HERODIANOS
Os Herodianos eram
uma seita ou partido mencionado no Novo
Testamento como tendo, por duas vezes, manifestado oposição a Jesus,
primeiro na Galileia e depois em Jerusalém.
Em todas
estas ocasiões, os herodianos são citados juntamente com os fariseus.
Em Marcos 3:6, os fariseus começam a conspirar contra Jesus por causa de
suas ações num sabá e atraíram os herodianos para a o complô.
Em Marcos 8:15, Jesus reconheceu que a aliança entre esta aliança era uma
ameaça. Em Marcos 12:13, fariseus e herodianos, depois de enviarem uma
delegação para investigar e desafiar o que Jesus estava ensinando em Jerusalém,
elogiam-no em conjunto por sua honestidade e imparcialidade antes de
perguntar-lhe sobre os impostos pagos aos romanos. Eles são citados ainda
em Mateus 22:16, Lucas 13:31-32 e Atos 4:27.
Segundo
alguns estudiosos, os mensageiros e soldados de Herodes Antipas eram os
herodianos. Outros defendem que eles eram provavelmente um partido político
público que se distinguia dos outros dois grandes partidos
do judaísmo pós-exílio (os fariseus e os saduceus) por
terem se aliado a Herodes, o Grande e sua dinastia.
É possível
que, para conseguir aliados, o partido herodiano difundia a ideia de que a
consolidação de uma dinastia herodiana seria favorável ao objetivo de implantar
uma teocracia, o que pode ser a explicação para a alegação
de Pseudo-Tertuliano (Adversis Omnes Haereses 1.1) de que os
herodianos consideravam o próprio Herodes como o Messias.
Os
herodianos constituíam um partido político que favorecia a autoridade dos Herodes,
sob o governo de Roma. Os seus membros mostraram forte hostilidade para com
Jesus Cristo, em diversas ocasiões (Mt 22.16 – Mc 3.6 – 12.13). Nestas questões
eram partidários dos fariseus e dos saduceus. Que esta liga era apenas uma
coisa acidental, sendo a consequência de julgarem ser necessário combater o
perigo comum, parece deduzir-se de raras vezes fazer-se menção dos herodianos. O
seu fim político era a fundação de um independente império judaico, governado
por Herodes, servindo-lhes de proteção a soberania de Roma até que fossem
bastante fortes para poderem sacudir o odiado jogo.
O mais famoso dentre os que levavam o nome Herodes, nos tempos bíblicos
foi o Herodes o Grande, pois foi o progenitor de uma grande clã
Herodes Antipas
Herodes Arquelau
Herodes Agripa I
Herodes Agriupa II
Herodes o Grande governou de 37 a.C a 4 a.C,
quando morreu o seu reino foi dividido ente os seus filhos.
Arquelau governou a Judéia, Samaria e Idunéia de
4 a.C a 6 d. C ( Mateus 2.22 ).
Antipas governou a Galiléia e a Péreia de 4 a.C
a 39 d. C, foi ele inclusive que mandou matar João Batista ( Mateus 14.1-12 ),
Jesus o chamou de raposa ( Lucas 13.32 ).
Felipe, governou de 4 a.C a 34 d.C governou uma
região que ficava a nordestre do lago da Galiléia, isto e Ituréia, Gaulanites,
Batanéia, Traconites e Auranites ( Lucas 3.1 ).
Agripa I Governou de 41 a 44 d.C, toda a e terra
de Israel como havia feito Herodes o Grande seu avô. Esse Agripa mandou matar
Tiago, ( Atos 12.1-23 ).
Agripa II; governou o mesmo território que
Felipe havia governado, 50-70 d.C, Paulo compareceu perante este Agripa ( Atos
25.13---26-32 ).
Tibério Cláudio Nero foi um imperador do tempo
de Jesus e reinou de 14 a 37 d.C; ( Lucas 3.1 ).
Augusto; sobrinho de Júlio César, imperador
romano, chamado no NT de César Augusto; ( Lucas 2.1 ). Governou o império
romano de 29 a.C até 14 d.C.
