domingo, 22 de janeiro de 2017

A D E S T R U I Ç Ã O D O T E M P L O

A DESTRUIÇÃO do templo sagrado

Na manhã do dia 9 de Av no ano de 70 d.C., soldados romanos, aparentemente sem ordens dos seus superiores, colocaram fogo no Templo de Jerusalém e mudaram o rumo do judaísmo para sempre. O Templo nunca foi reconstruído e durante os próximos séculos, os judeus iriam redefinir o judaísmo para o Judaísmo Rabínico que é praticado nos dias de hoje. Há algo restante do glorioso judaísmo da era do Templo?
A resposta para a pergunta anterior é: sim - o idioma Hebraico. Os textos sagrados da Bíblia Hebraica (Tanach) é a pedra intacta que faz a conexão entre os judeus modernos e seus ancestrais bíblicos. A mesma Torá que era lida publicamente no Templo ainda é lida todos os Shabat nas Sinagogas. Os mesmos salmos bíblicos que foram recitados por Sacerdotes no Templo são recitados por judeus em Sinagogas. Por exemplo, o Salmo 115:9 diz:
יִשְׂרָאֵל בְּטַח בַּיהוָה עֶזְרָם וּמָגִנָּם הוּא
(Pronunciado: Yisrael betah ba-Adonai ezram umaginam hu)

O texto em Hebraico acima, citado do livro de Salmos, é o mesmo texto antigo que os nossos ancestrais recitaram no Templo de Jerusalém. Recitar estas palavras no idioma original é uma maneira poderosa de vivenciar a "ajuda e escudo" de Deus, apesar do Templo não existir mais.


A M A I O R P E R S O N A G E M D A H I S T Ó R I A

A MAIOR PERSONALIDADE DA HISTÓRIA

Uma pesquisa realizada numa das escolas mais tradicionais do mundo acabou tornando-se matéria de amplitude nacional: Qual é na sua opinião, o personagem mais marcante da história da humanidade?
O assunto não teria a repercussão que teve, não fora o resultado surpreendente. A maioria dos alunos escolheu Adolf Hitler. O mais terrível genocida de que se tem conhecimento. Alguns críticos disseram tratar-se de uma brincadeira. No entanto, isso não é tudo, existe outro aspecto, pouco mencionado, porém mais impressionante ainda: somente um aluno escolheu Jesus Cristo. Pense um pouco sobre esse assunto!
Se descobrirmos qual o fato mais importante da história, evidentemente identificaremos o personagem que tem maior relevância. Quanto mais significado for um acontecimento, mais reflexos ele causa na vida das pessoas. Não é assim? Você já imaginou as consequências de cura do câncer ou da Aids? Os resultados não seriam sentidos até mesmo no costume e no viver das pessoas? Mas afinal, qual é a sua opinião, o fato e o personagem mais importante da humanidade?
Na verdade, a história registra muitos fatos e pessoas importantes, mas qual foi o acontecimento que mudou a contagem dos anos? Estamos entrando no Ano de 2017, depois de que mesmo? Devemos perceber que ocorreu algo surpreendente que se tornou um marco, um ponto de referência, ou seja, antes ou depois daquilo. Pense um pouco! O que poderia ser tão espetacular, a ponto de espalhar-se por toda a terra, sem as facilidades da mídia? Você tem notícia de alguém que, injustamente, foi condenado a morrer crucificado, mas ao terceiro dia, ressuscitou dos mortos, apareceu a muitos por quarenta dias e, depois diante de mais de 500 testemunhas, tenha ascendido para as nuvens, tendo anunciado que voltaria da forma como subiu? Não tenha dúvida, este fato mudou o calendário do mundo todo. E, desde então, está mudando a história de milhares que conhecem seu protagonista, Jesus Cristo.
O impressionante é que, a ressurreição de Cristo continua na história das pessoas. Você mesmo, se desejar que o curso de sua vida seja alterado para antes e depois de Cristo, precisa apenas abrir seu coração e dizer: “Senhor Jesus, eu creio em Tua morte e em Tua ressurreição. Senhor Jesus, eu preciso de ti e quero te receber! ”
Isso não é surpreendente? Com tal prova você estará convencido de quem é, O MAIOR PERSONAGEM DA HISTÓRIA DA HUMANIDADE

Que possamos analisar e refletir melhor sobre os conteúdos descritos nos estudos dos livros do Novo Testamento, e assim coloca-los em prática em nosso cotidiano.

Jesus nasceu, viveu e morreu dentro do contexto histórico do Sec. I. Quando lemos o texto dos Evangelhos, devemos estar atentos para avaliar corretamente a sua atividade dentro da formação social, econômica, política e religiosa do seu tempo. Só assim a palavra e ação de Jesus adquirirão o relevo concreto para que nós as entendamos melhor e possamos transpor toda a significação que há na pessoa de Jesus para nossos dias. Não se trata de reduzir toda a mensagem de Jesus a nível sociopolítico e nem de cair no oposto reduzindo a mensagem de Jesus a nível individual e intimista.

D I Á S P O R A J U D A I C A

DIÁSPORA JUDAICA

Diáspora judaica (no hebraico tefutzah, "dispersado", ou גלות galut "exílio") refere-se a diversas expulsões forçadas dos judeus pelo mundo e da consequente formação das comunidades judaicas fora do que hoje é conhecido como Israel partes do Líbano e Jordânia (por dois mil anos).



PRIMEIRA DIÁSPORA
De acordo com a Bíblia. a Diáspora é fruto da idolatria e rebeldia do povo de Israel e Judá para Deus, o que fez com que este os tirasse da terra que lhes prometera e os espalhasse pelo mundo até que o povo de Israel retornasse para a obediência a Deus, onde seriam restaurados como uma nação soberana e senhora do mundo. De acordo com a Moderna História, a diáspora judaica aconteceu pelo confronto do povo judaico com outros povos que desejavam subjugar sua cultura e dominar o seu território.
Geralmente se atribui o início da primeira diáspora judaica ao ano de 586 a.C., quando Nabucodonosor II — imperador babilônico — invadiu o Reino de Judá, destruindo a Jerusalém, e o Templo; e deportando os judeus para a Mesopotâmia. Mas esta dispersão se inicia antes, em 722 a.C., quando o reino de Israel ao norte é destruído pelos assírios e as dez tribos de Israel são levadas como cativas à Assíria e Judá passa a pagar altos impostos para evitar a invasão, o que não será possível negociar com Nabucodonosor II.

