sábado, 26 de setembro de 2015

E S T U D O S A D I C I O N A I S D O S L I V R O S H I S T Ó R I C O S

E S T U D O S    A D I C I O N A I S

R   E   I   N   O     D I V I D I D O    E     O S    P R O F E T A S

Temos estudado a história de Israel até a instalação do Reino, na sua fase unida, na qual Salomão foi o último dos reis que dominaram todas as tribos e com a morte deste rei houve uma divisão nas 12 tribos de Israel, que estão registrados nos Livros de Reis e Crônicas. Também estudamos a vida do povo de Israel e Judá em cativeiro pelo Império Babilônico e Assírio, como também a volta do cativeiro e sua restauração.
Neste estudo, porém devemos entrosar a leitura desses livros com os livros proféticos do velho testamento, pois muitos desses profetas foram contemporâneos dos reis. A leitura da Bíblia como é feita no geral, não se torna clara por falta desse entrosamento. Qual melhor hora de ler o livro de Isaias, senão a hora em que estamos lendo, em Reis e Crônicas, as circunstâncias históricas em que se viveu? Seria possível estabelecer uma ordem de leitura conveniente? Talvez não seja possível estabelecer um quadro perfeito, mas apresentamos a seguir um quadro que, ao menos aproximadamente, resolve o assunto. Nesse quadro a leitor encontrará em cada coluna a indicação paralela dos textos em Reis e Crônicas que se referem à mesma fase histórica, bem como o nome dos profetas que devem ser lidos na mesma ocasião.
Mas como se poderá perceber de início, o homem central de cada período é um profeta (tenhamos ou não algum livro na Bíblia deixado por ele). Ou um sacerdote, enfim, um homem de Deus. A preocupação do leitor não se deve ser de guardar na memória os nomes dos reis que aparecem em grande quantidade, mas a de perceber como esses reis se classificam em duas categorias: os que colaboraram com os homens de Deus para a implantação dos propósitos divinos, e os que se opuseram a isso.
Os nomes dos profetas devem ser guardados, sendo que cada um deles domina a fase da história do Reino Dividido, durante o Cativeiro, e após o Cativeiro até a Restauração desse povo de Deus. Alguns desses nomes, como o Profeta Elias, Eliseu já foram citadas suas biografias durante a leitura desses livros e o que importa e acompanharmos agora, o grande drama da ação de Deus no mundo por meio dos Israelitas e a ação de Deus entre os Israelitas por meio dos profetas.
QUADRO DE LEITURA 01 :
·         REIS DE ISRAEL –  JEROBOÃO, NADABE, BAASA, ELA, ZIMRI, OMRI, ACABE (Reis que não andaram no caminho do Senhor, e fez Israel pecar – I Reis 14.16)
·         REIS DE JUDÁ – ROBOÃO, ABIAS, ASA (Anda em Judá havia boas coisas – II Crôn. 12.22)
·         PROFETAS desse período: SEMAIAS (II Crôn. 12), AIAS (I Reis 14), JEU (I Reis 16), MICA (I Reis 22), ELIAS
QUADRO DE LEITURA 02 :
·         REIS DE ISRAEL – ACAZIAS, JORÃO, JEÚ, JOACAZ, JOAZ JEROBOÃO II
·         REIS DE JUDÁ – JORÃO, ACAZIAS, JOÁS, AMAZIAS. UZIAS
·         PROFETAS desse período: AMÓS (Amos 1.1), JONAS (II Reis 14.25), ELIZEU
Os profetas descritos no QUADRO 01. São contemporâneos do Profeta Elias, enquanto os descritos no QUADRO 02, são contemporâneos do Profeta Eliseu. Os contemporâneos do Profeta Elias profetizaram durante o tempo em que as Tribos de Israel estavam divididas, e os contemporâneos do Profeta Eliseu , foi um período em que se inicia a profecia escrita, isto é trata-se da ameaça da Assíria sobre Israel, feitas principalmente por Amós e Jonas.
Informações que procedem II Reis 2 referem-se a Elias, e as que vem depois, dizem respeito a Eliseu. Dois grandes profetas. No período de Elias, o rei que dominou no reino de Israel, ao norte foi o mau Acabe, e o rei que dominou no sul foi Asa que reinou dezenas e dezenas de anos e foi um bom rei.


PROFETA AMÓS

MENSAGENS AO REINO DE ISRAEL, SOB  A AMEAÇA DA ASSÍRIA
·         Amós apesar de roceiro, vai ao Reino do Sul e Norte
·         Endereço da mensagem: Ás nações (1), A Judá (12), mas sobretudo, a Israel (3.4)
·         A essência da mensagem: CATIVEIRO - repreender (5-6), símbolo do cativeiro (locusta, fogo, prumo, 7-9)
·         Consequências do Cativeiro: Ruína (9)
·         Remédio para o Cativeiro: Promessa de Libertação (9)


PROFETA JONAS

MENSAGEM AO REINO DA ASSÍRIA QUE AMEAÇA ISRAEL
·         A fuga: Peixe (1), Jonas apesar de medroso vai do ocidente ao oriente
·         A oração: (Compilação (2)
·         A pregação: 40 dias (3)
·         A contenda: Aboboreira (4)
·         Comparar: (Lam. 3.55, Salmos 31.22, Salmos 41.7)

O LIVRO DE AMÓS
O Livro de Amós tem 11 capítulos e seu conteúdo está indicado, no quadro, através de algumas palavras chaves, depois de chamar a atenção àqueles à quem dirige a palavra, lembrando-lhes o perigo de sua impiedade então apresenta a mensagem propriamente dita, que pode ser sintetizada nesta expressão: “O perigo do Cativeiro”. No reino do Norte a vida independente durou apenas mais um período, o de Isaias, embora o do Sul tenha vivido mais dois períodos, o de Elcias e o de Jeremias, além do de Isaias.
No segundo período do reino unido, já estava sendo dado o brado de alarme.  Qual é a razão do perigo do cativeiro? (Cap. 5 e 6). A ruína de Israel se deve ao fato de Israel estar desprezando a Palavra de Deus. A mensagem é sempre mais veemente ao cativeiro primeiro, porque ali a corrupção lavrou muito mais intensamente. Seguem-se três capítulos em que aparecem símbolos: Um é o da “locusta”, o outro do “cesto”, e outro do “fogo”. A mentalidade oriental é vívida nesta questão de símbolo. Dissemos ainda à pouco, que o reino dividido, na parte norte, se corrompera depressa e assim Deus estava para trazer o cativeiro prematuro, como estava prematuramente a praga dos gafanhotos. A multidão de gafanhotos está naturalmente representando o exército de estrangeiros. O prumo é o símbolo da retidão. Não se pode ter equilíbrio fora do prumo. Esta é a advertência. É muito sugestiva a imagem. Assim o cesto de frutas de verão, significa colheita. Mais comum, porém, não menos forte é a imagem do fogo, hora de ajustes, destruição e purificação.
No final do último capítulo diz: “Removerei o cativeiro do meu povo Israel, e reedificarei as cidades assoladas e nelas habitarão, plantarão vinhas, beberão vinho, farão pomares e comerão seus frutos e os plantarei na terra, não serão mais arrancados da sua terra que lhes dei, diz o Senhor”. É realmente bela a nota final de esperança.