OS DIVERSOS HERODES DO
NOVO TESTAMENTO
Apresentamos
aqui a descrição dos Herodes dos tempos neotestamentários, com alguma
abundância de pormenores:
1. Herodes o Grande. Governante
dos judeus de 40 a 4 A.C., nasceu em cerca de 73 A.C. Era idumeu ou edomita,
isto é, descendente de Edom, um povo conquistado e levado ao judaísmo por João
Hircano, em cerca de 130 A.C. Assim sendo, os Herodes, embora não fossem judeus
de nascimento, supostamente eram judeus de religião. A religião era usada,
portanto, como veículo para fomento do governo secular, isto é, atendendo aos
interesses da família dos Herodes. Herodes o Grande foi nomeado procurador
da Judeia em cerca de 47 A.C. A Galileia pouco mais tarde
também ficou debaixo de seu controle.
Após o assassínio de César. Herodes desfrutou das graças de Marco Antônio. O
título de Herodes, “rei dos judeus”, foi-lhe dado por Antônio e Otávio.
Opunha-se politicamente aos descendentes dos Macabeus, os quais, tendo por nome
de família o apelativo Hasmon, eram chamados de Hasmoneanos. Estes controlavam
Israel antes da dominação romana, e se ressentiam do governo de Herodes.
Todavia, Herodes o Grande casou-se com uma mulher pertencente a essa família,
Mariamne, neta do antigo sumo sacerdote Hircano II, embora essa medida não
tivesse posto fim às suspeitas dos principais Hasmoneanos sobreviventes. Por
isso mesmo, Herodes o Grande foi assassinando um por um, até que se livrou de
todos eles, incluindo a própria Mariamne, e até mesmo os filhos que teve com
ela.
Esse foi apenas um dos muitíssimos assassínios cometidos por Herodes o Grande.
Foi esse Herodes que perpetrou a matança dos inocentes, em Belém da Judéia (ver
Mt 2), e antes de seu falecimento ordenou que seu próprio filho, Antípatre,
fosse morto. Outrossim, providenciou para que, após a sua morte, todos os seus
nobres fossem assassinados, para que não houvesse falta de lamentadores por
ocasião de sua morte.
Morreu de uma enfermidade fatal do estômago e dos intestinos. Por toda parte se
tornou famoso por suas notáveis atividades como edificador. E essas atividades
foram realizadas não só em seus próprios domínios, mas até mesmo em cidade
estrangeiras (por exemplo, Atenas). Em seus próprios territórios ele reedificou
Samaria (dando-lhe o nome de Sebaste, em honra ao imperador). Reparou a torre
de Estrato, na costa do mar Mediterrâneo, fez ali um porto artificial e o
chamou de Cesaréia.
Mas a sua
obra de arquitetura mais famosa foi a ereção de um magnificente templo em
Jerusalém, construído para ultrapassar o de Salomão, tendo conseguido o seu
intento, pelo menos em parte. Esse templo substituiu o templo erigido após o
cativeiro, embora os judeus considerassem ambos como um só. Alguns escritores
antigos dizem que isso foi feito com o fim de pacificar os judeus, devido as
suas traições e matanças, que envolveram muitos líderes, incluindo sacerdotes.
Entretanto, os judeus jamais puderam-lhe perdoar o desaparecimento da família
dos Hasmoneanos.
2. Arquelau, chamado de Herodes o etnarca, em
suas moedas. Herodes o grande doou o seu reino a três de seus filhos: A Judéia
e a Samaria ficaram com Arquelau (Mt 2.22), a Galiléia e Peréia ficaram com
Antipas, e os territórios do nordeste couberam a Filipe (ver Lc 3.1). O
imperador Augusto ratificou essas doações. Arquelau era o filho mais velho de
Herodes, por sua esposa samaritana, Maltace.
Herodes o Grande teve o seu programa de edificações continuado por Arquelau, e
este parecia resolvido a exceder em crueldade e impiedade ao seu pai. O seu
governo tornou-se, finalmente, intolerável, e uma delegação enviada da Judéia e
da Samaria conseguiu a remoção de Arquelau. Nesta altura da história, a
Judéia tornou-se uma província romana, passando a ser governada por
procuradores nomeados pelo imperador.
3. Herodes,
o Tetrarca. (ver Lc
3.19 e 9.7). Também era chamado Antipas. Era filho mais novo de Herodes e
Maltace. Os distritos da Galiléia e da Peréia eram os seus territórios. É
lembrado nos evangelhos por haver preso, encarregado e executado a João Batista
bem como por causa de seu breve encontro com Jesus, quando do julgamento deste
(Lc 23.7). Também se mostrou notável construtor. Edificou a cidade de Tibério.