DIÁSPORA NA BABILÔNIA
Com a conquista de Judá cerca de quarenta mil judeus foram deportados para a Babilônia, onde floresceram como comunidade e mantiveram suas práticas e costumes religiosos, associados a outros costumes herdados dos babilônios. A assimilação fez com que o hebraico perdesse sua importância em função do aramaico que tornou-se a língua comum. Com a queda do poder babilônico e a ascensão do imperador persa Ciro I, este permitiu que algumas comunidades judaicas retornassem para a Judeia, mas a grande maioria da população judaica preferiria permanecer em Babilônia onde tinham uma sociedade constituída do que retornar às vicissitudes da reconstrução de um país.
Com o domínio romano sobre a Judeia, a maior parte dos judeus que viviam na Judeia emigrou para Babilônia, que se tornou o maior centro comunitário judaico no mundo até o século XI. Ao vencerem os partas em 226, os persas novamente conquistam a Babilônia, mas os judeus permanecem com uma relativa autonomia sob a liderança do exilarca ou Resh Galuta (Príncipe do Exílio), descendente de Davi. No século IV é compilado o Talmud Babilônico, e tem início a crise caraíta.
A comunidade judaica na Babilônia perdurou solidamente através da história, influenciando o judaísmo mundial também na segunda diáspora e só deixará de existir com a emigração dos judeus do Iraque no século XX.



SEGUNDA DIÁSPORA
A Segunda Diáspora aconteceu muitos anos depois, no ano 70 d.C. Os romanos destruíram Jerusalém, e isso acarretou uma nova diáspora, fazendo os judeus irem para outros países da Ásia Menor, África ou sul da Europa. As comunidades judaicas estabelecidas nos países do Leste Europeu ficam conhecidas como Ashkenazi (não confunda com os netos de Noé). Os judeus do norte da África (sefardins) migram para a península Ibérica. Expulsos de lá pelo crescente cristianismo do século XV, migram para os Países Baixos, Bálcãs, Turquia, Palestina e, estimulados pela colonização europeia, chegam ao continente americano. Na Etiópia a presença judaica é conhecida como Beta Israel.

SIONISMO
O sionismo (de Sião, nome do monte onde ficava o templo de Jerusalém), surgiu na Europa em meados do século XIX. Inicialmente de caráter religioso, o sionismo pregava a volta dos judeus à Terra de Israel, como forma de estreitar os laços culturais do povo judeu em torno de sua religião e de sua cultura ancestral.

CRIAÇÃO DO ESTADO DE ISRAEL
Estima-se que 6 milhões de judeus foram exterminados nos campos de concentração durante a Segunda Guerra Mundial. Isso impulsionou a restabelecimento do Estado de Israel, o verdadeiro lar do povo judeu depois de quase 2000 anos em domínio estrangeiro. A diáspora terminou em 1948, com a tomada da Palestina, o que criou o Moderno Estado de Israel. Em 1996 estimou-se que haja 6 milhões de judeus vivendo em Israel, cerca de 5,5 milhões nos Estados Unidos, 400.000 na França, 380.000 no Canadá, 375.000 no Reino Unido, 190.000 na Rússia, 180.000 na Argentina, 120.000 na Alemanha, 110.000 no Brasil, e 70.000 no Chile.

MOVIMENTO ANTI-SIONISTA
As visões a respeito da diáspora (tefutzah) se misturam. Enquanto boa parte dos judeus apoia o sionismo (retorno a Israel), outros - uma minoria ultra radical denominada Naturei Karta - e também pequenos grupos não radicais mostram oposição ao conceito de moderna nação como um Estado democrático secular e acreditam que esta só poderá existir após a chegada do Messias.


SOBRE OS JUDEUS
Na história das religiões, o judaísmo aparece como a primeira religião monoteísta (monoteísmo é a crença na existência de um só deus). Eles acreditavam em Deus, o criador de tudo. A principal referência para a história desse povo foi e continua sendo a Bíblia. Por muito tempo, os judeus sofreram rejeição, foram perseguidos e até expulsos de territórios apenas por causa de suas escolhas religiosas. Eles acreditavam que Deus fez um acordo com os hebreus, tornando-os “o povo escolhido” e prometendo para eles a terra prometida.


H E R O D E S O G R A N D E

QUEM FOI HERODES O GRANDE

Herodes (em hebraico: הוֹרְדוֹס, transl. Hordos; em grego: Ἡρῴδης, Hērōidēs), também conhecido como Herodes I ou Herodes, o Grande (73 a.C. — Jericó, 4 a.C. ou 1 a.C.[), foi um edomita judeu romano, rei cliente de Israel entre 37 a.C. e 4 a.C. Descrito como "um louco que assassinou sua própria família e inúmeros “rabinos". Herodes é conhecido por seus colossais projetos de construção em Jerusalém e outras partes do mundo antigo, em especial a reconstrução que patrocinou do Segundo Templo, naquela cidade, por vezes chamado de Templo de Herodes. Alguns detalhes de sua biografia são conhecidos pelas obras do historiador romano-judaico Flávio Josefo.
Seu filho, Herodes Arquelau, tornou-se etnarca da Samaria, Judeia e Edom de 4 a 6 d.C., e foi considerado incompetente pelo imperador romano Augusto, que tornou o outro filho de Herodes, Herodes Antipas, soberano da Galileia (de 6 a 39 d.C.).
Herodes era filho do idumeu Antípatro e de Cipros (da Nabateia). À época do rei hasmoneu João Hircano, a Idumeia fora conquistada e seus cidadãos obrigados a se converterem ao judaísmo.
A maior parte do que conhecemos sobre sua vida nos é narrada pelo historiador judeu Flávio Josefo, que provavelmente usou o trabalho de Nicolau de Damasco como fonte, porque, quando termina Nicolau, na época de Aquelau, o relato de Josefo se torna mais resumido. Segundo Josefo, a legitimidade de seu reinado era contestada pelos judeus por ele ser um idumeu. Numa tentativa de obter essa legitimidade, ele casou-se com Mariana, uma hasmoniana filha do alto sacerdote do Templo. Ainda assim, ele vivia temeroso de uma revolta popular, razão pela qual teria construído, como refúgio, a fortaleza de Massada.
Em 40 a.C., quando Matatias Antígono, o último rei da dinastia hasmónea, entrou na Judeia com a ajuda de uma potência vizinha, Herodes fugiu para Roma, onde António lhe entregou a realeza da Judeia, que assegurou com um exército romano, com o qual derrotou Antígono em 37. Octaviano (o futuro imperador Augusto), após a batalha de Ácio, em 31, manteve-o no poder.
A sua corte era helenizada e culta. Ele fundou as cidades gregas de Sebaste (Samaria) e Cesareia Palestina, com o seu belo porto. Construiu fortalezas e palácios, incluindo Massada e o magnífico Templo, o Heródio. Presidiu aos Jogos Olímpicos.
Herodes destronou os reis da dinastia hasmónea, que tinham governado Israel mais de um século. Essa dinastia tinha contado com o apoio dos saduceus. Por isso, Herodes era mal visto entre os saduceus. Em contrapartida, ele pôde contar com o apoio da facção moderada dos fariseus, conduzida por Hillel. Contou também com o apoio dos judeus da diáspora, mesmo naquela época, de número considerável. Já a relação com os essénios era mais complicada. Por um lado, os essénios detestavam Roma e não aprovavam que Herodes governasse em nome de Roma. Por outro lado, Herodes era um amigo de Menahem, o essénio e respeitava os essénios.
Fez construir várias obras em seu reino, cuja monumentalidade ainda hoje é admirada. Delas subsiste, como documento mais bem conservado, o Túmulo dos Patriarcas, em Hebron.
Ao morrer, em 4 a.C., Herodes deixou disposta, em testamento, a partilha do reino entre três de seus filhos sobreviventes: Herodes Arquelau, Herodes Antipas e Filipe.


