sábado, 11 de março de 2017

O L I V R O D E M A R C O S

O    L I V R O    D E    M A R C O S

QUEM É JESUS
Marcos escreveu o seu Evangelho com a finalidade precisa de responder a pergunta: “Quem é Jesus?”. O evangelista, porém, não responde com doutrinas teóricas ou discursos de Jesus. Ele apenas relata a prática ou atividade de Jesus, deixando que o leitor chegue por si mesmo à conclusão de que Jesus é o Messias, o Filho de Deus (1:1; 8:29; 15:39). Portanto, na leitura do livro de Marcos, o importante é perceber o significado do que Jesus faz, isto é, estar atento ao quadro completo da sua atividade.
Através da sua prática, Jesus realiza o projeto messiânico segundo a vontade do Pai, entrando em conflito com uma concepção de Messias ligada aos esquemas de denominação. Nessa época, tinha-se a ideia de que o Messias viria como rei triunfante, que libertaria a nação judaica do poderio romano, e faria Israel retomar o antigo esplendor dos tempos de Davi e Salomão. Mas esse Messias não mudaria em nada, e até mesmo aperfeiçoaria, o esquema interno classista e opressor, sustentado por uma ideologia religiosa. Esse conflito se traduz concretamente no confronto da atividade de Jesus com a sociedade judaica do seu tempo.
Toda a atividade de Jesus é o anúncio e a concretização da vinda do Reino de Deus (Mc 1:15). E isso se manifesta pela transformação radical das relações humanas: o poder é substituído pelo serviço (campo político), o comércio pela partilha (campo econômico), a alienação pela capacidade de ver e ouvir a realidade (campo ideológico). Trata-se de proposta alternativa da sociedade, que leva ao nivelamento fraterno das pessoas. Isso provoca a oposição acirrada das autoridades e dos privilegiados, que fazem de Jerusalém e do Templo a sede do seu poder e riqueza, O resultado do conflito é a paixão e morte de Jesus. Mas Jesus não permanece morto. Ele ressuscita, e sua Ressurreição é a sentença condenatória do sistema que o matou.

O livro de Marcos é a penas o começo da Boa Nova (1:1). O autor deixa claro, portanto, que sua obra não é completa e que, para chegar ao fim, supõe que o leitor tome uma posição: continuar o livro através de sua própria vida, tornando-se discípulo de Jesus.  Como discípulos, o leitor deve chegar a uma decisão, isto é, reconhecer Jesus como Messias que leva à plenitude de vida (8:29; 15:39) e aceitar o seu convite, indo ao encontro do Ressuscitado na Galiléia (16:7). Não se trata simplesmente de voltar a ler o Evangelho desde 1:14, e sim de continuar no tempo presente a atividade concreta de Jesus, através de prática que faça renascer continuamente a esperança da vinda do Reino.

O L I V R O D E L U C A S

O    L I V R O    L U C A S

COM JESUS NASCE UMA NOVA HISTÓRIA
O terceiro Evangelho é a primeira parte de uma obra desde o início concebida como um todo; sua continuação é o livro dos Atos dos Apóstolos (Lc 1:1-4, At 1:1ss). No Evangelho, Lucas apresenta o caminho de Jesus, e em Atos temos o caminho da Igreja. Juntos, formam o caminho da Salvação, com o centro de referência em Jerusalém. Esta cidade é o ponto de chegada do caminho de Jesus. Aí que ele vai morrer. É também o ponto de partida do caminho da Igreja que prossegue a missão de Jesus até os confins da terra (At 1.8).
O Evangelho de Lucas apresenta o caminho de Jesus como caminho que se realiza na história. Para percorrê-lo, o Filho do Altíssimo (1:32) se faz homem em Jesus de Nazaré (2:1-7), trazendo para dentro da história humana o projeto de salvação que Deus tinha revelado, conforme a promessa feita no Antigo Testamento (1:68-70). O caminho de jesus inicia o processo de libertação na história, e por isso realiza nova história: a história dos pobres e oprimidos que são libertos para usufruírem a vida dentro das novas relações entre os homens. O programa da ação libertadora de Jesus é apresentado no seu discurso na sinagoga de Nazaré (4:16-22). Por essa razão, o caminho provoca confronto, choque com aqueles que julgam a história como já realizada e querem manter o sistema organizado. Tal sistema, porém, mostra apenas a história tal como é contada pelos ricos e poderosos, que exploram e oprimem o povo, reduzindo-o à miséria e fraqueza. O caminho de Jesus força a revisão dessa história, e começa a contar uma história a ser construída pelos pobres (1:46-55; 1:67-79). Desse modo surge entre os homens o caminho da salvação, que é o caminho da paz. (1:79).
O ápice do terceiro Evangelho está nas palavras de Jesus na cruz: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” (23:46). A morte de Jesus é a sua libertação nas mãos de Deus. É a consequência da sua vida e atividade voltada para os pobres e oprimidos, provocando toda a violência do sistema baseado na riqueza e no poder. Mas a morte é também a libertação; é o resultado da obediência total e confiança em Deus. Por isso Lucas vê a morte de Jesus como “assunção”, o ápice do caminho de Jesus para o ministério de Deus. Jesus faz da sua vida e morte ato de humilde entrega a Deus. E Deus responde com a ressurreição (At 2.22-24; 3:15), que revela e legitima o caminho de Jesus como caminho da vida para salvação do homem.
O caminho de Jesus é., Portanto, a pedagogia que ensina a fazer a história dos pobres que buscam um mundo mais justo e mais humano. Com efeito, Jesus traz o projeto para uma ordem nova, a libertação que leva os homens à relação de partilha e fraternidade, substituindo as relações de exploração e dominação. Eis o motivo por que o caminho-vida de Jesus e “todos os acontecimentos desta vida” (At 5:20) são importantes para revelar as dimensões de uma vida nova que educa o homem para um novo modo de ser e agir. Tal como Jesus educou seus discípulos durante a longa viagem relatada em Lucas (9:51-19:28). Nesse sentido, encontramos antes da viagem o convite fundamental para a vida. “Se alguém que me seguir, renuncie a si mesmo, tome cada dia a sua cruz, e me siga” (9:23ss). Jesus é o educador que mostra pela sua palavra e ação, pela sua morte, ressurreição e ascensão, o caminho que leva à salvação e comunhão com o Pai, fonte e fim de toda a vida.


O L I V R O D E J O Ã O

O    L I V R O    D E    J O Ã O

O CAMINHO DA VIDA
O Evangelho de João é diferente dos três primeiros. Em Mateus, Marcos e Lucas há muitos milagres e palavras de Jesus. Em João encontramos apenas sete milagres, que são chamados de sinais, alguns discursos que se desenvolvem lentamente, repetindo sempre os mesmos temas-chaves. Os três primeiros evangelistas reuniram, completaram e editaram os assuntos que formavam a catequese em suas comunidades. João seguiu caminho diferente: seu Evangelho é uma espécie de meditação, que procura aprofundar e mostrar o conteúdo da catequese existente em sua comunidade. Seu Evangelho visa despertar e a alimentar a fé em Jesus Cristo, o Filho de Deus, a fim de que os homens tenham vida (Jo 20:30-31)
Para João, Jesus é o enviado de Deus, aquele que revela o Pai aos homens. Deus ama os homens e que dar-lhes a vida. Jesus revela esse amor e realiza a vontade do Pai, dando sua vida em favor dos homens. João procura mostrar isso através dos sete sinais que ele apresenta na primeira parte do Evangelho, salientando aí a importância do compromisso da fé. Na segunda parte, ele mostra a mesma coisa, salientando a importância do amor narrando o supremo sinal: a volta de Jesus ao Pai, através da morte e ressurreição.
A revelação de Deus em Jesus coloca o mundo em julgamento. Diante da luz da revelação, a vida dos homens se esclarece. Os que vivem conforme a vontade de Deus, aproximam-se de Jesus e o aceitam. Os que não vivem conforme a vontade de Deus, se afastam dessa luz, rejeitando a Jesus. Por isso João salienta no seu Evangelho as reações que os homens têm diante de Jesus. Reações de aceitação, que levam a vida, e de recusa, que levam à morte. Recusa e hostilidade que levam Jesus à morte; a aceitação que produz a primeira comunidade reunida em nome de Jesus. Doravante, caberá a essa comunidade continuar a missão de Jesus.

Deus Pai testemunhou seu amor, entregando se Filho Único para que os homens tenham vida. Os homens por sua vez, respondem ao amor do Pai quando, do mesmo modo, se abrem para o dom do amor, colocando-se a serviço da vida dos irmãos. Somos convidados a ler este Evangelho colocando-nos em clima de julgamento, para nos abrirmos à luz de Deus que, através de Jesus, ilumina a nossa vida e nos leva a tomar uma decisão: aceitar e continuar sua obra, para termos definitivamente a vida, ou rejeitar a Jesus e estarmos definitivamente condenados.

O L I V R O D E M A T E U S

O    L I V R O    D E    M A T E U S

JESUS, O MESTRE DA JUSTIÇA.
Mateus apresenta Jesus como título de Emanuel, que significa: “Deus está conosco”(Mt 1:23). A medida que lemos este Evangelho, vamos descobrindo o significado desse título: Deus está presente em Jesus, comunicando a palavra e ação que libertam os homens e os reúnem como novo povo de Deus. As últimas palavras de Jesus (Mt28:20) são uma promessa de permanência: “Eis que eu estarei com vocês todos os dias, até o fim do mundo”. Essas palavras, dirigidas ao grupo dos discípulos, mostram que Mateus vê a comunidade cristã como semente do novo povo de Deus, povo que é o lugar onde se manifestam a presença, ação e palavra de Jesus.
Segundo Mateus, Jesus é o Messias que realiza todas as promessas feitas no Antigo Testamento. Essa realização as expectativas puramente terrenas e materiais dos contemporâneos de Jesus, que esperavam apenas um rei nacionalista para libertá-los da dominação romana. Frustrados em suas expectativas, eles rejeitam e o entregam à morte. Por isso, a comunidade reunida em torno de Jesus torna-se agora a portadora das Boas Novas a todos os homens, a fim de que eles pertençam ao Reino do Céu.
Logo de início, Mateus apresenta Jesus como o Mestre que veio realizar a justiça: “devemos cumprir toda a justiça” (3:15). O restante do Evangelho mostra que, através da palavra e ação, Jesus vai educando a comunidade cristã para a prática dessa justiça, isto é, vai ensinando como se deve realizar concretamente a vontade de Deus.
De todos os evangelistas, Mateus é aquele que apresenta didática mais clara. Entre o prólogo (Mt1-2) e a narrativa da morte e ressurreição de Jesus (26:3-28:20), ele organiza o assunto de todo o seu Evangelho  em cinco livrinhos, cada um contendo uma parte de um discurso. Lendo atentamente, podemos perceber que Mateus escolheu os episódios de cada parte narrativa, de modo a ilustrar o discurso seguinte. E o discurso, por sua vez, resume e explica o que está contido na narrativa anterior. Assim a palavra de Jesus é sempre apresentada como resultado de uma ação, e toda ação é sempre ensinamento, anúncio.

