O L I V R O
D E O B A D I A S
Este livro é o mais curto do
Velho Testamento. Contem apenas 23 versículos, mas encerra dois temas
importantes: a ruína dos orgulhosos e rebeldes e o livramento dos mansos e
humildes.
A data da profecia deste
livro deve estar relacionada à tomada de Jerusalém pelo Rei babilônio
Nabucodonosor, e sua profecia são dirigidas contra os Edumeus, antigo povo
inimigo de Israel, Nm 20.14-21, II Reis 16.6, que evidentemente se juntaram com
os babilônios para humilhar o povo de Israel.
O Profeta Obadias acusa os Idumeus
desta ofensa que provavelmente teve a sua efetuação nos anos 588 a 586 AC . As predições com
respeito à Edom foram completamente cumpridas. O profeta declara que Edom ainda
seria como se nunca estivesse existido, desaparecida completamente (profecia
que teve seu cumprimento notavelmente), Salmos 137.7,15, mas Israel havia de
levantar-se novamente daquela queda, reconquistando, não somente sua própria
terra, mas também a Filístia e Edom, e regozijando finalmente no reinado do
Messias. Ez.35, Joel 3.19-20, Amós 1.11-12, 9.11-15, Jer.49.7-22.
Lemos a denúncia do espírito
de egoísmo, indiferença e manifesta a hostilidade do vizinho Edom que, mantendo
a atitude de Esaú, se conservou à parte e permitiu que Jerusalém fosse
saqueada. Chegou mesmo a participar da destruição e interessou-se por sua parte
nos despojos. Deus ordenara a Israel: “Não aborrecerás o Idumeu, pois é teu
irmão” Deut.23.7. Edom, porém tinha revelado seu ódio implacável à Israel a
partir do dia em que lhes recusara passar pelos seus territórios em sua jornada
para Canaã. Num.20.14-21, até o dia da destruição de Jerusalém pelos caldeus,
quando Edon clamou: “Arrasai, arrasai-a, até aos fundamentos” Salmos 137.7.Em
virtude desse ódio cruel, sua destruição foi decretada por Deus. Obadias 3, 4, 10,15.
Nada podia salvar essa nação. Seu povo foi expulso das casas na rocha, cinco
anos após a destruição de Jerusalém, quando Nabucodonosor, ao passar pelo vale
de Arabá, que constituía a estrada militar para o Egito, esmagou os Idumeus.
Deixaram de existir como nação cerca do ano 150 AC , e seu nome pereceram
com a captura de Jerusalém pelos romanos.
EDOM
Ao sul do Mar Morto, na beira
ocidental do planalto da Arábia, estende-se uma cordilheira de picos íngremes
de pedra arenosa vermelha conhecida por Monte Seir. Foi ali que estabeleceu
Esaú, após ter vendido o direito de primogenitura a seu irmão Jacó, e expulsando
os horeus, tomou posse de toda a montanha, Gn. 14.5-6. Sela, ou Petra, era a
sua capital, que significa “Rocha”. É conhecida hoje como a “silenciosa cidade
do esquecido passado”, no mundo da arqueologia. Os descendentes de Esaú,
chamavam-se Idumeus e saíam em expedições de ataques e depois voltavam à sua
fortaleza inexpugnáveis, onde guardavam viva no coração uma amarga inimizade
contra os judeus, que começou com Jacó e Esaú. Nos dias de Cristo, por meio de
Herodes eles conseguiram controlar a Judéia, mas desapareceram da história após
a destruição de Jerusalém por Tito em 70 AD.
O juízo de Deus contra Edom,
inimigo de Israel, deve servir de advertência para as nações de hoje. Deus não
abandonou seu povo, e as nações que o oprimem trarão sobre si mesmas a Seu
santo juízo. Gen. 12.3.
INTRODUÇÃO AO LIVRO DE OBADIAS
O livro de Obadias é o mais
curto do Antigo Testamento; possui apenas 21 versículos. A biografia de Obadias
ainda é um tema discutido entre os estudiosos, pois quase nada se sabe sobre o
profeta. A tradição judaica de que o autor do livro foi o mordomo do rei Acabe
não se apoia em nenhuma evidência ou confirmação histórica (Talmude: Sanhedrin
39b; 1 Rs. 18:3-16).