O ESTADO JUDEU HERODIANO
Herodes não tinha legitimidade judaica, pois descendia de idumeus e sua mãe era descendente de árabes. Desse modo, sua legitimidade se fundava na própria estrutura do poder que ele exercia, e que diferia da tradição dos Hasmoneus, na medida em que:
O rei era legitimado como pessoa e não por descendência;
O poder não se orientava pela tradição, mas pela aplicação do direito do senhor;
O direito à terra decorria de distribuição: o senhor o concedia ao usuário de sua escolha (assignatio);
O rei era a fonte da lei, ou seja, a "lei viva" (émpsychos nómos), conforme a base filosófica helenística, em oposição à lei codificada da tradição judaica.
Essa nova estrutura de poder (repudiada pelos judeus tradicionais), permitia a Herodes:
Nomear o sumo sacerdote do Templo: ele destituiu os Asmoneus e nomeou um sacerdote da família babilônica e, mais tarde, da alexandrina;
Exigir de seus súditos um juramento de obediência, não raro em oposição às normas patriarcais;
Interferir na justiça do Sinédrio
Escravizar ladrões e revolucionários políticos, vendendo-os no exterior, sem direito a resgate;
O poder militar de Herodes baseava-se nos mercenários estrangeiros, aquartelados em fortalezas, ou em terras (cleruquias) a eles destinadas no vale de Jezrael e nas cidades helênicas fundadas pelo rei.


SUA MORTE
A maioria dos estudiosos concordam que Herodes morreu no final de março ou início de abril, em 4 aC. Evidência adicional é fornecida pelo fato de que seus filhos, entre os quais seu reino foi dividido, dataram de seus governos a partir de 4 aC, e Arquelau aparentemente também exerceu autoridade real durante a vida de Herodes. Josefo afirma que a morte de Filipe o Tetrarca tomou lugar depois de um reinado de 37 anos, no ano 20 de Tibério (34 dC).
Josefo diz que Herodes morreu depois de um eclipse lunar. Ele faz um relato dos acontecimentos entre este eclipse e sua morte, e entre sua morte e o Pessach. Um eclipse parcial ocorreu em 13 de março de 4 aC, cerca de 29 dias antes do Pessach, e este eclipse é geralmente considerado como o referido por Josefo. Houve, contudo, outros três eclipses totais em torno deste tempo, e há os defensores de ambos os 5 aC - com dois eclipses totais e 1 aC.  Josefo escreveu que a doença final de Herodes - às vezes chamada como "Mal de Herodes" - era insuportável.  A partir das suas descrições, alguns peritos médicos propõem que Herodes tinha doença renal crônica complicada por gangrena de Fournier. Os estudiosos modernos concordam que ele sofreu durante toda a sua vida de depressão e paranoia. Sintomas similares estiveram presente na morte de seu neto Agripa I, em 44, sobre quem se relata que os vermes visíveis e putrefação. Estes sintomas são compatíveis com uma sarna, que pode ter contribuído para sua morte e sintomas psiquiátricos. Josefo afirmou também que Herodes estava tão preocupado pela grande probabilidade de ninguém lamentar sua morte, que ele comandou um grande grupo de homens ilustres para vir para Jericó, e deu a ordem dizendo que eles deveriam ser mortos no momento da sua morte para que assim se mostrasse a dor que ele ansiava pela sua perda. Para a felicidade deles, o filho de Herodes Arquelau e sua irmã Salomé não realizaram esse desejo do pai. Após a morte de Herodes, seu reino foi dividido entre três de seus filhos, por Augusto. Augusto "nomeou Arquelau, não para ser o rei de todo o país, mas para ser etnarca, ou metade do que estava sujeito a Herodes, e prometeu dar-lhe a dignidade real doravante, se governasse a sua parte de forma justa. Mas quanto a outra metade, ele dividiu em duas partes, e as deu aos outros dois dos filhos de Herodes, a Filipe e Herodes Antipas, o qual disputou com Arquelau pelo reino todo. Desta forma, para ele era Pereia e Galileia que deveriam pagar seus tributos, que somavam anualmente 200 talentos, enquanto Bataneia com Traconita, bem como Auranita, com uma certa parte do que foi chamado Casa de Lenodoro, pagassem o tributo de 100 talentos à Filipe. Entretanto a Idumeia, e Judeia, e o país de Samaria, pagavam tributo à Arquelau, porém tinham a partir dali uma quarta parte desse tributo retirado por ordem de César, que decretou a eles aquela mitigação, devidos eles não terem se unido nesta revolta com o resto da multidão." Arquelau tornou-se etnarca da tetrarquia da Judeia, Herodes Antipas tornou-se tetrarca da Galileia e Pereia e Filipe tornou-se tetrarca dos territórios a leste do Jordão.