A comunidade cristã, lendo Mateus, é convidada a olhar para dentro de si mesma, a fim de descobrir a presença de Jesus, que ensina a presença de Jesus, que ensina a prática da justiça. Desse modo, a comunidade aprenderá a dizer a palavra certa, no tempo e lugar em que está vivendo.

E V A N G E L H O D E J O Ã O

E V A N G E L H O    S E G U N D O    J O Ã O

ORIGEM:
O Evangelho segundo João é o quarto e último evangelho da Bíblia, após o Evangelho de Lucas e antes do livro de Atos dos Apóstolos.
Sua autoria é tradicionalmente atribuída a João, o "discípulo amado", irmão de Tiago, e foi escrito entre os anos 95 e 100. Cronologicamente, foi o último a ser escrito.
A maior parte dos seus relatos é inédita em relação aos outros três evangelhos, o que sugere que o autor tivesse conhecimento do conteúdo deles ao escrever seu livro. Mais da metade desse evangelho é dedicado a eventos da vida de Jesus Cristo e a suas palavras durante seus últimos dias. O propósito de João foi inspirar nos leitores a fé em Jesus Cristo como o Filho de Deus. João também dá ênfase à total dependência humana em relação a Deus para a salvação e afirma que a mesma só é possível para quem crer em Jesus como o Filho unigênito de Deus (cf. João 3:18).

ESTRUTURA E CONTEÚDO
O evangelho segundo São João é dividido em 21 capítulos, sendo cada capítulo dividido em versículos. Para facilitar a leitura, na Bíblia de Jerusalém houve acréscimo de intertítulos, conforme segue:

O EVANGELHO
Prólogo (início do capítulo 1)
O ministério de Jesus
1. O anúncio da nova economia
A - A semana inaugural
O testemunho de João
[...ele vê Jesus aproximar-se dele e diz: "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. Dele é que eu disse: Depois de mim vem um homem que passou diante de mim, porque existia antes de mim. Eu não o conhecia, mas, para que fosse manifestado a Israel, vim batizar com água". João 1,29-31
Os primeiros discípulos
As bodas de Caná (início do capítulo 2)
B -  A primeira Páscoa
A purificação do Templo
Estada em Jerusalém
O encontro com Nicodemos (início do capítulo 3)
Ministério de Jesus na Judeia. Último testemunho de João.
Jesus entre os samaritanos (início do capítulo 4)
Jesus na Galileia
Segundo sinal em Caná: cura do filho de funcionário real
2. Segunda festa em Jerusalém (primeira oposição à revelação)
Cura de um enfermo na piscina de Betesda (início do capítulo 5)
Discurso sobre a obra do Filho
3. A Páscoa do pão da vida (nova oposição à revelação)
A multiplicação dos pães (início do capítulo 6)
Jesus vem ao encontro de seus discípulos, caminhando sobre o mar
Discurso na sinagoga de Cafarnaum
A confissão de Pedro
4. A Festa das Tendas (a grande revelação messiânica, a grande rejeição)
Jesus sobe a Jerusalém para a festa e ensina (início do capítulo 7)
Discussões do povo sobre a origem de Cristo
Jesus anuncia a sua próxima partida
A promessa da água viva
Novas discussões sobre a origem de Cristo
A mulher adúltera (início do capítulo 8)
Jesus, luz do mundo
Discussão sobre o testemunho que Jesus dá de si mesmo
Jesus e Abraão
Cura de um cego de nascença (início do capítulo 9)
Bom pastor (início do capítulo 10)
5. A festa da dedicação (a decisão de matar Jesus)
Jesus se declara Filho de Deus
Jesus se retira de novo para o outro lado do Jordão
Ressurreição de Lázaro (início do capítulo 11)
Os chefes judeus sentenciam a morte de Jesus
6. Fim do ministério público e preliminares da última Páscoa
A aproximação da Páscoa
A unção de Betânia (início do capítulo 12)
Entrada messiânica de Jesus em Jerusalém
Jesus anuncia a sua glorificação através da morte
Conclusão: a incredulidade dos judeus

A HORA DE JESUS – A PÁSCOA DO CORDEIRO DE DEUS
1. A última ceia de Jesus com seus discípulos
O lava-pés (início do capítulo 13)
O anúncio da traição de Judas
A despedida (início do capítulo 14)
A verdadeira videira (início do capítulo 15)
Os discípulos e o mundo (início do capítulo 16)
A vinda do Paráclito
Anúncio de um breve retorno
A oração de Jesus (início do capítulo 17)
2. A Paixão
A prisão de Jesus (início do capítulo 18)
Jesus diante de Anás e Caifás. Negações de Pedro.
Jesus diante de Pilatos (início do capítulo 19)
A condenação à morte
A crucifixão
A partilha das vestes
Jesus e sua mãe
A morte de Jesus
O golpe de lança
O sepultamento
3. O dia da Ressurreição
O sepulcro encontrado vazio (início do capítulo 20)
"Jesus fez ainda, diante de seus discípulos, muitos outros sinais, que não se acham escritos neste livro. Esses, porém, foram escritos para crerdes que Jesus é o Cristo, Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome." João 20:30-31.
Aparição a Maria Madalena
Aparição aos discípulos

CONCLUSÃO

EPÍLOGO
Aparição à margem do lago de Tiberíades (início do capítulo 21)
"Há, porém, ainda muitas outras coisas que Jesus fez; e se cada uma das quais fosse escrita, cuido que nem ainda o mundo todo poderia conter os livros que se escrevessem." João 21:25.

PAPIROLOGIA
A influência da papirologia sobre os estudos do Velho e o Novo Testamento foi fenomenal. A maioria dos papiros encontrados data dos primeiros 300 anos da Era Cristã. Sendo assim, é possível estabelecer um estudo da gramática desse período. Com base nos argumentos da gramática histórica, a composição dos livros do Novo Testamento é datada do primeiro século da nossa era.
 O Papiro P52, fragmento do Evangelho Segundo João, encontrado no Egito em 1920 por C. H. Roberts pode ser paleograficamente datado de 125 d.C.. Decorrido um certo tempo para o livro entrar em circulação, deve-se atribuir ao quarto Evangelho uma data próxima do fim do primeiro século - isto também está em conformidade com a tradição cristã conservadora. Manuscrito: Papiro P52

O Papiro Rylands é o fragmento mais antigo do manuscrito do Evangelho de João, datando aproximadamente do ano 125 d.C..

E V A N G E L H O D E L U C A S

E V A N G E L H O    S E G U N D O    L U C A S

ORIGEM
Evangelho Segundo Lucas (em grego: Τὸ κατὰ Λουκᾶν εὐαγγέλιον; transl.: To kata Loukan euangelion) é o terceiro dos quatro evangelhos canônicos. Ele relata a vida e o ministério de Jesus de Nazaré, detalhando a história dos acontecimentos de Seu nascimento até Sua Ascensão.
O autor é tradicionalmente identificado como Lucas, o evangelista. Certas histórias populares, como o Filho Pródigo e o Bom samaritano, são encontrados somente neste evangelho. A obra tem uma ênfase especial sobre a oração, a atividade do Espírito Santo, a alegria e o cuidado de Deus para com os pobres, as crianças e as mulheres. Lucas apresenta Jesus como o Filho de Deus, mas volta sua atenção especialmente para a humanidade dEle, com Sua compaixão para com os fracos, os aflitos e os marginalizados.
 De acordo com o prefácio do livro, o propósito de Lucas é relatar o início do cristianismo, enquanto procura o significado teológico da história. O evangelista divide seu evangelho em três fases: a primeira termina com João Batista, a segunda consiste no ministério terrestre de Jesus e a terceira é a vida da igreja após a ressurreição de Cristo. O livro contém ao todo 24 capítulos, 24 parábolas e 21 milagres. O autor retrata o cristianismo como divino, respeitável, cumpridor da lei e internacional. Aqui, a compaixão de Jesus estende a todos os que estão necessitados, as mulheres são importantes entre os seus seguidores, os samaritanos desprezados são elogiados e os gentios são prometidos a oportunidade de aceitar o evangelho. Enquanto o Evangelho é escrito como uma narrativa histórica, muitos dos fatos retratados nele são baseados em tradições orais e anteriores aos quatro evangelhos canônicos. A mais moderna erudição crítica concluiu que Lucas usou o Evangelho de Marcos para a sua cronologia e uma hipotética fonte Q, que provavelmente continha muitos dos ensinamentos de Jesus. Lucas também pode ter utilizado registros escritos independentes. A erudição cristã tradicional tem datado a composição do evangelho para o início dos anos 60 d.C. enquanto a alta crítica data para décadas mais tarde do século I. Enquanto a visão tradicional de que o companheiro de Paulo, Lucas, foi o autor do terceiro Evangelho, um número de possíveis contradições entre Atos e as cartas de Paulo levam muitos estudiosos a duvidar disso. De acordo com Raymond E. Brown, não é impossível que Lucas foi o autor do Evangelho. Já Leon Morris afirma que não há nada no Evangelho de Lucas que coloque em xeque a visão tradicional da Igreja Primitiva. De acordo com a opinião da maioria, o autor é simplesmente desconhecido.
Os estudiosos da Bíblia estão em amplo consenso de que o autor do Evangelho de Lucas também escreveu o Atos dos Apóstolos. Muitos acreditam que o Evangelho de Lucas e os Atos dos Apóstolos originalmente constituíam uma obra de dois volumes, que os estudiosos chamam de Lucas-Atos.

