terça-feira, 24 de dezembro de 2019

A P O C A L I P S E / QUARTA PARTE - EXECUÇÃO DIVINA 3

PARTE 4 - EXECUÇÃO DIVINA 


A GRANDE MERETRIZ

O que a Bíblia diz sobre a prostituta de Apocalipse 17? Qual a importância que ela tem tanto para o nosso tempo e no fim dos tempos?

A prostituta de Apocalipse 17 (também conhecida como Babilônia) é uma das figuras centrais no que respeita profecia fim dos tempos. Ela tem sido bem ativa desde os dias da igreja primitiva, especialmente em nossos dias modernos. É importante saber quem é a prostituta e qual a importância que ela tem para nós.

O espírito da prostituta
A prostituta é por vezes considerada como sendo uma igreja ou organização específica e muitas pessoas acusaram a este grupo ou aquele grupo de ser “a prostituta”. Mas, na realidade, a prostituta é um espírito que permeia muitas igrejas diferentes, denominações, e até indivíduos.
Em Tiago 4: 4, podemos obter uma imagem clara do que prostituição espiritual parece a Deus. “Infiéis! Não sabeis vós que a amizade do mundo é inimiga de Deus? Portanto qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus. “
A amizade do mundo é inimiga de Deus. Não há meio-termo. Ou você alinha-se com Deus ou com o mundo. Qualquer outra coisa é considerada adultério aos olhos de Deus. Mas isso é exatamente o que o “espírito prostituta” tenta fazer. Ela tenta misturar Deus com o mundo e oferecem o melhor nos dois mundos.
A totalidade do “evangelho” da prostituta é a pregação que você pode ter tanto o mundo quanto Deus. Ela usa a Palavra de Deus e cita muitos versos e expressões que soam muito bom e piedoso. Mas por baixo de tudo isso, desse ouro reluzente há uma corrente obscura de egoísmo e orgulho.
A parte mais perigosa sobre a prostituta é que ela pode ser muito difícil de reconhecer. Ela apresenta seu vinho em um cálice de ouro (Apocalipse 17: 4), que é a Palavra de Deus. Todas as palavras e frases e doutrinas ela prega com olhar piedoso, porque ela usa versículos da Bíblia para apoiar suas mentiras. Este é um truque comum de Satanás e seus servos. (2 Coríntios 11:14). Pregação torcida da prostituta é o “vinho da sua prostituição.” (Apocalipse 17: 2),  com um vinho fácil de se embebedar, a pregação da prostituta leva a uma falsa verdade com Cristo, na vitória sobre o pecado.
O trabalho da prostituta em nosso tempo moderno influencia as pessoas a viver de bem com o mundo declarando-se como “cristãos”, mas ao mesmo tempo vivem de acordo com os valores mundanos ou puramente humanos. Se viver de acordo com os valores mundanos, e viver de acordo com as suas próprias concupiscências, pecando e desfrutando os prazeres deste mundo, e na sequência de um conjunto de regras rígidas ou código de ética, não pode pertencer a Deus.
Em uma escala mais ampla o espírito da prostituta também é ativo nas igrejas de todo o mundo, trabalhando para deformar os puros ensinamentos de Deus e seguir igrejas e denominações para longe da verdade em uma escuridão cheias de suas mentiras. A meta da prostituta não é derrubar o cristianismo e a religião completamente. Ao contrário, ela adora igrejas! A prostituta é a maneira de enterrar uma agulha em um palheiro de Satanás. Torna-se mais difícil para as pessoas a reconhecer o verdadeiro viver do cristianismo quando se está rodeado por tantas meias-verdades e palavras bonitas.
“Porque eu sei isto que, depois da minha partida, lobos ferozes penetrarão no meio de vocês, que não pouparão o rebanho. Também a partir de entre vós mesmos se levantarão homens que falarão coisas perversas, para atraírem os discípulos após si “Atos 20: 29-30.

Apocalipse 17:1 – Veio um dos sete anjos que têm as sete taças e falou comigo, dizendo: Vem, mostrar-te-ei o julgamento da grande meretriz que se acha sentada sobre muitas águas,
Veio um dos sete anjos que têm as sete taças e falou comigo: A queda da grande meretriz já foi anunciada em 14:8, e ela recebeu o cálice da ira de Deus quando a sétima taça foi derramada (16:19). Agora um dos anjos que derramaram as taças mostra mais detalhes para João.
Vem, mostrar-te-ei o julgamento da grande meretriz que se acha sentada sobre muitas águas: As águas referem-se aos povos ou nações. A besta, o poder do governo romano, surgiu do mar (13:1). A grande meretriz – a cidade e seu poder econômico – se acha sentada sobre as nações. A grandeza dela dependia dos povos dominados pelo império romano.
O Apóstolo João viu uma prostituta, vestida sensualmente, seduzindo os reis da terra. Seu nome era Babilônia, a Grande, e ela representa a terceira maior ferramenta que o diabo maneja em sua luta para conquistar a humanidade. Em capítulos anteriores foram apresentadas a besta do mar, representando a perseguição, e a besta da terra, representando a falsa religião. A prostituta representa a imoralidade, uma das ferramentas mais eficazes de Satanás, uma que ele jamais hesitou em usar.

Apocalipse 17:2 – Com quem se prostituíram os reis da terra; e, com o vinho de sua devassidão, foi que se embebedaram os que habitam na terra.
Com quem se prostituíram os reis da terra: A prostituição entre nações é uma figura que sugere alianças. Encontramos linguagem quase igual na condenação de Nínive, a antiga cidade principal do corrupto império assírio (Naum 3:4-5), e nas críticas feitas a Tiro, a cidade que dominava o comércio no mar mediterrâneo no tempo de Isaías (Isaías 23:15-18). Roma, na época de João, mantinha suas relações com diversos reis, dominando todos os países da região mediterrânea.
Com o vinho de sua devassidão, foi que se embebedaram os que habitam na terra: Esta mesma acusação foi feita pela segunda voz (14:8). Roma corrompeu outras nações, envolvendo-as na sua libertinagem. Os excessos de Roma, e especialmente de alguns dos imperadores, são bem documentados na história do período. Países que estabeleceram relações favoráveis ao comércio com Roma lucraram como fornecedores de bens consumidos neste contexto materialista. A mesma descrição pode incluir outros aspectos da corrupção romana – ganância, idolatria, imoralidade, etc.
Como já observamos em outras citações, “os que habitam na terra” são os ímpios (13:6 e 8). Cada uma das ferramentas do diabo tinha uma manifestação concreta nos dias de João. A besta do mar era o Império Romano; a besta da terra era a adoração do imperador através da falsa religião. Não é difícil ver quem é Babilônia, uma grande cidade que dominava sobre os reis da terra (17:18), construída sobre sete colinas (17:9). Uma cidade rica (18:11-13), arrogante (18:7) e absolutamente ímpia (17:5). Esta é a cidade de Roma.
A história da queda de Babilônia, narrada em Apocalipse 18, mostra a derrota de um dos principais aliados do diabo. No capítulo 19, a queda das bestas será descrita e no capítulo 20 o próprio diabo será amarrado. Desde que Babilônia estava embriagada com o sangue dos santos (17:6), o julgamento contra ela responderá aos gritos dos mártires (6:9-11). E então finalmente, Deus vingará o sangue de seus servos (18:20; 19:2).

Apocalipse 17:3 – Transportou-me o anjo, em espírito, a um deserto e vi uma mulher montada numa besta escarlate, besta repleta de nomes de blasfêmia, com sete cabeças e dez chifres.
Transportou-me o anjo, em espírito: 600 anos antes desta visão de João, o profeta Ezequiel foi levantado pelo Espírito e levado a ver as condições da cidade de Jerusalém para ajudá-lo a entender e comunicar os motivos do castigo de Judá (Ezequiel 3:12; 8:14-16; 11:1,24). Aqui, João é levado à Babilônia para ver os planos de Deus de castigar a cidade mundana.
A um deserto: João já viu uma mulher levada ao deserto para ser protegida (12:6,14). Desta vez, é uma mulher totalmente diferente no deserto. Ela está sendo protegida, temporariamente, pela besta. Esta mulher é a grande meretriz. A profecia de Isaías contra a Babilônia é descrita como “sentença contra o deserto do mar” (Isaías 21:1,9).
Uma mulher montada numa besta escarlate, besta repleta de nomes de blasfêmia, com sete cabeças e dez chifres: A mulher está montada na besta do mar (13:1), que representa o poder imperial de Roma. A grande meretriz depende do poder de Roma para sua sobrevivência.

Apocalipse 17:4 – Achava-se a mulher vestida de púrpura e de escarlata, adornada de ouro, de pedras preciosas e de pérolas, tendo na mão um cálice de ouro transbordante de abominações e com as imundícias da sua prostituição.
Achava-se a mulher vestida de púrpura e de escarlata, adornada de ouro, de pedras preciosas e de pérolas: Já sabemos que ela é uma meretriz (17:1), mas ela se veste como se fosse uma mulher rica, de nobreza ou realeza.
Tendo na mão um cálice de ouro transbordante de abominações e com as imundícias da sua prostituição: A Babilônia dera às nações “o vinho da fúria da sua prostituição” (14:8). Da mesma maneira que a Babilônia histórica, cidade principal de sua época, deu seu vinho às nações e causou a loucura delas (Jeremias 51:7), a Babilônia simbólica, Roma, deu de seu cálice às nações de seu tempo. Todas queriam participar do “sucesso” da grande cidade mundana, e iam participar, também, do castigo que viria sobre ela. Mesmo ela sendo bem-vestida e atraente às nações, Deus viu o seu cálice cheio de abominações e imundícias, coisas repugnantes ao Santo Senhor.
No livro do Apocalipse a Igreja é descrita como uma mulher, uma virgem, santa, digna e adornada para seu esposo. Perceba o nítido contraste entre a noiva do Cordeiro (Ap 12; 21:9) e a meretriz descrita neste capítulo. A noiva do Cordeiro também é uma cidade, a cidade santa, a Nova Jerusalém. A prostituta igualmente é descrita como uma cidade, a mãe de toda prostituição, a grande Babilônia. Uma é a cidade de Deus, a outra a cidade do mundo. Enquanto a noiva é a Igreja verdadeira, a meretriz é a falsa Igreja que se revela na busca humana pelo prazer e a autorrealização.
Na verdade, ela possui muitos significados que podem ser sintetizados em uma única, profunda e terrível verdade: a grande Babilônia é a revelação de toda concupiscência humana, da busca do homem pelo prazer, é a sedução do mundo. Babilônia é tudo o que demonstra o mais terrível estado depravado e corrupto da humanidade, a apostasia escancarada, a inimizade contra Deus.
A grande Babilônia é a descrição perfeita e detalhada do mundo à parte de Cristo, que concentra toda sua força na busca por riqueza, luxuria e autorrealização. A grande Babilônia possui duas funções muito claras: tentar desviar a Igreja da santidade e manter os ímpios na incredulidade.
A meretriz é um poderoso sistema mundano a serviço de Satanás. A Babilônia seduz a humanidade a prestar culto ao sistema satânico, a se submeter ao dragão e adorar a besta.