SUA HISTÓRIA – por JOSEFO Flavio
            . O que motivou-me a escrever esta postagem foi o grande amor que Herodes demonstrava sentir por Mariana (54 a.C — 29 a.C), a ponto de ter chorado em seus braços, após sentir-se confiante na fidelidade da esposa - confiança esta que seria abalada alguns segundos depois, tão logo sua amada falasse o que não devia. Sentindo o seu reinado ameaçado, mandou executar, em Belém, todas as crianças de até dois anos de idade, na tentativa de eliminar aquele que estava sendo proclamado o Rei dos judeus
             Herodes, o Grande, nasceu no ano de 73 a.C. e foi rei da Judéia entre 37 a.C. e 4 a.C.  A mãe de Herodes era de origem árabe, e o pai, um general talentoso, era edomita. Mesmo tendo sido criado como judeu, Herodes era considerado um forasteiro por muitos dos seus súditos e, nessa condição de semijudeu, não partilhou o prestígio social das poderosas e antigas famílias de Jerusalém. Três anos após a morte do pai por envenenamento, em 43 a.C., Herodes foi atrás da ajuda dos romanos, pois os partos haviam invadido a Judéia e uma facção macabéia rival aliou-se aos invasores, voltando-se contra ele. Depois de escapar de Jerusalém com a família, Herodes derrotou os partos e seus aliados judeus, viajando em seguida para Roma, onde o Senado, em reconhecimento à sua inabalável lealdade, o nomeou rei da Judéia. Apesar do sucesso em muitas áreas, a vida privada de Herodes era turbulenta: tinha dez esposas e mais de doze filhos, que formavam uma família recheada de frequentes conspirações, alimentando a paranoia e a crueldade do monarca. Em 29 a.C., mesmo amando profundamente Mariana, durante um surto de ciúme arquitetado por sua irmã Salomé, mandou executá-la, mergulhando em profunda depressão e passando a chamar o nome dela como se quisesse tirá-la da sepultura.
             Herodes participou de diversas batalhas e foi protagonista em muitas conspirações. Porém a guerra mais renhida era a que estava travada no meio da sua própria família. Vou tratar de uma, em particular, que levou Herodes a mandar matar Mariana, a esposa por quem nutria um profundo amor (ou seria paixão?). O motivo dessa funesta decisão foi a calúnia resultante de uma intriga entre Mariana, a sogra e a cunhada Salomé. Herodes, no entanto, já havia criado uma certa animosidade com sua sogra, Alexandra, e com a própria esposa Mariana, quando mandou matar afogado o cunhado, Aristóbulo, após ter outorgado a ele o sumo sacerdócio. Aristóbulo tinha apenas 18 anos quando foi morto e, embora Herodes tivesse tido todo o cuidado para que ninguém desconfiasse que ele mesmo havia mandado matar o rapaz, sua sogra e sua esposa, Mariana, bem sabiam ter sido ele o mandante do crime.  Com uma ferida tão profunda no coração, provocada pela morte do filho que tanto amava, respirando desejo de vingança, Alexandra escreveu para Cleópatra, relatando como Herodes lhe havia tirado o filho, com tão detestável traição. A rainha Cleópatra, que tanto foi inclinada a ajudar a amiga Alexandra, teve tanta pena de sua desdita, que tudo fez para convencer Antônio a vingar uma morte tão deplorável. Herodes havia sido elevado ao trono por Antônio e este, ao ouvir o relato emocionado de sua mui amada Cleópatra acerca de como o filho da amiga Alexandra havia sido cruelmente assassinado, deu ordem para que Herodes fosse procurá-lo a fim de se justificar do crime que o acusavam.
            "Herodes, que se sentia culpado e receava a ira de Cleópatra, que sabia incitar continuamente Antônio contra ele, temia muito essa viagem. A necessidade de obedecer, no entanto, o obrigou a empreendê-la, e ele deixou o governo do reino a José, seu cunhado, ordenando-lhe em segredo que, se Antônio o condenasse, ele deveria imediatamente matar a rainha Mariana, sua mulher, pois ele a amava com tanta paixão que não podia tolerar que, depois de sua morte, ela passasse para outro homem. Além disso, considerava que ela era a causa de sua infelicidade, pois a fama de sua extraordinária beleza suscitara havia muito o amor de Antônio por ela. Depois de dar essas ordens, ele se pôs a caminho, com pouca esperança de um feliz êxito.           Na ausência de Herodes, José ia frequentemente visitar Mariana, quer para prestar-lhe a honra que lhe era devida, quer para tratar dos negócios do reino, e lhe falava constantemente do extremo amor que o rei seu marido tinha por ela. Quando ele notou que, em vez de mostrar que acreditava, ela se punha a zombar, e Alexandra, sua mãe, mais que ela ainda, um imprudente desejo de fazê-las mudar de sentimento levou-o a revelar a ordem que recebera, o que comprovava que Herodes não podia tolerar que a morte o separasse dela. Essas palavras, todavia, em vez de persuadir as princesas do afeto de Herodes, causaram-lhes horror, pela tirânica desumanidade que, mesmo após a morte, o tornava tão cruel para com a pessoa a quem ele mais amava na terra. Os inimigos desse príncipe então fizeram correr a notícia de que Antônio mandara matar Herodes, depois de submetê-lo a diversos tormentos. Toda a cidade de Jerusalém ficou agitada, principalmente no palácio real e no das princesas. Alexandra exortou José a sair com ela e com Mariana, a fim de se colocarem sob a proteção das águias romanas — da legião comandada por Júlio, que estava acampada fora da cidade — e assim ficarem em segurança, caso houvesse algum tumulto, e também porque ela não duvidava de que quando Antônio visse Mariana obteria dele tudo o que quisesse, até mesmo a restauração ao trono e todas as outras honras e privilégios que o seu nascimento lhe permitia esperar. Pensavam assim, quando receberam cartas de Herodes, contrariando essas notícias. Diziam que, tendo chegado onde Antônio estava, havia acalmado o seu espírito com grandes presentes, tornando-o tão favorável nas conversações que tivera com ele que não havia mais motivo para temer os maus ofícios de Cleópatra, porque Antônio afirmava que um rei não era obrigado a prestar contas a ninguém de suas ações com relação ao governo de seu território, pois se assim fosse deixaria de ser rei, não podendo agir com a autoridade que tal posição lhe concede, e que não importava, nem mesmo a Cleópatra, a maneira como os reis governam. As cartas acrescentavam que não havia honras que ele não tivesse recebido de Antônio, o qual se servia de seus conselhos e o convidava todos os dias para banquetes, embora Cleópatra fizesse todos os esforços para destruí-lo, pelo desejo que tinha de ser rainha da Judéia. Mas a justiça de Antônio estava à porta dos artifícios e calúnias da princesa, e assim ele voltaria logo, mais consolidado do que nunca em seu reino e no afeto de Antônio, sem que restasse a Cleópatra esperança alguma de prejudicá-lo, porque Antônio entregara a ela a Baixa Síria, com a condição de que desistisse das pretensões que tinha sobre a Judéia.
            Essas cartas fizeram Alexandra — e também Mariana — abandonar a idéia de ficar sob a proteção das águias romanas, mas Herodes veio a sabê-lo. Salomé, sua irmã, e sua mãe disso lhe falaram logo que ele chegou a Jerusalém e depois que Antônio partiu em marcha contra os partos. Salomé fez ainda mais. Para se vingar de Mariana, que tinha o coração extremamente grande, mas havia censurado numa contestação entre ambas a baixeza da origem da outra, ela acusou José, seu próprio marido, de ter se portado muito familiarmente com a princesa. Herodes, que amava ardentemente Mariana, sentiu então até onde iam os seus ciúmes. Conteve-se, todavia, embora com dificuldade, para que não percebessem que a sua paixão o fazia perder o juízo. E, em particular, perguntou a Mariana que relações ela tivera com José. Ela protestou com juramento, do qual uma pessoa inocente pode se servir para a sua justificação, que nada houvera entre eles que ele viesse a ter motivo para se queixar. Herodes, vencido pelo amor que lhe devotava, não somente acalmou o espírito como também pediu perdão por ter, ainda que levemente, prestado fé às palavras que lhe haviam dito. Demonstrou ainda toda a satisfação que sentia por saber que ela era tão fiel e tudo fez para mostrar-lhe com que paixão a amava. Tantas provas de ternura fizeram, como acontece em casos semelhantes, com que ambos se pusessem a chorar e se abraçassem. Porém, ainda que Herodes se esforçasse por lhe incutir cada vez mais o seu amor, ela não pôde deixar de lhe dizer: "Achais então que é grande prova de amor ter ordenado que me mandassem matar, caso Antônio também vos tirasse a vida, embora eu jamais tivesse dado motivo para que ficásseis insatisfeito comigo?" Essas palavras foram como uma punhalada no coração de Herodes. Ele afastou Mariana, a quem ainda estava abraçado, arrancou os cabelos e disse que já não podia duvidar de seu crime, pois era impossível que José lhe tivesse manifestado um segredo daquela importância sem que ela se tivesse entregado a ele, para recompensá-lo pela traição. Ficou de tal modo transtornado pela cólera que a teria matado naquele mesmo instante, se a violência do amor não tivesse combatido a força do ciúme. Quanto a José, mandou imediatamente matá-lo, sem nem mesmo querer vê-lo ou ouvi-lo, e mandou meter Alexandra numa prisão, como sendo a causadora de todo aquele mal. (...)"    
         Herodes, o Grande, matou muitas pessoas, direta ou indiretamente. Não poupava esforços para tirar do seu caminho qualquer um que considerasse uma ameaça ao seu reino. Porém, o que marcou de forma profunda a vida desse tirano não foi o fato de ter mandado executar a sua inocente esposa por quem ardia de paixão (sim, paixão, pois se fosse amor ele não a teria matado), mas  a matança de crianças até dois anos de idade, em Belém, determinada por ele, a fim de eliminar Aquele em quem a Profecia havia se cumprido e que seria proclamado Rei dos judeus. Assim, considerando que o menino Jesus era um perigo para o seu reinado, não percebeu que havia mandado executar Aquele que não é apenas o Rei dos judeus, mas o Rei dos reis e Senhor dos senhores. Por falta de temor a Deus, Herodes não entendeu que o Senhor Jesus Cristo não veio para roubar ninguém, mas para dar a vida eterna a todo aquele que Nele crê (Jo 3.16).