O LIVRO DE JONAS
O Profeta Jonas é da mesma época de Amós. “Palavras do Senhor a Jonas, filho de Amitai, dizendo: Levanta-te, vai à cidade de Nínive...”. O Livro de Jonas é muito mais conhecido, por ser a história pitoresca e até exótica. O resumo é muito simples: O Cap. 1º trata-se da fuga, o Cap. 2º, a história do peixe, o 3º a pregação de Jonas, “Dentro de 40 dias trará...”. Foi Jonas à Nínive e entregou a mensagem. No Cap. 4º registra a contenda. Jonas estava todo aborrecido de Deus ter perdoado Nínive. E então, através do símbolo da aboboreira, Deus repreende o profeta por causa de seu estranho e extremo desgosto. O que há de mais interessante é o Cap. 2º. Contém uma oração de Jonas no ventre do peixe. “Na minha angústia clamei ao Senhor e ele me respondeu: do ventre do inferno gritei e tu ouviste a minha voz, pois tu me lançaste no profundo dos mares”... e quando procuramos as referências, vemos que há nessa oração um conjunto de citações, em Lamentações 3.55, Salmos 41.7 e Salmos 31.22.
Podemos identificar a época em que Jonas viveu foi no reinado de Jeroboão II, que começou a reinar no décimo quinto ano de Amazias, filho de Joás, Rei de Judá. O Profeta Eliseu estava vivo e Amós já devia também estar escrevendo seu livro, assim como também o Profeta Jonas.



O PROFETA ISAIAS

Todo um período da história do reino dividido gira em torno do nome de Isaias. Temos no cronograma abaixo, a indicação das passagens nas quais informações sobre este período, a saber em II Reis 15 a 20 e II Crônicas 27 a 32, descritos também os reis do Norte e do Sul. No início do Livro de Isaias (1.1), se refere aos reis Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias, reis de Judá. Isaias 6.1 diz: “No ano em que morreu o rei Uzias. Alcançou depois os reinados de Jotão e de Acaz que foram reinados curtos. O rei que mais tempo reinou, nesta fase e com o que mais se relacionou a vida do profeta foi Ezequias.
 O reino do Norte foi mal servido de reis. Um reinou seis meses, o outro apenas um mês. Estes reis não se apartaram “dos pecados de Jeroboão, filho de Nadabe, que fez pecar Israel”. A séria que prossegue é característica, justamente por se tratar apenas de conspirações. Porque veio Salum e matou Zacarias? Porque veio Manahem e matou Salum? Porque veio Peca e matou Pecaia? Porque veio Oséias e matou Peca? Porque foi ele levado para o cativeiro? A não ser um deles. Que reinou dez anos, e que, afinal de contas, foi sucedido pelo próprio filho, os mais, neste período, subiram e desapareceram por “conspirações”. O reino do Sul, pelo contrário, se caracteriza por reformas, embora nem todos os reis do Sul fossem notáveis, ao menos Uzias e Ezequias se notabilizaram por uma atitude mais conservadora dos valores espirituais e fizeram resistência à intromissão de cultos estranhos. Não seria possível aos reis do Norte oferecer resistência aos ataques de Salmanazar, porque seus reis viviam conspirando e enfrentando conspirações. O cativeiro foi inevitável no reino do Norte.
O rei mais influente dos contemporâneos do profeta Isaias foi Ezequeias e este o que mais reinou no reino do Sul. Sua vida é relatada nos livros históricos e também no Livro de Isaias (II Reis 18.19, Isaias 36.39). Há uma correspondência impressionante entre o testemunho desses dois livros e fatos extraordinários com a influência do profeta Isaias em auxilio ao Rei Ezequias.

CRONOGRAMA DO PERÍODO DO PROFETA ISAÍAS
REINO DE ISRAEL Série de Conspirações – Invasão de Salmanazar (II Reis 17)
·         UZIAS – JOTÃO – ACAZ - EZEQUIAS
REINO DE JUDÁSérie de Reformas – Resistência a Senaqueribe (II Reis 18,19)
·         ZACARIAS – SALUM – MANAHEM – PEKAIA – PEKA - HOSÉIAS
PROFETAS DESSE PERÍODO
·         OSÉIAS – MIQUÉIAS – ISAIAS

O Profeta Isaias deve ter morrido bem velho para poder ter alcançado parte do reinado de Ezequias, visto que começara a profetizar quando morreu Uzias (6.1). Isaías teve Oséias como contemporâneo na primeira parte de sua vida e Miquéias, na última parte. Na época em que Isaías viveu a prosperidade tinha significação não puramente terrestre, mas também espiritual. Entre os orientais e mais especialmente os israelitas, as bênçãos materiais eram tomadas como bênçãos espirituais. A prosperidade era índice de bênção de Deus, assim também a saúde, a longevidade. Os filhos eram sempre apresentados como bênçãos. A mulher estéril sofria tremendamente por causa do juízo alheio, sua esterilidade era índice de maldição. Do ponto de vista mais amplo, a independência nacional, a possibilidade de uma sobrevivência como povo, era um índice de aprovação divina e o desaparecimento do povo de Israel levado cativeiro serviu de lição e teve profunda significação na vida de Israel.
Para entendermos estes fatos a leitura da Bíblia deve ser feita paralelamente e neste caso além dos trechos de Reis e Crônicas indicados no esquema abaixo, devemos ler Isaías e seus contemporâneos, Oséias e Miquéias. Pois é a mesma época, os mesmos reis, a mesma população, os mesmos problemas e as mesmas advertências.

