quarta-feira, 2 de setembro de 2015

E S D R A S

L I V R O    D E    E S D R A S



Esdras destaca a justiça e a misericórdia

Somente o Criador, com toda a sabedoria e conhecimento total de todos os aspectos de sua criação, junto com todo o poder, podia fazer suas próprias qualidades da justiça e da misericórdia operar em equilíbrio tão completo, que seu propósito é cumprido perfeitamente. O efeito destas qualidades sobre as pessoas que o servem as induz a fazerem exatamente o que ele predeterminou, com benefícios para todos os envolvidos.

O livro bíblico de Esdras destaca esta bela coordenação das obras de Deus, sempre feitas em harmonia com a sua santa personalidade, nunca havendo qualquer desvio de seus bons propósitos e qualidades excelentes. O apóstolo Paulo, que entendia os modos de Deus, assegura-nos: “Deus faz que todas as suas obras cooperem para o bem daqueles que amam a Deus.” — Rom. 8:28.

Esdras era descendente de Arão, Eleazar e Finéias, e, por isso, era sacerdote, embora não da linhagem do sumo sacerdote, cargo usualmente ocupado pelo filho mais velho de cada geração. (Esd. 7:1-6) O último antepassado de Esdras a ocupar o sumo sacerdócio fora Seraías (provavelmente seu bisavô), que foi executado por Nabucodonosor; por ocasião da captura de Jerusalém Esdras retornou a Jerusalém em 468 A.E.C., 69 anos depois da volta de uns 49.000 judeus, incluindo escravos, procedentes de Babilônia, sob a liderança de Zorobabel (também chamado Sesbazar), da tribo de Judá. (Nee. 7:66, 67) A narrativa de Esdras, porém, primeiro relata aspectos deste primeiro retorno, sob Zorobabel, antes de pormenorizar os fatos de sua própria visita posterior.

Reconstrução do Templo para a vinda posterior do Messias: 



Embora Deus tivesse permitido que Babilônia levasse seu povo ao exílio, por causa do pecado deles e de sua rebelião, destruindo o templo e desolando a cidade de Jerusalém, intencionou que o templo e a cidade fossem reconstruídos. Por quê? Para preservar a verdadeira adoração na terra. O que era mais importante, o Messias ainda havia de vir. Cumprir o propósito de Deus com respeito à vinda dele exigia que Jerusalém estivesse de pé, como cidade povoada, tendo o templo no seu meio (embora este fosse então substituído por um terceiro edifício, construído por Herodes). Além disso, era essencial que a lei de Deus fosse a força governante no país, quando viesse o Messias. Esta vinda do Messias à cidade reconstruída de Sião (Jerusalém) fora predita pelos profetas. — Dan. 9:25.

Deus sabia de antemão que haveria uns poucos, na sua condição exilada, em Babilônia, que ainda o amariam e que desejariam fazer o possível para restabelecer a adoração pura. Poderia usá-los para seu propósito. Ao passo que, antes do exílio, a grave pecaminosidade do povo havia exigido que o Deus da justiça o removesse do país, Sua misericórdia podia ser aplicada a esses poucos. Esta presciência de Deus foi revelada uns 200 anos antes, quando o profeta Isaías falou sobre a vinda dum rei, um libertador, que teria o nome de Ciro. — Isa. 44:28; 45:1.

Ciro, o Persa, sem dúvida chegou a conhecer a Yehowah. Daniel, o profeta, ocupava um cargo elevado e respeitado durante a primeira parte do governo de Ciro. (Dan. 6:28) Daniel, sem dúvida, mostrou-lhe a menção profética de seu nome na profecia de Isaías. Um erudito bíblico observou:

“A Escritura Sagrada mostra o que foi que causou uma impressão tão favorável em Ciro, por relatar o papel desempenhado por Daniel na derrubada da monarquia babilônica, Dan. v. 28, 30. Era de se admirar que o cumpridor desta predição se sentisse atraído ao profeta que a fez e devolvesse voluntariamente os vasos, que Belsazar, naquela noite, cometera o pecado de poluir?”