(JOSEFO, Flavio. História dos Hebreus, CPAD, 9ª edição, 2005, pp. 696 a 699)

H E R O D I A N O S

HERODIANOS

Os Herodianos eram uma seita ou partido mencionado no Novo Testamento como tendo, por duas vezes, manifestado oposição a Jesus, primeiro na Galileia e depois em Jerusalém.
Em todas estas ocasiões, os herodianos são citados juntamente com os fariseus. Em Marcos 3:6, os fariseus começam a conspirar contra Jesus por causa de suas ações num sabá e atraíram os herodianos para a o complô. Em Marcos 8:15, Jesus reconheceu que a aliança entre esta aliança era uma ameaça. Em Marcos 12:13, fariseus e herodianos, depois de enviarem uma delegação para investigar e desafiar o que Jesus estava ensinando em Jerusalém, elogiam-no em conjunto por sua honestidade e imparcialidade antes de perguntar-lhe sobre os impostos pagos aos romanos. Eles são citados ainda em Mateus 22:16, Lucas 13:31-32 e Atos 4:27.
Segundo alguns estudiosos, os mensageiros e soldados de Herodes Antipas eram os herodianos. Outros defendem que eles eram provavelmente um partido político público que se distinguia dos outros dois grandes partidos do judaísmo pós-exílio (os fariseus e os saduceus) por terem se aliado a Herodes, o Grande e sua dinastia.
É possível que, para conseguir aliados, o partido herodiano difundia a ideia de que a consolidação de uma dinastia herodiana seria favorável ao objetivo de implantar uma teocracia, o que pode ser a explicação para a alegação de Pseudo-Tertuliano (Adversis Omnes Haereses 1.1) de que os herodianos consideravam o próprio Herodes como o Messias.

Os herodianos constituíam um partido político que favorecia a autoridade dos Herodes, sob o governo de Roma. Os seus membros mostraram forte hostilidade para com Jesus Cristo, em diversas ocasiões (Mt 22.16 – Mc 3.6 – 12.13). Nestas questões eram partidários dos fariseus e dos saduceus. Que esta liga era apenas uma coisa acidental, sendo a consequência de julgarem ser necessário combater o perigo comum, parece deduzir-se de raras vezes fazer-se menção dos herodianos. O seu fim político era a fundação de um independente império judaico, governado por Herodes, servindo-lhes de proteção a soberania de Roma até que fossem bastante fortes para poderem sacudir o odiado jogo.
O mais famoso dentre os que levavam o nome Herodes, nos tempos bíblicos foi o Herodes o Grande, pois foi o progenitor de uma grande clã 
Herodes Antipas
 
Herodes Arquelau
 
Herodes Agripa I
 
Herodes Agriupa II
 
Herodes o Grande governou de 37 a.C a 4 a.C, quando morreu o seu reino foi dividido ente os seus filhos.
 
Arquelau governou a Judéia, Samaria e Idunéia de 4 a.C a 6 d. C ( Mateus 2.22 ).
 
Antipas governou a Galiléia e a Péreia de 4 a.C a 39 d. C, foi ele inclusive que mandou matar João Batista ( Mateus 14.1-12 ), Jesus o chamou de raposa ( Lucas 13.32 ).
 
Felipe, governou de 4 a.C a 34 d.C governou uma região que ficava a nordestre do lago da Galiléia, isto e Ituréia, Gaulanites, Batanéia, Traconites e Auranites ( Lucas 3.1 ).
 
Agripa I Governou de 41 a 44 d.C, toda a e terra de Israel como havia feito Herodes o Grande seu avô. Esse Agripa mandou matar Tiago, ( Atos 12.1-23 ).
 
Agripa II; governou o mesmo território que Felipe havia governado, 50-70 d.C, Paulo compareceu perante este Agripa ( Atos 25.13---26-32 ).
 
Tibério Cláudio Nero foi um imperador do tempo de Jesus e reinou de 14 a 37 d.C; ( Lucas 3.1 ).
 
Augusto; sobrinho de Júlio César, imperador romano, chamado no NT de César Augusto; ( Lucas 2.1 ). Governou o império romano de 29 a.C até 14 d.C.
 


OS DIVERSOS HERODES DO NOVO TESTAMENTO
Apresentamos aqui a descrição dos Herodes dos tempos neotestamentários, com alguma abundância de pormenores:

1. Herodes o Grande. Governante dos judeus de 40 a 4 A.C., nasceu em cerca de 73 A.C. Era idumeu ou edomita, isto é, descendente de Edom, um povo conquistado e levado ao judaísmo por João Hircano, em cerca de 130 A.C. Assim sendo, os Herodes, embora não fossem judeus de nascimento, supostamente eram judeus de religião. A religião era usada, portanto, como veículo para fomento do governo secular, isto é, atendendo aos interesses da família dos Herodes. Herodes o Grande foi nomeado procurador da Judeia em cerca de 47 A.C. A Galileia pouco mais tarde também ficou debaixo de seu controle.

