domingo, 22 de janeiro de 2017

A P A L E S T I N A N O T E M P O D E J E S U S

A    P A L E S T I N A    N O    T E M P O    D E    J E S U S

É difícil tirar todo proveito da leitura dos Evangelhos, se não conhecermos alguma ciosa da terra, ambiente e mecanismos da sociedade em que Jesus viveu, há mais de dois mil anos atrás. Isso porque a encarnação do Filho de Deus aconteceu em tempo e lugar determinado, dentro de circunstâncias precisas e bem concretas. Assim, conhecer o contexto em que Jesus viveu não é apenas questão de cultura, mas também, e principalmente, dado necessário para se conhecer e avaliar com mais objetividade o que significou a vida, palavra e ação de Jesus. Só assim poderemos perceber melhor o que a vida, palavra e ação podem significar hoje, no contexto em que vivemos.

A TERRA DE JESUS
Jesus viveu na Palestina, pequena faixa de terra com área de 20 mil Km², com 240 Km de comprimento e máximo de 85 Km de largura. Corresponderia aproximadamente à área do Estado de Sergipe. Do lado oeste, temos o Mar Mediterrâneo e a leste, o Rio Jordão. A Palestina é dividida de alto a baixo por uma cadeia de montanhas que muito influi no seu clima. Com efeito, na parte oeste, o vento frio do mar, ao chocar-se com a parte montanhosa, provoca chuvas frequentes, beneficiando toda a faixa costeira. O lado leste das montanhas, porém, não recebe o vento do mar e, consequentemente, apresenta clima quente e região mais árida. As terras cultiváveis estão na parte norte, na região da Galiléia e no vale do Rio Jordão. A região da Judéia é montanhosa e se presta mais como pasto de rebanhos e cultivo de oliveira. A cidade de Jerusalém está situada no extremo de um planalto, a 760 m acima do nível do Mar Mediterrâneo e 1.145 m acima do nível do Mar Morto. Por ocasião das grandes festas, chega a receber 180 mil peregrinos.

A SOCIEDADE DO TEMPO DE JESUS
Toda sociedade humana á formada por pessoas e grupos de pessoas unidas entre si por uma rede complexa de relações econômicas, políticas e ideológicas. Para situarmos a pessoa e ação de Jesus é necessário examinar os modos de relação que existiam na sociedade daquele tempo.
I – ECONOMIA
As atividades que formam a base da economia no tempo de Jesus são duas: a Agricultura e a Pecuária (junto com a pesca de um lado e o artesanato de outro). A agricultura é desenvolvida principalmente na Galiléia. Cultivavam-se trigo, cevada, legumes, hortaliças, frutas (figo e uva),oliveiras. Das árvores de Jericó, na Judéia, extrai-se bálsamo para perfumes. A pecuária efetua-se principalmente na Judéia: criação de camelos, vacas, ovelhas, e cabras. A pesca é intensa no Mar Mediterrâneo, no Lago de Genezaré e no Rio Jordão. Na agricultura, a maior parte da população é formada por pequenos proprietários. Ao lado desses, existem os grandes proprietários (anciãos) que geralmente vivem na cidade, deixando a direção de suas propriedades a cargo de administrador, e empregando a força de trabalho de diaristas e escravos. Muitas vezes, sucede que os pequenos proprietários em apuros financeiros tomam dinheiro emprestado dos grandes, e veem seus bens hipotecados. Isso favorece cada vez mais o acúmulo de terras nas mãos de algumas famílias ricas. Por fim, existem as camponeses sem propriedades que arrendam terras e trabalham como meeiros. O artesanato é desenvolvido nas aldeias e nas cidades, principalmente em Jerusalém, como a cerâmica (vasilhames e artigos de luxo), trabalho em couro (odres, sapatos, peles curtidas), trabalhos de carpintaria, fiação e tecelagem, aproveitando as lãs dos carneiros, abundantes na Judéia.
A circulação de toda mercadoria produzida, tanto na agricultura como no artesanato, forma outra grande atividade econômica: o Comércio. Este se desenvolve mais nas cidades e está nas mãos dos grandes proprietários de terras e nos povoados é reduzido e o sistema é mais de troca. Toda atividade é controlada por um Sistema de Impostos. Essa Política Fiscal faz com que tanto o Estado judaico como o Estado romano se tornem monopolizadores da circulação das mercadorias, o que proporciona vultosas arrecadações. Esses impostos são cobrados pelos Publicanos (cobradores de impostos). Há também taxas para se transportar mercadorias de uma cidade para outra e de um país para outro. Esses impostos e taxas se tornam insuportáveis no tempo de Jesus. Por essa visão da economia da Palestina já podemos perceber: Jesus é artesão (carpinteiro), vários discípulos são pescadores e um deles é cobrador de impostos.
O aparelho de estado em Jerusalém exerce fotte controle sobre a economia de todo o país. Além de pólo de atração do capital nacional, o Estado é o maior empregador (restaurador do Templo, construção de palácios, monumentos, aquedutos, muralhas, etc). Nisso tudo, o Templo tem papel central:
·        Coleta de impostos, através da qual boa parte da produção do país volta para o Estado
·        Comércio: para atender à necessidade dos peregrinos e, principalmente para manter o sistema de sacrifícios e ofertas do próprio Templo.
·        O Tesouro do Templo, administrado pelos Sacerdotes, é o tesouro do Estado.

Além de toda essa centralização econômica, o Templo emprega mão-de-obra qualificada, principalmente artesãos. Assim, o templo se torna o grande centro de exploração e dominação do povo. Mas a exploração e dominação não se restringem à economia interna, pois a Palestina é colônia do Império Romano: o tributo (imposto pessoal e sobre as terras), uma contribuição anual para o sustento dos soldados romanos que ocupavam a Palestina, e um imposto sobre a compra e venda de todos os produtos.

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