UM PEQUENO LIVRO - APOCALIPSE 10
Em
Apocalipse 10 temos um outro intervalo na narrativa do juízo de Deus sobre os
incrédulos. Aqui, João vê um poderoso Anjo segurando um pequeno rolo.
Este,
provavelmente é o mesmo rolo que João vê em Apocalipse 5. O diminutivo que
aparece aqui, de acordo com os intérpretes não é utilizado por João para
caracterizar um outro rolo, mas o mesmo.
Este rolo é
o elo entre o capítulo 10 e o 11, isto porque, ao que tudo indica o rolo
tem o conteúdo do
evangelho de Jesus Cristo, que a Igreja anuncia desde a sua ascensão ao céu, e que durante o
período da tribulação este Evangelho será pregado para conversão do povo judeu (Apocalipse
11:3-7).
A ordem de
Jesus na grande comissão, é a de que nos sejamos testemunhas de Sua Palavra e a
anunciemos por todo o mundo, antes que chegue o fim das eras (Mateus 28:19-20).
As duas
testemunhas que aparecem no capítulo 11, são uma representação da Igreja, em
sua missão eles proclamam a verdade do Evangelho em meio a rejeição (Apocalipse
11:3). Isto é, o Evangelho que será pregado no período da tribulação pelos
cristãos que não foram arrebatados, e possivelmente este Evangelho converterá
os judeus que desacreditavam do Messias.
Muitos
acreditam que o período em que eles anunciam o Evangelho, é entre a sexta e
última trombeta, mas provavelmente refere-se a todo o tempo retratado pelo
livro, isto é, da ascensão de Jesus
até a Sua volta, na
ocasião de sua segunda vinda, incluindo então também o período da tribulação. A interpretação ganha força,
porque a João é ordenado comer o rolo, e a descrição é que ele é amargo no
estômago e doce na boca.
Esta é
missão da Igreja e é por isso que João estava
preso em Patmos, por
causa da pregação do Evangelho.
Novamente,
uma série de sete é interrompida por um intervalo. Entre o sexto e o sétimo
selos, houve um intervalo para assegurar os fiéis da proteção divina (capítulo
7). Agora, entre a sexta e a sétima trombetas, Deus oferece outras mensagens de
consolação aos seus servos numa série de cenas no intervalo nos capítulos 10 e 11.
Esboço de Apocalipse 10: Os Sete Trovões e o
Livrinho
10:1 – 4 Um anjo poderoso
10:5 – 7 A mensagem do anjo
10:8 – 11 O pequeno rolo e seu propósito
Apocalipse 10:1 – 4 Um anjo poderoso
Apocalipse
10:1 - Vi outro anjo forte, descendo do
céu, envolto em nuvem, com o arco-íris acima de sua cabeça; o rosto era como o
sol, e as pernas, como colunas de fogo;
Vi outro
anjo forte descendo do céu: Três anjos fortes aparecem no Apocalipse. O primeiro procurou
alguém para abrir o livro que estava na mão direita de Deus (5:2). O terceiro
anunciará, com um gesto dramático, a queda da Babilônia (18:21). O segundo,
aqui no capítulo 10, desce com a glória do céu trazendo um livrinho aberto e as
vozes dos sete trovões.
Alguns
comentaristas acreditam que este anjo forte seja o próprio Jesus, pois algumas
características nos lembram a descrição de Jesus no capítulo 1. Embora não haja
provas desta interpretação, claramente o anjo forte vem do céu com a glória
celestial e traz a revelação de Deus.