CONTEMPORÂNEOS DO PROFETA ISAÍAS
·         OSÉIAS - O PECADO, simbolizado pela prostituição (1-3) é a triste realidade, Israel peca (4), Chefes são responsáveis (5), Efraim e Samaria são exemplos (6-7).
·         MIQUÉIAS – O PECADO, comparável à prostituição (1.7) é o motivo das ameaças divinas (1-2).
·         OSÉIAS – O CASTIGO vira pela mão da Assíria e das nações (8,9-10), Capítulos 8-13, Há esperança messiânica (11.1):” Do Egito chamei meu filho”.
·         MIQUÉIAS – O CASTIGO virá pela mão da Assíria e das nações (5.5-7), Capítulos 3-6, Há esperança messiânica (5.5): “De Belém sairá o Senhor de Israel”.
·         OSÉIAS – O ARREPENDIMENTO pode, contudo, trazer perdão. “Serei para Israel como orvalho”, Capítulo Final (14)
·         MIQUÉIAS – O ARREPENDIMENTO pode trazer o perdão, “Os pecados serão lançados à profundezas do mar”, Capítulo Final (7).
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O PROFETA OSÉIAS

O Profeta Oséias se apresenta como a esposa de Israel que quer resgatá-la do meio da prostituição “do meio das nações pecaminosas”. O povo de Israel havia caído em pecado e por isso estava sendo alertado para que se arrependesse, caso contrário seria levado cativeiro. O povo era infiel para com Deus, mas Deus estava disposto a perdoar a nação israelita, mas era preciso que houvesse arrependimento, que tivesse disposta a receber o perdão, e mediante arrependimento poderia voltar para casa. Oséias pregou para a nação de Israel uma mensagem de arrependimento humano e que o povo se voltassem para Deus. Oséias mostra a situação deprimente em que o povo se encontrava e esta foi a razão porque Deus está prometendo o castigo (Cap.4,5,6,7), e a atitude divina se condiciona as atitudes humana do povo (Cap.8,9). Se o povo não se arrepender, Deus então trará o castigo. Apesar de tudo, a última palavra do Senhor é sempre a melhor possível: “Serei para Israel como orvalho”, “florescerá como o líbano”, “espalhará suas raízes”, será como lírio”, “estenderão suas vergônteas e a sua glória será como a da oliveira, e o seu odor como o do líbano” Cap.14.



O PROFETA MIQUÉIAS

Miquéias tem apenas a metade de capítulos de Oséias. A natureza de sua mensagem não difere. Deus considera o idólatra como alguém que comete prostituição (1.7). É uma infidelidade que Deus não desculpa. Israel fora um povo para ser separado e atrás desse desvio idólatra, vinham todos os inconvenientes, porque fora do culto verdadeiro não há resistência moral e os cultos pagãos eram acompanhados de toda sorte de imoralidade. Se compararmos os capítulos inicias de Oséias, Miquéias e Isaías, verificamos que a decadência e costumes é do mesmo teor, a polêmica com o povo surge igualmente (6,7). O término desse livro é exatamente igual ao de Oséias. Se houver arrependimento, haverá perdão, e havendo perdão, reconciliação, se não houver, então castigo. A apoteose dessa mensagem é que Deus “lançará todos os nossos pecados nas profundezas do mar”.



ELCIAS – O SACERDOTE QUE SALVOU O REINO

O quadro geral do Reino Dividido, tem Isaías por centro. Dois homens o precedem: Elias e Eliseu, e dois o sucedem: Elcias e Jeremias.  O período e Elcias é aquele em que a ação divina se faz sentir através do grande sacerdote. Não foi um período de grande número de anos, aparece em poucos capítulos (II Reis 21 a 23 e II Crônicas 33 a 35). O reino de Israel fora levado cativeiro e estes eventos acontecem no Reino do Sul, com os reis Manassés, Amon e Josias. Manassés. Filho de Ezequias embora tivesse tido tal pai, foi um mau rei no princípio de seu governo. Os registros de II Reis 21 e II Crônicas 33, comprovam isso. Apesar da situação desastrosa, Deus soube dar lição a Manassés, e ele soube recebe-la. Foi levado ao cativeiro e lá humilhado, mas arrependeu-se e voltou do cativeiro e ainda conseguiu terminar seu reinado de modo satisfatório. O filho dele teve um reinado rápido. “Não se humilhou como Manassés, seu pai”. Foi assassinado. Diz o texto: Conspiraram contra ele os seus servos e o mataram na sua casa”.... O terceiro rei do período foi Josias, que levou a cabo interessante reavivamento.
Focalizemos a atenção sobre o rei Josias e o sacerdote Elcias (II Cron. 34). No 8º de sua vida, Josias começou a reinar e no 8º de seu reinado, houve um despertamento espiritual. Isto quer dizer (8+8=16), por isso diz: “No ano 8º de seu reinado, sendo ainda moço”... Aos 16 anos ele estava vivamente impressionado com a situação espiritual sua e de seu povo, e começou a buscar o Deus de Davi, seu pai. No duodécimo ano, começou a purificar Jerusalém e aos 26 anos a reparação do templo. Nesta época o sumo-sacerdote Elcias acha o Livro da Lei este foi um grande acontecimento. No 8º reinado houve grande despertamento grandioso na espiritualidade do povo de Israel pela Palavra de Deus ocasionando um grande movimento religioso, como não houvera desde os tempos do Profeta Samuel, nem mesmo durante todo o tempo de Saul, de Davi, de Salomão, nem durante o período do Profeta Elias, Eliseu e Isaias. Este foi um período menor em extensão, mais muito superior aos outros períodos nas suas considerações.
PERÍODO DO SACERDOTE ELCIAS E DO PROFETA SOFONIAS
REINO DE ISRAEL –  Não houve reis, Israel fora levado em cativeiro
REINO DE JUDÁ -  AMOM – MANASSÉS – JOSIAS
PROFETAS – SOFONIAS – ELCIAS
ACONTECIMENTOS –  Nos tempos de Elcias -Abolição da idolatria, Reparação do Templo, Helcias acha o Livro, Renovação do Pacto, Celebração da Páscoa,  Guerra contra o Egito
ACONTECIMENTOS – Nos tempos de Sofonias – Dia de Jerusalém, Dia das Nações (urtiga, angústia), Dia de Sião (remanescentes)



