quinta-feira, 16 de junho de 2016

O B A D I A S

O    L I V R O    D E     O B A D I A S


Este livro é o mais curto do Velho Testamento. Contem apenas 23 versículos, mas encerra dois temas importantes: a ruína dos orgulhosos e rebeldes e o livramento dos mansos e humildes.
A data da profecia deste livro deve estar relacionada à tomada de Jerusalém pelo Rei babilônio Nabucodonosor, e sua profecia são dirigidas contra os Edumeus, antigo povo inimigo de Israel, Nm 20.14-21, II Reis 16.6, que evidentemente se juntaram com os babilônios para humilhar o povo de Israel.
O Profeta Obadias acusa os Idumeus desta ofensa que provavelmente teve a sua efetuação nos anos 588 a 586 AC. As predições com respeito à Edom foram completamente cumpridas. O profeta declara que Edom ainda seria como se nunca estivesse existido, desaparecida completamente (profecia que teve seu cumprimento notavelmente), Salmos 137.7,15, mas Israel havia de levantar-se novamente daquela queda, reconquistando, não somente sua própria terra, mas também a Filístia e Edom, e regozijando finalmente no reinado do Messias. Ez.35, Joel 3.19-20, Amós 1.11-12, 9.11-15, Jer.49.7-22.
Lemos a denúncia do espírito de egoísmo, indiferença e manifesta a hostilidade do vizinho Edom que, mantendo a atitude de Esaú, se conservou à parte e permitiu que Jerusalém fosse saqueada. Chegou mesmo a participar da destruição e interessou-se por sua parte nos despojos. Deus ordenara a Israel: “Não aborrecerás o Idumeu, pois é teu irmão” Deut.23.7. Edom, porém tinha revelado seu ódio implacável à Israel a partir do dia em que lhes recusara passar pelos seus territórios em sua jornada para Canaã. Num.20.14-21, até o dia da destruição de Jerusalém pelos caldeus, quando Edon clamou: “Arrasai, arrasai-a, até aos fundamentos” Salmos 137.7.Em virtude desse ódio cruel, sua destruição foi decretada por Deus. Obadias 3, 4, 10,15. Nada podia salvar essa nação. Seu povo foi expulso das casas na rocha, cinco anos após a destruição de Jerusalém, quando Nabucodonosor, ao passar pelo vale de Arabá, que constituía a estrada militar para o Egito, esmagou os Idumeus. Deixaram de existir como nação cerca do ano 150 AC, e seu nome pereceram com a captura de Jerusalém pelos romanos.


EDOM

Ao sul do Mar Morto, na beira ocidental do planalto da Arábia, estende-se uma cordilheira de picos íngremes de pedra arenosa vermelha conhecida por Monte Seir. Foi ali que estabeleceu Esaú, após ter vendido o direito de primogenitura a seu irmão Jacó, e expulsando os horeus, tomou posse de toda a montanha, Gn. 14.5-6. Sela, ou Petra, era a sua capital, que significa “Rocha”. É conhecida hoje como a “silenciosa cidade do esquecido passado”, no mundo da arqueologia. Os descendentes de Esaú, chamavam-se Idumeus e saíam em expedições de ataques e depois voltavam à sua fortaleza inexpugnáveis, onde guardavam viva no coração uma amarga inimizade contra os judeus, que começou com Jacó e Esaú. Nos dias de Cristo, por meio de Herodes eles conseguiram controlar a Judéia, mas desapareceram da história após a destruição de Jerusalém por Tito em 70 AD.
O juízo de Deus contra Edom, inimigo de Israel, deve servir de advertência para as nações de hoje. Deus não abandonou seu povo, e as nações que o oprimem trarão sobre si mesmas a Seu santo juízo. Gen. 12.3.