Deus concede misericórdia e ajuda: Admitindo a existência de outros deuses, Ciro não deve ter tido nenhuma dificuldade em encarar Yehowah como Deus, mesmo como o verdadeiro Deus, o grande Deus e Aquele que, conforme disse, lhe deu “todos os reinos da terra”. — Esd. 1:2.

A grande misericórdia de Deus, seu poder e a certeza de seu propósito são revelados na bênção que deu ao pequeníssimo número de fiéis. A maioria dos judeus, em Babilônia, havia ficado assimilada na vida comercial de Babilônia e tinha pouco ou nenhum interesse em restabelecer a adoração verdadeira. Não obstante, a misericórdia de Deus operou para com os poucos fiéis. Estes, com o objetivo de promover a adoração pura, partiram de Babilônia e chegaram a Jerusalém após usufruírem a proteção de Deus durante uma viagem perigosa através dum ermo estéril. (Isa. 35:2-10) Cercados por vizinhos hostis, construíram um altar a Yehowah e começaram a lançar o alicerce do templo. Os samaritanos ofereceram-se em participar com eles na obra, fingindo amizade. Mas, visto que eram praticantes duma forma contaminada de adoração, sua oferta foi rejeitada por Zorobabel. — Esd. 4:1-4; 2 Reis 17:29.

Deus aprovou a atitude adotada pelos israelitas restabelecidos, pois, a colaboração com tal gente os teria colocado “em jugo desigual com incrédulos”, na verdadeira adoração, tentando-se estabelecer um acordo entre o templo de Deus e os ídolos. (2 Cor. 6:14-16) Todavia, o bom ânimo do restante restabelecido começou a vacilar quando esses professos amigos passaram a causar-lhe dificuldades, por meio de sua influência no governo persa, enfraquecendo os judeus a ponto de se finalmente parar com a construção do templo. — Esd. 4:8-24.

No ínterim, a preocupação com os seus próprios lares e assuntos fizeram com que os judeus deixassem a casa de Deus jazer desolada. Mas o objetivo de Deus não havia de ser frustrado. (Ageu 1:8, 9) Ele enviou os profetas Ageu e Zacarias para fazê-los pensar novamente no objetivo pelo qual haviam retornado a Jerusalém. Eles reagiram favoravelmente e a reconstrução do templo foi começada novamente, mesmo em face de oposição. (Esd. 5:1, 2) Jeová abençoou sua destemida obediência. Em resposta à sua apelação ao Rei Dario, o Persa, os governadores das províncias vizinhas receberam ordens de deixar de impedir os judeus e de ajudá-los com qualquer assistência financeira, necessária, do tesouro público. Com tal concessão feita por Dario, a obra foi completada e o templo foi inaugurado com grande regozijo. — Esd. 6:6-12, 16-22.

A misericórdia de Deus, não a bondade dos Judeus, cumpriu o objetivo dele:



 Não obstante, este bom êxito na restauração da adoração pura não se devia à bondade dos judeus retornados, mas, antes, à operação da misericórdia de Deus na execução de Seu propósito. De que maneira? Porque se tornou necessário que ele enviasse seu servo Esdras. Apesar da evidente Revelação da misericórdia e proteção de Deus, os judeus restabelecidos haviam violado o princípio pelo qual se mantiveram anteriormente firmes, a saber, manter-se separados dos adoradores pagãos. Haviam então ido ao ponto de entrar na relação mais íntima — o casamento — com mulheres descrentes, idólatras. Até mesmo os sacerdotes, os levitas e os príncipes haviam sucumbido a esta desobediência pecaminosa à ordem de Deus. — Esd. 9:1, 2.

Para o leitor casual, o que esses judeus fizeram talvez não pareça tão ruim assim. Mas, considere o seguinte: Se o pequeno número de judeus que haviam retornado a Judá tivesse sido assimilado nas nações circunvizinhas, que realmente se opunham ao Deus deles e à sua adoração centralizada no templo, qual teria sido o resultado? A adoração pura teria desaparecido da terra. Ora, apenas alguns anos mais tarde, no tempo de Neemias, os filhos de tais casamentos não sabiam nem falar o hebraico! — Nee. 13:24.