COMPOSIÇÃO
Tradicionalmente, a data de composição do Evangelho de Lucas é fixada antes dos eventos finais do livro de Atos, entre os anos 59 e 63 d.C.. O autor do Evangelho de Lucas reconhece a familiaridade com outros evangelhos anteriores (1:1). Embora o semitismo exista por todo livro, a obra foi composta em grego koiné. Tal como Marcos (mas ao contrário de Mateus), o público alvo é a população de gentios de língua grega, assegurando aos leitores que o cristianismo não uma seita exclusivamente judaica, mas uma religião mundial.

EVANGELHOS SINÓPTICOS
Quase todo o conteúdo de Marcos se encontra em Mateus, e muito de Marcos é igualmente encontrada em Lucas. Além disso, Mateus e Lucas têm uma grande quantidade de material em comum que não é encontrado em Marcos.
Os Evangelhos de Lucas, Mateus e Marcos (conhecidos como Evangelhos Sinópticos) apresentam um alto grau de semelhança em suas apresentações do ministério de Jesus. Eles incluem as mesmas histórias, muitas vezes na mesma sequência e às vezes exatamente com as mesmas palavras. A explicação mais aceita para essa semelhança é a hipótese das duas fontes, ou seja, Mateus e Lucas tomaram emprestados o Evangelho de Marcos e uma hipotética coleção escrita de ditos de Jesus, chamado de Fonte Q. Para a maioria dos estudiosos, a fonte Q foram coletadas para a formação de parte dos evangelhos de Lucas e Mateus, mas não são encontrados em Marcos.
Em The Four Gospels: A Study of Origins (1924), Burnett Hillman Streeter argumentou que uma outra fonte, chamada L e também hipotética, está por trás do material em Lucas que não tem paralelo em Marcos ou Mateus.
FONTES
A visão tradicional é que Lucas, que não foi uma testemunha ocular do ministério de Jesus, escreveu seu evangelho após reunir as melhores fontes de informação ao seu alcance (Lucas 1:1-4), como afirma em seu prólogo. Para a erudição crítica, a hipótese das duas fontes é a mais provável, ou seja, o autor de Lucas usou como fontes para seu Evangelho o Evangelho de Marcos e o hipotético documento Q, além do material exclusivo da Fonte L. A introdução da obra mostra que o autor utilizou três fontes: várias narrações compostas antes dele (entre elas o Evangelho de Marcos), informações recolhidas junto a testemunhas oculares e a tradição oral da pregação apostólica.
Muitos já se dedicaram a elaborar um relato dos fatos que se cumpriram entre nós, conforme nos foram transmitidos por aqueles que desde o início foram testemunhas oculares e servos da palavra. Eu mesmo investiguei tudo cuidadosamente, desde o começo, e decidi escrever-te um relato ordenado, ó excelentíssimo Teófilo, para que tenhas a certeza das coisas que te foram ensinadas. (Lucas 1:1-4)
EVANGELHO DE MARCOS
A maioria dos estudiosos modernos concordam que Lucas usou o Evangelho de Marcos como uma de suas fontes. A compreensão de que Marcos foi o primeiro dos evangelhos sinóticos e que serviu de fonte para Mateus e Lucas é fundamental para os estudos da crítica moderna. O Evangelho de Marcos é curto e foi escrito em grego koiné (isto é, grego comum). Ele fornece uma cronologia geral do batismo de Jesus até o túmulo vazio. Lucas, entretanto, apresenta alguns dos eventos em uma ordem cronológica diferente de Marcos a fim de dar mais ênfase a determinado assunto.
FONTE Q
A maioria dos estudiosos modernos concordam que Lucas usou o Evangelho de Marcos como uma de suas fontes. Além disso, o Evangelista também usou Q como sua segunda fonte.
A maioria dos estudiosos acreditam que Lucas usou Q como sua segunda fonte. Q (Vem do alemão "Quelle" e significa "fonte") é uma coleção de ditos hipotéticos de Jesus. Na "hipótese das duas fontes," o documento Q explica onde os autores de Mateus e Lucas pegaram o material que os dois Evangelhos têm em comum, mas que não é encontrado em Marcos, como a oração do Senhor (Pai Nosso) e o Sermão do Monte. A existência de um importante documento com dizeres de Jesus e que não foi mencionado pelos Pais da Igreja Primitiva continua sendo um dos grandes enigmas da erudição bíblica moderna.
EVANGELHO DE MATEUS
Para o teólogo alemão Martin Hengel, Lucas também fez uso do Evangelho de Mateus ao compilar seu evangelho.
FONTE L
Para os estudiosos, o material exclusivo do Evangelho de Lucas derivam da fonte L, que é comumentemente aceita como proveniente da tradição oral cristã. Lucas aparentemente delineia um conjunto de histórias e ensinamentos do Cristianismo primitivo sobre Jesus e os incorpora no seu evangelho. O Magnificat, no qual Maria louva a Deus, é um desses elementos. As narrativas do nascimento de Jesus em Lucas e em Mateus parecem ser o mais recente componente desses dois Evangelhos.  Lucas pode ter começado originalmente a partir de 3:1-7, com um prólogo adicionado.
Os livros do Novo Testamento foram escritos em grego. O estilo de Lucas é o mais literário de todos eles. Graham Stanton avalia a abertura do Evangelho de Lucas como "a frase mais refinada de todo o período pós-clássico da literatura grega". Linguisticamente, o Evangelho de Lucas dividi-se em três seções. O prefácio (1:1-4), escrito num bom estilo clássico. O restante do capítulo 1 e o capítulo 2 têm um sabor nitidamente hebraico. É tão marcante que certo número de estudiosos chegou à conclusão de que aqui temos uma tradução de um original em hebraico. A partir de 3:1, Lucas escreve num tipo de grego helenístico que relembra fortemente a Septuaginta, versão grega do Antigo Testamento.
O vocabulário é extensivo e Lucas utiliza 266 palavras (além dos nomes próprios) que não são achados noutras partes do Novo Testamento. O estilo do Evangelho constantemente lembra a septuaginta. As citações do Antigo Testamento de Lucas são comumente tiradas daquela versão, e normalmente o autor emprega as formas de nomes próprios achadas ali. Às vezes a linguagem de Lucas contém hebraísmos e, às vezes, aramaísmos. Além disso, sua linguagem é mais semítica nalguns trechos do que noutros. Esses fatos parecem melhor explicados como sendo a reflexão das fontes de Lucas.

AUTORIA
São Lucas Evangelista (1602-1605), El Greco, na Catedral de Toledo. Para a tradição, Lucas é considerado o autor do Evangelho de Lucas e dos Atos dos Apóstolos.
O escritor deste evangelho anônimo foi provavelmente um gentio cristão. Seja quem tiver sido o autor, ele foi uma pessoa muito bem educada, bem viajada, bem conectada com os eventos do mundo antigo, além de um prolixo leitor. Na época em que compôs o Evangelho, ele deve ter sido um autor altamente praticado e competente, sendo capaz de compor numa ampla variedade de formas literárias de acordo com as exigências do momento.
O Evangelho de Lucas e os Atos dos Apóstolos foram escritos pelo mesmo autor. A evidência mais direta vem dos prefácios de cada livro. Ambos os prefácios foram dirigidos a Teófilo e o prefácio de Atos explicitamente faz referência ao «meu livro anterior sobre a vida de Jesus» (Atos 1:1). Além disso, há semelhanças linguísticas e teológicas entre as duas obras, sugerindo que elas têm um autor em comum. Ambos os livros contêm também interesses comuns e referências cruzadas, indicando que eles são do mesmo autor. Os estudiosos da Bíblia que consideram os dois livros como uma única obra em dois volumes, referem-se ao conjunto como Lucas-Atos.
As passagens de Atos na primeira pessoa do plural são usadas como evidência do autor ser um companheiro de Paulo. A tradição diz que o texto foi escrito por Lucas, companheiro de Paulo e nomeado em Colossenses 4:14. Os Pais da Igreja, o testemunho do Cânone Muratori, Irineu (170 d.C.), Clemente de Alexandria, Orígenes e Tertuliano sustentavam que o Evangelho de Lucas foi escrito por Lucas. Um dos mais antigos manuscritos do Evangelho P75 (200 d.C.), traz a atribuição "o Evangelho segundo São Lucas". No entanto, um outro manuscrito, o P4, datado de um período próximo, não têm atribuição sobrevivente de autoria.
De acordo com a opinião majoritária, as provas de que Lucas não é o autor do Evangelho e sim um gentio desconhecido são fortes. Eles acham que o autor é um cristão gentio desconhecido. Para eles, o livro de Atos contradiz as cartas de Paulo em muitos pontos, como a segunda viagem de Paulo a Jerusalém para o Concílio de Jerusalém. Paulo colocado ênfase na morte de Jesus, enquanto o autor de Lucas enfatiza o sofrimento de Jesus. Além disso, há para eles diferenças escatológicas e uma visão distinta de ambos sobre a Lei. Paulo descreveu Lucas como "o médico amado ", o que levou W. K. Hobart a afirmar em 1882 que o vocabulário usado em Lucas-Atos sugere que o autor pode ter tido formação médica. No entanto, esta afirmação foi contrariada por um influente estudo de H. J. Cadbury em 1926, e desde então tem sido abandonado. Acredita-se hoje que a linguagem da obra reflete apenas a educação grega comum, pois os médicos empregavam uma linguagem parecida com a de outras pessoas.
A visão tradicional sobre a autoria de Lucas, no entanto, é defendida por muitos estudiosos importantes. De acordo com Raymond Brown "não é impossível" que eles estejam certos. Oscar Cullmann afirma que não se tem razões válidas para duvidar que o autor é Lucas, o companheiro de Paulo. Uma vez que Lucas não era um personagem proeminente na Igreja Primitiva, não há nenhuma razão óbvia para atribuir a uma figura secundária uma parte considerável do Novo Testamento, a menos que ele de fato tenha sido o autor. Se Lucas foi apenas um companheiro de Paulo, e em algum momento depois da morte do apóstolo idealizou escrever um evangelho, é algo que poderia explicar as diferenças entre Atos e as cartas de Paulo. Além disso, a grande distância entre o Paulo de Atos e o Paulo das epístolas imaginada por um número tão grande de estudiosos é, na verdade, uma distância entre uma descrição distorcida do Paulo supostamente autêntico e uma interpretação unilateral do Paulo de Atos.