A dificuldade se encontra na
identificação do personagem, pois os oráculos apresentados não identificam o
profeta nem a época em questão. Seu nome significa servo de Javé, um nome
bastante comum em Israel. Este nome está associado a mais de uma dezena de
personagens no Antigo Testamento em diferentes momentos da história.
O assunto principal do livro
de Obadias é a sua reação diante do crime e oportunismo de Edom para com Judá,
seu irmão. Os crimes descritos por Obadias podem ser situados em dois períodos
entre 850 a.C e 400 a.C:
Os filisteus e árabes invadem
Jerusalém por volta de 844 a.C no reinado de Jeorão: 2 Rs. 8:16-20 e 2 Cr.
21:16-17
Os babilônios sitiam, invadem
e destroem Jerusalém em 587 a.C: 2 Rs. 25:1-12 e Ez. 25:1-3
A segunda opção parece ser
mais plausível do ponto de vista do verso 11. Portanto, as profecias de
julgamento contra Jerusalém se cumpriram. A Babilônia invadira a terra, levara
cativo o rei, devastara o templo, levando milhares de hebreus para o exílio.
Embora o castigo de Judá fosse merecido, as nações ao redor, especialmente
Edom, aproveitaram-se da fragilidade momentânea de Judá para promover saques e
o massacre étnico contra os seus habitantes.
Outras características que
reforçam a datação pós exílica são os paralelos que Obadias faz com Jeremias
49:7-22 citando uma tradição mais primitiva e o termo exilados no verso 20
referindo-se aos israelitas.
A gravidade destes oráculos
contra Edom reside no parentesco entre Edom e Israel, que foram respectivamente
os patriarcas Esaú e Jacó, filhos de Isaque e Rebeca (Gn. 25:23-26). A nação de
Edom vivia nas montanhas e tinham uma organização social estruturada desde a
época dos patriarcas (Gn. 36:1-30) e adotaram o governo monárquico antes do
Êxodo dos hebreus do Egito. Nesta época os edomitas negaram a passagem dos
israelitas pelo leste mostrando seu potencial militar (Nm. 20:14-21; 21:4).
A data da destruição de Edom
não pode ser precisada, mas, no tempo do profeta Malaquias (500 – 400 a.C.) a
nação já estava arruinada (Ml. 1:2-4). Por volta de 312 a.C. (domínio grego) os
árabes nabateus tomaram as terras edomitas e expulsaram os sobreviventes para a
Iduméia, ao norte. No Novo Testamento o representante mais famoso desse povo
foi Herodes, o grande.
ESTRUTURA DO LIVRO
Obadias pode ser esboçado da
seguinte forma:
· Cabeçalho – 1a
· Oráculo contra Edom – 1b – 14
· O julgamento é anunciado – 1b – 9
· Acusação de crueldade contra seu
irmão Judá – 10 – 14
· A descrição dia do Senhor – 15 – 21
· O julgamento de todas as nações – 15
e 16
· O livramento de Judá – 17 e 18
· O estabelecimento do Reino de Javé –
19 – 21
Obadias não é o único com
profecias dirigidas a Edom. Outros oráculos estão registrados em: Is. 21:11-12;
34:5-17; Jr. 49:7-22; Ez. 25:12-14; 35:1-15; Am. 1:11-12. A recorrência aos
edomitas nas profecias do Antigo Testamento surge desde a bênção de Isaque para
Esaú (Gn. 27:39-40) até a confirmação da destruição total de Edom em Malaquias
(Ml. 1:2-4).
O termo visão que Obadias usa
pode se referir ao processo de comunicação entre Deus e o profeta bem como ao
método propriamente dito. A brevidade da mensagem de Obadias pode ser explicada
pela visão que o Senhor lhe dera; desta maneira, o destino de Edom, visto com
antecedência, pouparam-lhe as palavras.
Conforme visto anteriormente,
Obadias repete um trecho já citado por Jeremias (compare Ob. 1b, 4-6 e Jr.