Apocalipse 17:5 – Na sua fronte, achava-se escrito um nome, um mistério: Babilônia, a Grande, a Mãe das Meretrizes e das Abominações da Terra.
Na sua fronte, achava-se escrito um nome, um mistério: Babilônia, a Grande, a Mãe das Meretrizes e das Abominações da Terra: A mulher não esconde a sua verdadeira identidade. As características da Babilônia são encontradas em Roma, e o nome passa a representar esta cidade e sua influência como prostituta corrompendo as nações. Isaías chamou Tiro de meretriz, dizendo que “ela tornará ao salário da sua impureza e se prostituirá com todos os reinos da terra” (Isaías 23:15-17). Uma profecia contra Nínive disse: “Tudo isso por causa da grande prostituição da bela e encantadora meretriz, da mestra de feitiçarias, que vendia os povos com a sua prostituição e as gentes, com as suas feitiçarias” (Naum 3:4). Roma, por sua influência sobre as nações do mundo, é descrita como a mãe das meretrizes.

Apocalipse 17:6 – Então, vi a mulher embriagada com o sangue dos santos e com o sangue das testemunhas de Jesus; e, quando a vi, admirei-me com grande espanto.
Ela estava embriagada do sangue dos santos, e das testemunhas de Jesus. Então, vi a mulher embriagada com o sangue dos santos e com o sangue das testemunhas de Jesus: Ela deu aos outros a beber, mas ela também ficou embriagada. A “bebida” da meretriz é o sangue dos servos do Senhor. São os mesmos que pediram a justiça divina no quinto selo (6:9-11), aqueles que não amaram a própria vida quando encararam a morte (12:11), e que se mostraram fiéis até à morte (2:10). A grande meretriz cairia por causa da perseguição aos discípulos de Jesus. E, quando a vi, admirei-me com grande espanto: Que cena horrível e assustadora! A mulher embriagada com sangue – o sangue dos conservos de João. Nessa descrição de João podemos identificar mais uma vez uma referência direta a cidade de Roma daqueles dias, onde os cristãos eram perseguidos e cruelmente mortos, servindo até como diversão para os poderosos do império. Como já dissemos, Roma era a cidade do prazer que se embriagava com o sangue dos mártires. Que detalhe terrível é revelado no versículo 6. O próprio Apóstolo João ficou espantado com essa visão. Imagine você a cena que João estava vendo: uma mulher vestida sensualmente, com vestes finas e adornada por pedras preciosas, com uma identificação de prostituta em sua testa, montada em uma besta, segurando um cálice de ouro transbordando abominações e, por último, embriagada do sangue dos santos e das testemunhas de Jesus. Ao mesmo tempo em que Babilônia oferece prazer aos homens, ela também derrama o sangue dos seguidores de Cristo. Isso significa que a busca pelo prazer humano sempre resulta em perseguição à Igreja, pois a Igreja verdadeira sempre irá se opor ao estilo de vida mundano e corrompido.

Apocalipse 17:7 – O anjo, porém, me disse: Por que te admiraste? Dir-te-ei o mistério da mulher e da besta que tem as sete cabeças e os dez chifres e que leva a mulher:
O anjo, porém, me disse: Por que te admiraste? O anjo viu a reação de João, e imediatamente começa a responder à preocupação do profeta.
Dir-te-ei o mistério da mulher e da besta que tem as sete cabeças e os dez chifres e que leva a mulher: O entendimento do significado desta visão, implicitamente, aliviará o espanto de João. O anjo promete uma explicação sobre a meretriz e sobre a besta. Esta explicação se segue nos próximos versículos.

Apocalipse 17:8 – a besta que viste, era e não é, está para emergir do abismo e caminha para a destruição. E aqueles que habitam sobre a terra, cujos nomes não foram escritos no Livro da Vida desde a fundação do mundo, se admirarão, vendo a besta que era e não é, mas aparecerá.
A besta que viste, era e não é, está para emergir do abismo: Sabemos que a besta representa o poder do império romano e, também, os seus reis ou imperadores (17:11). Este versículo coloca a revelação dada a João entre dois reis descritos como “a besta” e durante o reino de um outro, que não agia como a besta. Já sabemos de algumas características da besta, conforme a apresentação no capítulo 13. A besta recebeu sua autoridade do dragão e aceitou a adoração dos homens, que o tratavam como se fosse Deus. Ele agia com arrogância e blasfêmia contra Deus, difamando o tabernáculo (o povo do Senhor). Pelejou contra os santos e os venceu. Os que recusavam a adorar a besta sofriam discriminação econômica, e alguns deles foram mortos. Juntando estas informações, entendemos que os imperadores identificados como “a besta” são reis que perseguiam os santos de Deus. Um perseguidor já era. Seria a cabeça “golpeada de morte” (13:3). Mas essa ferida foi curada, e o poder romano não acabou (13:3). João escreve durante um período de relativa tranquilidade (a besta “não é”), mas um outro perseguidor irá emergir do abismo.
E caminha para a destruição: O poder imperial, a besta, caminha para a destruição. A palavra traduzida destruição aparece no Apocalipse somente aqui e no versículo 11, embora seja comum em outros livros do Novo Testamento (veja Mateus 7:13; João 17:12; Atos 8:20; Romanos 9:22; Filipenses 1:28; 3:19; 1 Timóteo 6:9; Hebreus 10:39; 2 Pedro 2:1-3; 3:7,16; etc.). Uma cabeça já foi golpeada, mas sobreviveu. Outro virá e será destruído. Antes de emergir do abismo, o seu destino já estará selado!
E aqueles que habitam sobre a terra, cujos nomes não foram escritos no Livro da Vida desde a fundação do mundo, se admirarão, vendo a besta que era e não é, mas aparecerá: Novamente, encontramos “aqueles que habitam sobre a terra”. São os ímpios, os adoradores da besta. Estes se admirarão que a besta voltou. Os que habitam no céu, aqueles cujos nomes estão no Livro da Vida, não se admiram, pois sabem que Deus está controlando tudo e que o poder da besta não durará. Desde a fundação do mundo, Deus preparou seu plano para a salvação dos fiéis. Ele planejou a vinda de Jesus, sua vida, morte e ressurreição. Preparou a revelação do evangelho. Estabeleceu os termos de admissão ao seu reino. Ao longo da história, ele veio anunciando, aos poucos, este plano, até chegar à revelação de Jesus e do evangelho no Novo Testamento. Agora, aqueles que decidem servir a Jesus têm seus nomes escritos no Livro da Vida.

Apocalipse 17:9 – Aqui está o sentido, que tem sabedoria: as sete cabeças são sete montes, nos quais a mulher está sentada. São também sete reis,
Aqui está o sentido, que tem sabedoria: O anjo já prometeu explicar o significado da visão, e agora chama a atenção de João aos pontos principais.
As sete cabeças são sete montes, nos quais a mulher está sentada: A meretriz está sentada sobre sete montes. Várias cidades foram conhecidas, ao longo da história, como cidades de sete montanhas ou colinas. As pessoas que aplicam as profecias sobre a grande meretriz à cidade de Jerusalém oferecem algumas citações de Jerusalém como uma cidade de sete montes. Mas a aplicação natural desta expressão no contexto do Apocalipse é a cidade de Roma, bem conhecida na época de João como a cidade de sete colinas. Esta interpretação se ajusta aos outros aspectos da descrição desta cidade que dominava “sobre os reis da terra” (17:18).
São também sete reis: Na linguagem simbólica da Bíblia, duas imagens diferentes podem representar uma ideia ou personagem. Por exemplo, Jesus é um Cordeiro e um Leão (5:5-6) e o diabo é um dragão e uma serpente (12:9). Aqui uma imagem representa duas ideias diferentes. As sete cabeças são sete montes, e também são sete reis. Nos versículos seguintes, torna-se evidente que são sete reis específicos. Esta mensagem comunica aos santos na época de João informações sobre o passado e o futuro, identificando a conjuntura histórica em que eles se encontraram.

Apocalipse 17:10 –  dos quais caíram cinco, um existe, e o outro ainda não chegou; e, quando chegar, tem de durar pouco.
Dos quais caíram cinco: Os primeiros cinco imperadores romanos já caíram. Este fato nos ajuda a determinar uma data do livro depois do suicídio de Nero, que aconteceu em 68 d.C.
Nota: Algumas interpretações se baseiam numa lista diferente de imperadores, tipicamente começando com Júlio César e citam algumas referências históricas (Flávio Josefo, etc.) para apoiar esta explicação. Os mesmos comentaristas reconhecem, porém, o perigo de se justificar com base em alguma referência histórica que contradiz as informações bíblicas. Eles rejeitam, como eu também faço, as interpretações que dão mais peso às referências históricas do que às evidências internas quando se trata da datação do livro. Apesar de textos extra bíblicos que datam o Apocalipse no final do reinado de Domiciano, as evidências internas favorecem uma data anterior. No caso de determinar um ponto de partida para a lista dos reis, tanto as evidências internas como a maioria das citações históricas favorecem a posição usada neste estudo, de que Augusto foi o primeiro imperador romano. Entre as observações históricas sobre esta questão, devemos observar dois fatos:
Júlio César se declarou ditador durante o período da República Romana (um erro político que provocou o seu assassinato), mas Augusto foi o primeiro reconhecido pelos romanos como imperador. Caio Júlio César Otaviano, conhecido como César Augusto, tinha 18 anos de idade quando seu tio e pai adotivo, Júlio César, foi assassinado em 44 a.C. Nos anos seguintes, a instabilidade política em Roma levou ao fim da República e a Augusto foi dado poder absoluto pelo Senado em 27 a.C. Não houve uma sucessão direta, como seria o caso de passar a autoridade de imperador de pai para filho. Augusto conseguiu consolidar o poder em 31 a.C., e seu reinado como imperador começou 17 anos depois da morte de Júlio, em 27 a.C.
Respeito as opiniões ao contrário, mas acredito que as evidências favorecem uma contagem de “reis” a partir de Augusto, o primeiro imperador de Roma. Assim, o anjo declara que Augusto, Tibério, Gaio Calígula, Cláudio e Nero já caíram.
Nero foi o último imperador da dinastia Júlio-Claudiana. A revolta de Galba e a rejeição de Nero pelo Senado forçou o imperador a fugir. Seu suicídio em 68, sem deixar filhos, foi o fim de sua linhagem e o golpe mortal de uma das cabeças da besta, citado em 13:3.
Um existe: Depois da morte de Nero, houve guerra civil em que quatro homens tentaram se estabelecer como sucessores de Nero (este período é conhecido como o ano dos quatro imperadores). Galba, Otão e Vitélio fracassaram. Vespasiano estabeleceu a próxima linha de imperadores, conhecida como a dinastia Flaviana, que inclui o próprio Vespasiano e seus dois filhos, Tito e Domiciano. Para identificar aquele que “existe” quando João escreve, precisamos comparar a profecia dele com a de Daniel 7. Na visão de Daniel, os reis foram representados pelos dez chifres do quarto animal. Quando subiu o décimo-primeiro, três foram arrancados (Daniel 7:8), deixando um total de oito. Da mesma maneira que os quatro animais de Daniel se transformaram em uma besta para João (13:2), os 11 reis de Daniel são oito para João, pois estes três insignificantes já foram, e Vespasiano se estabeleceu como o sexto rei. Se João tivesse escrito o livro na época de Nero, como alguns afirmam, ele teria a mesma perspectiva de Daniel, ainda aguardando aparecer estes três reis. Escrevendo depois de Vitélio, ele nem menciona os três que fracassaram entre Nero e Vespasiano. Apesar de alguns comentários feitos nas décadas e séculos depois colocando o exílio de João e o Apocalipse no reinado de Domiciano, eu acredito que a evidência interna favorece uma data entre 69 e 79, durante o reinado de Vespasiano.
O outro ainda não chegou; e quando chegar, tem de durar pouco: O próximo imperador seria Tito, o filho de Vespasiano, que reinou de 79 e 81. Assim foi cumprida a profecia que “tem de durar pouco”. Interpretações que sugerem que o livro fosse escrito durante o reinado de Nero e que o oitavo rei fosse Tito enfrentam algumas dificuldades aqui. Primeiro, teriam que explicar em que sentido Cláudio pode ser entendido como a besta que foi ferida mortalmente, desde que não há registro de perseguição aos cristãos pelos romanos na época de Cláudio. Segundo, teriam que explicar como Vespasiano seria o outro que ainda não chegou e ia durar pouco, quando o reinado dele foi bem maior do que o reinado de Tito. E ainda oferecendo alguma explicação para estas questões, teriam que mostrar o seu caso mais forte conforme as evidências internas e as comparações com Daniel.