DATA DA REDAÇÃO

Tito destrói Jerusalém, por Wilhelm von Kaulbach, Nova Pinacoteca, Munique.
A data da redação deste Evangelho é incerta. A maioria dos estudiosos críticos colocam o Evangelho entre 80-90, embora muitos defendam uma data entre 60-65.

ANTES DE 70 d.C
Uma minoria de eruditos põe a redação do Evangelho entre 37 e 61 d.C., sugerindo que o endereço de Lucas para o "excelentíssimo Teófilo", pode ser uma referência ao Sumo Sacerdote de Israel entre 37 e 41 d.C., Theophilus ben Ananus. Para esses estudiosos, o livro de Atos dos Apóstolos foi escrito por volta do final do primeiro cativeiro de Paulo, entre 62 e 63 d.C.. Por isso, o Evangelho de Lucas deve ter sido escrito antes.
Lucas 3:1 seria um indicio que este evangelho teria sido escrito antes da Guerra Judaica (66-70). Depois dessa guerra não haveria motivos para mencionar Lisânias, cuja tetrarquia teria sido doada a Herodes Agripa pelo imperador Claúdio.
Como o Evangelho foi escrito antes de Atos dos Apóstolos, os estudos de Donald Guthrie apontam que Lucas poderia ter coletado grande parte de seu material exclusivo durante os dois anos da prisão de Paulo em Cesareia Marítima (costa norte de Israel, ao sul da atual Jafa), que era então prisioneiro dos romanos. Essa prisão deve ser datada para os anos 57-59. Nesse caso, a redação do Evangelho de Lucas aconteceu ou durante esse período ou logo depois. Esses estudiosos também colocam o Evangelho de Marcos antes da Destruição do Templo de Jerusalém pelos Romanos, em 70 d.C.. No entanto, Guthrie observa que grande parte das provas para datar o terceiro Evangelho em qualquer ponto é baseado em conjecturas.

ENTRE 75-100 d.C
A maioria dos estudiosos contemporâneos consideram Marcos como fonte usada por Lucas (ver: Primazia de Marcos). Se é verdade que Marcos foi escrito em torno da destruição de Jerusalém, cerca de 70, eles acreditam que Lucas não teria sido escrito antes de 70. Alguns que tomam este ponto de vista acreditam que a previsão profética de Lucas da destruição do Templo de Jerusalém não poderia ser o resultado de uma profecia de Jesus sobre o futuro. Eles afirmam que a discussão em Lucas 21:5 - 30 é específica o suficiente (mais específica que Marcos ou Mateus) para comprovar uma data depois de 70. Esses estudiosos têm sugerido datas para Lucas desde 75 até 100.
A base para uma data posterior vem de uma série de razões. Diferenças de cronologia, estilo e teologia sugerem que o autor de Lucas-Atos não estava familiarizado com a teologia distintiva de Paulo, mas estava escrevendo uma década ou mais depois de sua morte, pelo quais vários pontos de harmonização significativa entre diferentes tradições dentro cristianismo primitivo já tinham ocorrido. Além disso, Lucas-Atos tem pontos de vista sobre a natureza divina de Jesus, o fim dos tempos e salvação que são semelhantes à aqueles encontrados nas epístolas pastorais, que são muitas vezes vistos como pseudônimo, possuindo uma data mais tarde do que as incontestáveis Epístolas Paulinas.
Alguns estudiosos do Jesus Seminar argumentam que as narrativas do nascimento de Lucas e Mateus são um desenvolvimento tardio do evangelho. Dessa forma, Lucas poderia ter começado originalmente em Lucas 3:1 com João Batista.
O terminus ad quem (última data possível) do Evangelho de Lucas estaria no final do século I, já que os primeiros manuscritos contém porções de Lucas (século II/início do século III) e vários Pais da igreja e obras cristãs do final do século I fazem referência a esse Evangelho. O trabalho se reflete na Didaquê, nos escritos gnósticos de Basilides e Valentinus, na apologética da Igreja de Justino Mártir, além de ter sido usada por Marcião.
Estudiosos do Cristianismo primitivo, como Donald Guthrie, afirmam que esse Evangelho foi provavelmente muito conhecido antes do final do século I, sendo plenamente reconhecido na primeira parte do século II. Já Helmut Koester afirma que, além de Marcião, "não há evidência certas para seu uso," antes de 150 d.C.  Nos meados do século II, uma versão editada do Evangelho de Lucas foi o único evangelho aceito por Marcião, um herege que rejeitou a conexão do Cristianismo com as escrituras judaicas (Evangelho de Marcião).

DESTINATÁRIO E PROPÓSITO
O Evangelho de Lucas é especificamente endereçado a Teófilo (Lucas 1:3), cujo nome significa "aquele que ama a Deus". A maneira mais natural de entender a expressão é que Teófilo é uma pessoa de verdade e o mecenas de Lucas, provavelmente pagando os custos da publicação do livro, sendo por isso a ele dirigido. O adjetivo "excelentíssimo" significa que Teófilo era uma pessoa de posição.
Teófilo, no entanto, era mais que um publicador. A mensagem desse evangelho visava à instrução não só daqueles entre os quais o livro circularia, mas também dele próprio (Lucas 1:4). Pensa-se que, como Marcos (e ao contrário de Mateus), o público-alvo do Evangelho de Lucas são os gentios. O fato do evangelho ser dirigido a Teófilo não reduz nem limita seu propósito.
O livro foi escrito para fortalecer a fé de todos os crentes e para reagir aos ataques dos incrédulos. Foi apresentado para substituir relatórios desconexos e infundados a respeito de Jesus. Lucas queria demonstrar que o lugar ocupado pelo gentio convertido no reino de Deus basei-se nos ensinos de Jesus. Queria recomendar a pregação do evangelho ao mundo inteiro.

CONTEÚDO
O Evangelho de Lucas narra a história do nascimento milagroso de Jesus, bem como seu ministério de curas e suas parábolas, sua paixão, ressurreição e ascensão. O estudioso cristão Donald Guthrie afirma que o livro de Lucas "é cheio de histórias magníficas, deixando o leitor com uma profunda impressão da personalidade e dos ensinamentos de Jesus".
Lucas é o único evangelho com uma introdução formal, no qual ele explica sua metodologia e seu propósito.
O autor acrescenta que ele também deseja compor um relato ordenado para Teófilo a fim de que seu destinatário "tenha certeza das coisas que te foram ensinadas"

NARRATIVAS DO NASCIMENTO E GENEALOGIA
Representação da Natividade, abaixo de uma Árvore de Natal. É o Evangelho de Lucas que apresenta a conhecida história de Natal em que Maria e José viajam à Belém para um censo, colocando o bebê recém-nascido numa manjedoura.
Como Evangelho de Mateus, Lucas relata a Genealogia de Jesus, seu nascimento virginal e a Anunciação. Ao contrário de Mateus, que traça a linhagem de Jesus através da linhagem de Davi e Abraão a fim de apelar para sua audiência judaica, em Lucas o evangelista traça a linhagem de Jesus até Adão, indicando um sentido universal da salvação. A narrativa de Lucas sobre o Nascimento de Jesus apresenta a conhecida história de Natal em que Maria e José viajam à Belém para um censo. O Jesus recém-nascido é colocado em uma manjedoura, ao mesmo tempo em que os anjos proclamam o nascimento do salvador aos pastores, que vão adorá-lo. Também é exclusivo do Evangelho de Lucas a história do Nascimento de João Batista e os três cânticos (incluindo o Magnificat), bem como a única história da infância de Jesus

MILAGRES E PARÁBOLAS
Lucas enfatiza os milagres de Jesus, contando 20 no total, quatro dos quais são únicos. Como Mateus, Lucas inclui palavras importantes a partir da fonte Q, tais como as bem-aventuranças. No entanto, a versão de Lucas das bem-aventuranças difere da de Mateus. De acordo com os estudiosos, a versão de Lucas parece mais perto da fonte Q. Várias das parábolas mais memoráveis ​​de Jesus são exclusivas de Lucas, como a do Bom Samaritano, do Mordomo Infiel e a Parábola do Filho Pródigo.

PAPEL DA MULHER
Mais do que os outros evangelhos, Lucas se concentra no importante papel que as mulheres exerceram no ministério de Jesus, tais como Maria Madalena, Marta e Maria de Betânia. O Evangelho de Lucas é o único Evangelho que contém a anunciação do nascimento de Jesus a Maria, sua mãe (Lucas 1:26 - 38). Em comparação com os outros evangelhos canônicos, Lucas dedica uma atenção muito maior para as mulheres. O Evangelho de Lucas traz personagens mais femininas, características de uma profetisa do sexo feminino (Lucas 2:36) e os detalhes da experiência da gravidez (Lucas 1:41 - 42). Discussão de destaque são dadas à vida de Isabel, a mãe de João Batista e de Maria, a mãe de Jesus (Lucas 2:1 - 51).