Após o assassínio de César. Herodes desfrutou das graças de Marco Antônio. O título de Herodes, “rei dos judeus”, foi-lhe dado por Antônio e Otávio. Opunha-se politicamente aos descendentes dos Macabeus, os quais, tendo por nome de família o apelativo Hasmon, eram chamados de Hasmoneanos. Estes controlavam Israel antes da dominação romana, e se ressentiam do governo de Herodes.

Todavia, Herodes o Grande casou-se com uma mulher pertencente a essa família, Mariamne, neta do antigo sumo sacerdote Hircano II, embora essa medida não tivesse posto fim às suspeitas dos principais Hasmoneanos sobreviventes. Por isso mesmo, Herodes o Grande foi assassinando um por um, até que se livrou de todos eles, incluindo a própria Mariamne, e até mesmo os filhos que teve com ela.

Esse foi apenas um dos muitíssimos assassínios cometidos por Herodes o Grande. Foi esse Herodes que perpetrou a matança dos inocentes, em Belém da Judéia (ver Mt 2), e antes de seu falecimento ordenou que seu próprio filho, Antípatre, fosse morto. Outrossim, providenciou para que, após a sua morte, todos os seus nobres fossem assassinados, para que não houvesse falta de lamentadores por ocasião de sua morte.

Morreu de uma enfermidade fatal do estômago e dos intestinos. Por toda parte se tornou famoso por suas notáveis atividades como edificador. E essas atividades foram realizadas não só em seus próprios domínios, mas até mesmo em cidade estrangeiras (por exemplo, Atenas). Em seus próprios territórios ele reedificou Samaria (dando-lhe o nome de Sebaste, em honra ao imperador). Reparou a torre de Estrato, na costa do mar Mediterrâneo, fez ali um porto artificial e o chamou de Cesaréia.


Mas a sua obra de arquitetura mais famosa foi a ereção de um magnificente templo em Jerusalém, construído para ultrapassar o de Salomão, tendo conseguido o seu intento, pelo menos em parte. Esse templo substituiu o templo erigido após o cativeiro, embora os judeus considerassem ambos como um só. Alguns escritores antigos dizem que isso foi feito com o fim de pacificar os judeus, devido as suas traições e matanças, que envolveram muitos líderes, incluindo sacerdotes. Entretanto, os judeus jamais puderam-lhe perdoar o desaparecimento da família dos Hasmoneanos.


2. Arquelau, chamado de Herodes o etnarca, em suas moedas. Herodes o grande doou o seu reino a três de seus filhos: A Judéia e a Samaria ficaram com Arquelau (Mt 2.22), a Galiléia e Peréia ficaram com Antipas, e os territórios do nordeste couberam a Filipe (ver Lc 3.1). O imperador Augusto ratificou essas doações. Arquelau era o filho mais velho de Herodes, por sua esposa samaritana, Maltace.

Herodes o Grande teve o seu programa de edificações continuado por Arquelau, e este parecia resolvido a exceder em crueldade e impiedade ao seu pai. O seu governo tornou-se, finalmente, intolerável, e uma delegação enviada da Judéia e da Samaria conseguiu a remoção de Arquelau. Nesta altura da história, a Judéia tornou-se uma província romana, passando a ser governada por procuradores nomeados pelo imperador.


3. Herodes, o Tetrarca. (ver Lc 3.19 e 9.7). Também era chamado Antipas. Era filho mais novo de Herodes e Maltace. Os distritos da Galiléia e da Peréia eram os seus territórios. É lembrado nos evangelhos por haver preso, encarregado e executado a João Batista bem como por causa de seu breve encontro com Jesus, quando do julgamento deste (Lc 23.7). Também se mostrou notável construtor. Edificou a cidade de Tibério. Divorciou-se da sua esposa (filha do rei dos nabateus, Aretas IV), a fim de casar-se com Herodias, esposa de seu irmão, Herodes Felipe, em vista do que João Batista lhe fez oposição. Essa ação foi, finalmente, a causa de sua queda, porquanto Aretas, usando tal coisa como justificativa (talvez válida, aos olhos dele), declarou guerra e derrotou definitivamente a Herodes, o Tetrarca. Esse Herodes terminou os seus dias no exílio.


4. Herodes Agripa, chamado de rei Herodes, em Atos 12.1. Era filho de Aristóbulo e neto de Herodes o Grande. Era sobrinho de Herodes o Tetrarca e irmão de Herodias. Após a execução de seus pais, em 7 A.C., foi levado a Roma e ali criado. Teve de abandonar Roma por causa de pesadas dívidas, e subsequentemente foi favorecido por Antipas. Por ter ofendido o imperador Tibério, foi encarcerado; mais tarde, porém, quando esse imperador morreu, foi posto novamente em liberdade.

Mais tarde recebeu os territórios do nordeste da Palestina como seus domínios, e quando Antipas, seu tio, foi banido, também ficou com a Galiléia e a Peréia. O imperador Cláudio aumentou uma vez mais os seus territórios, anexando aos seus domínios a Judéia e a Samaria, de tal modo que Agripa finalmente dominou em um reino para todos os efeitos equivalente aos domínios de seu avô, Herodes o Grande. 

Agripa procurou obter o apoio dos judeus, e aparentemente grande foi a medida de sucesso alcançado. Assediou aos apóstolos, provavelmente por essa mesma razão (At 12.2 – e matou Tiago, irmão de João). Sua morte súbita e horrível é registrada por Lucas em Atos 12.23, sendo ali atribuída ao julgamento divino. 


No capítulo 12 do livro de Atos nos é dito que um certo Herodes – que é conhecido dos historiadores seculares como Herodes Agripa I – mandou matar o apóstolo Tiago, e quis fazer o mesmo com Pedro, mas um anjo apareceu e libertou Pedro da prisão. Então, próximo do fim do capítulo, Lucas nos dá este relato: 

Herodes, tendo-o procurado e não o achando, submetendo as sentinelas a inquérito, ordenou que fossem justiçadas. E, descendo da Judéia para Cesaréia, Herodes passou ali algum tempo. Ora, havia séria divergência entre Herodes e os habitantes de Tiro e de Sidom; porém estes, de comum acordo, se apresentaram a ele e, depois de alcançar o favor de Blasto, camarista do rei, pediram reconciliação, porque a sua terra se abastecia do país do rei. Em dia designado, Herodes, vestido de trajo real, assentado no trono, dirigiu-lhes a palavra; e o povo clamava: É voz de um deus e não de homem! No mesmo instante, um anjo do Senhor o feriu, por ele não haver dado glória a Deus; e, comido de vermes, expirou” (Atos 12:19-23).
Naturalmente, esta é o próprio tipo de história que os céticos dizem que prova que a Bíblia não é historicamente acurada. É muito forçada, eles dizem, para ser verdade.
Acontece, contudo, que a morte de Herodes Agripa é contada também pelo historiador judeu do primeiro século, Josefo. Sua narrativa diz:
“Então, quando Agripa tinha reinado durante três anos sobre toda a Judéia, ele veio à cidade de Cesaréia, que antes era chamada Torre de Strato, e ali ele apresentou espetáculos em honra a César, ao ser informado que ali havia um festival celebrado para se fazerem votos pela sua segurança. Em cujo festival uma grande multidão de pessoas principais se tinha reunido, as quais eram de dignidade através de sua província.