Apocalipse 17:11 – E a besta, que era e não é, também é ele, o oitavo rei, e procede dos sete, e caminha para a destruição.
E a besta, que era e não é, também é ele, o oitavo rei, e procede dos sete: Depois das perseguições do reinado de Nero (a besta que era), os servos de Deus passavam por alguns anos mais tranquilos (não é), mas ainda teriam mais sofrimento pela frente. A besta ia surgir de novo na forma do oitavo rei, Domiciano. Em dois sentidos, pode afirmar-se que ele “procede dos sete”: Era filho de Vespasiano, e também ressuscitou a política de perseguição de Nero. João, escrevendo durante o reinado de Vespasiano, disse que a besta estava “para emergir do abismo” (17:8). Daniel falou sobre este rei (o décimo-primeiro do seu ponto de vista): “Proferirá palavras contra o Altíssimo, magoará os santos do Altíssimo e cuidará em mudar os tempos e a lei; e os santos lhe serão entregues nas mãos, por um tempo, dois tempos e metade de um tempo. Mas, depois, se assentará o tribunal para lhe tirar o domínio, para o destruir e o consumir até ao fim” (Daniel 7:25-26). À besta do mar “Foi-lhe dada uma boca que proferia arrogâncias e blasfêmias e autoridade para agir quarenta e dois meses” (13:5).
E caminha para a destruição: Aqui vem o conforto oferecido aos santos. A besta emergiria do abismo e perseguiria os servos do Senhor. Mas o seu tempo seria limitado (42 meses, ou três anos e meio, representa um tempo limitado de angústia) e seu destino já foi determinado pela justiça de Deus – “Caminha para a destruição” (17:8); “Se alguém matar à espada, necessário é que seja morto à espada” (13:10); “Mas, depois, se assentará o tribunal para lhe tirar o domínio, para o destruir e o consumir até ao fim” (Daniel 7:26). A comparação destes trechos reforça o entendimento que este oitavo rei caminha para sua própria destruição, e não que destrói outros (como alguns sugerem quando aplicam a profecia a Tito, o filho de Vespasiano que destruiu Jerusalém antes de se tornar imperador).

Apocalipse 17:12 – Os dez chifres que viste são dez reis, os quais ainda não receberam reino, mas recebem autoridade como reis, com a besta, durante uma hora.
Os dez chifres que viste são dez reis, os quais ainda não receberam reino, mas recebem autoridade como reis, com a besta, durante uma hora: Durante uma boa parte do império romano, foi usado um sistema conhecido como “rei-cliente”, em que reis subordinados ao imperador governavam províncias do império. Os Herodes, que governavam a Judéia, servem como exemplo deste tipo de rei subordinado, ou rei fantoche. Os reis-clientes durante o reinado de Domiciano, reinariam “com a besta”, mas o seu tempo seria curto – “durante uma hora”. Em contraste, os servos do Senhor que não adoraram a besta, foram prometidos o privilégio de reinar “com Cristo durante mil anos” (20:4). Os vencedores receberiam “autoridade sobre as nações e com cetro de ferro as regerá” (2:26-27). Não precisamos entender uma hora literal, nem mil anos literais, para apreciar o contraste. É melhor ser um servo de Cristo do que um rei no império romano!

Apocalipse 17:13 – Têm estes um só pensamento e oferecem à besta o poder e a autoridade que possuem.
Têm estes um só pensamento e oferecem à besta o poder e a autoridade que possuem: São meramente fantoches. Não têm poder próprio, pois todo o seu poder é dado à besta. Já observamos que a besta surge do mar e depende das nações, da sociedade humana, para seu poder e a sua existência. O imperador romano mantinha seu poder por dominar as nações e seus reis.

Apocalipse 17:14 – Pelejarão eles contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá, pois é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis; vencerão também os chamados, eleitos e fiéis que se acham com ele.
Pelejarão eles contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá: A besta usará todos os seus recursos, até os reis subordinados, para resistir o poder de Jesus e afligir os santos. Já sabemos que os reis da terra seriam reunidos para uma batalha em Armagedom (16:14,16). Sabemos, também, que servem à besta e ajudarão na perseguição dos fiéis. Mas mais importante de tudo, sabemos que a vitória será do Cordeiro!
Pois é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis: A certeza da vitória está na natureza divina do Cordeiro. Não é questão do tamanho do exército ou da estratégia dos guerreiros. Ele vencerá porque é o Senhor dos senhores! Este título é mais uma prova da divindade de Jesus, pois a Bíblia afirma que Deus (YHWH) é o Senhor dos senhores: “Pois o SENHOR, vosso Deus, é o Deus dos deuses e o Senhor dos senhores, o Deus grande, poderoso e temível” (Deuteronômio 10:17; Salmo 136:3; 1 Timóteo 6:15). No Apocalipse, este título é aplicado a Jesus (17:14; 19:16). Os reis da terra podem receber autoridade da besta para reinarem durante uma hora (17:12), mas tanto a besta como os reis cairão. Podem olhar para a meretriz como “a grande cidade que domina sobre os reis da terra” (17:18), mas o destino dela já foi anunciado (14:8). Jesus é o Soberano, o verdadeiro Rei dos reis!
Vencerão também os chamados, eleitos e fiéis que se acham com ele: Os servos fiéis participam da vitória do Cordeiro. Os servos do Senhor venceram o diabo “por causa do sangue do Cordeiro e por causa da palavra do testemunho que deram e, mesmo em face da morte, não amaram a própria vida” (12:11). A garantia da vitória está na lealdade ao verdadeiro Soberano. Aqueles que confiam na besta serão derrotados, enquanto os servos do Cordeiro têm certeza da vitória final. As cartas nos capítulos 2 e 3 prometem recompensas aos vencedores, dizendo que receberiam autoridade para dominar as nações com cetro de ferro (2:27). Aqueles que foram comprados com o sangue do Cordeiro “reinarão sobre a terra” (5:10). As almas dos decapitados “reinaram com Cristo durante mil anos” (20:4). Na Nova Jerusalém, os servos de Cristo “reinarão pelos séculos dos séculos” (22:5).

Apocalipse 17:15 – Falou-me ainda: As águas que viste, onde a meretriz está assentada, são povos, multidões, nações e línguas.
As águas que viste, onde a meretriz está assentada, são povos, multidões, nações e línguas: A besta surgiu do mar, tomando sua força das nações (13:1). A meretriz, Roma, e seu poder econômico dependem das nações e das relações comerciais no império. O mar e o comércio são ligados um ao outro no castigo da segunda trombeta, que atinge a terça parte da vida no mar e um terço das embarcações (8:9). Roma dominava o comércio entre três continentes pelo seu controle do mar Mediterrâneo. Mas se essas nações voltarem contra a meretriz, ela perderia sua força.

Apocalipse 17:16 – Os dez chifres que viste e a besta, esses odiarão a meretriz, e a farão devastada e despojada, e lhe comerão as carnes, e a consumirão no fogo.
Os dez chifres que viste e a besta, esses odiarão a meretriz, e a farão devastada e despojada, e lhe comerão as carnes, e a consumirão no fogo: Na interpretação da visão de Nabucodonosor, aprendemos que Roma seria um reino misto, dividido, ao mesmo tempo forte e fraco (Daniel 2:40-43). Segundo os relatos históricos, um dos principais motivos do declínio de Roma foi a dissensão interna, envolvendo conflitos entre generais, problemas com os líderes das províncias, etc. No final do primeiro e durante o segundo século, tais conflitos dentro do império começaram. Durante o reinado de Trajano, o império chegou à sua extensão geográfica máxima. Ele morreu em 117 e, logo em seguida, seu sucessor devolveu a Mesopotâmia aos partos, o primeiro de vários incidentes que tiveram o efeito de diminuir e dividir o império. A glória de Roma foi se perdendo devido, em boa parte, aos excessos de alguns imperadores e aos problemas com os povos já subjugados.

Apocalipse 17:17 – Porque em seu coração incutiu Deus que realizem o seu pensamento, o executem à uma e dêem à besta o reino que possuem, até que se cumpram as palavras de Deus.
Porque em seu coração incutiu Deus que realizem o seu pensamento: A besta e a meretriz podem se enganar, achando que exerçam domínio verdadeiro sobre os reis e as nações. Mas é Deus quem exerce o controle verdadeiro. Mesmo quando as nações se rebelam contra o verdadeiro Senhor, ele controla tudo para seus propósitos. Este versículo reafirma um princípio antigo e bem-estabelecido nas Escrituras: “o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens e o dá a quem quer” (Daniel 4:32). Quando Deus usa nações ímpias para castigar outras, elas geralmente não reconhecem a mão do Senhor, achando-se donos de si e capazes de controlar o próprio destino (Isaías 10:5-8).
O executem à uma e deem à besta o reino que possuem, até que se cumpram as palavras de Deus: Uma parte do plano de Deus para vencer a besta foi o aumento do poder dela. Deus a deixou crescer cada vez mais forte, dominando os reis das nações, enquanto preparava o castigo dela. Nas décadas depois de João escrever o Apocalipse, o poder romano foi aumentando, chegando ao seu auge no final do reinado de Trajano. A partir daquela época, perdeu território e poder aos poucos.

Apocalipse 17:18 – A mulher que viste é a grande cidade que domina sobre os reis da terra.
A explicação inspirada revela o significado da meretriz, da grande cidade. A grande cidade no Apocalipse é a Babilônia (14:8; 16:19; 17:5); é a cidade mundana que se colocou contra Deus no espírito de Egito, Sodoma e Jerusalém (11:8). Ela é Roma, a cidade que dominava sobre os reis da terra na época de João.