A ÚLTIMA CEIA
Lucas é o único evangelho que trata a Última Ceia da forma como Paulo faz, com o estabelecimento de uma liturgia a ser repetida por seus seguidores. De acordo com Geza Vermes, Paulo deve ser considerada a principal fonte para essa interpretação, porque ele diz ter recebido essa percepção da revelação direta em vez dos outros apóstolos. Os versos em questão não são encontrados em certos manuscritos mais antigos, e Bart D. Ehrman conclui que eles foram adicionados a fim de apoiar o tema da morte expiatória de Jesus - um tema encontrado em Marcos, mas que o evangelista Lucas excluiu do original. Entretanto, a crítica textual considera que Lucas 22:19 - 20 são autênticas. O relato de Lucas é inusitado por causa da menção ao cálice em primeiro lugar, seguindo a tradicional sequência pão/cálice. Daí a confusão de alguns escribas terem omitido essa parte do Evangelho.

CRUCIFICAÇÃO
Crucificação de Jesus
Lucas enfatiza que Jesus não havia cometido nenhum crime contra Roma, sendo sua inocência confirmada por Herodes, Pilatos, e o ladrão crucificado com Jesus. É possível que o autor de Lucas estava tentando ganhar o respeito das autoridades romanas para o benefício da Igreja, sublinhando a inocência de Jesus. Além disso, Lucas minimiza o envolvimento romano na execução de Jesus, colocando a responsabilidade maior sobre os judeus. Craig Evans afirma que Lucas colocou os judeus como os principais responsáveis pela morte de Jesus a fim de dar sentido à morte do Messias pela nação israelita - como profetizada no Antigo Testamento. Nesse sentido, seria simplista aplicar a Lucas o rótulo de anti-semita. Na narrativa de Lucas da Paixão, Jesus ora para que Deus perdoe aqueles que o estavam crucificando; e garante à um dos ladrões crucificados ao seu lado que estaria no Paraíso.

RESSURREIÇÕES E APARIÇÕES
Ressurreição de Jesus
A versão de Lucas difere daquelas apresentadas em Marcos e em Mateus. Lucas conta a história de dois discípulos na estrada de Emaús, e (como em João) Jesus aparece aos Onze e demonstra que ele é carne e sangue, e não um espírito. Alguns estudiosos sugerem que por ter escrito "carne e sangue" como propriedades do corpo ressuscitado de Jesus, Lucas estaria fazendo uma apologia contra a hipótese docética ou o ponto de vista gnóstica sobre o corpo ressuscitado de Cristo, ou ainda a teoria que os discípulos tinham apenas visto um fantasma. No entanto, estudioso Daniel A. Smith escreve que Lucas estava provavelmente mais preocupado com os cristãos primitivos que acreditavam que a ressurreição era algo meramente "espiritual", sem ter ocorrido uma transformação do corpo natural. Jesus comissiona (Grande Comissão) os discípulos para levarem sua mensagem a todas as nações, colocando o cristianismo como uma religião universal. O livro de Atos dos Apóstolos, também escrito pelo autor do Evangelho de Lucas e direcionado a Teófilo, declara que "Jesus apresentou-se a eles e deu-lhes muitas provas indiscutíveis de que estava vivo. Apareceu-lhes por um período de 40 dias" Atos 1:3.
A narração detalhada do Caminho de Emaús se encontra em Lucas 24:13-32 e é considerada um dos melhores desenhos de uma cena bíblica do Evangelho de Lucas.

MANUSCRITOS
P45. Fólios 13-14 com parte do Evangelho de Lucas
Categorias dos manuscritos do Novo Testamento
Os primeiros manuscritos do Evangelho de Lucas são três grandes papiros fragmentos que datam do final do século II ou início do século III. P4 é provavelmente o mais antigo, datando do século II. P75 é datada entre o final do século II e o início do século III. Finalmente, P45 (meados do século III) contém uma parte de todos os quatro Evangelhos. Além desses grandes papiros, há 6 outros papiros (P3, P7, P42, P69, P82 e P97) que datam entre os séculos III e VIII e que contêm pequenas porções do Evangelho de Lucas. As cópias iniciais, bem como as primeiras cópias do livro de Atos, datam depois que o Evangelho foi separado do livro de Atos.
O Codex Sinaiticus, Vaticanus e os códices da Bíblia grega do século IV, são os mais antigos manuscritos que contêm o texto completo de Lucas. O Codex Bezae, pertencente provavelmente ao século V, é um Texto-tipo Ocidental que contém versões do Evangelho de Lucas em grego e em latim.

VARIANTES TEXTUAIS
Variantes textuais no Novo Testamento
Tanto no livro de Lucas quanto em Atos existem diferenças importantes no denominado Texto-tipo Ocidental, cujos principais representantes são o Códice de Beza (D) e os manuscritos da Antiga Versão Latina. No entanto, não há motivos para duvidar que temos o texto de Lucas substancialmente como foi escrito. Ainda há algumas incertezas sobre algumas formas textuais, mas há considerável concordância quanto à maioria.
Lucas 2:14
A versão Almeida Revista e Corrigida traz a versão "paz na terra, boa vontade para com os homens"; Já a Revista e Atualizada diz "paz na terra entre os homens, a quem ele quer bem". Esta última tradução deve ser preferível, uma vez que tanto a evidência documental quanto as considerações técnicas, exegéticas e linguísticas da evidência interna favorecem esta última leitura.
Lucas 6:4
Nos manuscritos gregos do Códice D, logo após Lucas 6:4, encontra-se um breve episódio que alguns estudiosos julgam ser genuíno: "No mesmo dia, ele viu um homem ocupado no trabalho, e era sábado. Então lhe disse: "Homem, se você sabe o que está a fazer você é abençoado. Mas, se você não sabe, passa a ser amaldiçoado como transgressor da lei". Presumivelmente, se a pessoa trabalhasse no Shabat (sábado) por razões apropriadas, ou com espírito certo, assim como Jesus havia curado o homem cuja mão era ressequida, tal pessoa não seria culpada de violar a lei do sábado.
Lucas 8:26

Alguns manuscritos trazem Gérasa, outros Gádara e ainda outros Gergesa. Visto que Gerasa ficava a mais de 50 quilômetros do lago de Genesaré, o estouro da manada de porcos teria sido muito grande, e a correria muito longa. Alguns escribas cristãos sentiram essa dificuldade e escreveram Gádara em vez de Gérasa, cidade que ficava a apenas alguns quilômetros longe do lago. Seguindo a hipótese de Orígenes, outros escribas cristãos escreveram Gergesa, cidade que ficava à beira do lago. Tudo o que Lucas diz é que Jesus e seus discípulos entraram na região dos gerasenos, e não necessariamente que entraram na cidade de Gérasa.

E V A N G E L H O D E M A R C O S

E V A N G E L H O    S E G U N D O    M A R C O S

ORIGEM:
O Evangelho Segundo Marcos (em grego: κατὰ Μᾶρκον εὐαγγέλιον, τὸ εὐαγγέλιον κατὰ Μᾶρκον - transl. euangelion kata Markon) é o segundo livro do Novo Testamento. Sendo o evangelho mais curto da Bíblia cristã, com apenas 16 capítulos, ele conta a história de Jesus de Nazaré. É considerado pelos eruditos um dos três evangelhos sinópticos. De acordo com a tradição, Marcos foi pensado para ser um epítome, o que representaria sua atual posição na Bíblia, como um resumo de Mateus e Lucas. No entanto, a maioria dos estudiosos contemporâneos considera essa obra como a mais antiga dos evangelhos canônicos - uma posição conhecida como prioridade de Marcos - embora a obra contenha 31 versículos relativos a outros milagres não relatados nos outros evangelhos.
O Evangelho de Marcos narra o ministério de Jesus, desde seu batismo por João Batista até Sua Ascensão. A obra concentra-se particularmente na última semana de sua vida (capítulos 11-16, a viagem até Jerusalém). Sua narrativa rápida retrata Jesus como um homem de ação heróica, um exorcista, um curandeiro e um milagreiro.
Um tema importante de Marcos é o Segredo Messiânico. Jesus pede silêncio sobre sua identidade messiânica aos endemoninhados que Ele cura, além de esconder sua mensagem com parábolas. Os discípulos também não conseguem entender as implicações dos milagres de Cristo.
Todos os quatro evangelhos canônicos são anônimos, mas a tradição cristã primitiva identifica autor deste evangelho como Marcos, o Evangelista, de quem se diz ter baseado este trabalho sobre o testemunho de Pedro. Alguns estudiosos modernos consideram essa tradição essencialmente credível, enquanto outros a põe em xeque. No entanto, mesmo os estudiosos que duvidam da autoria de Marcos reconhecem que muito do material deste Evangelho remonta um longo caminho, representando informações importantes sobre o Jesus histórico. Por isso, o Evangelho de Marcos é muitas vezes considerado a fonte primária de informações sobre o ministério de Jesus.

COMPOSIÇÃO
Provavelmente, o Evangelho de Marcos não leva o nome do seu autor. A tradição do século II atribuiu a autoria deste evangelho a Marcos Evangelista (também conhecido como João Marcos), um companheiro de Pedro. Para os Pais da Igreja, a obra foi baseada nas memórias de Pedro. O evangelho foi escrito em grego koiné logo após a destruição do Segundo Templo de Jerusalém no ano 70 d.C., possivelmente na Síria. No entanto, outros estudiosos afirmam que evidências, tanto externa quanto interna, apontam para a autoria de Marcos, antes do ano 70 d.C. Por outro lado, o uso feito pelo autor de fontes variadas seria uma evidência contra a autoria tradicional. De acordo com a maioria, o autor é desconhecido.