Esdras podia entender as horríveis implicações de tal desobediência. Por um tempo, ficou atônito. Daí, perante os repatriados judaicos reunidos, fez uma oração pública, expondo a séria pecaminosidade e ingratidão das ações deles. Orou, em parte: “Por causa dos nossos erros, nós, nossos reis, nossos sacerdotes, fomos entregues à mão dos reis das terras com a espada, com o cativeiro e com o saque, e com vergonha na face, assim como no dia de hoje. E agora, por um pequeno instante, veio o favor da parte de Yehowah, nosso Deus, deixando restar para nós os que escapam e dando-nos um tarugo no seu lugar santo, para fazer nossos olhos brilhar, . . . E agora, que diremos depois disso, ó nosso Deus? Pois abandonamos os teus mandamentos, . . . depois de tudo o que veio sobre nós por nossos atos maus e nossa grande culpa . . . devemos novamente estar violando teus mandamentos?” — Esd. 9:7-14.

Esdras confessou assim perante Deus e todo o povo a ingratidão e iniquidade daqueles a quem Deus havia mostrado extraordinária misericórdia. Ele não pediu perdão, porque o próprio povo tinha de se arrepender e endireitar o assunto, antes de poder esperar que a ira de Deus se desviasse dele. Vendo sua própria situação má, o povo respondeu de coração contrito. Despediram suas esposas estrangeiras. Deus pôde assim perdoar-lhes e preservá-los no país. — Esd. 10:44.

De modo que a misericórdia de Deus não fora mal aplicada. Também, o cuidado que exerceu por enviar seus profetas Ageu e Zacarias, bem como a liderança que proveu por meio de Esdras, preservaram a adoração pura por algum tempo. Hoje, assim como no passado, os que procuram conhecer a Deus e entrar numa relação íntima com ele podem servir aos propósitos Dele e receber Sua misericórdia e proteção.