Conclusão
Atualmente, não há uma interpretação definitiva sobre o texto:
Nos capítulos 12 e 13, conhecemos três grandes inimigos do povo de Deus – o dragão e suas duas bestas. No capítulo 17, conhecemos mais uma aliada do dragão, a grande meretriz Babilônia. Ela é descrita como a cidade sentada sobre sete montes, bêbada com o sangue dos santos, que dominava os reis da terra. Ela depende da besta do mar, o poder do império romano. Este capítulo esclarece melhor o significado da besta, apontando ao poder perseguidor do governo romano, especialmente às perseguições que seriam feitas por um imperador que viria pouco depois da profecia de João.
A descrição da meretriz, a grande Babilônia em Apocalipse 17
O Apóstolo João descreve essa mulher da seguinte forma:
1. Ela é uma prostituta (vers. 1, 5): Como já dissemos, isso mostra todo o contraste entre ela e a noiva do Cordeiro.
2. Ela está assentada sobre muitas águas (vers. 1): Isso significa que ela possui influência mundial. Ela está assentada sobre toda a humanidade. O próprio versículo 15 do mesmo capítulo nos esclarece isso ao dizer que as águas onde se assenta a prostituta “são os povos, e multidões, e nações, e línguas“. A grande Babilônia é um sistema de proporções mundiais que demonstra uma cultura contra Deus.
3. Os reis da terra fornicaram com ela, bem como os habitantes da terra que se embriagaram com o vinho de sua fornicação (vers. 2): Os reis da terra são os governantes deste mundo, que, juntamente com os habitantes da terra, buscam de forma desenfreada esse prazer que é sinônimo de prostituição. Eles se embriagam no vinho de devassidão da meretriz. O termo grego traduzido por “devassidão” é porneia. Este termo pode ser aplicado de maneira bem ampla, e significa literalmente “prostituição”.
4. A grande meretriz aparece sentada sobre a besta que tinha sete cabeças e dez chifres (vers. 3): Esse animal que aparece no versículo 3 é a primeira besta mencionada no capítulo 13, a besta que subiu do mar. Essa besta representa os governos mundiais de maneira geral, ou seja, todo o poder econômico, político e militar. Isso nos mostra a sincronia que há entre a besta e a prostituta, de forma com que a busca pelo prazer é a motivação para todas as outras ações malignas neste mundo. Juntas, a besta e a prostituta, são instrumentos nas mãos de Satanás.
5. Ela estava vestida de púrpura e escarlata, adornada de ouro, pedras preciosas e pérolas (vers. 4): O tipo de roupa descrito por João se refere a trajes finíssimos, caros, usualmente utilizados por senadores e a elite da Roma da época. As pedras preciosas demonstram toda riqueza e luxo ostentado por essa mulher. É uma descrição completa do mundo ímpio, que vive em função de suas conquistas, riquezas, poder e glória.
6. Ela segurava um cálice de ouro, repleto de coisas repugnantes e da impureza da sua prostituição (vers. 4): O cálice de ouro compõe perfeitamente a descrição dessa mulher. Ela está vestida glamourosamente, ostentando riquezas e luxo, e possui um cálice de ouro em sua mão. O cálice de ouro transmite a ideia de algo desejado, cobiçado pelo homem. Os cálices de ouro eram utilizados geralmente para servir o melhor vinho. Mas no caso dessa mulher é diferente. O cálice é de ouro, mas seu interior contém apenas abominações e devassidão. Esse cálice está transbordando com a impureza de sua prostituição. Aqui podemos perceber que todo esse modo de vida prazeroso que o mundo oferece aos homens, é na verdade mundano e depravado, é um modo de vida que afronta a Deus.
7. Tinha em sua testa a seguinte inscrição: “Mistério, a grande Babilônia, a mãe das prostituições e abominações da terra” (vers. 5): No versículo 5 João registra o nome dessa mulher. Ele escreve que esse nome estava em sua testa. Essa descrição combina com um costume da época em que as prostitutas do Império Romano usavam um tipo de pequena faixa ao redor da cabeça que continha seu nome, num tipo de exibição de sua própria desonra.
O nome dessa meretriz é Babilônia. Essa Babilônia não é literalmente a cidade histórica, nem qualquer outra cidade especifica do mundo, muito menos uma futura cidade que será reconstruída. Esse nome é uma referência direta a tudo o que a Babilônia simboliza, desde sua fundação, ainda com Ninrode na edificação primitiva dessa cidade, até seu posto de maior império do mundo nos dias de Nabucodonosor. Babilônia, ainda como Babel, foi edificada puramente nas bases do pecado.
A própria Torre de Babel era um símbolo direto da loucura do homem contra Deus. O propósito da torre era eternizar o nome dos habitantes de Babel, e, caso ocorresse novamente um dilúvio, eles poderiam subir pela torre até o céu, e se vingar do próprio Deus.
Depois de Babel, Babilônia ressurge poderosa novamente na narrativa bíblica com Nabucodonosor exilando o povo judeu. Logo, Babilônia representa na Bíblia tudo aquilo que é mais perverso. Ela é o berço do paganismo, da falsa religião, da prostituição, da busca pelo prazer e da perseguição ao povo de Deus.
Nos dias de João, essa mulher, a Babilônia, claramente podia ser vista na cidade de Roma, uma cidade que era conhecida naquele tempo como a cidade dos prazeres. Roma era a fonte de todo tipo de idolatria, de modo que os cristãos verdadeiros eram chamados de ateus por não adorarem os muitos deuses do paganismo romano.
Eles também eram acusados de serem antissociais, pois não participavam da vida social ofertada por aquele sistema (1Pe 2:12; 4:3,4). As influências mundanas dessa cidade corrompida estavam entrando até mesmo dentro das comunidades cristãs, onde alguns membros cediam às pressões e acabavam aceitando a idolatria e a imoralidade (Ap 2:12,20; 1Co 6:12-20).
Aquela Roma não existe mais, porém hoje, onde quer que esteja a busca humana pelo prazer, seja por vícios, pela prostituição, luxuria e ganância ali estará a Babilônia.
8. Ela estava embriagada do sangue dos santos, e das testemunhas de Jesus (vers. 6): Que detalhe terrível é revelado no versículo 6. O próprio Apóstolo João ficou espantado com essa visão. Imagine você a cena que João estava vendo: uma mulher vestida sensualmente, com vestes finas e adornada por pedras preciosas, com uma identificação de prostituta em sua testa, montada em uma besta, segurando um cálice de ouro transbordando abominações e, por último, embriagada do sangue dos santos e das testemunhas de Jesus.
Ao mesmo tempo em que Babilônia oferece prazer aos homens, ela também derrama o sangue dos seguidores de Cristo. Isso significa que a busca pelo prazer humano sempre resulta em perseguição à Igreja, pois a Igreja verdadeira sempre irá se opor ao estilo de vida mundano e corrompido.
Resumindoa grande Babilônia representa todo o sistema mundano que se opõe a Igreja de Cristo, é a falsa igreja que conduz ao prazer, é o mundo como o centro de sedução maligno, é a meretriz que sempre será o oposto da noiva.
Essa Babilônia nos dias de João estava personificada na figura da capital do império, Roma. Essa Roma dos dias de João não existe mais, mas Babilônia está presente em qualquer momento da história. Onde houver a busca pelo prazer a qualquer custo, onde houver a perseguição aos servos de Deus, onde houver o sangue dos mártires sendo derramado, ali estará a meretriz com sua sedução, ali estará a Babilônia com seu cálice de devassidão.
No versículo 14, vemos como esse sistema maligno juntará forças para guerrear contra o Cordeiro, mas serão definitivamente derrotados, pois o Cordeiro os vencerá, e vencerão com Ele os seus eleitos. Aqui o anjo informa a João que a vitória de Cristo e de Sua Igreja já está decretada.


sexta-feira, 15 de novembro de 2019

A P O C A L I P S E / QUARTA PARTE - EXECUÇÃO DIVINA 2


No capítulo 15, um dos quatro seres viventes deu as sete taças da cólera de Deus aos sete anjos, e o santuário se encheu com a fumaça da glória e do poder de Deus. Agora, cada um dos anjos derramará a sua taça, trazendo uma série de sete flagelos para castigar os adoradores da besta e os servos do dragão. Algumas dessas pragas nos lembram das pragas que Deus enviou para castigar os egípcios quando Moisés foi libertar o povo de Israel. Perceba que na estrutura do livro de Apocalipse, João o autor, utiliza muitas figuras do Antigo Testamento. Em Apocalipse 16, por exemplo, vemos uma clara alusão as pragas derramadas sobre o Egito, no Êxodo. A sequência não é a mesma, mas a similaridade é inegável.
Os Anjos Derramam as Suas Taças (Apocalipse 16:1-21)
A primeira das taças causa feridas nas pessoas (v.2), assim como a praga das úlceras em Êxodo 9:10. A terceira taça que transformou águas do rio e fontes, em sangue (v.4) é uma clara alusão à praga que tornou a água do Egito em sangue (Êxodo 7:19). A quinta taça trouxe trevas sobre a Terra (v.10) e é um reflexo da praga que trouxe escuridão ao Egito (Êxodo 10:22). A sexta taça secou as águas do rio Eufrates e fez surgir três espíritos diabólicos com a semelhança de rãs (v.13), o que nos lembra a praga das rãs que cobriram a terra do Egito (Êxodo 8:6). Por fim, a sétima taça trouxe chuva de granizo a terra (v.21), algo semelhante a chuva de granizo que arrasou o Egito (Êxodo 9:23,24).
Antes de considerar o conteúdo de cada taça, observemos os paralelos entre as sete taças e as sete trombetas:
As Trombetas
As Taças
1ª – Terça parte da terra (8:7)
1ª – Adoradores da besta na terra (16:1-2)
2ª – Terça parte do mar se torna em sangue (8:8-9)
2ª – O mar se torna em sangue (16:3)
3ª – Terça parte dos rios e das fontes se torna amargosa (8:10-11)
3ª Os rios e as fontes se tornam em sangue (16:4-7)
4ª – Terça parte do sol, da lua e das estrelas escurece (8:12)
4ª – O sol queima os homens com fogo (16:8-9)
5ª – O rei dos gafanhotos traz escuridão e tormento aos homens ímpios (9:1-11)
5ª – O reino da besta se torna em trevas; os homens ímpios sofrem dor (16:10-11)
6ª – Os anjos atados junto ao Eufrates soltam o exército (9:13-19)
6ª – O Eufrates seca para preparar o caminho dos reis para a peleja (16:12-16)
7ª – Cumprir-se-á o mistério de Deus (10:7); Chegou a ira de Deus contra as nações para destruir os que destroem a terra; Relâmpagos, vozes, trovões, terremoto e grande saraivada (11:15-19)
7ª – Feito está! (16:17); Caíram as cidades das nações; Deus dá o cálice da sua ira; Relâmpagos, vozes, trovões e terremoto (16:18-19)




























 A Primeira Taça (16:1-2)
Apocalipse 16:1 – Ouvi, vinda do santuário, uma grande voz, dizendo aos sete anjos: Ide e derramai pela terra as sete taças da cólera de Deus.
Ouvi, vinda do santuário, uma grande voz, dizendo aos sete anjos: Deus está no santuário, envolto na fumaça impenetrável (15:8). Esta voz, então, é a voz de Deus dando ordem aos sete anjos.
Ide e derramai pela terra as sete taças da cólera de Deus: Os anjos recebem a ordem de derramar as suas taças, trazendo a ira de Deus. A cólera ou furor de Deus vem em resposta à cólera do dragão (12:12) e à fúria da prostituição da grande Babilônia (14:8). Mas a cólera do dragão dura pouco tempo (12:12) enquanto esta fúria vem de “Deus, que vive pelos séculos dos séculos” (15:7).
Apocalipse 16:2 – Saiu, pois, o primeiro anjo e derramou a sua taça pela terra, e, aos homens portadores da marca da besta e adoradores da sua imagem, sobrevieram úlceras malignas e perniciosas.
Saiu, pois, o primeiro anjo e derramou a sua taça pela terra: A obediência imediata é característica dos servos fiéis ao Senhor. Deus mandou, e o anjo foi. A sua taça castiga a terra ou, mais precisamente, os adoradores da besta na terra.
Aos homens portadores da marca da besta e adoradores da sua imagem: Aqueles que cederam à pressão e participaram do culto imperial para evitar as consequências diante do governo romano (13:14-17) agora sofrem nas mãos do Soberano Rei dos reis.
Sobrevieram úlceras malignas e perniciosas: Como a sexta praga no Egito (Êxodo 9:8-9), os adoradores da besta foram afligidos por úlceras. Aquela praga atingiu os próprios magos, aqueles que induziam as pessoas a acreditarem em falsas religiões. (Êxodo 9:11). Esta afeta os participantes de falsa religião.
Também o que se percebe entre um período e o outro, é um aumento na gravidade dos danos causados por cada uma das séries. O que fica ainda mais claro, quando cada trombeta e taça, é analisada individualmente.