INTRODUÇÃO AO LIVRO DE OBADIAS

O livro de Obadias é o mais curto do Antigo Testamento; possui apenas 21 versículos. A biografia de Obadias ainda é um tema discutido entre os estudiosos, pois quase nada se sabe sobre o profeta. A tradição judaica de que o autor do livro foi o mordomo do rei Acabe não se apoia em nenhuma evidência ou confirmação histórica (Talmude: Sanhedrin 39b; 1 Rs. 18:3-16).
A dificuldade se encontra na identificação do personagem, pois os oráculos apresentados não identificam o profeta nem a época em questão. Seu nome significa servo de Javé, um nome bastante comum em Israel. Este nome está associado a mais de uma dezena de personagens no Antigo Testamento em diferentes momentos da história. 
O assunto principal do livro de Obadias é a sua reação diante do crime e oportunismo de Edom para com Judá, seu irmão. Os crimes descritos por Obadias podem ser situados em dois períodos entre 850 a.C e 400 a.C: 
Os filisteus e árabes invadem Jerusalém por volta de 844 a.C no reinado de Jeorão: 2 Rs. 8:16-20 e 2 Cr. 21:16-17
Os babilônios sitiam, invadem e destroem Jerusalém em 587 a.C: 2 Rs. 25:1-12 e  Ez. 25:1-3
A segunda opção parece ser mais plausível do ponto de vista do verso 11. Portanto, as profecias de julgamento contra Jerusalém se cumpriram. A Babilônia invadira a terra, levara cativo o rei, devastara o templo, levando milhares de hebreus para o exílio. Embora o castigo de Judá fosse merecido, as nações ao redor, especialmente Edom, aproveitaram-se da fragilidade momentânea de Judá para promover saques e o massacre étnico contra os seus habitantes.

Outras características que reforçam a datação pós exílica são os paralelos que Obadias faz com Jeremias 49:7-22 citando uma tradição mais primitiva e o termo exilados no verso 20 referindo-se aos israelitas.

A gravidade destes oráculos contra Edom reside no parentesco entre Edom e Israel, que foram respectivamente os patriarcas Esaú e Jacó, filhos de Isaque e Rebeca (Gn. 25:23-26). A nação de Edom vivia nas montanhas e tinham uma organização social estruturada desde a época dos patriarcas (Gn. 36:1-30) e adotaram o governo monárquico antes do Êxodo dos hebreus do Egito. Nesta época os edomitas negaram a passagem dos israelitas pelo leste mostrando seu potencial militar (Nm. 20:14-21; 21:4).

A data da destruição de Edom não pode ser precisada, mas, no tempo do profeta Malaquias (500 – 400 a.C.) a nação já estava arruinada (Ml. 1:2-4). Por volta de 312 a.C. (domínio grego) os árabes nabateus tomaram as terras edomitas e expulsaram os sobreviventes para a Iduméia, ao norte. No Novo Testamento o representante mais famoso desse povo foi Herodes, o grande.



ESTRUTURA DO LIVRO

Obadias pode ser esboçado da seguinte forma: 
·       Cabeçalho – 1a
·       Oráculo contra Edom – 1b – 14
·       O julgamento é anunciado – 1b – 9
·       Acusação de crueldade contra seu irmão Judá – 10 – 14
·       A descrição dia do Senhor – 15 – 21
·       O julgamento de todas as nações – 15 e 16
·       O livramento de Judá – 17 e 18
·       O estabelecimento do Reino de Javé – 19 – 21 
Obadias não é o único com profecias dirigidas a Edom. Outros oráculos estão registrados em: Is. 21:11-12; 34:5-17; Jr. 49:7-22; Ez. 25:12-14; 35:1-15; Am. 1:11-12. A recorrência aos edomitas nas profecias do Antigo Testamento surge desde a bênção de Isaque para Esaú (Gn. 27:39-40) até a confirmação da destruição total de Edom em Malaquias (Ml. 1:2-4). 
O termo visão que Obadias usa pode se referir ao processo de comunicação entre Deus e o profeta bem como ao método propriamente dito. A brevidade da mensagem de Obadias pode ser explicada pela visão que o Senhor lhe dera; desta maneira, o destino de Edom, visto com antecedência, pouparam-lhe as palavras. 
Conforme visto anteriormente, Obadias repete um trecho já citado por Jeremias (compare Ob. 1b, 4-6 e Jr. 49:9-10,14-16). A explicação mais adequada é que ambos os profetas tenham utilizado uma fonte comum antiedomita mais antiga. 
Do ponto de vista literário, Obadias constrói sua mensagem com a tradicional estrutura profética, contendo: 
·       As acusações dos pecados
·       O julgamento divino
·       A promessa de restauração