RESTAURAÇÃO DE UM REMANESCENTE



 Ao fim dos profetizados 70 anos da desolação de Jerusalém sob Babilônia. É verdade que Babilônia tinha a reputação de nunca soltar seus cativos, mas a palavra de Deus se provaria mais forte do que o poderio de Babilônia. Estava à vista a libertação do povo do Senhor. O templo de Deus, que havia sido arrasado, seria reconstruído, e o altar de Deus receberia de novo os sacrifícios de expiação. Jerusalém conheceria outra vez o brado e o louvor do verdadeiro adorador do Senhor  Deus. Jeremias havia profetizado a duração da desolação, e Isaías havia profetizado como se daria a libertação dos cativos. Isaías até chamara a Ciro, da Pérsia, de ‘o pastor do Senhor ’ que derrubaria a altiva Babilônia de sua posição como terceira potência mundial da história bíblica.  Isa. 44:28; 45:1, 2; Jer. 25:12.
 A calamidade sobreveio a Babilônia quando o Rei Belsazar e seus grandes brindavam a seus deuses demoníacos. Para aumentar sua devassidão pagã, usavam os vasos sagrados do templo de Deus quais cálices da sua bebedeira! Quão apropriado foi estar Ciro ali fora das muralhas de Babilônia naquela noite para cumprir a profecia!
  Em seu primeiro ano como governante de Babilônia, Ciro “fez passar uma proclamação através de todo o seu domínio real”, autorizando os judeus a subir a Jerusalém para reconstruir a casa de Deus. Este decreto foi evidentemente emitido em fins de 538 a.C., ou no início de 537 a.C.. Um fiel restante viajou de volta a Jerusalém em tempo para estabelecer o altar e oferecer os primeiros sacrifícios no “sétimo mês” (tisri, que corresponde a setembro-outubro) do ano de 537 a.C.  mês que completava 70 anos desde a desolação de Judá e Jerusalém por Nabucodonosor.  Esd 1:1-3; 3:1-6.
 Restauração! Isto fornece o cenário de fundo do livro de Esdras. O emprego da primeira pessoa na narrativa, do capítulo 7, versículo 27, até o fim do capítulo 9, mostra claramente que o escritor foi Esdras. Como “copista destro da lei de Moisés” e homem de fé prática que “tinha preparado seu coração para consultar a lei de Deus e para praticá-la, e para ensinar”, Esdras estava bem qualificado para registrar esta história, assim como havia registrado Crônicas. (Esd 7:6, 10) Visto que o livro de Esdras é uma continuação de Crônicas, acredita-se em geral que foi escrito na mesma época, por volta de 460 a.C.. Abrange 70 anos, desde o tempo em que os judeus se tornaram uma nação rompida e dispersa, marcada como “os filhos da morte”, até se completar o segundo templo e a purificação do sacerdócio após o retorno de Esdras a Jerusalém.  Esd 1:1; 7:7; 10:17; Sal. 102:20.
 O nome hebraico Esdras significa “Ajuda; Auxílio”. Os livros de Esdras e Neemias eram originalmente um só rolo. (Nee. 3:32) Mais tarde, os judeus dividiram este rolo e o chamaram de Primeiro e Segundo Esdras. As modernas Bíblias hebraicas chamam os dois livros de Esdras e Neemias, assim como outras Bíblias modernas. Parte do livro de Esdras (4:8 a 6:18 e Esd. 7:12-26) foi escrita em aramaico e o restante em hebraico, sendo Esdras versado em ambos os idiomas.
 Hoje, a maioria dos estudiosos aceita a exatidão do livro de Esdras. Quanto à canonicidade de Esdras, W. F. Albright escreve em seu tratado The Bible After Twenty Years of Archaeology (A Bíblia Depois de Vinte Anos de Arqueologia): “Os dados arqueológicos têm assim demonstrado a originalidade substancial dos Livros de Jeremias e de Ezequiel, de Esdras e de Neemias além de contestação; têm confirmado o quadro tradicional dos eventos, bem como a ordem deles.”
 Embora o livro de Esdras não seja citado ou mencionado diretamente pelos escritores das Escrituras Gregas Cristãs, não há dúvida quanto ao seu lugar no cânon da Bíblia. Leva o registro dos tratos de Deus com os judeus até o tempo de se compilar o catálogo hebraico, obra esta realizada principalmente por Esdras, segundo a tradição judaica. Outrossim, o livro de Esdras vindica todas as profecias relativas à restauração, provando assim ser parte integrante do registro divino, com o qual se harmoniza também inteiramente. Além disso, honra a adoração pura e santifica o grande nome do Senhor Deus.