A Segunda Taça (16:3)
Apocalipse 16:3 – Derramou o segundo a sua taça no mar, e este se tornou em sangue como de morto, e morreu todo ser vivente que havia no mar.
Derramou o segundo a sua taça no mar: Já observamos que o mar, muitas vezes, simboliza a sociedade mundana (13:1). Aqui o castigo vem sobre as nações rebeldes. O mar Mediterrâneo, também, foi o foco comercial do império romano. Qualquer praga que ataque o mar sempre trará a grande impacto financeiro (18:17-19). E este se tornou em sangue como de morto, e morreu todo ser vivente que havia no mar: Como na primeira praga no Egito, que causou a morte dos peixes (Êxodo 7:1-25), este flagelo causa a morte dos seres viventes no mar.
Pelo fato que todos os outros flagelos afligem pessoas, e não a natureza, podemos concluir que os seres viventes no mar são, também, homens. Este entendimento se torna mais forte com os flagelos que se seguem.

A Terceira Taça (16:4-7)
Apocalipse 16:4 – Derramou o terceiro a sua taça nos rios e nas fontes das águas, e se tornaram em sangue.
Derramou o terceiro a sua taça nos rios e nas fontes das águas, e se tornaram em sangue: Rios e fontes são essenciais para sustentar a vida. Esta praga, como a praga no Egito, deixa os perversos sem água potável. Se não vier algum alívio, a consequência será a morte.
Apocalipse 16:5 – Então, ouvi o anjo das águas dizendo: Tu és justo, tu que és e que eras, o Santo, pois julgaste estas coisas;
Então, ouvi o anjo das águas dizendo: Além do seu trabalho de derramar sua taça sobre os rios e as fontes das águas, este anjo tem uma proclamação.
Tu és justo, tu que és e que eras, o Santo, pois julgaste estas coisas: Em executar uma parte do julgamento dos ímpios, o anjo percebe a justiça de Deus, e o adora. A justiça divina sempre foi motivo de louvor: “Levanto-me à meia-noite para te dar graças, por causa dos teus retos juízos” (Salmo 119:62). Deus é eterno, Santo e justo.
Apocalipse 16:6 – porquanto derramaram sangue de santos e de profetas, também sangue lhes tens dado a beber; são dignos disso.
Porquanto derramaram sangue de santos e de profetas, também sangue lhes tens dado a beber; são dignos disso: A água se torna em sangue porque os habitantes do mundo haviam derramado sangue inocente. Mais uma vez, observamos a ligação entre os castigos e a pergunta do quinto selo: “Até quando, ó Soberano Senhor, santo e verdadeiro, não julgas, nem vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra?” (6:10). Desde a morte de Abel, Deus ensinara aos homens o princípio da vingança de sangue: “Certamente, requererei o vosso sangue, o sangue da vossa vida; de todo animal o requererei, como também da mão do homem” (Gênesis 9:5).
Este motivo é citado frequentemente em outras profecias do Velho e Novo Testamentos para explicar o castigo de diversas pessoas – indivíduos, cidades e nações. Considere estes exemplos: Jerusalém e Judá foram castigados porque o rei Manassés derramou muito sangue inocente e fez Judá pecar com os seus ídolos (2 Reis 21:10-16); Jeoaquim, um dos últimos reis de Judá, foi condenado pelo mesmo motivo (Jeremias 22:17-19); o derramamento de sangue inocente foi um dos motivos da opressão e do cativeiro do povo de Israel (Salmo 106:34-46); os profetas citaram o mesmo motivo quando falaram das consequências dos pecados de Israel e de Judá (Isaías 26:21; 59:3,7; Jeremias 7:6; Ezequiel 22:27). Uma outra passagem importante fala sobre a casa de Acabe, especialmente Jezabel, que foram castigados por terem derramado o sangue dos servos, dos profetas (2 Reis 9:7). Todas essas profecias foram cumpridas nos séculos antes da vinda de Jesus. Servem para entender a linguagem do Apocalipse, mas não para identificar o cumprimento principal destas profecias de João, feitas depois da morte de Jesus.
Uma profecia relevante ao contexto do Apocalipse se encontra em Joel. Depois de estabelecer Jerusalém espiritual (Joel 2:28 - 3:1), Deus reúne as nações para o julgamento no vale de Josafá (Joel 3:2). Os crimes são ofensas contra o povo do Senhor, inclusive o pecado de terem derramado sangue inocente em Judá. Esta vingança é ligada ao estabelecimento do reino de Deus e à sua habitação em Sião (Joel 3:17-21), temas principais no Apocalipse.
Quando chegamos aos evangelhos, as figuras mais próximas se encontram nos comentários de Jesus sobre os pecados dos judeus. Ele condenou os escribas e fariseus por imitar as atitudes dos seus ancestrais em matar profetas e justos (Mateus 23:29-36) e, logo em seguida, profetizou sobre a destruição de Jerusalém, uma profecia cumprida em 70 d.C. Comentários semelhantes são relatados em Lucas 11:45-52.
Observando a semelhança das palavras de Jesus e a condenação da meretriz do Apocalipse (16:6; 17:6; etc.), alguns estudiosos concluem que são profecias do mesmo castigo, e que a meretriz (Babilônia) do Apocalipse é a cidade de Jerusalém. Existem vários argumentos a favor dessa interpretação, e outros contra. Alguns estudiosos apontam para a cidade de Roma onde está a profanação religiosa do mundo através do papismo, mas acredito que seja mesmo a cidade de Jerusalém curvada diante do papismo adotando uma única religião em adoração ao anticristo.
As semelhanças entre os comentários de Jesus e a linguagem do Apocalipse provam que a meretriz é Jerusalém? Na verdade, é a mesma questão que surgiu no capítulo 11, quando falou da “grande cidade que, espiritualmente, se chama Sodoma e Egito, onde também o seu Senhor foi crucificado” (11:8).
Apocalipse 16:7 – Ouvi do altar que se dizia: Certamente, ó Senhor Deus, Todo-Poderoso, verdadeiros e justos são os teus juízos.
Ouvi do altar que se dizia: Certamente, ó Senhor Deus, Todo-Poderoso, verdadeiros e justos são os teus juízos: Novamente, voltamos ao quinto selo (6:9-11). As almas debaixo do altar pediram vingança, e Deus respondeu que teriam que esperar mais um pouco. Agora que o Senhor deu sangue para os opressores beberem, o altar proclama a justiça de Deus. A justiça divina pode demorar, mas ela vem! Pedro diz que qualquer demora na aplicação da justiça divina deve ser vista como uma demonstração da misericórdia e longanimidade de Deus (2 Pedro 3:7-10).

A Quarta Taça (16:8-9)
Apocalipse 16:8 – O quarto anjo derramou a sua taça sobre o sol, e foi-lhe dado queimar os homens com fogo.
O quarto anjo derramou a sua taça sobre o sol, e foi-lhe dado queimar os homens com fogo: Nos primeiros quatro flagelos, como nas primeiras quatro trombetas (8:7-13), as forças da natureza são os instrumentos de Deus para castigar os homens perversos. O sol normalmente ilumina, possibilitando a vida. Em outras situações, Deus castigou os homens negando-lhes a luz do sol (8:12; Êxodo 10:21-23; Joel 2:32; Mateus 24:29). Esta vez, o castigo vem por meio do calor excessivo que queima, e serve para afligir os adversários do Senhor. Deus usa o fogo para destruir os seus inimigos (Salmo 97:3; 104:4). Da mesma maneira que algumas das pragas atingiram os egípcios e não os israelitas, as pessoas que sofrem sede por não terem água potável (16:4-7) são punidas com esta praga de calor insuportável, enquanto os fiéis que saem da grande tribulação são protegidos do calor e nunca terão sede (7:16).
Apocalipse 16:9 – Com efeito, os homens se queimaram com o intenso calor, e blasfemaram o nome de Deus, que tem autoridade sobre estes flagelos, e nem se arrependeram para lhe darem glória.
Com efeito, os homens se queimaram com o intenso calor, e blasfemaram o nome de Deus: O castigo vem por causa da injustiça dos homens, mas os ímpios ainda ousam levantar as suas vozes contra o Senhor. É triste observar como a mesma coisa acontece hoje. O sofrimento entrou no mundo por causa do pecado do homem, mas muitos usam a dor como motivo de questionar a justiça e negar a bondade de Deus. Alguns até rejeitam a existência de Deus por causa da injustiça do homem!
Deus, que tem autoridade sobre estes flagelos: Os castigos vêm de Deus. Em vez de buscar perdão e clemência, os homens blasfemam o nome do Senhor.
E nem se arrependeram para lhe darem glória: Da mesma maneira que Faraó endureceu seu coração depois das pragas no Egito (Êxodo 7:22; 8:15,19,32; 9:7,12,34-35; 10:1,20,27; 13:15), este povo recusa a se arrepender. Não aceitaram o castigo como disciplina (3:19; Hebreus 12:5-6), e sim como motivo para rejeitar o Senhor. Quando pessoas hoje usam o sofrimento como motivo para negar a existência de Deus, cometem o mesmo erro fatal. Independente da fonte do sofrimento, devemos usá-lo para nos aproximar de Deus (Tiago 1:2-4; 2 Coríntios 12:7-10). 