49:9-10,14-16). A explicação mais adequada é que ambos os profetas tenham
utilizado uma fonte comum antiedomita mais antiga.
Do ponto de vista literário,
Obadias constrói sua mensagem com a tradicional estrutura profética,
contendo:
· As acusações dos pecados
· O julgamento divino
· A promessa de restauração
A mensagem de Obadias pode
ser organizada em quatro partes :
Primeira parte: descrição da
ruína total de Edom. Mesmo as fortificações mais inacessíveis serão
aniquiladas. Seu motivo de orgulho, os guerreiros e sábios, seriam destruídos.
Edom será saqueada pelas nações nas quais confiava.
Segunda parte: descrição dos
crimes contra a humanidade de Edom. A violência injustificada e a falta de
compaixão de Edom contra Judá são as causas do julgamento de Edom.
Terceira parte: anúncio do
dia do Senhor como um dia de julgamento contra Edom. Essa mensagem para Edom
servia para todas as demais nações inimigas de Israel.
Quarta parte: descrição da
ruína de Edom e restauração de Israel.
PROPÓSITO E CONTEÚDO
O profeta Obadias trata dos
seguintes assuntos:
· A soberania de Javé sobre as nações
· A restauração de Israel
· O conceito de retribuição
Obadias, como mensageiro de
Javé, tratou sobre a restauração de Israel e o julgamento de todas as nações
que cometeram crimes contra a humanidade. Obadias utilizou-se do tema do Dia do
Senhor, comum aos profetas, para predizer o livramento de Jerusalém e declarar
o domínio universal do Senhor sobre todos os povos. A punição de Edom serviria
de aviso a todas as demais nações acerca da retribuição que teriam pela maneira
injusta à qual submeteram os israelitas.
Mais importante do que a
punição a Edom o livro de Obadias mostra o amor e cuidado do Senhor pelo povo
da Aliança.
ORGULHO
O orgulho foi uma das grandes
tragédias do povo edomita. Sua confiança se baseava inteiramente em seus sábios
e guerreiros. Obadias demonstra que esses mesmos sábios não livrariam Edom da
pilhagem de sua colheita e tesouro (Ob. 5-6). Esse orgulho transformou-se em
crueldade e impediu a compaixão, por isso o Senhor condena os orgulhosos
(Pv. 16:18). Enfim, toda a sabedoria de Edom foi inútil diante do julgamento pelo
qual passou. O Novo Testamento confirma esse conceito afirmado que isso
acontecerá com todos aqueles que usarem da sabedoria humana em confronto com
Deus (1 Co. 1:18-31).
O DIA DO SENHOR
A partir do verso 15 há a
mudança de ênfase do julgamento individual de Edom para todas as nações. Esta
mudança pode ter dois objetivos básicos à luz da teologia do Antigo
Testamento:
Atender à expectativa de
Israel com relação à sua vindicação por justiça naquele momento
Renovar a esperança de Israel
em relação ao triunfo final de Javé sobre as nações com o estabelecimento de
seu Reino. Este é um tema recorrente no Antigo Testamento que foi trabalhado
por outros profetas (Is. 24 – 27; Jr. 29 – 33; Ez. 33 – 35; Os. 13 – 14; Am.
9).
O tema do dia do Senhor traz
o ensinamento de que Javé é um Deus que exige justiça; não apenas em um futuro
escatológico, mas também nesta era. Embora seja misericordioso, que estende sua
paciência, fica claro que ele não tolera a injustiça para sempre. Ele pune a
desobediência.
RESTAURAÇÃO DE ISRAEL
Seguindo a tendência
teológica de outros profetas, Obadias também trata sobre a restauração do
remanescente de Israel (Jl. 3:17-21; Am. 9:11-15; Mq. 7:8-20). Obadias cita os
nomes dos patriarcas para promover a esperança de que os exilados veriam as
promessas cumpridas, reforçando, desta maneira, a fé do povo judeu em Javé como
um Deus fiel à sua Palavra (Sl. 115; Mq. 7:20).
Este ensino é intensificado
por outros profetas que trabalham o tema do domínio eterno de Javé por meio do
Messias vindo no Dia do Senhor (Ez. 37:24-28; Dn. 2:44,45; Zc. 12:3 – 13:6).