CONTEÚDO DE ESDRAS

 Um restante retorna (1:1-3:6). Sendo o espírito de Ciro, rei da Pérsia, incitado por Deus, ele emite o decreto para que os judeus retornem e construam a casa de Deus em Jerusalém. Insta com os judeus que ficarem em Babilônia para que contribuam liberalmente para o projeto, e toma providências para que os judeus que retornam levem de volta os utensílios do templo original. Um líder da tribo real de Judá, e descendente do Rei Davi, Zorobabel (Sesbazar), é nomeado governador para conduzir os libertados, e Jesua (Josué) é o sumo sacerdote. (Esd 1:8; 5:2; Zac. 3:1) Um restante, que pode ter totalizado 200.000 servos fiéis de Deus, incluindo homens, mulheres e crianças, fazem a longa viagem. No sétimo mês, segundo o calendário judaico, estão estabelecidos em suas cidades, e se reúnem em Jerusalém para oferecer sacrifícios no local do altar do templo, e para celebrar a Festividade das Barracas, no outono de 537 a.C.. Assim findam com precisão os 70 anos de desolação!
 A reconstrução do templo (3:7-6:22). Reúnem-se os materiais, e, no segundo ano de seu retorno, lança-se o alicerce do templo de Deus entre brados de alegria e o choro dos homens idosos que tinham visto a casa anterior. Os povos vizinhos, adversários, oferecem-se para ajudar na construção, dizendo que estão buscando o mesmo Deus, mas o restante judeu recusa terminantemente qualquer aliança com eles. Os adversários procuram continuamente enfraquecer e desanimar os judeus e frustrar a sua obra, desde o reinado de Ciro até o de Dario. Finalmente, nos dias de “Artaxerxes” (Bardiia ou possivelmente um mago conhecido como Gaumata, 522 a.C.), conseguem forçar a paralisação da obra por ordem real. Esta proscrição continua “até o segundo ano do reinado de Dario, rei da Pérsia” (520 a.C.), mais de 15 anos depois de se ter lançado o alicerce.  4:4-7, 24.
 Deus envia então seus profetas Ageu e Zacarias para incitar Zorobabel e Jesua, e a construção é empreendida com renovado zelo. Os adversários se queixam outra vez ao rei, mas a obra continua com o mesmo vigor. Dario I (Histaspes), depois de mencionar o decreto original de Ciro, ordena a continuação da obra sem interferência, e até manda que os opositores forneçam materiais para facilitar a construção. Com encorajamento contínuo da parte dos profetas do Senhor, os construtores completam o templo em menos de cinco anos. Isto se dá no mês de adar do sexto ano de Dario, a inteira construção levou praticamente 20 anos. (6:14, 15) A casa de Deus é então inaugurada com grande alegria e com sacrifícios apropriados. Daí, o povo celebra a Páscoa e passa a realizar “com alegria a festividade dos pães não fermentados por sete dias”. (6:22) Sim, alegria e regozijo marcam a dedicação deste segundo templo para o louvor do Senhor Deus.
 Esdras retorna a Jerusalém (7:1-8:36). Passam-se quase 50 anos, no sétimo ano de Artaxerxes, rei da Pérsia, (conhecido por Lonímano por ter a mão direita mais comprida do que a esquerda). O rei concede ao destro copista Esdras “tudo o que solicitou” com respeito a uma viagem para Jerusalém, a fim de prestar ali mui necessitada ajuda. (7:6).  Ao autorizá-lo, o rei incentiva os judeus a acompanhá-lo, concedendo a Esdras vasos de prata e de ouro para uso no templo, bem como provisões de trigo, vinho, óleo e sal. Isenta os sacerdotes e os trabalhadores do templo de pagar impostos. O rei incumbe Esdras de ensinar o povo, e declara ser ofensa capital qualquer pessoa deixar de cumprir a lei de Deus e a lei do rei. Agradecendo ao Senhor esta expressão de sua benevolência por intermédio do rei, Esdras age imediatamente em cumprimento de sua incumbência.
 Neste ponto, Esdras inicia sua narrativa como testemunha ocular, escrevendo na primeira pessoa. Reúne junto ao rio Aava os judeus que estão retornando, a fim de dar-lhes instruções finais, e acrescenta alguns levitas ao grupo de cerca de 1.500 varões adultos já reunidos. Esdras reconhece os perigos da rota a ser tomada, mas não pede ao rei uma escolta, receando que isso seja interpretado como falta de fé no Senhor Deus. Em vez disso, proclama um jejum e lidera o acampamento em fazer solicitação a Deus. Esta oração é respondida e a mão do Senhor prova estar sobre eles durante toda a longa viagem. Assim, conseguem levar seus tesouros (que equivaleriam hoje a mais de 43 milhões de dólares) em segurança para a casa do Senhor em Jerusalém.  8:26, 27.
 Purificação do sacerdócio (9:1-10:44). Mas nem tudo correu bem durante os 69 anos em que residiam no país restaurado. Esdras fica sabendo de condições perturbadoras, pois o povo, os sacerdotes e os levitas formaram alianças matrimoniais com os cananeus pagãos. O fiel Esdras fica chocado. Apresenta o assunto a Deus em oração. O povo confessa seu erro e pede que Esdras ‘seja forte e aja’. (10:4) Ele providencia que os judeus despeçam as esposas estrangeiras que tomaram em desobediência à lei de Deus, e a impureza é eliminada em questão de uns três meses.  10:10-12, 16, 17.