No segundo dia dos espetáculos ele vestiu um traje feito totalmente de prata, e de uma contextura verdadeiramente maravilhosa, e veio para o teatro de manhã cedo; ao tempo em que a prata de seu traje sendo iluminada pelo fresco reflexo dos raios do sol sobre ela, brilhou de uma maneira surpreendente, e ficou tão resplendente que espalhou horror entre aqueles que olhavam firmemente para ele; e no momento seus bajuladores gritaram, um de um lugar, outro de outro lugar, (ainda que não para o bem dele) que ele era um deus; e acrescentavam: "Sê misericordioso conosco, pois ainda que até agora te tenhamos reverenciado somente como um homem, contudo doravante te teremos como superior à natureza mortal".

Quanto a isto o rei não os repreendeu, nem rejeitou sua ímpia bajulação. Mas, estando ele presente, e depois olhou para cima, viu uma coruja pousada numa corda sobre sua cabeça, e imediatamente entendeu que este pássaro era o mensageiro de más notícias, como tinha sido antes mensageiro de boas notícias; e caiu na mais profunda tristeza.

Uma dor severa também apareceu no seu abdome e começou de maneira muito violenta. Ele, portanto, olhou para seus amigos e disse: "Eu, a quem chamais deus, estou presentemente chamado a partir desta vida; enquanto a Providência assim reprova as palavras mentirosas que vós agora mesmo me disséreis; e eu, que por vós fui chamado imortal, tenho que ser imediatamente afastado depressa para a morte..." Quando ele acabou de dizer isto, sua dor se tornou violenta. Desse modo, ele foi carregado para dentro do palácio; e o rumor espalhou-se por toda parte, que ele certamente morreria dentro de pouco tempo... E quando ele tinha se esgotado muito pela dor no seu abdômen durante cinco dias, ele partiu desta vida” (Antiguidades, XIX, 7.2). Seu filho único, também chamado Agripa, passou a governar alguns dos territórios que haviam pertencido a seu pai. Suas duas filhas Berenice (At 25.13) e Drusila (At 24.24), foram outras pessoas sobreviventes de sua família.


5. Agripa, filho de Herodes Agripa (nº 4 acima). Era jovem demais para assumir a liderança, após o falecimento do seu pai. Mais tarde recebeu o título de rei da parte de Cláudio, e passou a governar o norte e o nordeste da Palestina.
Mais tarde Nero aumentou os seus territórios. De 48 a 66 D.C., ele exerceu autoridade de nomear os sumos sacerdotes dos judeus. Procurou, com grande empenho, evitar o conflito entre os judeus e os romanos (66 D.C.), mas fracassou na tentativa. Permaneceu fiel a Roma. Nas páginas do N.T. ele é conhecido devido ao seu encontro com o apóstolo Paulo, segundo está registrado em Atos 25.13 – 26.32). 
No trecho de Atos 26.28, lemos: “por pouco me persuades a me fazer cristão”, embora alguns pensem que a verdadeira tradução seria algo como: “Com bem pouca persuasão pensas em fazer-me cristão?” (como a tradução ASV); ou então: “estás apressado a persuadir-me a fazer de mim cristão!” (como as traduções GD e WM), portanto Herodes, evidentemente, proferiu essas palavras em tom de muchocho, e não seriamente. Ele morreu sem filhos, em cerca de 100 D.C. 



TÓPICO ESPECIAL: A FAMÍLIA DE HERODES O GRANDE

A. Herodes o Grande
1. Rei da Judéia (37-4 a.C.), um Idumeu (de Edom), que, através de manobras políticas e o apoio de Marco Antônio, conseguiu ser nomeado governador de uma grande parte da Palestina (Canaã) pelo Senado Romano em 40 a.C.
2. Ele é mencionado em Mt 2.1-19 e Lucas 1.5
3. Seus filhos e família
a. Herodes Filipe (filho de Mariane de Simão)
(1) marido de Herodias (4 a.C – 34 A.D.)
(2) mencionado em Mt 14.3; Marcos 6.17
b. Herodes Filipe I (filho de Cleópatra)
(1) Tetrarca da área norte e oeste do Mar da Galiléia (4 a.C – 34 A.D.)
(2) mencionado em Lucas 3.1
c. Herodes Antipas
(1) Tetrarca da Galiléia e Peréia (4 a.C – 39 A.D.)
(2) mencionado em Mt 14.1-12; Marcos 6.14, 29; Lucas 3.19; 9.7-9; 13.31; 23.6-12, 15; Atos 4.27; 13.1
d. Arquelau, Herodes o Etnarca
(1) governador da Judéia, Samaria e Iduméia (4 a.C – 6 A.D.)
(2) mencionado em Mt 2.22
e. Aristóbulo (filho de Mariane)
(1) mencionado como pai de Herodes Agripa I que era
(a) Rei da Judéia (37-44 A.D.)
(b) mencionado em Atos 12.1-24; 23.35
(i) seu filho era Herodes Agripa II
– Tetrarca do território do norte (50-70 A.D.)
(ii) Sua filha era Berenice
– consorte de seu irmão
– mencionada em Atos 25.13–26.32
(iii) Sua filha era Drusila
– esposa de Félix
– mencionada em Atos 24.24