RESUMINDO...
A mensagem do livro de Obadias é uma visão a respeito de Edom. Os edomitas foram os descendentes de Esaú, irmão de Jacó e neto de Abraão. A rivalidade entre as duas famílias (que se tornaram nações) continuou por séculos após a morte destes irmãos. Enquanto vários profetas falaram dos pecados do povo de Israel (descendentes de Jacó), Obadias falou sobre Edom e os motivos do castigo divino sobre este povo.
A mensagem do livro de Obadias é uma visão a respeito de Edom. Os edomitas foram os descendentes de Esaú, irmão de Jacó e neto de Abraão. A rivalidade entre as duas famílias (que se tornaram nações) continuou por séculos após a morte destes irmãos. Enquanto vários profetas falaram dos pecados do povo de Israel (descendentes de Jacó), Obadias falou sobre Edom e os motivos do castigo divino sobre este povo.
Obadias é o menor dos
livros do Antigo Testamento. Por não incluir referências específicas a
acontecimentos históricos, a data do livro é desconhecida. Há sugestões de
datas do século 9 ao século 5 a.C. A tradição dos judeus geralmente
trata Obadias como um dos primeiros dos livros proféticos. A mensagem
é muito parecida com a profecia de Jeremias 49:7-27, mas este fato ainda não
determina a data precisa, nem qual destes profetas escreveu primeiro.
Independente da data de composição, este livro ensina lições importantes.
A história dos edomitas
começa em Gênesis, no relato da gravidez de Rebeca, mulher de Isaque e
nora de Abraão. Deus disse para Rebeca: “Duas nações há no teu ventre,
dois povos, nascidos de ti, se dividirão: um povo será mais forte que o outro,
e o mais velho servirá o mais moço” (Gênesis 25:23). Esaú foi o mais
velho, e Jacó o mais novo dos gêmeos que nasceram. Durante décadas, Jacó e Esaú
eram inimigos, mas, quando tiveram mais de 90 anos de idade, se reconciliaram.
Seus descendentes, porém, viviam em conflito. A linhagem de Jacó, também
conhecido como Israel, foi a nação escolhida por Deus para cumprir as promessas
importantes feitas a Abraão. Deus cumpriu também a promessa de fazer uma nação
dos descendentes de Esaú, mas os edomitas nunca tiveram a mesma importância dos
israelitas.
Ao longo do Antigo
Testamento, houve conflito entre estes povos. Os edomitas ocupavam um
território a sudeste do mar Morto e recusaram passagem livre quando os
israelitas tentaram chegar à terra prometida (Números 20:14-21). Deus não
permitiu que os israelitas atacassem os edomitas nem tomassem suas terras
(Deuteronômio 2:4-8). Por volta de 1.000 anos a.C., Davi subjugou os edomitas
(1 Crônicas 18:12-13). Mas o filho dele, Salomão, não conseguiu manter este
domínio total sobre os descendentes de Esaú (1 Reis 11:14-22). Quando os
descendentes de Jacó sofreram nas mãos dos inimigos, Edom achou prazer nisso e
até ajudou os adversários de Israel contra estes “irmãos” (Obadias 10-14).
Foi Deus que trouxe o castigo contra Judá, mas ele não achou prazer nisso e
condenou os edomitas por sua atitude. Mesmo quando Deus traz a justiça contra
um malfeitor, não é motivo de comemoração, pois aqueles que amam aos inimigos
como Deus o faz (Mateus 5:44-48) não acharão prazer na morte de ninguém (Ezequiel
18:32).
Apesar do seu foco no castigo
dos edomitas, o livro de Obadias traz uma mensagem de esperança. Este
livro não desenvolve os temas messiânicos com a mesma profundidade e clareza de
outros profetas, como Isaías e Daniel, mas não devemos perder a importância da
sua mensagem sobre o “Dia do SENHOR” que traria justiça contra os
inimigos de Deus e paz para seus servos fiéis. Obadias não oferece
detalhes, mas termina com uma confiante afirmação da soberania de
Deus: “... o reino será do SENHOR”(Obadias 21).
Nenhum comentário:
Postar um comentário