TIRANDO PROVEITO PARA NOSSOS DIAS


 O livro de Esdras é proveitoso, em primeiro lugar, por mostrar a infalível exatidão com que as profecias de Deus são cumpridas. Jeremias, que predissera com tanta exatidão a desolação de Jerusalém, predisse também sua restauração após 70 anos. (Jer. 29:10) Bem na hora, Deus mostrou sua benevolência ao trazer o seu povo, um fiel restante, de volta à Terra da Promessa, a fim de praticar a adoração verdadeira.
 O templo restaurado exaltou novamente a adoração de Deus entre o seu povo, e permaneceu qual testemunho de que ele abençoa maravilhosa e misericordiosamente os que se voltam para ele com o desejo de praticar a adoração verdadeira. Embora lhe faltasse a glória do templo de Salomão, cumpriu sua finalidade, em harmonia com a vontade divina. Não constava mais ali o esplendor material. Era também inferior em tesouros espirituais, faltando-lhe, entre outras coisas, a arca do pacto. Tampouco foi a inauguração do templo de Zorobabel comparável à inauguração do templo dos dias de Salomão. Os sacrifícios de touros e ovelhas não representaram nem um por cento dos sacrifícios oferecidos no templo de Salomão. Nenhuma glória semelhante a nuvens encheu a casa posterior, como se deu na anterior, tampouco desceu fogo da parte de Deus para consumir as ofertas queimadas. Ambos os templos, porém, serviram ao importante propósito de exaltar a adoração do Senhor, o verdadeiro Deus.
 O templo construído por Zorobabel, o tabernáculo construído por Moisés, e os templos construídos por Salomão e por Herodes, junto com suas particularidades, eram prefigurativos ou representativos. Representavam a “verdadeira tenda, que Deus erigiu, e não algum homem”. (Heb. 8:2) Este templo espiritual é o arranjo para se chegar a Deus em adoração à base do sacrifício propiciatório de Cristo. (Heb. 9:2-10, 23) O grande templo espiritual é superlativo em glória e incomparável em beleza e agradabilidade; seu esplendor é imarcescível e superior ao de qualquer estrutura material.
 O livro de Esdras contém lições que são do mais alto valor para os cristãos hoje. Lemos nele sobre o povo de Deus fazer ofertas voluntárias para a Sua obra. (Esd 2:68; 2 Cor. 9:7) Somos encorajados por aprendermos sobre a provisão infalível e a bênção de Deus sobre as assembléias para o Seu louvor. (Esd. 6:16, 22) Vemos o excelente exemplo dos netineus e de outros crentes estrangeiros, ao acompanharem o restante para apoiar de todo o coração a adoração do Senhor. (2:43, 55) Considere também o humilde arrependimento do povo quando aconselhado sobre seu proceder errado de formar alianças matrimoniais com vizinhos pagãos. (10:2-4) Más associações acarretaram a desaprovação divina. (9:14, 15) O zelo alegre pela sua obra resultou em sua aprovação e bênção.  6:14, 21, 22.
 Embora não mais houvesse um rei sentado no trono de Deus em Jerusalém, a restauração suscitou a expectativa de que Deus, no devido tempo, produziria seu prometido Rei da linhagem de Davi. A nação restaurada estava agora em condições de guardar as pronunciações sagradas e a adoração do Senhor Deus até o tempo do aparecimento do Messias. Se este restante não tivesse agido com fé, no que tange a retornar à sua terra, a quem viria o Messias? Deveras, os eventos do livro de Esdras são parte importante da história que conduz ao aparecimento do Messias e Rei! É de máximo proveito para o nosso estudo hoje.



Um comentário:

  1. Em se referindo a um Livro onde se trata de acontecimentos no período do cativeiro e retorno do exílio, em especial aos livros de 1ª e 2ª Crônicas, Esdras e Neemias, estou elaborando estudos adicionais de alguns profetas que protagonizaram estes acontecimentos. Estes estudos serão postados após a postagem do Livro de Neemias.

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