Divorciou-se da sua esposa (filha do rei dos nabateus, Aretas IV), a fim de
casar-se com Herodias, esposa de seu irmão, Herodes Felipe, em vista do que
João Batista lhe fez oposição. Essa ação foi, finalmente, a causa de sua queda,
porquanto Aretas, usando tal coisa como justificativa (talvez válida, aos olhos
dele), declarou guerra e derrotou definitivamente a Herodes, o Tetrarca. Esse
Herodes terminou os seus dias no exílio.
4. Herodes
Agripa, chamado de
rei Herodes, em Atos 12.1. Era filho de Aristóbulo e neto de Herodes o Grande.
Era sobrinho de Herodes o Tetrarca e irmão de Herodias. Após a execução de seus
pais, em 7 A.C., foi levado a Roma e ali criado. Teve de abandonar Roma por
causa de pesadas dívidas, e subsequentemente foi favorecido por
Antipas. Por ter ofendido o imperador Tibério, foi encarcerado; mais tarde,
porém, quando esse imperador morreu, foi posto novamente em liberdade.
Mais tarde recebeu os territórios do nordeste da
Palestina como seus domínios, e quando Antipas, seu tio, foi banido, também
ficou com a Galiléia e a Peréia. O imperador Cláudio aumentou uma vez mais os
seus territórios, anexando aos seus domínios a Judéia e a Samaria, de tal modo
que Agripa finalmente dominou em um reino para todos os efeitos equivalente aos
domínios de seu avô, Herodes o Grande.
Agripa procurou obter o apoio dos judeus, e aparentemente grande foi a medida
de sucesso alcançado. Assediou aos apóstolos, provavelmente por essa mesma
razão (At 12.2 – e matou Tiago, irmão de João). Sua morte súbita
e horrível é registrada por Lucas em Atos 12.23, sendo ali atribuída
ao julgamento divino.
No capítulo 12 do livro de Atos nos é dito que
um certo Herodes – que é conhecido dos historiadores seculares como Herodes
Agripa I – mandou matar o apóstolo Tiago, e quis fazer o mesmo com Pedro, mas
um anjo apareceu e libertou Pedro da prisão. Então, próximo do fim do capítulo,
Lucas nos dá este relato:
“Herodes, tendo-o procurado e não o achando, submetendo as sentinelas a
inquérito, ordenou que fossem justiçadas. E, descendo da Judéia para Cesaréia,
Herodes passou ali algum tempo. Ora, havia séria divergência entre Herodes e os
habitantes de Tiro e de Sidom; porém estes, de comum acordo, se apresentaram a
ele e, depois de alcançar o favor de Blasto, camarista do rei, pediram
reconciliação, porque a sua terra se abastecia do país do rei. Em dia
designado, Herodes, vestido de trajo real, assentado no trono, dirigiu-lhes a
palavra; e o povo clamava: É voz de um deus e não de homem! No mesmo instante,
um anjo do Senhor o feriu, por ele não haver dado glória a Deus; e, comido de
vermes, expirou” (Atos 12:19-23).
Naturalmente, esta é o próprio tipo de história que os céticos dizem que prova
que a Bíblia não é historicamente acurada. É muito forçada, eles dizem, para
ser verdade.
Acontece, contudo, que a morte de Herodes Agripa é contada também pelo
historiador judeu do primeiro século, Josefo. Sua narrativa diz:
“Então,
quando Agripa tinha reinado durante três anos sobre toda a Judéia, ele veio à
cidade de Cesaréia, que antes era chamada Torre de Strato, e ali ele apresentou
espetáculos em honra a César, ao ser informado que ali havia um festival
celebrado para se fazerem votos pela sua segurança. Em cujo festival uma grande
multidão de pessoas principais se tinha reunido, as quais eram de dignidade através
de sua província.
No segundo dia dos espetáculos ele vestiu um traje feito totalmente de
prata, e de uma contextura verdadeiramente maravilhosa, e veio para o teatro de
manhã cedo; ao tempo em que a prata de seu traje sendo iluminada pelo fresco
reflexo dos raios do sol sobre ela, brilhou de uma maneira surpreendente, e
ficou tão resplendente que espalhou horror entre aqueles que olhavam firmemente
para ele; e no momento seus bajuladores gritaram, um de um lugar, outro de
outro lugar, (ainda que não para o bem dele) que ele era um deus; e
acrescentavam: "Sê misericordioso conosco, pois ainda que até agora te
tenhamos reverenciado somente como um homem, contudo doravante te teremos como
superior à natureza mortal".