B. Referências Bíblicas aos Herodes
1. Herodes o Tetrarca, mencionado em Mateus 14.1ss; Lucas 3.1; 9.7; 13.31, e 23.7, era o filho de Herodes o Grande. Na morte de Herodes o Grande, seu reino foi dividido entre os vários de seus filhos. O termo "Tetrarca” significa "líder da quarta parte”. Esse Herodes era conhecido como Herodes Antipas, que é a forma reduzida de Antipater. Ele controlou a Galiléia e a Peréia. Isto significa que muito do ministério de Jesus foi no território desse governador idumeu da segunda geração.
2. Herodias era a filha do irmão de Herodes Antipas, Aristóbulo. Ela tinha sido também casada anteriormente com Filipe, o meio irmão de Herodes Antipas. Esse não era Filipe o Tetrarca que controlava a área exatamente ao norte da Galiléia, mas o outro irmão de Filipe, que vivia em Roma. Herodias tinha uma filha de Filipe. Na visita de Herodes Antipas a Roma ele se encontrou e foi seduzido por Herodias, que estava procurando avanço político. Portanto, Herodes Antipas divorciou-se de sua esposa, que era uma princesa Nabatita, e Herodias divorciou-se de Filipe para que ela e Herodes Antipas pudessem casar-se. Ela era também irmã de Herodes Agripa I (cf. Atos 12).
3. Nós aprendemos o nome da filha de Herodias, Salomé, de Flávio Josefo em seu livro As Antiguidades dos Judeus 8.5.4. Ela devia ter entre doze e dezessete anos nessa ocasião. Ela era obviamente controlada e manipulada por sua mãe. Ela mais tarde casou-se com Filipe o Tetrarca, mas ficou logo viúva.
4. Cerca de dez anos depois da decapitação de João Batista, Herodes Antipas foi a Roma na instigação de sua esposa Herodias para buscar o título de rei porque Agripa I, irmão dela, tinha recebido esse título. Mas Agripa I escreveu para Roma e acusou Antipas de corroboração com os Partos, um inimigo odiado de Roma do Crescente Fértil (Mesopotâmia). O Imperador aparentemente acreditou em Agripa I e Herodes Antipas, juntamente com sua esposa Herodias, foi exilado para a Espanha.
5. Pode tornar mais fácil lembrar esses diferentes Herodes quando eles são apresentados no Novo Testamento lembrando que Herodes o Grande matou as crianças em Belém; Herodes Antipas matou João Batista; Herodes Agripa I matou o apóstolo Tiago; e Herodes Agripa II ouviu o apelo de Paulo registrado no livro de Atos.



Observações Complementares
 Para mais informações de pano de fundo sobre a Família de Herodes o Grande, consulte o índice de Flávio Josefo em Antiguidades dos Judeus. Para complementar os estudos estaremos descrevendo um pouco mais sobre Os Herodianos depois do nascimento de Jesus Cristo.

A História de Herodiano
A História do Império Romano após Marco Aurélio de Herodiano é uma coleção de oito livros que cobre o período desde a morte de Marco Aurélio em 180 d.C. até o começo do reinado de Gordiano III em 238. Proporciona o relato de um dos momentos politicamente mais conflituosos do Império Romano. O primeiro livro descreve o reinado de Cômodo (anos 180-192), o segundo analisa o ano dos cinco imperadores (193), o terceiro abrange o reinado de Septímio Severo (194-211), o quarto analisa o reinado de Geta e Caracala (211-217), o quinto versa sobre o reinado de Heliogábalo (218-222), o sexto trata do reinado de Alexandre Severo (222-235), o sétimo narra o reinado de Maximino Trácio 235-238, e no oitavo e último descreve o ano dos seis imperadores (238) e a ascensão de Gordiano III.
A data de composição da obra foi amplamente debatida, mas atualmente prevalece a teoria de que Herodiano a escreveu no final do reinado de Filipe, o Árabe ou a princípios do de Décio (por volta de 250). Há, além disso, uma série de circunstâncias que apoiam esta ideia:
Existem paralelos na História com a vida de Filipe que se tratam favoravelmente, com a intenção, seguramente, de bajular ao imperador (por exemplo, e ao contrário de Dião Cássio, trata favoravelmente a Macrino, quem ascendeu ao poder de uma forma similar de como o fez Filipe). Durante o reinado de Filipe houve igualmente uma ocasião muito oportuna para que os escritores contassem com o apoio imperial na publicação das suas obras: os Jogos Seculares de 248, nos quais se celebrava o milenário da fundação de Roma. O anúncio dos jogos em 247, quando Filipe voltou da campanha do Danúbio, deve ser a causa pela qual Herodiano terminou precipitadamente a sua obra, segundo se vislumbra no estilo apressado dos últimos livros frente à elegância retórica dos primeiros.
Além disso, frente à teoria de que Herodiano compôs a História durante o reinado de Gordiano III (totalmente recusada hoje) argumentou-se que devido às críticas do historiador, a publicação da obra nesse período se tornasse perigosa para ele.
O mais provável é que escrevesse para um público oriental, pois frequentemente explica os diferentes costumes e crenças romanas, alheias aos orientais.
Pedaço de papiro escrito em Escritura cursiva romana com extratos de discursos pronunciados no senado.

Herodiano foi elogiado e criticado em partes iguais. A primeira pessoa que se conhece que fez uma crítica da História de Herodiano foi o patriarca de Constantinopla, Fócio, no século IX. De Herodiano escreveu "que não exagera com a hipérbole nem omite nada essencial. Em definitiva, em todas as virtudes da historiografia há poucos homens que são os seus superiores". Zósimo usou-o como fonte, assim como João de Antioquia, quando escreveu a sua Crônica. Séculos mais tarde, Altheim elogiou a visão ampla da sua época que teve Herodiano, e F. A. Wolf aclamou por não se deixar levar pelos prejuízos nem pela superstição. Contudo, nem todos os julgamentos sobre Herodiano são positivos: por exemplo, Wolf também disse que Herodiano tinha uma deficiência na capacidade crítica, e embora os autores da História Augusta se servissem de Herodiano como fonte, também o censuraram pela sua parcialidade. Adicionalmente, está constatado que Herodiano não foi a principal fonte de Zósimo. Do mesmo jeito, parece que Zonaras apenas usou Herodiano onde a história de Dião Cássio era pouco válida.
Herodiano foi criticado pela falta de precisão histórica, ainda que estudos recentes tendessem a valorizá-lo novamente, a legitimar os seus comentários históricos e a pôr a sua História, até mesmo, ao mesmo nível que a de Dião apesar dos erros que apresenta: no livro segundo, o historiador afirma que a sua intenção era apresentar "uma narração por ordem cronológica das ações mais sobressalentes conseguidas" (II.15.7). Devido a isto, às vezes contam-se um grande número de eventos numa sozinha referência ou duas. Por exemplo, todos os fatos da campanha de Caracala ao norte durante 213 e 214 condensam-se em duas curtas alusões. Do mesmo jeito, numa referência soma ao Inverno em Sirmio todas as batalhas de Maximino Trácio no Rio RenoAReno e o Danúbio de 236 a 238. Por vezes, Herodiano também fica curto nas suas descrições geográficas: confunde Arábia Escenita com Arábia Félix (III.9.3-9) e afirma que em Isso foi travada a batalha final entre Alexandre, o Grande e Dario III. Em que pese a estes erros e omissões, é reconhecido como um historiador com um notável esforço por ser objetivo e por oferecer uma visão ordenada e clara dos fatos que considera decisivos. Fatos, por outro lado, dos quais foi testemunha e dos quais não ficariam apenas testemunhos de não ser pela sua História.
A respeito de Dião Cássio, tanto ele como Herodiano apresentam muitos erros nas suas histórias. Dião é reconhecido como o experto que se trata do senado. Porém, Herodiano avantaja a Dião na sua descrição da reação das pessoas ante os acontecimentos que sucediam naquela época. O trabalho de Dião não é sempre o mais exato dos dois (apresentando uma leve tendência a elogiar Septímio Severo) e pensa-se que não deve ser tratado como um texto de maior categoria que o de Herodiano.