A mensagem de Obadias pode ser organizada em quatro partes :

Primeira parte: descrição da ruína total de Edom. Mesmo as fortificações mais inacessíveis serão aniquiladas. Seu motivo de orgulho, os guerreiros e sábios, seriam destruídos. Edom será saqueada pelas nações nas quais confiava.
Segunda parte: descrição dos crimes contra a humanidade de Edom. A violência injustificada e a falta de compaixão de Edom contra Judá são as causas do julgamento de Edom.
Terceira parte: anúncio do dia do Senhor como um dia de julgamento contra Edom. Essa mensagem para Edom servia para todas as demais nações inimigas de Israel.
Quarta parte: descrição da ruína de Edom e restauração de Israel.


PROPÓSITO E CONTEÚDO

O profeta Obadias trata dos seguintes assuntos: 
·       A soberania de Javé sobre as nações
·       A restauração de Israel
·       O conceito de retribuição 
Obadias, como mensageiro de Javé, tratou sobre a restauração de Israel e o julgamento de todas as nações que cometeram crimes contra a humanidade. Obadias utilizou-se do tema do Dia do Senhor, comum aos profetas, para predizer o livramento de Jerusalém e declarar o domínio universal do Senhor sobre todos os povos. A punição de Edom serviria de aviso a todas as demais nações acerca da retribuição que teriam pela maneira injusta à qual submeteram os israelitas. 
Mais importante do que a punição a Edom o livro de Obadias mostra o amor e cuidado do Senhor pelo povo da Aliança. 


ORGULHO
O orgulho foi uma das grandes tragédias do povo edomita. Sua confiança se baseava inteiramente em seus sábios e guerreiros. Obadias demonstra que esses mesmos sábios não livrariam Edom da pilhagem de sua colheita e tesouro (Ob. 5-6). Esse orgulho transformou-se em crueldade e impediu a compaixão, por isso o Senhor condena os orgulhosos (Pv. 16:18). Enfim, toda a sabedoria de Edom foi inútil diante do julgamento pelo qual passou. O Novo Testamento confirma esse conceito afirmado que isso acontecerá com todos aqueles que usarem da sabedoria humana em confronto com Deus (1 Co. 1:18-31).


O DIA DO SENHOR 

A partir do verso 15 há a mudança de ênfase do julgamento individual de Edom para todas as nações. Esta mudança pode ter dois objetivos básicos à luz da teologia do Antigo Testamento: 
Atender à expectativa de Israel com relação à sua vindicação por justiça naquele momento
Renovar a esperança de Israel em relação ao triunfo final de Javé sobre as nações com o estabelecimento de seu Reino. Este é um tema recorrente no Antigo Testamento que foi trabalhado por outros profetas (Is. 24 – 27; Jr. 29 – 33; Ez. 33 – 35; Os. 13 – 14; Am. 9). 
O tema do dia do Senhor traz o ensinamento de que Javé é um Deus que exige justiça; não apenas em um futuro escatológico, mas também nesta era. Embora seja misericordioso, que estende sua paciência, fica claro que ele não tolera a injustiça para sempre. Ele pune a desobediência.


