N O V O T E S T A M E N T O
PREFÁCIO
Toda
história de Israel está relacionada com a chamada de Abraão e a constituição de
uma família de filhos de Deus. O objetivo da escolha do povo de Israel não é
caprichosa. A esse respeito da escolha do povo de Israel vimos os textos em
Deut. 7 a 9. A razão da escolha de Israel é o serviço. Israel foi escolhido
para servir. Foi escolhido não para ter uma grandeza própria, nacional, mas
para ser luz dos gentios, para levar-lhes a mensagem de um Deus que supera as
nações e as domina, e para mostrar que, acima dos reinos, está o reino
espiritual.
Se a grande
vocação dos romanos foi o direito, se a grande vocação dos gregos foi a
filosofia ou a arte, dessa pequenina nação foi dar ao mundo a religião
monoteísta e, mais que isso, a religião de Cristo. As expectativas messiânicas
do povo de Israel foram se acentuando cada vez mais, sendo especificadas em
linhas que se concentravam, de modo que o povo aguardava a chegada do grande homem
de Deus. O Messias prometido poderia levar, até às últimas consequências, todas
as implicações do pacto que Deus fizera com Abraão e com sua descendência. A
essa altura, verificamos que se constituía, dentro da própria vida do povo de
Israel, uma relíquia. Esta aguardava, esperançosa e solícita, a visita de Deus
ao mundo.
No Novo
Testamento vamos encontrar exatamente expressões dessa relíquia espiritual,
como no caso de Simeão e de Ana, de Zacarias e de João Batista, e no próprio
precursor de Jesus Cristo, apresentando o Messias como o Deus encarnado. A
primeira parte do Novo Testamento é a apresentação do Messias, e as partes
subsequentes descrevem o desenvolvimento inicial da Igreja. Segue-se então, as
pelas instruções dada a Igreja pelos apóstolos, e na parte final, no Apocalipse
teremos a perspectiva dessa história espiritual da humanidade, desde a era
apostólica até a consumação de todos os tempos. Todas as grandes implicações da
vinda de Jesus Cristo ao mundo são levadas às últimas consequências, e todas as
grandes e gloriosas promessas de Deus atingem a seu ápice na Jerusalém Celestial.
A Bíblia é
um livro maravilhoso. É o único livro que começa no começo de todas as coisas,
no princípio da criação de Deus e vai até o fim de todas as coisas, na transformação
final da presente ordem das coisas. Será a parousia, fim do mundo. A Bíblia,
que começa com raízes de eternidade do passado e que termina apontando para a
eternidade do futuro, mostra-nos a ação de Deus através de indivíduos, família,
povo, até sua completa identificação com a humanidade na pessoa do Messias
Redentor. Se observarmos um mapa podemos inicialmente apresenta-lo no Velho Testamento numa linha que vem do Oriente para a Palestina e no Novo Testamento essa linha vai da Palestina para o Ocidente. Poderíamos
pensar em algumas retas perpendiculares: a do início, a do meio e a do fim.
Essa história da ação de Deus dentro do quadro cronológico espacial é a
história da intervenção da eternidade no tempo, de Éden a Éden. É a história da
ação divina, passando pelo centro da própria história, Jesus Cristo,
Identificação de Deus com os homens. O vulto do Deus encarnado, a grande
esperança de Israel e de todos nós.
O Novo
Testamento ou Nova Aliança é a parte da Bíblia onde encontramos o anúncio de Jesus
Cristo. Sua mensagem central é o próprio Filho de Deus, que veio ao mundo para
estabelecer a aliança definitiva entre Deus e os homens. Sendo Deus-e-Homem, o
próprio Jesus é a expressão dessa aliança: ele mostra que Deus é Pai para os
homens, e como os homens devem viver para se tornar filhos de Deus.
Através de
sua palavra e ação, Jesus inaugurou a nova aliança ou, em outras palavras, o
Reino de Deus. Esse Reino ou aliança não é mais aliança com um povo, é a
aliança aberta a todos os povos de todos os tempos e lugares. Em Jesus, Deus
quer reunir toda a humanidade como uma família em que todos são chamados a
viver como irmãos, repartindo entre si todas as coisas.
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