AUTORIA E FONTES
De acordo com Irineu, Papias de Hierápolis (escritor do início do século II) relatou que este evangelho foi escrito por João Marcos, companheiro de Pedro em Roma e em "momento algum errou ao escrever as coisas conforme recordava. Sua preocupação era apenas uma: não omitir nada do que havia ouvido, nem falsificar o que transmitia." A maioria de estudiosos modernos do Novo Testamento acreditam que este evangelho foi escrito na Síria por um cristão desconhecido, em torno de 70 dC, utilizando várias fontes, incluindo uma narrativa da paixão (provavelmente escrito), uma coleção de milagres e histórias de Jesus (oral ou escrita), tradições apocalípticas (provavelmente escrito), além de controvérsias e ditos didáticos (alguns possivelmente escritos). Alguns dos materiais presentes no Evangelho de Marcos, no entanto, são bastante antigos, o que representa uma importante fonte de informações históricas sobre o Jesus histórico.
Marcos escreveu principalmente para um público gentio, de língua grega e residentes do Império Romano: as tradições judaicas são explicadas de forma clara visando os não-judeus (por exemplo, Marcos 7:1-4; 14:12; 15:42); há várias palavras e frases em aramaico que são expandidas e explicadas pelo autor, como ταλιθα κουμ (Talitha qoum, em Marcos 5:41, no episódio da Filha de Jairo), κορβαν (Corban, Marcos 7:11), αββα (abba, Marcos 14:36​​). Quando Marcos faz uso do Antigo Testamento, ele o faz se utilizando da versão traduzida para o grego, a Septuaginta (por exemplo, Marcos 1:2; Marcos 2:23-28; Marcos 10:48; Marcos 12:18-27; também compare Marcos 2:10 com Daniel 7:13-14) .

FONTE DE MATEUS E LUCAS
Maioria dos estudiosos acreditam que o Evangelho de Marcos foi o primeiro dos evangelhos canônicos a ser escrito, servindo como fonte para os evangelhos de Mateus e Lucas. A razão porque este evangelho recebe tanta atenção por parte da comunidade acadêmica é a crença generalizada de que o Evangelho de Marcos e, provavelmente, a fonte Q, foram a base dos evangelhos sinópticos, como descrita na hipótese das duas fontes. Assim, os eruditos no Novo Testamento concordam que o Evangelho de Marcos é um documento, escrito grego koiné e que serviu de base para os Evangelhos Sinópticos. Ele fornece a cronologia geral da vida de Jesus, desde o batismo até o túmulo vazio.

DIFERENTES VERSÕES
O Evangelho de Marcos é o mais curto dos evangelhos canônicos. Seus manuscritos, tanto os pergaminhos quanto os códices, possuem diferentes versões do texto, principalmente no início e no final. Estas perdas não afetam essencialmente o conteúdo teológico do evangelho. Por exemplo, Marcos 1:1 foi encontrado em duas formas diferentes: a maioria dos manuscritos de Marcos, incluindo o Codex Vaticanus do século XIV, tem o texto "filho de Deus", enquanto outros três importantes manuscritos não possuem essa versão. Esses três são: Codex Sinaiticus (século IV), Codex Koridethi (século IX) e o texto chamado Minúsculo 28 (século XI). O suporte textual para o Filho de Deus em Marcos 1:1 é forte, mas a frase pode não estar presente no texto original.
As interpolações também não são editoriais. Na crítica textual, é comum que comentários escritos nas margens dos manuscritos sejam incorporadas ao texto nas cópias daquela versão. Qualquer exemplo particular é aberta à discussão, mas pode-se tomar como exemplo a nota de «Quem tem ouvidos para ouvir, ouça» (Marcos 7:16), que não é encontrado nos manuscritos mais antigos.
Revisão e erro editorial também podem contribuir para as diferentes versões do texto de Marcos. A maioria das diferenças são triviais. No entanto, Marcos 1:41, onde o leproso se aproximou de Jesus implorando para ser curado, é significativo. Os manucritos mais antigos (Texto-tipo Ocidental) afirmam que Jesus ficou irado com o leproso, enquanto as versões mais tardias (Texto-tipo Bizantino) indicam que Jesus mostrou compaixão. Esta é possivelmente uma confusão entre as palavras em aramaico ethraham (ele tinha pena) e ethra'em (ele ficou furioso). Como é mais fácil entender por que um escriba iria mudar raiva para pena do que pena à raiva, a versão anterior é provavelmente a original.

FINAL DE MARCOS
Ver artigo principal: Marcos 16
A partir do século XIX, os estudiosos da crítica textual passaram a afirmar que Marcos 16:9-20, que descreve o encontro de alguns discípulos com Jesus ressuscitado, foi uma adição posterior ao evangelho. Nesse caso, Marcos 16:8 seria o fim do Evangelho de Marcos com a descrição do túmulo vazio e que é imediatamente precedido por uma declaração de um jovem vestido com uma túnica branca afirmando que Jesus ressuscitou e está indo adiante de vós para a Galiléia. Os últimos doze versos estão faltando nos mais antigos manuscritos do Evangelho de Marcos. Além disso, o estilo destes versos é diferente do resto deste evangelho, sugerindo que eles foram uma adição posterior.

CARACTERÍSTICAS
O Evangelho de Marcos é diferente dos outros evangelhos em vários detalhes, na linguagem e no conteúdo. Sua teologia é única. O vocabulário presente nesta obra possui 1330 palavras distintas, das quais 60 são nomes próprios. Oitenta palavras (exclusivo de nomes próprios) não são encontradas em outras partes do Novo Testamento. Cerca de um quarto delas não são clássicas. Além disso, Marcos faz uso do presente histórico, bem como do segredo messiânico a fim de revelar a mensagem do seu Evangelho.

TEOLOGIA
Os cristãos consideram o Evangelho de Marcos como divinamente inspirado, tendo a teologia desta obra em consonância com a do resto da Bíblia. Cada um vê Marcos como uma das mais importantes contribuições para a teologia cristã, apesar de os cristãos discordarem às vezes sobre a natureza dessa teologia. No entanto, a contribuição deste evangelho para a teologia do Novo Testamento pode ser identificada como única em si.
Marcos é visto tanto como um historiador quanto como um teólogo, declarando que sua narrativa seja sobre o Evangelho de Jesus Cristo. O tema do Messias sofredor é a peça central para a interpretação que Marcos faz de Jesus, da teologia deste evangelho bem como da estrutura da obra. O conhecimento sobre a verdadeira identidade sobre o messias está oculto e somente aqueles com uma visão espiritual podem ver. O conceito de conhecimento oculto pode ter se tornado a base dos Evangelhos Gnósticos. Por isso, John Killinger argumenta que, em Marcos, a narrativa da ressurreição está escondida durante todo o evangelho ao invés de estar presente no final. Ele especula assim que o autor deste evangelho pode ter sido um gnóstico cristão. No entanto, a maioria dos estudiosos no Novo Testamento não concorda com essa visão.

SEGREDO MESSIÂNICO
Em Marcos, mais do que nos outros sinóticos, Jesus esconde sua identidade messiânica. Quando ele vai exorcizar demônios e eles o reconhecem, Jesus sempre manda-os ficar em silêncio. Quando Ele cura as pessoas, pede-lhes para não revelar como elas foram curadas. Quando prega, ele usa parábolas para esconder sua verdadeira mensagem. Os discípulos são ignorantes sobre a compreensão do verdadeiro significado do Cristo, compreendendo-o somente após Sua morte. Este segredo messiânico é uma questão central nos estudos da Bíblia.
Em 1901, William Wrede desafiou a visão corrente. Ele criticou os estudos de Marcos que afirmavam que este evangelho possuía uma narrativa simples e histórica. Para Wrede, o segredo messiânico foi um artifício literário que Marcos usou para resolver a tensão entre os primeiros cristãos, que saudaram Jesus como o Messias, e o Jesus histórico que, segundo ele, nunca fez tal afirmação sobre si. O segredo messiânico continua a ser um dos principais tópicos de debate entre os eruditos do Novo Testamento.

ADOCIONISMO E NASCIMENTO VIRGINAL
Os cristãos acreditam que Jesus é o Filho de Deus. Para a maioria dos adeptos do cristianismo, Jesus de Nazaré foi concebido pelo Espírito Santo e nasceu da Virgem Maria.
No entanto, há uma crença entre uma minoria cristã chamada Adocionismo. Os adocionistas acreditam que Jesus era plenamente humano, nascido de uma união sexual entre José e Maria. Nesse caso, Jesus só se tornou divino mais tarde, em seu batismo. Ele foi escolhido como o primogênito de toda a criação por causa de sua devoção sem pecado à vontade de Deus.
O adocionismo provavelmente surgiu entre os primeiros cristãos judeus que procuravam conciliar as alegações de que Jesus era o Filho de Deus, com o estrito monoteísmo do Judaísmo - onde o conceito de uma Trindade era inaceitável. Estudiosos como Bart D. Ehrman argumentam que a teologia adocionista pode remontar quase ao tempo de Jesus. O início judaico-cristão dos Evangelhos não faz nenhuma menção a um nascimento sobrenatural. Em vez disso, eles afirmam que Jesus foi gerado em seu batismo.
A teologia do adocionismo caiu em descrédito depois que o cristianismo deixou suas raízes judaicas e a visão dos gentios sobre a religião cristã tornou-se dominante. Dessa forma, o adocionismo foi declarado heresia no final do século II, sendo rejeitado pelo Primeiro Concílio de Niceia, que proclamou a doutrina ortodoxa da Trindade e identificou Jesus como eternamente gerado de Deus. O Credo de Niceia passou a afirmar que Jesus nasceu do Espírito Santo e da Virgem Maria - como afirmam os evangelhos de Lucas e Mateus.
O adocionismo já estava presente no tempo de Mateus e dos outros Apóstolos. De acordo com os Padres da Igreja, o primeiro Evangelho foi escrito pelo apóstolo Mateus, e sua narrativa foi chamada de Evangelho dos Hebreus ou Evangelho dos Apóstolos. Este primeiro relato escrito da vida de Jesus foi adocionista em sua natureza. O Evangelho dos Hebreus não tem menção ao nascimento virginal e quando Jesus é batizado a obra afirma: Jesus saiu da água, o céu se abriu e viu-se o Espírito Santo descer na forma de uma pomba e entrar nEle. Em seguida, uma voz do céu disse: Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo". E, novamente, "Hoje eu te gerei". Imediatamente uma grande luz brilhou ao redor do local".
Alguns estudiosos também veem a teologia adocionista no Evangelho de Marcos. Marcos tem Jesus como o Filho de Deus, que ocorre em pontos estratégicos do Evangelho, em 1:1 ("O começo do evangelho de Jesus Cristo, o Filho de Deus") e em 15:39 ("Certamente este homem era o Filho de Deus!"), mas o nascimento virginal de Jesus não foi narrado. A frase "Filho de Deus" não está presente em alguns manuscritos antigos em 1:1. Bart D. Ehrman usa esta omissão para apoiar a noção de que o título de "Filho de Deus" para Jesus não é usado até Seu batismo. Sendo assim, Marcos refletiria uma visão de adoção. No entanto, a autenticidade da omissão de "Filho de Deus" e seu significado teológico tem sido rejeitada por boa parte dos estudiosos, como Bruce Metzger e Ben Witherington III.
No momento em que os Evangelhos de Lucas e Mateus foram escritos, Jesus é retratado como sendo o Filho de Deus, desde o momento do nascimento. Finalmente, o Evangelho de João retrata o Filho como existente desde o "princípio".