A Quinta Taça (16:10-11)
Apocalipse 16:10 – Derramou o quinto a sua taça sobre o trono da besta, cujo reino se tornou em trevas, e os homens remordiam a língua por causa da dor que sentiam
Derramou o quinto a sua taça sobre o trono da besta: A besta não é o poder superior! O anjo de Deus derrama sua taça sobre o trono da besta, porque vem de um lugar mais alto. Homens enganados podem exaltar a besta (13:4), mas ela não é igual a Deus, nem ao mensageiro usado por Deus para derramar a sua ira.
A quinta trombeta trouxe escuridão e tormento (9:1-12), como também a quinta taça.
Cujo reino se tornou em trevas: Os egípcios adoraram o sol, e Deus causou três dias de escuridão (Êxodo 10:21-23). Aqui o reino da besta se torna em trevas, provavelmente referindo-se ao engano das mentiras daquela que se apresenta como um deus digno de adoração.
E os homens remordiam a língua por causa da dor que sentiam: O reino da besta sofre dor insuportável. Enquanto o Senhor oferece refúgio e proteção aos seus servos (7:16-17), os servos da besta são atormentados.
Apocalipse 16:11 – e blasfemaram o Deus do céu por causa das angústias e das úlceras que sofriam; e não se arrependeram de suas obras.
E blasfemaram o Deus do céu por causa das angústias e das úlceras que sofriam, e não se arrependeram de suas obras: Como fizeram na sexta trombeta (9:20-21) e na quarta taça (16:9), os ímpios ainda recusam a se arrependerem. É mais fácil colocar a culpa em Deus do que aceitar a responsabilidade pelo próprio pecado. Diferente das pragas do Egito, onde cessou uma antes de começar a próxima, estes flagelos continuam. Chegamos à quinta taça, e os homens ainda estão sofrendo com as aflições que começaram na primeira (16:2). As obras dos pecadores são o motivo do castigo, em contraste com as obras dos santos que são as roupas puras que usam na presença do Cordeiro (19:8).

A Sexta Taça (16:12-16)
Apocalipse 16:12 – Derramou o sexto a sua taça sobre o grande rio Eufrates, cujas águas secaram, para que se preparasse o caminho dos reis que vêm do lado do nascimento do sol.
Derramou o sexto a sua taça sobre o grande rio Eufrates, cujas águas secaram, para que se preparasse o caminho dos reis que vêm do lado do nascimento do sol: Esta figura apresenta algumas dificuldades, e as explicações são diversas. Quais reis vêm do oriente? É o mesmo exército que os espíritos imundos se ajuntam nos versículos seguintes, ou é o povo de Deus vindo para estar com ele diante das ameaças dos servos do diabo?
Por vários motivos, parece-me mais razoável ver aqui os servos de Deus. Considere:
1. Quando Deus voltou para abençoar seu povo e habitar no meio dele, sua glória “entrou no templo pela porta que olha para o oriente” (Ezequiel 43:4).
2. Todas as pessoas na Bíblia que atravessam corpos de água em terra seca são os servos de Deus sob a sua proteção, não os seus inimigos: os israelitas na saída do Egito (Êxodo 14:15-25; Salmo 106:9-10); os israelitas na entrada em Canaã (Josué 3:12 - 4:18); Elias e Eliseu juntos (2 Reis 2:4-8); Eliseu sozinho (2 Reis 2:13-14). Na profecia de Isaías 11:15-16, Deus seca o Eufrates para permitir o restante do seu povo escapar do cativeiro. Em Isaías 51:10, Deus secou as águas do mar para deixar passar os remidos (cf. Zacarias 10:10-12).
3. Exércitos são representados como águas ou rios, até pelas águas do Eufrates (Isaías 8:7-8), e o vento de Deus seca e espalha essas águas (Isaías 17:12-14).
4. O exército que vem do Eufrates na sexta trombeta é de Deus, trazendo fogo e enxofre e matando a terça parte dos homens ímpios (9:13-21).
Baseado nestas observações, o que vemos aqui é a ação de Deus para vencer o poder militar dos ímpios e deixar os seus fiéis atravessarem o Eufrates em terra seca para chegar ao Senhor. É uma imagem do povo voltando do cativeiro para habitar na presença de Deus, e para ficar com o Senhor contra o diabo e seus servos.
Apocalipse 16:13 – Então, vi sair da boca do dragão, da boca da besta e da boca do falso profeta três espíritos imundos semelhantes a rãs;
Então, vi sair da boca do dragão, da boca da besta e da boca do falso profeta: O diabo e seus dois principais aliados: a besta (do mar) e o falso profeta (a besta da terra, que induz as pessoas a adorarem a besta do mar). Sabemos que tudo que sai da boca deles é mau, pois o diabo é o pai da mentira (João 8:44).
Três espíritos imundos semelhantes a rãs: Saindo da boca destes três personagens, obviamente são imundos. Rãs são mencionadas aqui e nas referências à segunda praga no Egito (Êxodo 8:1-15; etc.). No Antigo Testamento, foram consideradas imundas e, por isso, abominações (Levítico 11:9-10).
Apocalipse 16:14 – porque eles são espíritos de demônios, operadores de sinais, e se dirigem aos reis do mundo inteiro com o fim de ajuntá-los para a peleja do grande Dia do Deus Todo-Poderoso.
Porque eles são espíritos de demônios, operadores de sinais: É uma batalha espiritual, e os servos do diabo vêm com seus sinais para enganar os homens. Foi por causa dos sinais dos magos que Faraó endureceu seu coração nas primeiras pragas (Êxodo 7:22). Paulo falou dos sinais da mentira usados pelo iníquo para enganar os homens (2 Tessalonicenses 2:9-12).
E se dirigem aos reis do mundo inteiro: Estes espíritos têm um objetivo específico. Querem enganar os reis do mundo. Novamente, a figura destaca a influência mundial do dragão e de seus aliados, um fato que se enquadra bem com as características do império romano identificado no capítulo 13.
Com o fim de ajuntá-los para a peleja do grande Dia do Deus Todo-Poderoso: O propósito dos espíritos enganadores é colocar os reis contra Deus. Desde o Éden, o Diabo tem procurado criar inimizade entre Deus e os homens. Ele distorceu e contrariou a palavra de Deus para enganar Eva, e vem fazendo a mesma coisa ao longo da história. Aqui, os servos dele têm o propósito de ajuntar os reis da terra contra os servos de Deus.
A peleja pode ser uma batalha física, como a batalha entre Israel e Síria, em que um “espírito mentiroso na boca de todos os ... profetas” de Acabe enganou o rei para provocar a guerra (1 Reis 22:1-28). Também pode ser uma batalha espiritual, como as batalhas contra os príncipes da Pérsia e da Grécia em Daniel 10:13-21. Podemos incluir os dois aspectos, como a luta do Faraó contra Deus, que envolveu tanto a batalha espiritual de um coração obstinado como o exército do Egito que morreu no Mar Vermelho. Independente da natureza da batalha em si, o resultado seria o julgamento dos povos rebeldes, semelhante a cena no vale da Decisão em Joel 3. Deus vai julgar os reis enganados pelos espíritos que saem da boca do dragão, da besta e do falso profeta.
Apocalipse 16:15 – (Eis que venho como vem o ladrão. Bem-aventurado aquele que vigia e guarda as suas vestes, para que não ande nu, e não se veja a sua vergonha.)
Antes de deixar João continuar o relato do trabalho dos espíritos imundos, Jesus interrompe com uma mensagem de exortação aos fiéis.
Eis que venho como vem o ladrão: A figura do ladrão é utilizada na Bíblia para enfatizar o julgamento repentino e a falta de preparo das pessoas julgadas. Representa as consequências naturais do pecado e da negligência nesta vida (Provérbios 6:9-11), como também a vinda do Senhor para julgar (Lucas 12:35-40; Mateus 24:42-43; 1 Tessalonicenses 5:2-4; 2 Pedro 3:10; Apocalipse 3:3). A ênfase está na preparação para a chegada do Senhor.
Bem-aventurado aquele que vigia e guarda as suas vestes, para que não ande nu, e não se veja a sua vergonha: Esta é a terceira de sete bem-aventuranças no livro. A pessoa preparada, que não teme a vinda do Senhor, vigia e aguarda o Senhor (cf. Mateus 25:1-13). Guardar as vestes indica a pureza dos fiéis, que “não contaminaram as suas vestiduras e andarão de branco” (3:4; cf. Tiago 1:27). A nudez, por outro lado, mostra a impureza de pessoas despreparadas, como a igreja em Laodicéia (3:17). Quando Adão perdeu a sua inocência e ouviu a voz de Deus no jardim, ele se escondeu porque estava nu e envergonhado (Gênesis 3:8-10). A nudez representa a vergonha, especialmente a vergonha de castigo (Ezequiel 16:36-37; Oséias 2:9-10; Miquéias 1:1; Naum 3:5).
Apocalipse 16:16 – Então, os ajuntaram no lugar que em hebraico se chama Armagedom.
Então, os ajuntaram no lugar que em hebraico se chama Armagedom: A batalha não acontece no capítulo 16. Teremos que esperar até o capítulo 19 para ver o resultado desta guerra. No momento, o Senhor quer mostrar o lugar da batalha – Armagedom. Esta palavra aparece somente aqui, mas o próprio versículo diz que ela é de origem hebraica. A palavra significa “monte de Megido” ou “cidade de Megido”, e nos lembra do significado da região de Megido em batalhas decisivas do Antigo Testamento. Foi o local da vitória de Israel sobre Jabim e Sísera (Juízes 4 e 5, especialmente 5:19). Josias morreu da ferida que sofreu na batalha contra Neco, rei do Egito, no vale de Megido (2 Crônicas 35:22-24). Outras batalhas na região de Jezreel e Megido incluem: a vitória de Gideão sobre os midianitas (Juízes 7); a batalha final de Saul contra os filisteus (1 Samuel 31). Quando Jeú, encarregado com a exterminação da casa de Acabe, mandou matar Acazias, rei de Judá, este morreu em Megido (2 Reis 9:27). Armagedom, então, representa um lugar de julgamento e de batalhas decisivas. Certamente, Deus julgará e aplicará a sua justiça!