O PROFETA SOFONIAS

O Profeta Sofonias profetizou nos dias de Josias, filho de Amon, rei de Judá (1.8), no mesmo período de Elcias. Este Livro tem apenas três capítulos. Sua análise é muito fácil, pois se lembrarmos que o cativeiro já viera para o Reino do Norte e que estavam frescas as impressões de sua queda, verificamos como apelos ao reino do Sul e deveriam ser veementes. Israel já se foi e Judá correndo o mesmo perigo, ou Judá se firma (e Deus promete neste caso a libertação), ou não se firma e o dia do Senhor virá fatalmente. O primeiro capítulo ressalta a importância de Judá tomar tento, “se chegou o dia de Israel, poderá chegar o dia de Judá também”, o dia do Senhor, ou seja, o dia do juízo, do castigo, do ajuste de contas. Sofonias intensifica a ideia de que Deus terá de destruir a Israel e a Judá como povo, mas isto não significa que vai desaparecer a linhagem espiritual, pois alguns serão sempre fiéis e sobreviverão sob qualquer circunstancias, no sentido espiritual, embora a independência nacional desapareça. As promessas do Senhor vão permanecer, o seu remanescente (Sof. 3.13-14). A palavra Israel está sendo tomada aí no sentido lato, não no sentido restrito das Dez Tribos.  “Exulta de todo o teu coração, ó filha de Jerusalém”. O Livro de Sofonias é curto, mas as mensagens de exortação, são empolgantes. A veemência da mensagem é intensificada ao período seguinte da história. Será o último período de vida independente de Judá.



JEREMIAS – O PROFETA DA QUEDA

Estamos percorrendo os cinco períodos do Reino Dividido, e estudando cada um deles, tendo por centro de interesse um homem de Deus. São eles: Elias, Eliseu, Isaías, Elcias e Jeremias. Veremos agora o quinto e último, o do Profeta Jeremias. O Livro de Jeremias não aparece na Bíblia em ordem cronológica, e é visto com passagens que se misturam com o conteúdo biográfico, a sua compreensão se torna  mais difícil. Como então estabelecer esta ordem. Sugerimos o seguinte:
1º - No tempo de Josias – Cap.1-12, além da chamada do Profeta e do anuncio da invasão iminente  há as primeiras mensagens do Profeta junto ao Templo, que fora restaurado por Josias. Este foi um período da meninice e juventude de Jeremias. Jeremias era filho de profeta, da cidade de Anathoth e criado em ambiente religioso e suas mensagens foram direcionadas as autoridades civis e religiosas, e com grande energia moral.
2º - No tempo de Joaquim – Cap. 13-20. E ainda os de 35,36 e 45. Trata-se da luta do Profeta contra o próprio rei e príncipes havendo no Cap. 35 o incidente dos Recabitas, os quais constituíam uma espécie de ordem religiosa, contrária a todo uso de bebida forte. Os Caps. 36 e 45, tratam do incidente da queima do rolo do Livro de Jeremias. O Rei Joaquim, tendo tido notícia do livro que registrava tremendas verrinas contra a situação política, mandara atirar ao fogo todo o escrito profético, mas Jeremias, contudo, recebeu ordem divina de repetir as mensagens. Segundo nos contam a Escritura, não apenas rescreve todas as mensagens como escreveu ainda outras, tendo a seu serviço um amanuense.
3º - No tempo de Zedequias – Cap. 21 e 27 e mais os 28, 34, 37, 38 e ainda 30 e 33 a que faremos referência especial. Trata-se de mensagem sobre o cativeiro e as acompanhantes promessas de restauração, estas especialmente registradas nos últimos capítulos (30 a 33), e muitas dessas mensagens escritas em sentido figurado, como por exemplo, as do cinto e do oleiro. Contudo o ensino essencial desse período é a respeito da possibilidade da restauração.
4º - Depois da Queda – Cap. 29 – Trata-se de uma carta do profeta aos que se achavam dispersos no cativeiro. A este respeito convém fazer uma comparação do texto referido (29), com o de Esdras 1.1. De fato, Esdras escritor do tempo da restauração, se refere a Jeremias, como o profeta que falava do cativeiro e do tempo que o povo teria de permanecer nele. Fala consequentemente da restauração, visto que delimita o tempo do castigo.
5º - O Desfecho – Caps. 39, 44 e mais 52. Trata-se de uma rebelião final, ocorrida em Jerusalém, levada a eleito por parte de remanescentes que sob as ordens de Gedalías, tomaram a iniciativa de fugir para o Egito, Era naturalmente o medo de uma represália dos poderes do Oriente e um esforço de encontrar abrigo. Ali talvez tenha morrido, porque já nesta época devia ser bem velho. Não conhecemos as circunstâncias dos últimos dias desse profeta, que é chamado o Profeta da Queda, ou também, “Profeta das Lamentações”. Convém lembrar que há nas Escrituras, o livro chamado “Lamentações”. Um livro de poesia, escrito com grande sentimento, essas Lamentações de Jeremias, refletem toda a situação de uma época como a que estavam vivendo os israelitas, um período de decadência, de declínio inflexível, de extinção da nacionalidade.
6º - Mensagem às Nações – Caps. 46-51 – Estas não constituem parte daquela ordem cronológica que procuramos descrever até agora, mas são um conjunto de mensagens a diversas nações. O Deus que agora entregou os israelitas às nações, era o senhor dessas mesmas nações, a saber: Egito, Filístia, Moabe, Amom, Edom, Damasco, Quedar, Azor, Alão e Babilônia. Estas mensagens se explicam pela situação geral da época, e não por uma fase especifica da vida do profeta. Tais nações vinham sendo um látego divino contra a nação israelita. Jeremias não é um homem medroso, poltrão como havia sido chamado, mas antes um homem que tem perspectiva diferente dos políticos enfezados do seu tempo. Só assim podemos compreender a grandeza desse profeta que foi atirado ao poço, sujeito às calúnias de Pashur e aos caprichos do Rei Joaquim, revela ter visão ampla da história, compreende que, no jogo da história, um Senhor que realmente guia os líderes e movimenta as nações.

CONTEMPORÂNEOS DO PROFETA JEREMIAS
·         REI DE ISRAEL – Não houve reis, Israel fora levado em cativeiro
·         PROFETAS – Nahum (Naum 1.1), Habacuque (Hab. 1.4), JEREMIAS
·         REIS DE JUDÁ – Joacaz, Eliakim (Mudou o nome para Jeoaquim), Joaquim (Levado em Cativeiro), Matanias (Mudou o nome para Zedequias)
Os contemporâneos do Profeta Jeremias foram Nahum e Habacuque, e quanto aos reis de Israel, não havia (Israel fora levado ao cativeiro), e quanto aos reis de Judá são estes: Joacaz, Jeoaquim, Joaquim, seu filho, levado em cativeiro e finalmente Zedequias, (II Reis 24.17 e 25.7). Neste período de decadência final da vida de Judá, como nação independente, deve incluir a apresentação dos dois outros profetas contemporâneos de Jeremias, e o conteúdo de ambos estes livros não são longos.