SIGNIFICADO DA MORTE DE JESUS
Mais informações: Crucificação de Jesus Significados teológicos
O Evangelho de Marcos retrata a morte de Jesus como um sacrifício expiatório pelo pecado. A cortina do Templo, que servia como uma barreira entre a santa presença divina e o mundo profano, rasga no momento da morte de Jesus - simbolizando o fim da divisão entre o homem e Deus.
A única menção explícita do significado da morte de Jesus ocorre em Marcos 10:45, onde Jesus diz que o Filho do Homem não veio para ser servido mas para servir e dar a sua vida em resgate (lutron) de muitos (anti Pollon). De acordo com Barnabé Lindars, este versículo refere-se à canção do servo sofredor de Isaías, com lutron referindo-se à "oferta pelo pecado" (Isaías 53:10) e anti Pollon ao Servo "carregando o pecado de muitos", em Isaías 52:12. A palavra grega anti significa "no lugar de", que indica uma morte substitutiva.
O autor deste evangelho também fala da morte de Jesus por meio de metáforas, como a do noivo que parte em Marcos 2:20 e do herdeiro rejeitado em Marcos 12:6-8. Ele vê Jesus como cumprindo a profecia do Antigo Testamento (Marcos 9:12, Marcos 12:10, Marcos 14:21 e Marcos 14:27).
Muitos estudiosos acreditam que Marcos estruturou seu evangelho de forma a enfatizar a morte de Jesus. Alan Culpepper, por exemplo, vê Marcos 15:1-39 como o desenvolvimento em três atos, cada um contendo um evento e uma resposta. O primeiro evento é o julgamento, seguido pelas zombarias dos soldados contra Jesus; o segundo evento é Jesus sendo crucificado, seguido pelos espectadores zombando dele; o terceiro e último evento nesta sequência é a morte de Jesus, seguida pelo véu do templo sendo rasgado e a confissão do centurião que afirma: "Verdadeiramente este homem era o Filho de Deus". Essa estrutura triádica de Marcos enfatiza a importância desta última confissão do centurião romano, o que proporciona um contraste dramático com as duas cenas de escárnio que a precedem. Bauer sugere que "o evangelho de Marcos, ao trazer um clímax com esta confissão cristológica na cruz, indica que Jesus é, em primeiro lugar, o Filho de Deus; E que Jesus é Filho de Deus como aquele que sofre e morre em obediência a Deus". Joel observa que enquanto os outros evangelistas atenuam, Marcos "enfatiza o sofrimento e a morte de Jesus na cruz". Por isso, ele vê "Marcos como mais fortemente influenciado pela teologia da cruz de Paulo do que os outros evangelhos".


E V A N G E L H O D E M A T E U S

E V A N G E L H O     S E G U N D O    M A T E U S


ORIGEM
O Evangelho segundo Mateus (em grego: κατὰ Ματθαῖον εὐαγγέλιον, transl.katá Matthaion euangelion , ou τὸ εὐαγγέλιον κατὰ Ματθαῖον, transl. to euangelion katá Matthaion), comumente abreviado para Evangelho de Mateus, é um dos quatro evangelhos canônicos e é o primeiro livro do Novo Testamento. Este evangelho sinótico (junto com o Evangelho de São Marcos e o Evangelho de São Lucas) é um relato da vida, ministério, morte e ressurreição de Jesus de Nazaré. Ele detalha a história de sua genealogia até a Grande Comissão.
O Evangelho de Mateus está muito alinhado com o judaísmo do primeiro século, e tem sido associado aos evangelhos judaico-cristãos; ressalta como Jesus cumpriu as profecias judaicas. Alguns detalhes da vida de Jesus, de sua infância, em particular, estão relacionados somente em Mateus. Seu evangelho é o único a mencionar a Igreja ou eclesial. Mateus também enfatiza a obediência e a preservação da lei bíblica. Uma vez que este evangelho tem prosa ritmada e muitas vezes poética , que ele é adequado para a leitura pública, tornando-se uma escolha popular litúrgica.
Alguns estudiosos acreditam que o Evangelho de Mateus foi composto na parte final do primeiro século por um judeu cristão, o período mais aceitável por evidências históricas é entre a queda de Jerusalém 70 D.C. e de Inácio de Antioquia que escreveu a Epístola aos Esmirniotas ao redor de 115 D.C., na qual Inácio cita a "parábola das Bodas" de Mt 22 assim como Mt 3:15. Escritos cristãos primitivos diziam que Mateus, o apóstolo, o escreveu em hebraico. Muitos estudiosos hoje acreditam que o Mateus canônico foi originalmente escrito em grego por uma testemunha cujo nome é desconhecido para nós e baseado em fontes como o Evangelho segundo Marcos e na Fonte Q", uma posição conhecida como "prioridade de Marcos". No entanto, alguns estudiosos como Craig Blomberg, um professor especialista em Novo Testamento no Seminário Denver, discordam destas teorias em diversos pontos e defendem que Mateus de fato escreveu o Evangelho.
O Evangelho segundo Mateus pode ser dividido em cinco seções distintas: o Sermão da Montanha (cap. 56 e 7), as Instruções para a missão aos doze apóstolos (cap 10), o Discurso das Parábolas (cap. 13), instruções para a comunidade (18), o Sermão do Monte das Oliveiras (cap. 24-25).
É seguido pelo Evangelho de São Marcos, Evangelho de São Lucas e Evangelho de São João, nessa ordem. Para o uso litúrgico na Igreja Católica Romana, os evangelhos são apresentados desde o Concílio Vaticano II num livro chamado de evangeliário.
Índice

COMPOSIÇÃO
Tradicionalmente, Mateus era visto como o primeiro Evangelho escrito. Os evangelhos são tradicionalmente impressos com Mateus em primeiro lugar porque, segundo Santo Agostinho, era esse o mais antigo (segundo ele, este evangelho teria sido escrito de 50 a 75). Atualmente, a maioria dos estudiosos aceita a tese que defende que o Evangelho de Marcos é o mais antigo dos Evangelhos Canônicos. Em contrapartida, o evangelho de Mateus foi o primeiro dos evangelhos a ser lido publicamente nas comunidades cristãs (o que era sinal de sua aceitação como "literatura sagrada" entre os primeiros cristãos).
Acreditava-se que o Evangelho de Mateus tinha sido composto por Mateus, um discípulo de Jesus. No entanto, os estudiosos do século XVIII questionaram a visão tradicional de composição. Hoje, a maioria dos estudiosos concorda que Mateus não escreveu o Evangelho que leva seu nome, e prefere descrever o autor como um anônimo cristão de origem judaica, escrito no final do primeiro século, embora muitos preveem a possibilidade de conexão indireta com o apóstolo. Estudiosos mais conservadores como Craig Blomberg, Frederick Fyvie Bruce, Gregory A. Boyd acreditam que o apóstolo Mateus realmente escreveu este evangelho, e eles notaram que, como um publicano, Mateus não teria sido uma pessoa ideal para atribuir falsamente um evangelho. A grande maioria dos estudiosos acredita que o Evangelho de Mateus foi originalmente composto em grego ("primazia grega") ao invés de aramaico ou hebraico.

EVANGELHOS SINÓPTICOS
Os Evangelhos de Marcos, Mateus e Lucas (conhecidos como os Evangelhos sinópticos) incluem muitos dos mesmos episódios, muitas vezes, na mesma sequência, e às vezes até na mesma formulação. A relação do Evangelho de Mateus com o de Marcos e o de Lucas é uma questão em aberto conhecida como o problema sinótico.
O Evangelho de Mateus contém cerca de 612 versículos dos 662 versículos do Evangelho de Marcos, e principalmente em exatamente a mesma ordem. Mateus, no entanto, muito frequentemente remove ou modifica a partir de frases redundantes ou palavras incomuns de Marcos e modifica as passagens do evangelho de Marcos que possam colocar Jesus em uma luz negativa (por exemplo, remover o comentário altamente crítico que Jesus "está fora de sua mente" em Marcos 3:21, removendo "não te importas" de Marcos 4:38, etc.).
Embora o autor do Evangelho de Mateus tenha escrito de acordo com seus próprios planos e objetivos e do seu próprio ponto de vista, a grande quantidade de sobreposição na estrutura das frases e na escolha das palavras indica que Mateus copiou de outros escritores do Evangelho, ou eles copiaram uns dos outros, ou eles todos copiaram de outra fonte comum. Os problemas sinóticos causaram nos estudiosos do século XVIII questionamentos sobre a visão tradicional de composição.
A visão mais popular na ciência moderna é a hipótese das duas fontes, que especula que Mateus tomou emprestado de Marcos e de uma coleção de ditos hipotéticos chamados fonte Q (de Quelle, alemão que significa "fonte"). Para a maioria dos estudiosos as fontes Q para partes de Mateus e Lucas - às vezes, usa exatamente as mesmas palavras - mas não são encontradas em Marcos. Exemplos desses materiais são as três tentações do Diabo a Jesus, as Bem-Aventuranças, a Oração do Senhor e muitos ditos individuais
A minoria dos estudiosos continua a defender a prioridade de Mateus, com Marcos tomando emprestado de Mateus ("Hipótese agostiniana” e "Hipótese de Griesbach"). Então, em 1911, a Comissão Pontifícia Bíblica afirmou que Mateus foi o primeiro evangelho escrito, que foi escrito pelo evangelista Mateus, e que ele foi escrito em aramaico.

