Daniel) e que este chifre cresce para o sul indicando a Grécia se expandindo por toda a Europa, indo ao oriente até a terra formosa (Jerusalém), isto é, os romanos declarando guerra contra os gregos que se iniciou em 280 a.C. e terminara em 272 a.C. que matematicamente associado ao ano de 2020 soma-se os 2300 dias ou em anos conforme Ez.4:6, Num.14:34. Esta interpretação ainda sugere que o arrebatamento da igreja acontecerá no mês de Nisã, ou seja, no mês de Abril, na primavera (Cant.2:11-13) onde Jesus virá buscar sua noiva, o filho varão (a Igreja) conforme Gn 18 e Ap.12:5. No ano 280 a.C. também foi feito a primeira tradução da Bíblia do hebraico para o grego que se chamou Septuaginta, se referindo as duas testemunhas segundo estas interpretações. Segundo esta interpretação o arrebatamento acontecerá em 08 de abril de 2020. (280 + 2020 = 2300).
Após as duas testemunhas serem exaltadas nos é dito: “E passado o segundo ai; o terceiro ai cedo virá.” Apocalipse 11:14.

Observação:
 Se estas interpretações forem verdadeiras então estamos vivendo o Período da Tribulação, e o que dizer então da visão que João teve das 7 Igrejas (Apoc. 2-3), visto que depois desta visão, no Cap.4:1, o Apóstolo é levado para o céu e uma voz lhe diz que mostrará o que deve acontecer depois destas coisas, que no meu entender  depois desta coisas”, estava se referindo as coisas que deveriam acontecer depois do arrebatamento da igreja, fatos estes que ocorrerão depois do período das 7 Igrejas aqui na terra. Como ainda estamos vivenciando este Período da Era da Igreja, só posso discordar com esta teoria, e se de fato estamos vivendo o Período da Tribulação, então o Arrebatamento da Igreja já aconteceu. A pergunta que fica então é: Em que período descrito no Livro de Apocalipse estamos vivendo então???