O PROFETA NAUM

O profeta Naum destaca a demonstração prática de como Deus é o Senhor da nações, pois não tinha sido a própria Assíria que conquistara Israel? Que levara em cativeiro os componentes do Reino do Norte? Não era ela agora que estava sofrendo nas mãos dos conquistadores do Sul da Mesopotamia? Esta mensagem constituía grande consolação para os que viam a espada de Nabucodonozor descer sobre a cidade de Jerusalém. O que acontecera com Salmanazar e Senaqueribe, acontecia também com Nabucodonozor, ainda que no momento, todas as indicações parecessem em contrário.



O PROFETA HABACUQUE

Muito semelhante era a mensagem de Habacuque. Dirige-se ele, não ao reino do Norte da Mesopotamia, a Assíria, mas ao Reino do Sul da Mesopatamia, à Caldéia, agora vitoriosa. Nabucodonozor entraria triunfalmente sobre Jerusalém. Os Caldeus são considerados uma nação amarga e o castigo devido a própria iniquidade a nação será destruída. A confiança em Deus, o Senhor das nações, é o ponto chave. Deus é o Senhor. (Hab.3.17-18), Esta é a grande mensagem do Livro de Habacuque; “Portanto ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vida, o produto da oliveira minta, os campos não produzam mais mantimentos, as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja vacas, todavia eu me alegrarei no Senhor, exultarei o deus da minha Salvação”.



PROFETAS DO CATIVEIRO
Iniciamos este capítulo fazendo retrospecto e esclarecendo certa relação dos períodos da História de Israel. A maneira de fixar os grandes acontecimentos do Reino dividido é este: Elias, o iniciador da era profética; Eliseu, que tomou a capa de Elias; Isaias, o profeta evangélico; Elcias, o Sacerdote que descobriu a Lei; e Jeremias, o Profeta da Queda. Como percebemos, toda ênfase recai sobre o papel da profecia, a proclamação da Palavra de Deus. O reino estava dividido, depois em decadência, e veio a se desfazer no cativeiro. Deus rompia a organização nacional para salvar a vocação espiritual de Israel.
Tomamos como partida a morte de Salomão, em 930 A.C, o período de Elias, até a morte de Acabe, vai a 860 A.C. O de Eliseu vai até o grande terremoto, em 750 A.C, e a Bíblia de fato faz menção ao grande terremoto, evento em que um dos grandes pontos de referência da história. O período seguinte vai até Ezequias, com a invasão de Senaqueribe, em 720 A.C. Segue-se o período que termina com a reforma do Templo, por ordem de Josias, que ocorreu em 630 A.C. O último período foi da reforma do Templo até a invasão de Nabucodonozor, em 580 A.C. Distingamos entre duas invasões: a de Senaqueribe, Rei da Assíria, que destruiu Israel e a de Nabucodonozor, Rei da Caldéia, que destruiu o Reino de Judá. Assíria fica ao norte, Caldéia ao sul. A destruição do norte (Samaria) teria se dado em 720 A.C, e a do sul (Jerusalém) em 580 A.C. Consideremos que o conjunto (930 A.C  até 580 A.C) corresponde mais ou menos ao tempo decorrido de Pedro Alvares Cabral até os dias de hoje, após o descobrimento do Brasil. Os grandes denominadores do passado desnorteavam os povos dominados com a transferência de seus líderes e técnicos, políticos e ferreiros. Tomado o povo da Palestina e levado para várias regiões, não no todo, mas em partes, também recebeu a Palestina contingentes de outras partes. O caldeamento dos remanescentes de Israel com os invasores fez surgir uma raça misturada, contra a qual os judeus tiveram sempre tremendo preconceito: Os Samaritanos.
Os fatos referentes ao cativeiro, estão registrados em Jeremias, principalmente a partir do Capítulo 40 em diante e por coincidência os fatos referentes à restauração, estão descritos a partir  do Capítulo 40 de Isaias. Esses livros nessas partes devem ser lidos em conexão com outros livros de profetas que vivenciaram esta época do cativeiro, a saber: Joel, Obadias, Daniel, Ezequiel.



OS PROFETAS JOEL E OBADIAS

Joel e Obadias, não nos consta propriamente, que tenham tido experiências iguais às de Daniel e de Ezequiel, mas sem dúvida foram seus contemporâneos, (Joel 2.31 e Obadias 1.15). Joel fala do dia terrível do Senhor. É uma expressão bíblica para o dia de ajuste de contas, “O dia do Senhor está perto”. Estes dois profetas se referem ao Dia do Senhor ou Dia de Jeová. Estas mensagens se referem ao grande ajuste do cativeiro.
As profecias de Obadias e Joel tiveram cumprimento quase que imediato na própria destruição de Jerusalém por Nabucodonozor, (Joel 1,15, Obadias 1.20). Os trechos são muito impressionantes. A destruição tantas vezes profetizada e anunciada, afinal chegara.



O PROFETA DANIEL

A VIDA DE Daniel é mais conhecida. Foi levado para o cativeiro, Sua influência foi enorme na própria corte de Nabucodonozor e na de seus sucessores. Tendo sido um homem que viveu muito, alcançou também reinados de outros dépotas que conquistaram a Babilônia. Profetizou a respeito da sucessão de reinos até o Messias. É um dos livros mais conhecidos, pois suas histórias por serem dramáticas, são mais repetidas. Este livro podemos dividi-lo em:
FATOS , certos incidentes a respeito da vida do profeta e de seus companheiros(1- ao 6). VISÕES ou seja narrações das profecias em relação aos reinos da terra (7 AO 12). Deus é mais poderoso que todas as nações dominadoras, e todos os reinos da terra terão seu fim, até que chegasse o reino “que não teria fim”. A nossa esperança não é em reino terrestre, mas no reino espiritual. Cumpria a Israel lembrar de sua vocação espiritual. Israel teria que voltar e compreender a sua verdadeira vocação que não constitui em estrutura nacional. Israel não foi escolhido por Deus por ser melhor que outros povos, mas foi escolhido por Deus para desempenhar um papel na História, revelar o Deus verdadeiro a todas as nações.