A Sétima Taça (16:17-21)
Apocalipse 16:17 – Então, derramou o sétimo anjo a sua taça pelo ar, e saiu grande voz do santuário, do lado do trono, dizendo: Feito está!
Então, derramou o sétimo anjo a sua taça pelo ar: Especialmente quando pensamos nos paralelos entre as taças e as trombetas (veja a tabela comparativa no início), chegamos à última taça esperando o cumprimento da ira de Deus. Encontraremos mais detalhes nos capítulos 17 e 18, mas a segunda voz já anunciou a queda da Babilônia (14:8). A vitória sobre os reis da terra será declarada no capítulo 19, mas já sabemos que os povos enganados aguardam em Armagedom, onde Deus pronunciará a sentença de condenação (16:16). Atrás de todos os reis e atrás da cidade mundana jaz a influência do dragão, o diabo. A sétima taça leva a batalha à casa do Adversário. A taça é derramada pelo ar, diretamente atingindo “o príncipe da potestade do ar” (Efésios 2:1). Satanás é o príncipe deste mundo (João 12:31; 14:30; 16:11) e o “deus deste século” que cega os incrédulos (2 Coríntios 4:14).
Saiu grande voz do santuário, do lado do trono: A voz vem do trono que está no santuário. Deus está no santuário, e ninguém mais podia entrar até que se cumprissem os sete flagelos (15:8).
Feito está!: As palavras enganadoras dos espíritos imundos podem conduzir os reis da terra a uma falsa expectativa de vitória, mas o verdadeiro vencedor é o próprio Senhor. Quando ele declara o seu plano cumprido, podemos ter certeza da vitória dos fiéis.
Apocalipse 16:18 – E sobrevieram relâmpagos, vozes e trovões, e ocorreu grande terremoto, como nunca houve igual desde que há gente sobre a terra; tal foi o terremoto, forte e grande.
E sobrevieram relâmpagos, vozes e trovões, e ocorreu grande terremoto: É de Deus! São os sinais que saem do trono de Deus (4:5) e do altar que se acha diante do trono (8:5). São os sinais que vêm do santuário depois da sétima trombeta (11:19). Aqui, estes sinais reforçam as palavras da voz do santuário. Está feito!
Terremoto, como nunca houve igual desde que há gente sobre a terra; tal foi o terremoto, forte e grande: Há uma tendência por parte de muitas pessoas de entender expressões proverbiais de forma literal. Mas, da mesma maneira que falamos do “melhor dia da minha vida” ou dizemos “eu nunca vi nada igual”, a Bíblia também emprega provérbios que não devem ser interpretados literalmente. Podemos ilustrar a linguagem proverbial comparando duas afirmações sobre Jerusalém. Deus falou da destruição de Jerusalém em 586 a.C. nestas palavras: “Executarei juízos no meio de ti, à vista das nações. Farei contigo o que nunca fiz e o que jamais farei, por causa de todas as tuas abominações” (Ezequiel 5:8-9). Literalmente nunca fez e jamais faria coisa igual? Não! O próprio Jesus falou da mesma cidade 600 anos depois, e disse: “Porque nesse tempo haverá grande tribulação, como desde o princípio do mundo até agora não tem havido e nem haverá jamais” (Mateus 24:21). Se Ezequiel e Jesus falassem literalmente, as suas palavras se contradiriam. Mas são expressões proverbiais. Não precisamos procurar a maior tribulação da história para acreditar e entender as palavras de Ezequiel e as de Jesus, e não precisamos procurar o pior terremoto da história para acreditar na profecia da sétima taça. Nem precisamos de um terremoto literal para entender o ponto. Mas não devemos diluir a mensagem e perder o impacto. Deus disse “Feito está!” e chamou atenção a suas palavras com sinais assustadores.
Apocalipse 16:19 – E a grande cidade se dividiu em três partes, e caíram as cidades das nações. E lembrou-se Deus da grande Babilônia para dar-lhe o cálice do vinho do furor da sua ira.
A grande cidade: Encontramos, novamente, a grande cidade que recebe a cólera de Deus. Há um contraste importante no livro entre a cidade santa, a nova Jerusalém e a grande cidade mundana, a Babilônia. A grande cidade representa a corrupção de uma cidade que vivia da prostituição de suas relações comerciais com as nações, e destaca mais uma característica do poder do império romano. A besta do mar enfatiza seu poder de dominar, especialmente o poder militar dos reis. A besta da terra representa seu poder religioso, a religião imperial pela qual as pessoas foram obrigadas a adorarem Roma ou seus imperadores. A Babilônia destaca as relações comerciais pelas quais Roma dominava a economia mundial. O sétimo flagelo fala do castigo da grande cidade Babilônia, que será descrito em mais detalhes nos capítulos 17 e 18.
Se dividiu em três partes: A divisão em três partes enfatiza a derrota total da grande cidade. Ezequiel dividiu a cidade de Jerusalém, simbolicamente, em três partes, para mostrar a destruição total dela (Ezequiel 5:1-4). A Babilônia é ferida por três flagelos em um só dia (18:8), frisando a sua destruição total.
Caíram as cidades das nações: As cidades das nações dependiam da grande cidade. Quando ela cai, elas também caem. O lamento dos reis e comerciantes em 18:9-19 mostra como a queda da Babilônia teria impacto enorme nas outras nações. Não teriam mais o seu mercado principal, causando um colapso econômico geral.
E lembrou-se Deus da grande Babilônia para dar-lhe o cálice do vinho da sua ira: Já observamos o significado do cálice da ira de Deus. Os adoradores da besta beberiam deste cálice. Agora aprendemos que a própria Babilônia, a mesma que deu às nações o “vinho da fúria da sua prostituição” (14:8) teria que beber da ira de Deus (cf. 18:5-6).
Apocalipse 16:20 – Todas as ilhas fugiram, e os montes não foram achados;
Todas as ilhas fugiram, e os montes não foram achados: Este versículo reforça o sentido do anterior, mostrando os efeitos mundiais da queda da Babilônia. A linguagem nos lembra do sexto selo (6:12-17). Quando Deus desce para julgar, “os montes debaixo dele se derretem” (Miquéias 1:4; cf. Naum 1:5; Salmos 18:7-15; 97:5). As ilhas, por serem espalhadas e ocupadas por diversos povos, são ligadas às nações (Gênesis 10:5; Isaías 40:15; 41:1; Sofonias 2:11). Quando Ezequiel profetizou a queda de Tiro, uma cidade que vivia do comércio no mar Mediterrâneo, ele falou de seu impacto nas ilhas: “Agora, estremecerão as ilhas no dia da tua queda; as ilhas, que estão no mar, turbar-se-ão com a tua saída” (Ezequiel 26:18). Da mesma maneira, o castigo de Roma prejudicaria as ilhas e os povos de toda a extensão do império.
Apocalipse 16:21 – também desabou do céu sobre os homens grande saraivada, com pedras que pesavam cerca de um talento; e, por causa do flagelo da chuva de pedras, os homens blasfemaram de Deus, porquanto o seu flagelo era sobremodo grande.
Também desabou do céu sobre os homens grande saraivada, com pedras que pesavam cerca de um talento: Chuva de pedras de 45 quilogramas cada! Lembrando que os flagelos são cumulativos (16:10-11), podemos imaginar o sofrimento dos adoradores da besta. Têm úlceras, não têm água, sofrem sobre o calor intenso do sol, e agora vem chuva de pedras enormes!
Os homens blasfemaram de Deus, porquanto o seu flagelo era sobremodo grande: Todo este sofrimento deve ser motivo para se arrependerem, mas continuam endurecendo os corações. Não admitem os seus erros, nem a justiça de Deus.

Conclusão
A besta da terra tem poder para afligir e até matar os servos de Deus, aqueles que recusam adorar a besta. Mas Deus mostra seu poder para castigar com muito mais severidade os adoradores da besta. Os sete flagelos trazem sofrimento incrível aos seguidores da besta, mas eles ainda não se humilham diante de Deus.


sexta-feira, 11 de outubro de 2019

A P O C A L I P S E / QUARTA PARTE - EXECUÇÃO DIVINA 1


PARTE 4 – EXECUÇÃO DIVINA

CAPÍTULO 15 – A CÓLERA DIVINA
Deus Envia os Sete Flagelos (Apocalipse 15:1-8)
Este capítulo destaca a Igreja Fiel e os vencedores da Grande Tribulação e a Ira de Deus sobre os ímpios na terra. Conforme a organização dos capítulos 14 e 15, este capítulo contém o sétimo sinal que, por sua vez, revela a próxima série de sete – os flagelos (as taças). Explicando o capítulo desta maneira, o sétimo sinal é interrompido por um pequeno intervalo, semelhante aos intervalos que precederam o sétimo selo do capítulo 7,  e a sétima trombeta (11:15). Como os outros intervalos, este serve para assegurar os fiéis. Deus prepara provações e castigos, mas não esquece dos seus servos, os vencedores exaltados que adoram a Deus e ao Cordeiro.
A representação dos anjos derramando as taças, encerra o ciclo da representação dos “sete”: selos, trombetas e os castigos.
Perceba que durante a abertura dos selos temos o registro da frase: “a quarta parte da terra” (6:8). Durante as trombetas vemos a expressão “um terço” para revelar danos parciais (8:7). Aqui, no derramamento das taças o julgamento é finalizado e a destruição é total.
Os sete anjos se preparam para derramar as taças da Ira de Deus sobre a terra, enquanto que a Igreja Fiel (Mar de Vidro) e os vencedores da Tribulação estão na glória e entoam o Cântico de Moises (Êxodo 15:1) e o Cântico do Cordeiro (Jer. 10:7)
O Santuário do Tabernáculo se abre para que seja entregue aos anjos as sete taças contendo a Ira de Deus e mais ninguém podia entra nele até que se cumpra toda sua ira sobre os ímpios. (Ex.40:34-35, I Rs 8:10-11, Isaias 6:2-4).

O Sétimo Sinal Introduzido (15:1)
Apocalipse 15:1 – Vi no céu outro sinal grande e admirável: sete anjos tendo os sete últimos flagelos, pois com estes se consumou a cólera de Deus.
Vi no céu outro sinal grande e admirável: Um “outro sinal” no céu sugere uma ligação aos sinais anteriores. Há dois possíveis significados:
1. A primeira possibilidade se baseia na linguagem do versículo em relação a dois outros versículos no Apocalipse que usam a mesma expressão (12:1 e 12:3). Nesta interpretação, este seria o terceiro de três grandes sinais no céu. Os primeiros dois apresentaram os dois lados da batalha – a mulher (igreja) e o dragão (diabo). Agora, o terceiro traz a resposta final de Deus, os sete últimos flagelos. 
2. A segunda possibilidade explica este versículo em relação ao contexto mais imediato, contando os sinais a partir das quatro vozes no capítulo 14. A primeira voz: o evangelho para as nações, avisando sobre o juízo de Deus. A segunda voz: a Babilônia caiu. A terceira voz: os adoradores da besta atormentados. A quarta voz: os que morrem no Senhor serão abençoados. Depois disto o filho do homem ceifa a terra e logo em seguida os sete anjos recebem as taças dos sete flagelos.
Sete anjos tendo os sete últimos flagelos: Do mesmo modo que o sétimo selo revelou os sete anjos com as sete trombetas, o sétimo sinal revela os sete anjos com os sete flagelos. “Flagelo” vem de uma palavra que significa ferimento (Lucas 10:30), açoite (Atos 16:23; 2 Coríntios 11:23; etc.) ou praga (diversas vezes na LXX). Os sete flagelos são os açoites enviados por Deus para castigar os homens dignos de sua reprovação. Da mesma maneira que ele mandou pragas sobre os egípcios, os israelitas rebeldes, etc., ele agora envia pragas para castigar aqueles que adoram a besta.
Com este se consumou a cólera de Deus: Sobre a cólera de Deus, (11:18 e 14:10). A cólera de Deus põe um fim em relação aos malfeitores no Apocalipse. A mesma linguagem descreve o castigo do povo de Israel (Ezequiel 7:1-10).