Quanto a isto o rei não os repreendeu, nem rejeitou sua ímpia bajulação. Mas,
estando ele presente, e depois olhou para cima, viu uma coruja pousada numa
corda sobre sua cabeça, e imediatamente entendeu que este pássaro era o
mensageiro de más notícias, como tinha sido antes mensageiro de boas notícias;
e caiu na mais profunda tristeza.
Uma dor severa também apareceu no seu abdome e começou de maneira muito
violenta. Ele, portanto, olhou para seus amigos e disse: "Eu, a quem
chamais deus, estou presentemente chamado a partir desta vida; enquanto a
Providência assim reprova as palavras mentirosas que vós agora mesmo me
disséreis; e eu, que por vós fui chamado imortal, tenho que ser imediatamente
afastado depressa para a morte..." Quando ele acabou de dizer isto, sua
dor se tornou violenta. Desse modo, ele foi carregado para dentro do palácio; e
o rumor espalhou-se por toda parte, que ele certamente morreria dentro de pouco
tempo... E quando ele tinha se esgotado muito pela dor no seu abdômen durante
cinco dias, ele partiu desta vida” (Antiguidades, XIX, 7.2). Seu filho único,
também chamado Agripa, passou a governar alguns dos territórios que haviam
pertencido a seu pai. Suas duas filhas Berenice (At 25.13) e Drusila (At
24.24), foram outras pessoas sobreviventes de sua família.
5. Agripa,
filho de Herodes Agripa (nº 4 acima). Era jovem demais para assumir a liderança, após
o falecimento do seu pai. Mais tarde recebeu o título de rei da parte de
Cláudio, e passou a governar o norte e o nordeste da Palestina.
Mais tarde
Nero aumentou os seus territórios. De 48 a 66 D.C., ele exerceu autoridade de
nomear os sumos sacerdotes dos judeus. Procurou, com grande empenho, evitar o
conflito entre os judeus e os romanos (66 D.C.), mas fracassou na tentativa.
Permaneceu fiel a Roma. Nas páginas do N.T. ele é conhecido devido ao seu
encontro com o apóstolo Paulo, segundo está registrado em Atos 25.13 –
26.32).
No trecho de Atos 26.28,
lemos: “por pouco me persuades a me fazer cristão”, embora alguns pensem que a
verdadeira tradução seria algo como: “Com bem pouca persuasão pensas em
fazer-me cristão?” (como a tradução ASV); ou então: “estás apressado a
persuadir-me a fazer de mim cristão!” (como as traduções GD e WM), portanto
Herodes, evidentemente, proferiu essas palavras em tom de muchocho, e não
seriamente. Ele morreu sem filhos, em cerca de 100 D.C.
TÓPICO ESPECIAL: A
FAMÍLIA DE HERODES O GRANDE
A. Herodes o Grande
1. Rei da Judéia (37-4 a.C.), um Idumeu
(de Edom), que, através de manobras políticas e o apoio de Marco Antônio,
conseguiu ser nomeado governador de uma grande parte da Palestina (Canaã) pelo
Senado Romano em 40 a.C.
2. Ele é mencionado em Mt 2.1-19 e
Lucas 1.5
3. Seus filhos e família
a. Herodes Filipe (filho de Mariane de Simão)
(1) marido
de Herodias (4 a.C – 34 A.D.)
(2)
mencionado em Mt 14.3; Marcos 6.17
b. Herodes Filipe I (filho de Cleópatra)
(1) Tetrarca
da área norte e oeste do Mar da Galiléia (4 a.C – 34 A.D.)
(2)
mencionado em Lucas 3.1
c. Herodes Antipas
(1) Tetrarca
da Galiléia e Peréia (4 a.C – 39 A.D.)
(2)
mencionado em Mt 14.1-12; Marcos 6.14, 29; Lucas 3.19; 9.7-9; 13.31; 23.6-12,
15; Atos 4.27; 13.1
d. Arquelau, Herodes o Etnarca
(1)
governador da Judéia, Samaria e Iduméia (4 a.C – 6 A.D.)
(2)
mencionado em Mt 2.22
e. Aristóbulo (filho de Mariane)
(1)
mencionado como pai de Herodes Agripa I que era
(a) Rei da
Judéia (37-44 A.D.)