O PROFETA EZEQUIEL

O Livro de Ezequiel divide-se em três grandes partes:
VOCAÇÃO – Capítulos 1 ao 3 – Estes primeiros capítulos tratam da vocação do profeta
CASTIGO – Capítulos 4 ao 36 – Estes capítulos mostram que o povo não estava disperso sem razão, tal ocorrera como fruto de sua desobediência. Pecado traz consequências
RESTAURAÇÃO – Capítulos 36 – 48 -  A advertência não só se aplica a Israel, mas também a Babilônia. Deus terá, contudo, poder para restaurar o povo.
Os últimos capítulos de Ezequiel consistem principalmente em longa descrição do Templo. Ora, para àqueles corações quebrantados, saudosos de Jerusalém e de tradições religiosas, agora desfeitas deve ter sido profundamente consoladora a palavra do canto do Rio Quebar. Deus trará não só vitórias parciais sobre os povos dominadores, mas trarás vitória final sobre a própria ordem de coisas na terra. Há uma íntima ligação entre o pacto de deus com Abraão, a função de Israel e o cumprimento pleno da promessa em Jesus Cristo.






RESTAURAÇÃO


A fase da RESTAURAÇÃO do povo de Israel envolve a apresentação dos grandes líderes Zorobabel, Esdras e Neemias, como também a apresentação de três profetas: Ageu, Zacarias e Malaquias.  A leitura deve ser feita paralelamente: os profetas referidos. Os Livros de Esdras, Neemias, e ainda, como apêndice o Livro de Ester.

FASES DA RESTAURAÇÃO
·         A RECONSTRUÇÃO DO TEMPLO – Líder Zorobabel – Foi ele um líder militar que primeiro trouxe Israelitas para a Palestina, por ordem do Rei Ciro, que servira de instrumento de Deus para a restauração dos judeus. Ao lado de Zorobabel temos a figura influente do Sacerdote Josué, que restabeleceu o culto em Jerusalém, trazendo de volta do Oriente os vasos levados por Nabucodonozor. Uma restauração política, porém, limitada que estabeleceu uma certa independência nacional israelita.
·         A REAPRESENTAÇÃO DA LEI – Líder Esdras – O reestudo da Lei através de Esdras. Uma reconstrução não material, mas cultural e espiritual. O problema não estava somente no Templo, onde se colocassem os vasos sagrados trazidos de Jerusalém, não apenas o local do culto. Como seria possível realizar a vontade de Deus? A este respeito encontramos no Livro de Neemias, de quando Esdras se interessa pela instrução do povo de Israel.
·         A RECONSTRUÇÃO DOS MUROS – Líder Neemias – A Restauração dos Muros cujo líder principal é Neemias, pelo registro do próprio Neemias, que era copeiro do rei Artaxerxes, cujo cargo de muita confiança junto às cortes orientais, um mordomo que superintendia toda a alimentação do palácio e até mesmo antes do rei ingerir, devia tomar o copo e ingeri-la ele mesmo, demonstrando que nenhuma traição ocorrera e que, portanto, não haveria nenhum perigo de envenenamento. Neemias era um homem nobre e de confiança do rei. Neemias recebera notícias muito desanimadoras da situação de Jerusalém, pois, apesar dos esforços de Zorobabel, e mesmo de Esdras, havia inimigos como Simbalá e outros, que lutava, contra a restauração. Os muros de Jerusalém não haviam sido refeitos, de modo que a independência nacional de Israel era precária. Neemias obtém do rei, licença para voltar à sua pátria. Jerusalém, e chegando inspeciona todo o serviço e causa uma verdadeira restauração com empolgantes lutas que os israelitas tiveram que travar, sendo obrigados a ter em mão as ferramentas de pedreiro, bem como as armas de guerra, registram-se também a dedicação dos muros, o ministério do Templo, e a remoção de vários abusos.
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AO PROFETAS DA RESTAURAÇÃO


O PROFETA AGEU

Ageu é contemporâneo da primeira fase da restauração, A Reconstrução do Templo. Ageu demostra que não se fez a reconstrução dos muros, sem desejo da parte do Senhor, de que o povo se santificasse, a preocupação primariamente com o Templo e a reconstrução espiritual ao invés de cuidar primeiro de seus interesses pessoais. (Ageu 1.4). Há constante luta entre a preocupação material dos israelitas e das mensagens espirituais de Deus através de seu profeta, Há um contraste entre a liderança falhas dos sacerdotes e o papal do príncipe Zorobabel.



O PROFETA ZACARIAS

O Profeta Zacarias exorta o povo de Israel ao arrependimento, não havia razão de dar por findo o castigo do cativeiro, se Israel não trazer os resultados desejados, era preciso arrependimento, e esta restauração se dá pelo renovo (Zac.6.12). O grande renovo é o Messias, a ação de Deus através de seu Filho, que constituirá a afirmação da vocação de Israel em toda a sua plenitude. Zacarias também foca o governo de Deus sobre as nações (Zac.7.14), mensagem aliás já apresentada pelos próprios profetas do cativeiro. A parte final de Zacarias, nos apresenta exaltação da igreja como instrumento de Deus na terra (Zac.14.16-21).



O PROFETA MALAQUIAS

Malaquias expressão em hebraico que significa “meu mensageiro”, o livro que ocupa o último lugar no Velho Testamento, apesar de uma mensagem pequena, mas apresenta Deus em pleito com seu povo. O primeiro pleito (Malaq.1.1 – 2.9), ”Em que te desprezamos? ”, pergunta o povo e a resposta divina: “No altar”. O culto não estava sendo prestado com a devida sinceridade. O segundo pleito (Malaq. 2.10 – 2.17), se resume assim: “Em que te ceifamos? ” A resposta: “No casamento”. Havia casamento com mulheres gentias e, com isso misturas inconvenientes. A esse respeito compara-se com o texto de Neemias, quando ele remove os abusos. O terceiro pleito se resume a pergunta: "E“ que te roubamos”, e a resposta: “Nos dízimos”. De fato, sendo época em que o povo devia estar agradecido, era justo esperar que fosse solícito em sua contribuição. Mas em vez de dar contribuição, cada qual se punha a edificar sua casa para sua comodidade pessoal. Na última parte do livro, faz referência ao grande dia do senhor, profecias que faz referências a Jesus Cristo.
O último livro do Velho Testamento nos aponta o começo dos evangelhos, com a apresentação do precursor do Messias. Durante esse tempo, segundo aprendemos no Livro de Ester, muitos dos elementos de Israel ficaram dispersos, isso para que aquela vanglória da segurança nacional não continuasse a ser uma tentação para Israel. Entre Malaquias e os Evangelhos há um período de 400 anos onde foram escritos vários livros, inclusive os livros apócrifos existentes nas edições católicas da Bíblia. Não vamos aqui introduzir em torno do valor dos textos apócrifos, mas julgamos que, do ponto de vista histórico, pode haver utilidade nesta leitura.