O Intervalo (15:2-4)
Apocalipse 15:2 Vi como que um mar de vidro, mesclado de fogo, e os vencedores da besta, da sua imagem e do número do seu nome, que se achavam em pé no mar de vidro, tendo harpas de Deus;
Vi como que um mar de vidro, mesclado de fogo: O mar de vidro já apareceu na descrição de Deus no trono (4:6). Representa a santidade de Deus, separado de suas criaturas. Agora, a figura é ampliada para mostrar o progresso dos fiéis. Não é apenas o mar, mas o mar de vidro mesclado de fogo. O fogo representa, muitas vezes na Bíblia, o castigo divino. Mas desta vez, não está saindo do altar ou do trono. O fogo está relacionado às pessoas que se aproximam do Senhor. Um outro sentido mais relevante é das provações que servem para purificar e santificar os servos do Senhor (Números 31:23; Salmos 17:3; 66:10,12; Zacarias 13:9; 1 Coríntios 3:12-15; 1 Pedro 1:7; Apocalipse 3:18). Juntando as figuras do mar de vidro e do fogo, esta imagem destaca a necessidade de ser santificado pelo fogo para se aproximar de Deus. Este sentido é reforçado no restante do versículo.
E os vencedores da besta, da sua imagem e do número do seu nome: Como as figuras dos 144.000 (7:1-8; 14:1-5) e da grande multidão (7:9-17), esta descrição identifica os fiéis que resistem a tentação de adorar a besta. Aceitam a tribulação nesta vida e até aceitam a sua própria morte (13:14-17), mas não negam o Senhor (12:11).Que se achavam em pé no mar de vidro: A posição dos vencedores apresenta duas possibilidades pela frase “no mar”. A preposição usada aqui (grego, epi) pode ser traduzida de várias maneiras. Um sentido é “perante” ou “perto de”. Neste caso, os vencedores estariam na beira do mar, cantando o cântico de Moisés, nos lembrando da celebração de vitória quando os israelitas chegaram ao lado oriental do Mar Vermelho (Êxodo 14-15). O sentido mais provável, porém, é a tradução encontrada em muitas versões, usando o significado de “em” ou “sobre”. Neste caso, a imagem é dos vencedores em pé sobre o mar de vidro e fogo, passando pelas tribulações para chegar perto de Deus. Consistente com os símbolos do tabernáculo, dos altares, etc. já encontrados no livro, esta figura nos lembra do “mar de fundição” (1 Reis 7:23-26,39) ou “bacia de bronze” (Êxodo 30:17-21) do Antigo Testamento. Esta bacia ou mar servia para a purificação dos sacerdotes antes de entrarem na presença de Deus no tabernáculo ou templo. Os vencedores são os fiéis que, passando pela provação de fogo, são purificados para entrarem na presença de Deus (1 Coríntios 3:12-15; 1 Pedro 1:7).
Tendo harpas de Deus: A figura do louvor no templo se completa com a menção de harpas, que foram usadas na adoração em Jerusalém desde a época de Davi (2 Samuel 6:5; 1 Crônicas 25:1; etc.).

Apocalipse 15:3-4 – e entoavam o cântico de Moisés, servo de Deus, e o cântico do Cordeiro, dizendo: Grandes e admiráveis são as tuas obras, Senhor Deus, Todo-Poderoso! Justos e verdadeiros são os teus caminhos, ó Rei das nações! 4 Quem não temerá e não glorificará o teu nome, ó Senhor? Pois só tu és santo; por isso, todas as nações virão e adorarão diante de ti, porque os teus atos de justiça se fizeram manifestos.
Duas figuras fortes de vitória se juntam aqui:  O cântico de Moisés celebrou a vitória que Deus deu aos israelitas sobre os egípcios (Êxodo 15). A salvação em Cristo é comparada à passagem pelo mar Vermelho (1 Coríntios 10:1-2). O Egito já tem aparecido como figura do adversário mundano que odeia os discípulos do Senhor (11:8). A vitória sobre as forças perseguidoras, sobre a besta e seus aliados, certamente seria motivo de louvor.  O cântico do Cordeiro, obviamente, refere-se à vitória dos remidos em Cristo. Grandes e admiráveis são as tuas obras, Senhor Deus, Todo-Poderoso! Deus é louvado por sua onipotência (cf. 1:8; 4:8; 11:17; 16:7,14; 19:6,15; 21:22). Justos e verdadeiros são os teus caminhos, ó Rei das nações! Ele é adorado por sua perfeita justiça (cf. 16:5; 19:2,11), e honrado como o soberano Rei dos reis (cf. 1:5; 6:10; 17:14; 19:16). Quem não temerá e não glorificará o teu nome, ó Senhor?: Palavras de desafio. Depois de ver todas as demonstrações do poder do soberano Rei, quem teria coragem de adorar a besta? Quem não daria honra e glória ao Senhor? Pois só tu és santo: Os quatro seres viventes já iniciaram o louvor no céu com a proclamação da santidade de Deus (4:8). Agora, todos são convocados a participarem da adoração merecida por Deus. Por isso, todas as nações virão e adorarão diante de ti, porque os teus atos de justiça se fizeram manifestos: Quando completar a sua demonstração de poder, soberania e santidade, Deus será honrado por todos. Na cena de louvor dos capítulos 4 e 5, “toda criatura” participa da adoração (5:13). Deus exaltou o seu Filho, pois este merece a adoração de todos: “Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai” (Filipenses 2:9-11). Alguns se humilham e honram a Deus voluntariamente (Tiago 4:10; 1 Pedro 5:6). Outros recusam se humilhar e são humilhados pela mão do Senhor (Lucas 14:11; 18:14). De um modo ou do outro, reconheceremos a justiça de Deus.

Apocalipse 15:5 – Depois destas coisas, olhei, e abriu-se no céu o santuário do tabernáculo do Testemunho
Depois destas coisas, olhei, e abriu-se no céu o santuário do tabernáculo do Testemunho: A cena continua com figuras do louvor no Velho Testamento. O santuário no céu, onde Jesus permanece à destra do Pai (Hebreus 9:11-12; Atos 2:34-36; 7:55-56), servia como a base da cópia feita por Moisés (Hebreus 9:23-24). As referências ao santuário no Apocalipse têm, como base, aquelas citações do tabernáculo e do templo dos judeus, mas falam do santuário verdadeiro. O Testemunho, ou arca da aliança, ficava no Santo dos Santos, e representava a presença de Deus no meio do povo. O que se segue neste sinal vem do trono de Deus.

Apocalipse 15:6 – e os sete anjos que tinham os sete flagelos saíram do santuário, vestidos de linho puro e resplandecente e cingidos ao peito com cintas de ouro.
E os sete anjos que tinham os sete flagelos saíram do santuário: Os mesmos sete anjos que João viu no versículo 1 agora saem do santuário com seus flagelos, claramente enviados por Deus. Vestidos de linho puro e resplandecente e cingidos ao peito com cintas de ouro: Quando José foi escolhido como representante do Faraó, ele recebeu roupas de linho e um colar de ouro (Gênesis 41:42). Mordecai foi honrado pelo rei com vestes reais de ouro e linho (Ester 8:15). Ouro e linho faziam parte da vestimenta da rainha em Ezequiel 16:13. Linho fino e ouro foram usados no tabernáculo (Êxodo 25-27), e também nas vestes sacerdotais (Êxodo 28:4-8). As vestimentas de linho puro e de ouro mostram a santidade (cf. 19:8) e a autoridade destes anjos como representantes de Deus. Este significado se torna evidente em Daniel 10:5, onde a oração de Daniel foi respondida por “um homem vestido de linho, cujos ombros estavam cingidos de ouro puro de Ufaz”. A mensagem naquele capítulo é da vitória dos servos de Deus sobre os ímpios, a mesma mensagem que vem com os sete flagelos.

Apocalipse 15:7 – Então, um dos quatro seres viventes deu aos sete anjos sete taças de ouro, cheias da cólera de Deus, que vive pelos séculos dos séculos.
Então, um dos quatro seres viventes deu aos sete anjos sete taças de ouro, cheias da cólera de Deus: Não pode haver dúvida. O que os sete anjos vão derramar vem de Deus. Anjos com roupas de sacerdotes reais saem do santuário e recebem as taças dos quatro seres viventes. As pragas que serão enviadas sobre a criação vêm do próprio Senhor, pois as taças estão cheias da ira do Senhor. As referências às taças de ouro ensinam uma coisa importante sobre a oração. A primeira vez que encontramos taças de ouro no Apocalipse é no 5:8, onde os quatro seres viventes tinham “taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos”. Agora um dos quatro seres viventes entrega aos sete anjos as “taças de ouro, cheias da cólera de Deus”. Eles levaram as orações dos santos e trouxeram a resposta na forma da ira de Deus contra os ímpios. Já encontramos uma figura paralela no sétimo selo, quando o anjo com um incensário de ouro ofereceu o incenso e as orações dos santos e, em seguida, usou o incensário para atirar à terra o fogo do altar (8:3-5). Deus, que vive pelos séculos dos séculos: O dragão, as bestas, a Babilônia e todos os servos deles podem ser destruídos, mas Deus é eterno. A perseguição pode ser intensa, mas é passageira. Deus vive eternamente. A vida física do homem dura pouco, mas a vida com Deus é eterna. Esta perspectiva eterna se torna imprescindível para os discípulos, especialmente diante de tribulações.

Apocalipse 15:8 – O santuário se encheu de fumaça procedente da glória de Deus e do seu poder, e ninguém podia penetrar no santuário, enquanto não se cumprissem os sete flagelos dos sete anjos.
O santuário se encheu de fumaça procedente da glória de Deus e do seu poder: Na destruição de Sodoma e Gomorra, a fumaça subiu do fogo de castigo divino (Gênesis 19:28). Quando Deus desceu sobre o monte Sinai, o fogo do Senhor criou espessa fumaça (Êxodo 19:18). Davi juntou estas figuras – fogo, fumaça e castigo divino – num salmo de louvor ocasionado pelo seu livramento das mãos dos seus inimigos: “Na minha angústia, invoquei o SENHOR, clamei a meu Deus; ele, do seu templo, ouviu a minha voz, e o meu clamor chegou aos seus ouvidos. Então, a terra se abalou e tremeu, vacilaram também os fundamentos dos céus e se estremeceram, porque ele se indignou. Das suas narinas, subiu fumaça, e, da sua boca, fogo devorador; dele saíram carvões, em chama” (2 Samuel 22:7-9; cf. Salmo 18:6-8). Estas palavras de Davi se enquadram perfeitamente na mensagem dos flagelos. Os discípulos angustiados clamaram ao Senhor e suas orações foram levadas ao trono (5:8; 8:3-4), de onde veio a resposta do castigo divino para com os perseguidores (8:5; 15:8). E ninguém podia penetrar no santuário, enquanto não se cumprissem os sete flagelos dos sete anjos: O santuário cheio da glória de Deus reflete as imagens da inauguração do tabernáculo (Êxodo 34:34-35) e do templo (1 Reis 8:10-11). Deus está no santuário, e nem os sacerdotes conseguem ficar na presença da sua glória. As obras dele na fumaça de glória e poder não são totalmente manifestas, mas depois de cumprir os seus julgamentos, o seu povo estará livre para caminhar rumo a terra prometida (Êxodo 40:36). Depois da fumaça dos flagelos e o castigo dos inimigos, os santos terão a visão clara da nova Jerusalém e da glória de Deus (capítulos 21 e 22).

Conclusão
Da mesma maneira que o sétimo selo revelou os sete anjos com as sete trombetas, o sétimo sinal apresentou os sete anjos com os sete flagelos. As orações dos santos foram ouvidas, e serão respondidas por meio de uma série de castigos derramados das sete taças de ouro. Deus está no seu santuário fazendo o seu trabalho. Ninguém pode penetrar este santuário até ele cumprir estes julgamentos.