HIPÓTESE DE QUATRO FONTES
Em "Os Quatro Evangelhos: Um Estudo das Origens" (1924), Burnett Hillman Streeter argumentou que uma terceira fonte, conhecido como fonte M e também uma fonte hipotética, dizendo que Mateus não tem paralelo em Marcos ou Lucas. Esta hipótese das quatro fontes postula que havia pelo menos quatro fontes do Evangelho de Mateus: o Evangelho de Marcos e três fontes perdidas (Q, M e L).
Segundo essa visão, o primeiro Evangelho é uma combinação das tradições de Jerusalém, Antioquia e Roma, enquanto o terceiro Evangelho representa Cesareia Marítima, Antioquia e Roma.
O fato das fontes de Antioquia e Roma serem reproduzidas pelos dois evangelistas Mateus e Lucas, foi devido à importância dessas Igrejas. Para o pensamento de Streeter não há provas de que as outras fontes sejam menos autênticas. Durante o resto do século XX, havia vários desafios e refinamentos da hipótese de Streeter. Por exemplo, em seu livro de 1953 o Evangelho antes de Marcos, Pierson Parker colocou uma primeira versão de Mateus (Aram. M ou proto-Mateus) como fonte primária.
Parker argumentou que não foi possível separar o material "M" de Streeter do material Mateus em paralelo com Marcos. A opinião consensual dos estudiosos contemporâneos do Novo Testamento é que o Evangelho de Mateus foi originalmente composto em grego e não em hebraico ou aramaico, e que o apóstolo Mateus não escreveu o Evangelho que leva seu nome.


TESTEMUNHO DOS PRINCIPAIS DA IGREJA

PAPIAS
Este pai apostólico, que foi discípulo do apóstolo João ou do presbítero João, identificou este evangelho como de Mateus, apóstolo do Senhor:
"Mateus compôs sua história [a respeito de Jesus] em dialeto hebraico e cada um traduzia segundo a sua capacidade" (Papias de Hierápolis - História Eclesiástica de Eusébio)

IRINEU
O bispo de Lyon, na França, declarou o seguinte a respeito deste evangelho e seu autor:
"Mateus, de fato, produziu seu evangelho escrito entre os hebreus no dialeto deles..." (Irineu de Lyon - História Eclesiástica de Eusébio)

ORÍGENES
Declara a autoria deste Evangelho a Mateus, conferindo-lhe natureza autoritária:
"Segundo aprendi com a tradição a respeito dos quatro evangelhos, que são os únicos inquestionáveis em toda Igreja de Deus em todo o mundo. O primeiro é escrito de acordo com Mateus, o mesmo que fora publicano, mas depois apóstolo de Jesus Cristo, o qual, tendo-o publicado para os convertidos judeus o escreveu em hebraico" (Orígenes - História Eclesiástica de Eusébio)

EUSÉBIO
O bispo de Cesareia, que herdou a formação teológica de Orígenes, aceita o testemunho antigo e aprova a autoria de Mateus neste evangelho:
"...de todos os discípulos, Mateus e João são os únicos que nos deixaram comentários escritos e, mesmo eles, foram forçados a isso. Mateus tendo primeiro proclamado o evangelho em hebraico, quando estava para ir também às outras nações, colocou-o por escrito em sua língua natal e assim, por meio de seus escritos, supriu a necessidade de sua presença entre eles." (Eusébio de Cesareia - História Eclesiástica)


ESTUDOS DO SÉCULO XVIII

ARTIGOS PRINCIPAIS: Evangelho dos Ebionitas e Evangelho dos Hebreus
Edward Nicholson (1881) seguindo Jerônimo (Em Mattheum 12:13) sustenta que existia entre as comunidades dos Nazarenos e Ebionitas, um evangelho comumente referido como o Evangelho dos Hebreus. Ele foi escrito em aramaico e sua autoria era atribuída a São Mateus. De fato, os Padres da Igreja, enquanto o Evangelho dos hebreus ainda circulava e era lido, sempre se referiam a ele com respeito. Os primeiros Padres da Igreja (Clemente de Alexandria, Irineu, Orígenes, Jerônimo, etc) todos fizeram suas referências a este evangelho de Mateus.
Bernhard Pick (1882) acredita que o apóstolo Mateus escreveu um relato de testemunha ocular em hebraico, sobre a vida de Jesus, muito antes de qualquer um dos evangelhos canônicos e que este Evangelho dos hebreus era considerado autêntico, realizada em grande consideração pelos primeiros líderes da Igreja e foi a base para evangelhos futuros, incluindo o Evangelho de Mateus na Bíblia.

MANUSCRITOS ANTIGOS
Os principais manuscritos gregos (unciais) trazem sempre os quatro evangelhos presentes. Os manuscritos que trazem apenas os evangelhos são mais numerosos que os que contêm outras partes do Novo Testamento, portanto, temos mais de 1400 manuscritos gregos dos evangelhos, o que torna o livro de Mateus um dos mais bem documentados da Antiguidade.

MATEUS, O EVANGELISTA
Mateus era galileu e filho de Alfeu. Ele recolhia os impostos (publicano) do povo hebreu para Herodes Antipas. Sua Repartição de Finanças era localizada em Cafarnaum, onde ele era desprezado e considerado um pária. No entanto, como era cobrador de impostos ele teria sido alfabetizado. Foi nesse cenário, que Jesus chamou Mateus para ser um dos doze apóstolos e depois de seu chamado, Mateus convidou Jesus para casa para uma festa.
Como apóstolo, Mateus seguiu Jesus, e foi uma das testemunhas da Ressurreição e Ascensão. Mateus juntamente com Maria e Tiago e outros seguidores mais próximos do Senhor, retirou-se para o Cenáculo, em Jerusalém. Tiago sucedeu a Pedro como o líder de uma comunidade de Jerusalém. Fato é que os apóstolos permaneceram em Jerusalém ainda por um bom tempo, e proclamaram que Jesus de Nazaré, era o Messias prometido. Esses primeiros judeus cristãos eram chamados de nazarenos. É quase certo que Mateus pertencia a esta comunidade, pois tanto o Novo Testamento quanto o Talmude afirmaram ser isto verdade.
Alguns acreditam que Mateus morreu de morte natural ou na Etiópia ou na Macedónia. No entanto, a Igreja Católica Romana e a Igreja Ortodoxa dizem que ele morreu como um mártir.

O EVANGELHO DE MATEUS
Por conveniência, o Evangelho de Mateus pode ser dividido em quatro seções estruturalmente distintas: Duas seções de introdução, a seção principal, que pode ser ainda dividido em cinco seções, cada uma com uma componente narrativa acompanhada de um longo discurso de Jesus e, finalmente, a seção da Paixão e Ressurreição.
Contendo a genealogia, o nascimento e a infância de Jesus (Capítulo 1 e 2).
Os discursos e ações de João Batista preparatórias para o ministério público de Cristo. (Capítulo 3 e 4:11)
Os discursos e o ministério de Cristo (4:12-26:1).
O Sermão da Montanha, a moral relativa (cap. 56 e 7)
O Discurso Missionário, a respeito da missão que Jesus deu a seus doze apóstolos. (10)
O Discurso das Parábolas, histórias que ensinam sobre o Reino de Deus. (Capítulo 13)
O Discurso sobre a Igreja, sobre as relações entre os discípulos. (18)
O Discurso no Monte das Oliveiras: sobre sua segunda vinda, o julgamento das Nações e fim dos tempos. (24-25)
O sofrimento, morte e ressurreição de Jesus, a Grande Comissão. (26-28)


RESUMO
Autor - Mateus o Publicano (9:9), Apóstolo e Testemunha Ocular da vida de Cristo.
Data - 40 - 55 d. C. O primeiro Evangelho para ser escrito, poucos anos depois da crucificação do Senhor Jesus Cristo.
Esboço do Livro de Mateus
I. Introdução - Nascimento e Infância de Cristo. Capítulos 1-2.
II. Ministério de Cristo na Galiléia. Capítulos 3-18.
III. Ministério de Cristo no Caminho (Judéia) para Jerusalém. Capítulos 19-20.
IV. Ministério Final de Cristo em Jerusalém. Capítilos 21-25.
V. A Crucificação e A Ressurreição de Cristo. Capítulos 26-28.
Outro Esboço
Mateus diz em 4:12 que "Jesus voltou para Galiléia", e em 19:1 diz que "saiu da Galiléia". Com estes dois versículos podemos marcar o começo e o fim do seu ministério da Galiléia. A maior parte do livro de Mateus fala sobre o Ministério da Galiléia de Cristo. Antes do versículo 4:12 e depois do versículo 19:1 Jesus está na Judéia, sem contar a sua infância em Nazaré da Galiléia. Então, é que Jesus Cristo deixou a sua terra de Nazaré da Galiléia para ser batizado, começar seu ministério público, ser tentado por Satanás; e logo depois voltou para Galiléia e ficou até 19:1 quando saiu para Jerusalém e a morte. Então, este esboço é assim.
I. A Vinda do Messias até a Preparação do Ministério Público. Capítulos 1:1 - 4:11.
II. O Ministério do Messias da Galiléia. Capítulos 4:12 - 18:35.
III. O Ministério do Messias de Jerusalém. Capítulos 19:1 - 28:20.

PROPÓSITO E TEMA DO LIVRO


Revelar Jesus Cristo como o Messias dos Judeus é o Rei de Israel. Mostrar que Jesus Cristo é o Messias prometido que cumpriu as profecias do Velho Testamento: e que um dia estabelecerá seu reino e reinará sobre o trono de Davi como o Rei dos reis. Este livro faz conexão com o Velho Testamento para revelar ao Judeu que Jesus Cristo é o Messias-Rei profetizado do Velho Testamento.