(b)
mencionado em Atos 12.1-24; 23.35
(i) seu
filho era Herodes Agripa II
– Tetrarca
do território do norte (50-70 A.D.)
(ii) Sua
filha era Berenice
– consorte
de seu irmão
– mencionada
em Atos 25.13–26.32
(iii) Sua
filha era Drusila
– esposa
de Félix
– mencionada
em Atos 24.24
B. Referências Bíblicas
aos Herodes
1. Herodes o Tetrarca, mencionado em Mateus 14.1ss; Lucas
3.1; 9.7; 13.31, e 23.7, era o filho de Herodes o Grande. Na morte de Herodes o
Grande, seu reino foi dividido entre os vários de seus filhos. O termo
"Tetrarca” significa "líder da quarta parte”. Esse Herodes era conhecido
como Herodes Antipas, que é a forma reduzida de Antipater. Ele controlou a
Galiléia e a Peréia. Isto significa que muito do ministério de Jesus foi no
território desse governador idumeu da segunda geração.
2. Herodias era a filha do irmão de Herodes Antipas,
Aristóbulo. Ela tinha sido também casada anteriormente com Filipe, o meio irmão
de Herodes Antipas. Esse não era Filipe o Tetrarca que controlava a área
exatamente ao norte da Galiléia, mas o outro irmão de Filipe, que vivia em
Roma. Herodias tinha uma filha de Filipe. Na visita de Herodes Antipas a Roma
ele se encontrou e foi seduzido por Herodias, que estava procurando avanço
político. Portanto, Herodes Antipas divorciou-se de sua esposa, que era uma
princesa Nabatita, e Herodias divorciou-se de Filipe para que ela e Herodes
Antipas pudessem casar-se. Ela era também irmã de Herodes Agripa I (cf. Atos
12).
3. Nós aprendemos o nome da filha de
Herodias, Salomé, de Flávio Josefo em seu livro As Antiguidades dos Judeus
8.5.4. Ela devia ter entre doze e dezessete anos nessa ocasião. Ela era
obviamente controlada e manipulada por sua mãe. Ela mais tarde casou-se com
Filipe o Tetrarca, mas ficou logo viúva.
4. Cerca de dez anos depois da
decapitação de João Batista, Herodes Antipas foi a Roma na instigação de sua
esposa Herodias para buscar o título de rei porque Agripa I, irmão dela, tinha
recebido esse título. Mas Agripa I escreveu para Roma e acusou Antipas de
corroboração com os Partos, um inimigo odiado de Roma do Crescente Fértil
(Mesopotâmia). O Imperador aparentemente acreditou em Agripa I e Herodes
Antipas, juntamente com sua esposa Herodias, foi exilado para a Espanha.
5. Pode tornar mais fácil lembrar esses
diferentes Herodes quando eles são apresentados no Novo Testamento lembrando
que Herodes o Grande matou as crianças em Belém; Herodes Antipas matou João
Batista; Herodes Agripa I matou o apóstolo Tiago; e Herodes Agripa II ouviu o
apelo de Paulo registrado no livro de Atos.
Observações
Complementares
Para mais informações de pano de fundo sobre a
Família de Herodes o Grande, consulte o índice de Flávio Josefo em Antiguidades
dos Judeus. Para complementar os estudos estaremos descrevendo um pouco mais
sobre Os Herodianos depois do nascimento de Jesus Cristo.
A História de
Herodiano
A História
do Império Romano após Marco Aurélio de Herodiano é uma coleção de oito
livros que cobre o período desde a morte de Marco Aurélio em 180 d.C.
até o começo do reinado de Gordiano III em 238. Proporciona o
relato de um dos momentos politicamente mais conflituosos do Império
Romano. O primeiro livro descreve o reinado de Cômodo (anos 180-192),
o segundo analisa o ano dos cinco imperadores (193), o terceiro
abrange o reinado de Septímio Severo (194-211), o quarto analisa o
reinado de Geta e Caracala (211-217), o quinto versa sobre
o reinado de Heliogábalo (218-222), o sexto trata do reinado de Alexandre
Severo (222-235), o sétimo narra o reinado de Maximino Trácio 235-238,
e no oitavo e último descreve o ano dos seis imperadores (238) e a
ascensão de Gordiano III.