E S T E R

O    L I V R O    D E   E S T E R


SÍNTESE

O livro de Ester descreve graficamente as lutas vitoriosas dos judeus dispersos, durante o período do rei persa Assuero, contra as iníquas conspirações de certo primeiro-ministro por nome Hamã. Embora nunca se mencione neste livro o nome de Deus, sua mão se manifesta continuamente em todos os pormenores circunstanciais da narrativa. Ester, por sua beleza, é escolhida rainha em lugar de Vasti; Mardoqueu, em virtude de sua capacidade, toma o lugar de Hamã no cargo de primeiro-ministro. Todos os personagens desde o rei até ao escravo obsequioso, desempenham seu papel no momento oportuno. Hamã é encarnado do mal; Mardoqueu, a essência da bondade; Assuero, inflexível, possui também traços vigorosos. Ester, prima de Mardoqueu e sob a tutela deste, converte-se na heroína da história devido à sua boa vontade de arriscar a vida e sua posição, a pedido de Mardoqueu, em benefício de seu próprio povo em época de profunda necessidade.

AUTOR
Não se pode conseguir evidência certa com respeito ao autor do livro de Ester. A paternidade literária tem sido atribuída a vários personagens (Esdras, Joaquim, Mardoqueu, homens da Grande Sinagoga).
Intrinsecamente nada há de improvável em se atribuir o livro a Mardoqueu, destacado personagem guardador dos fatos principais narrados no livro.
Diferentemente das obras de ficção e romance, o livro de Ester está profundamente saturado de história e documentado com datas específicas. Este livro, à semelhança da profecia de Ageu (1:1, 15; 2:1, 10, 20) está datado segundo o reinado de Assuero, a quem se identifica comumente como Xerxes I (485 a 465 a.C.) da antiguidade. Segundo escavações realizadas na era moderna, em Susã, tem-se comprovado de forma substancial a exatidão do autor, que deve ter tido conhecimento pessoal do povo e da história.
Talvez nenhum outro livro da Bíblia tenha sido atacado tão acerbamente nem com tanta veemência como o livro de Ester. Devido a seu espírito de nacionalismo e vingança, os críticos o têm declarado indigno de ocupar lugar no cânon sagrado. Contudo, se lermos a história com reverência, dependendo humildemente do Espírito Santo para que nos ensine, acharemos verdades que satisfarão nossa mente e edificarão a alma. Quanto mais estudarmos esta história incomparável, tanto mais chegaremos à conclusão de que suas profundas verdades deverão ser desenterradas como se fossem pepitas de ouro.



Livro de Ester é um dos livros históricos do antigo testamento da Bíbliavem depois do Livro de Neemias e antes do Primeiro Livro dos Macabeus nas Bíblias católicas ou antes do Livro de Jó, nas Bíblias protestantes. Possui 10 capítulos (ou 16 na Vulgata que reuniu as adições ao texto em hebraico encontrados na Septuaginta em seis capítulos ao final).
Conta como Ester, uma jovem judia que estava entre os deportados, tornou-se imperatriz da Pérsia, ao se casar com o imperador Assuero (geralmente identificado com Xerxes I), e como seu primo e tutor Mordecai(Mordoqueu) descobriu um complô contra a vida do rei; como o grão-vizir Haman (Amã) procurou liquidar os judeus; como Ester interveio, arriscando a própria vida; como Haman foi enforcado e os judeus autorizados a fazer um contra-pogrom, cujo aniversário celebram com a festa dos Purim.
O título deriva do nome de seu principal personagem. Os judeus o chamam de Meghil-láth És-tér, ou simplesmente de o Meghil-láh, que significa "rolo", "rolo escrito", porque constitui para eles um rolo muito estimado.
Uma forte evidência da autenticidade do livro é a festividade de Purim ou de Sortes, comemorada pelos judeus até hoje. Nessa ocasião, o livro inteiro é lido nas sinagogas. Diz-se que uma inscrição cuneiforme, evidentemente de Borsipa, menciona um oficial persa de nome Mardukâ (Mordecai?), que estava em Susa (Susã) no fim do reinado de Dario I ou no começo do reinado de Xerxes I.
O Livro de Ester está de pleno acordo com o restante das Escrituras e complementa os relatos de Esdras e de Neemias, contando o que aconteceu com o exilado povo de Deus na Pérsia.
O autor do Livro de Ester é desconhecido. Pelas pistas deixadas no livro, podemos deduzir que se trata de um judeu persa, possivelmente residente na cidade de Susa. Também se lê neste livro o seu nacionalismo intenso e preocupação com a festa do Purim, acredita-se que seja Mordecai.
Mordecai, testemunha ocular e um dos principais personagens do relato, foi, mui provavelmente, o escritor do livro; o relato íntimo e pormenorizado indica que o escritor deve ter vivenciado esses eventos no palácio de Susa. Embora não seja mencionado em nenhum outro livro da Bíblia, não há dúvida de que Mordecai foi personagem real da história.
Os estudiosos situam a composição deste livro algures entre os séculos IV e I a.C.. A maioria dos teólogos prefere uma data no final do século V ou no século IV devido a determinadas características da linguagem utilizada e à atitude favorável em relação ao rei persa, as adições em grego (consideradas deuterocanônicas) surgiram em meados do séc. II AC.
Por outro lado, a Tradução Ecumênica da Bíblia sustenta que a versão em hebraico foi escrita no final do Séc. II AC, por um autor que vivia na Mesopotâmia, e que haveria adições já no texto em hebraico (Est 9:20-Est 10:3).
O objetivo central do Livro de Ester é justificar a observância da festa do Purim. Isto era muito importante já que se trata de uma festividade que não fazia parte das ordenanças mosaicas (do Pentateuco, livros de Moisés). Conta a história de como, pela Providência, o povo foi salvo dos intentos destrutivos dos seus inimigos.
Purim é uma festa anual judaica e o seu nome deriva de Pur. A festa enquadra-se dentro do conjunto de práticas judaicas de jejum e lamentação. É celebrada nos 14º e 15º dias do mês de Adar (geralmente em março).
Edição Pastoral da Bíblia sustenta que não se trata de uma narrativa histórica propriamente dita, sendo uma espécie de conto que analisa a situação da comunidade judaica espalhada entre as nações estrangeiras.
Tradução Ecumênica da Bíblia sustenta que a rainha da época se chamava Amastris e que nunca houve o anti-pogrom narrado no livro.
Bíblia de Jerusalém sustenta o decreto de extermínio dos judeus não seria compatível com a política tolerante do Império Aquemênida (Persa), e que seria ainda menos verossímil a autorização para o massacre de seus próprios súditos e que setenta e cinco mil persas tenham se deixado matar sem resistência, além disso, se Mardoqueu fora deportado no tempo de Nabucodonosor (Est 2,6), teriam mais o menos 150 anos no reinado de Assuero (transcrição hebraica de Xerxes I), e também que Xerxes seria casado com Amastris. O livro reflete um contexto histórico em que era necessário criar condições de sobrevivência e espaços no sistema vigente, já que as circunstâncias históricas não permitiam transformações mais profundas. Neste livro, não se pensa em tomar, mas apenas influenciar o poder, desmascarando o abuso dos privilegiados, reformulando em favor do povo a legislação, e valorizando as celebrações populares.
Ester nos ajuda a pensar numa política que une transformações locais e nacionalistas a uma política global e mundial, na qual a luta pela justiça ganhe espaços e os oprimidos da terra recuperem a esperança de viver. É assim que se torna possível, pouco a pouco, uma sociedade alternativa, na qual reinem a justiça, a liberdade e a partilha.