RESTAURAÇÃO DE ISRAEL

Seguindo a tendência teológica de outros profetas, Obadias também trata sobre a restauração do remanescente de Israel (Jl. 3:17-21; Am. 9:11-15; Mq. 7:8-20). Obadias cita os nomes dos patriarcas para promover a esperança de que os exilados veriam as promessas cumpridas, reforçando, desta maneira, a fé do povo judeu em Javé como um Deus fiel à sua Palavra (Sl. 115; Mq. 7:20). 
Este ensino é intensificado por outros profetas que trabalham o tema do domínio eterno de Javé por meio do Messias vindo no Dia do Senhor (Ez. 37:24-28; Dn. 2:44,45; Zc. 12:3 – 13:6).


RESUMINDO...

A mensagem do livro de Obadias é uma visão a respeito de Edom. Os edomitas foram os descendentes de Esaú, irmão de Jacó e neto de Abraão. A rivalidade entre as duas famílias (que se tornaram nações) continuou por séculos após a morte destes irmãos. Enquanto vários profetas falaram dos pecados do povo de Israel (descendentes de Jacó), Obadias falou sobre Edom e os motivos do castigo divino sobre este povo.
Obadias é o menor dos livros do Antigo Testamento. Por não incluir referências específicas a acontecimentos históricos, a data do livro é desconhecida. Há sugestões de datas do século 9 ao século 5 a.C. A tradição dos judeus geralmente trata Obadias como um dos primeiros dos livros proféticos. A mensagem é muito parecida com a profecia de Jeremias 49:7-27, mas este fato ainda não determina a data precisa, nem qual destes profetas escreveu primeiro. Independente da data de composição, este livro ensina lições importantes.
A história dos edomitas começa em Gênesis, no relato da gravidez de Rebeca, mulher de Isaque e nora de Abraão. Deus disse para Rebeca: “Duas nações há no teu ventre, dois povos, nascidos de ti, se dividirão: um povo será mais forte que o outro, e o mais velho servirá o mais moço” (Gênesis 25:23). Esaú foi o mais velho, e Jacó o mais novo dos gêmeos que nasceram. Durante décadas, Jacó e Esaú eram inimigos, mas, quando tiveram mais de 90 anos de idade, se reconciliaram. Seus descendentes, porém, viviam em conflito. A linhagem de Jacó, também conhecido como Israel, foi a nação escolhida por Deus para cumprir as promessas importantes feitas a Abraão. Deus cumpriu também a promessa de fazer uma nação dos descendentes de Esaú, mas os edomitas nunca tiveram a mesma importância dos israelitas.
Ao longo do Antigo Testamento, houve conflito entre estes povos. Os edomitas ocupavam um território a sudeste do mar Morto e recusaram passagem livre quando os israelitas tentaram chegar à terra prometida (Números 20:14-21). Deus não permitiu que os israelitas atacassem os edomitas nem tomassem suas terras (Deuteronômio 2:4-8). Por volta de 1.000 anos a.C., Davi subjugou os edomitas (1 Crônicas 18:12-13). Mas o filho dele, Salomão, não conseguiu manter este domínio total sobre os descendentes de Esaú (1 Reis 11:14-22). Quando os descendentes de Jacó sofreram nas mãos dos inimigos, Edom achou prazer nisso e até ajudou os adversários de Israel contra estes “irmãos” (Obadias 10-14). Foi Deus que trouxe o castigo contra Judá, mas ele não achou prazer nisso e condenou os edomitas por sua atitude. Mesmo quando Deus traz a justiça contra um malfeitor, não é motivo de comemoração, pois aqueles que amam aos inimigos como Deus o faz (Mateus 5:44-48) não acharão prazer na morte de ninguém (Ezequiel 18:32).
Apesar do seu foco no castigo dos edomitas, o livro de Obadias traz uma mensagem de esperança. Este livro não desenvolve os temas messiânicos com a mesma profundidade e clareza de outros profetas, como Isaías e Daniel, mas não devemos perder a importância da sua mensagem sobre o “Dia do SENHOR” que traria justiça contra os inimigos de Deus e paz para seus servos fiéis. Obadias não oferece detalhes, mas termina com uma confiante afirmação da soberania de Deus: “... o reino será do SENHOR”(Obadias 21).



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