A data de
composição da obra foi amplamente debatida, mas atualmente prevalece a teoria
de que Herodiano a escreveu no final do reinado de Filipe, o Árabe ou
a princípios do de Décio (por volta de 250). Há, além disso, uma
série de circunstâncias que apoiam esta ideia:
Existem
paralelos na História com a vida de Filipe que se tratam
favoravelmente, com a intenção, seguramente, de bajular ao imperador (por
exemplo, e ao contrário de Dião Cássio, trata favoravelmente
a Macrino, quem ascendeu ao poder de uma forma similar de como o fez
Filipe). Durante o reinado de Filipe houve igualmente uma ocasião muito
oportuna para que os escritores contassem com o apoio imperial na publicação
das suas obras: os Jogos Seculares de 248, nos quais se
celebrava o milenário da fundação de Roma. O anúncio dos jogos em 247,
quando Filipe voltou da campanha do Danúbio, deve ser a causa pela qual
Herodiano terminou precipitadamente a sua obra, segundo se vislumbra no estilo
apressado dos últimos livros frente à elegância retórica dos primeiros.
Além disso,
frente à teoria de que Herodiano compôs a História durante o reinado
de Gordiano III (totalmente recusada hoje) argumentou-se que devido às críticas
do historiador, a publicação da obra nesse período se tornasse perigosa para
ele.
O mais
provável é que escrevesse para um público oriental, pois frequentemente explica
os diferentes costumes e crenças romanas, alheias aos orientais.
Pedaço de papiro escrito em Escritura cursiva
romana com extratos de discursos pronunciados no senado.
Herodiano
foi elogiado e criticado em partes iguais. A primeira pessoa que se conhece que
fez uma crítica da História de Herodiano foi o patriarca de
Constantinopla, Fócio, no século IX. De Herodiano escreveu "que
não exagera com a hipérbole nem omite nada essencial. Em definitiva, em todas
as virtudes da historiografia há poucos homens que são os seus
superiores". Zósimo usou-o como fonte, assim como João de
Antioquia, quando escreveu a sua Crônica. Séculos mais tarde, Altheim elogiou a
visão ampla da sua época que teve Herodiano, e F. A. Wolf aclamou por não
se deixar levar pelos prejuízos nem pela superstição. Contudo, nem todos os
julgamentos sobre Herodiano são positivos: por exemplo, Wolf também disse que
Herodiano tinha uma deficiência na capacidade crítica, e embora os autores
da História Augusta se servissem de Herodiano como fonte, também o
censuraram pela sua parcialidade. Adicionalmente, está constatado que Herodiano
não foi a principal fonte de Zósimo. Do mesmo jeito, parece que Zonaras apenas
usou Herodiano onde a história de Dião Cássio era pouco válida.
Herodiano
foi criticado pela falta de precisão histórica, ainda que estudos recentes
tendessem a valorizá-lo novamente, a legitimar os seus comentários históricos e
a pôr a sua História, até mesmo, ao mesmo nível que a de Dião apesar
dos erros que apresenta: no livro segundo, o historiador afirma que a sua
intenção era apresentar "uma narração por ordem cronológica das ações
mais sobressalentes conseguidas" (II.15.7). Devido a isto, às vezes
contam-se um grande número de eventos numa sozinha referência ou duas. Por
exemplo, todos os fatos da campanha de Caracala ao norte durante 213 e 214
condensam-se em duas curtas alusões. Do mesmo jeito, numa referência soma ao
Inverno em Sirmio todas as batalhas de Maximino Trácio no Rio
RenoAReno e o Danúbio de 236 a 238. Por vezes, Herodiano também
fica curto nas suas descrições geográficas: confunde Arábia Escenita com Arábia
Félix (III.9.3-9) e afirma que em Isso foi travada a batalha
final entre Alexandre, o Grande e Dario III. Em que pese a estes
erros e omissões, é reconhecido como um historiador com um notável esforço por
ser objetivo e por oferecer uma visão ordenada e clara dos fatos que considera decisivos.
Fatos, por outro lado, dos quais foi testemunha e dos quais não ficariam apenas
testemunhos de não ser pela sua História.
A respeito
de Dião Cássio, tanto ele como Herodiano apresentam muitos erros nas suas
histórias. Dião é reconhecido como o experto que se trata do senado.
Porém, Herodiano avantaja a Dião na sua descrição da reação das pessoas ante os
acontecimentos que sucediam naquela época. O trabalho de Dião não é sempre o
mais exato dos dois (apresentando uma leve tendência a elogiar Septímio Severo)
e pensa-se que não deve ser tratado como um texto de maior categoria que o de
Herodiano.