VERSÕES DO LIVRO



Como dito, o livro tem duas versões: Uma menor (com 167 versículos), usada nas bíblias hebraicas e outra, bem mais extensa (com 260 versículos), que era usada pelos judeus gregos (Septuaginta).
As Adições em Ester buscam dar maior religiosidade ao escrito, que encontrava dificuldades de canonização, esta versão maior contém orações de Mordecai e Ester, além de um sonho de Mordecai, onde previa tudo o que iria acontecer, e mais os decretos lançados pelo rei Assuero (tanto o da morte dos judeus quanto o da morte dos que intentavam contra estes). Contém também os detalhes do encontro de Ester com Assuero, no capítulo 5 e um epílogo, relacionando o sonho de Mardoqueu a tudo o que tinha acontecido.
A versão menor é usada hoje em dia pelos judeus, pelos protestantes e pelas denominações cristãs de cunho pentecostal. A versão maior é usada pelos católicos e ortodoxos.
Naquela época, Hamã, funcionário da corte, vira um homem de confiança de Assuero. Entretanto, ao recusar-se a prestar-lhe as honras que o rei havia decretado que lhe pertenciam, Mordecai ganha o ódio de Hamã que, daí em diante, decide destruir Mordecai e todo o seu povo. É neste contexto que Hamã consulta o Pur para decidir qual seria a melhor data para o extermínio dos judeus. Logo depois, Hamã vai até a presença do rei para convencê-lo do massacre, usando o falso argumento de que os judeus eram um grande povo que não respeitava os decretos do rei. O rei, então, é enganado, e lança o decreto (cujo texto só é encontrado na versão grega) para o extermínio dos judeus, que cairia no dia 13 de Adar, o duodécimo e último mês do calendário hebraico. É a partir daqui que se cria uma grande tensão.
Ester e Mordecai então começam a ficar desesperados, e fazem duas belíssimas orações a Deus, implorando pela vida do povo santo exilado (estas orações só se encontram na versão grega). Então, a rainha Ester, atendendo ao pedido de Mordecai, inicia a sua intervenção junto do rei onde pede pela sua vida e pela do seu povo, denunciando Hamã como o terrível inimigo. Num ato de desespero e durante a breve ausência de Assuero que se retirara por instantes, Hamã pede perdão a Ester e cai sobre ela no divã onde se esta se encontrava. Assuero, que entra nesse momento, imaginando que se tratava de uma tentativa de assédio, manda enforcar Hamã na forca que este preparara para Mordecai.
Um dado importante: as leis decretadas e seladas com o selo do rei não podiam ser revogadas. Por isso, Assuero dá a Mordecai e Ester liberdade para decretarem e selarem com o seu selo e em seu nome, uma lei que se possa opôr à primeira. Assim, é editada uma lei que indicava que todos os judeus do império deviam-se juntar no dia 13 de Adar (o mesmo dia em que estava decretado o extermínio dos judeus), e assim matar todos os que intentassem contra as suas vidas e as suas posses. A pedido de Ester, foi concedido mais um dia para que os judeus perseguissem e matassem os seus inimigos. Assim, nos dias 13 e 14 do mês de Adar, foram mortos, só em Susa, 800 homens e enforcados os dez filhos de Hamã. Nas províncias restantes, o número de mortos chegou aos 75.000. No dia seguinte, este acontecimento foi celebrado com banquetes.

POLÊMICA SOBRE A CANONICIDADE DO LIVRO
 A inclusão de Ester no Cânon bíblico é polêmica, dividindo muitos teólogos, tanto cristãos como judeus, devido a estar ausente de algumas das mais antigas listas dos livros canônicos, por nunca ser mencionado nos livros do Novo Testamento, por não possuir referências claras a Deus e a práticas religiosas, pelo seu excessivo nacionalismo judaico e espírito de vingança.
Nem Esdras, nem Neemias nem o Sirácida mencionam esta história, em Qumran (Manuscritos do Mar Morto) não foram encontrados fragmentos deste livro, enquanto que foram encontrados manuscritos de todos os demais livros da Septuaginta, inclusive de todos os deuterocanônicos.
A favor de sua canonicidade, verifica-se que II Macabeus 15,36 se refere ao Dia de Mardoqueu e existem os argumentos de que Ester dá testemunho da invisível Providência em favor do Seu povo, assim como da situação particular vivida no contexto do livro (os judeus encontravam-se sob uma ameaça de extermínio e, de acordo com o relato, muitos inimigos estavam preparados para os matar e saquear).


Uma versão mais extensa deste livro foi descoberta e adotada pelos judeus gregos, que a incluíram em sua Septuaginta. Passagens como uma profecia de Mordecai e orações, tanto de Mordecai como de Ester pelo livramento do povo amenizaram a polêmica em cima do livro. Esta versão também é usada atualmente na Igreja Católica. Entretanto, com a Reforma Protestante, as denominações cristãs que surgiram dessa divisão escolheram a versão primitiva para integrar as suas Bíblias.