Envolto
em nuvem: Desde a
primeira vez que nuvens aparecem na Bíblia (Gênesis 9:13-16), há uma forte
ligação entre elas e as demonstrações da glória e poder de Deus. Nuvens são
citadas mais de cem vezes no Velho Testamento, frequentemente em relação a
aparições de Deus ou demonstrações do poder de Deus. Considere alguns
exemplos: “O SENHOR ia adiante deles, durante o dia, numa coluna de nuvem,
para os guiar pelo caminho” (Êxodo 13:21). “Disse o SENHOR a Moisés:
Eis que virei a ti numa nuvem escura, para que o povo ouça quando eu falar
contigo.... Ao amanhecer do terceiro dia, houve trovões, e relâmpagos, e uma
espessa nuvem sobre o monte, e mui forte clamor de trombeta, de maneira que
todo o povo que estava no arraial se estremeceu” (Êxodo 19:9,16). “E
a glória do SENHOR pousou sobre o monte Sinai, e a nuvem o cobriu por seis
dias; ao sétimo dia, do meio da nuvem chamou o SENHOR a Moisés” (Êxodo
24:16). “Então, disse Salomão: O SENHOR declarou que habitaria em nuvem
espessa!” (2 Crônicas 6:1). Nuvens representam a justiça de Deus e a sua
vinda para julgar: “Nuvens e escuridão o rodeiam, justiça e juízo são a
base do seu trono” (Salmo 97:2). “Sentença contra o Egito. Eis que o
SENHOR, cavalgando uma nuvem ligeira, vem ao Egito...” (Isaías
19:1). “Eis o nome do SENHOR vem de longe, ardendo na sua ira, no meio de
espessas nuvens; os seus lábios estão cheios de indignação, e a sua língua é
como fogo devorador” (Isaías 30:27). Podemos ver a semelhança entre a
descrição da vinda do anjo forte neste texto e a aparição da glória do Senhor
em Ezequiel 1:4-5,26-28. Daniel descreveu uma das suas visões desta
maneira: “Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha
com as nuvens do céu um como o Filho do Homem” (Daniel 7:13). Naum fala
sobre a soberania de Deus: “O SENHOR é tardio em irar-se, mas grande em
poder e jamais inocenta o culpado; o SENHOR tem o seu caminho na tormenta e na
tempestade, e as nuvens são o pó dos seus pés” (Naum 1:3).
A grande
maioria dos mais de 20 versículos no Novo Testamento que usam esta palavra se
refere, também, a Deus ou à manifestação de sua glória ou poder. No monte da
transfiguração, “Falava ele ainda, quando uma nuvem luminosa os envolveu;
e eis, vindo da nuvem, uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me
comprazo; a ele ouvi” (Mateus 17:5). Quando Jesus profetizou a destruição
de Jerusalém, e o final dos tempos ele disse: “Então, aparecerá no céu o
sinal do Filho do Homem; todos os povos da terra se lamentarão e verão o Filho
do Homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder e muita glória” (Mateus
24:30). Quando Jesus avisou o Sinédrio sobre o iminente julgamento dos judeus
rebeldes, ele usou linguagem semelhante: “Eu vos declaro que, desde agora,
vereis o Filho do Homem assentado à direita do Todo-Poderoso e vindo sobre as
nuvens do céu” (Mateus 26:64). Os fiéis encontrarão Jesus nas nuvens (1
Tessalonicenses 4:17). O Apocalipse abre com a aparição divina nas nuvens: “Eis
que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até quantos o traspassaram. E todas
as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Certamente. Amém!” (1:7).
Os outros
aspectos da aparição deste anjo forte reforçam a origem celestial da sua
mensagem:
Com o
arco-íris por cima de sua cabeça: Deus usou o arco-íris para selar a sua aliança com os homens
depois do dilúvio (Gênesis 9:12-13,16). Na visão de João do trono de Deus,
houve um arco-íris ao redor do trono (4:3).
O rosto
era como o sol: A
luz brilhante da glória de Deus. A luz da presença de Deus é mais forte do que
o próprio sol (Isaías 60:19-20). Malaquias mistura os temas de castigo e
consolação quando nasce o sol da justiça: “Pois eis que vem o dia e arde
como fornalha; todos os soberbos e todos os que cometem perversidade serão como
o restolho; o dia que vem os abrasará, diz o SENHOR dos Exércitos, de sorte que
não lhes deixará nem raiz nem ramo. Mas para vós outros que temeis o meu nome
nascerá o sol da justiça, trazendo salvação nas suas asas” (Malaquias 4:1-2).
O brilho do sol é refletido nos servos do Senhor. “Então, os justos
resplandecerão como o sol, no reino de seu Pai” (Mateus 13:43; veja 2
Coríntios 3:18).
E as
pernas, como colunas de fogo: A perna ou pé na descrição dos quatro seres viventes, ou
querubins, na visão de Ezequiel, “luzia como o brilho de bronze
polido” (Ezequiel 1:7; veja a descrição dos pés de Jesus em Apocalipse
1:15).
Apocalipse
10:2 – e tinha na mão um livrinho aberto. Pôs o pé direito sobre o mar e o
esquerdo, sobre a terra,
Ele segurava
um livrinho, que estava aberto em sua mão. Colocou o pé direito sobre o mar e o
pé esquerdo sobre a terra,
E tinha
na mão um livrinho aberto: Aqui, observamos algumas diferenças entre este livrinho e o livro do
capítulo 5: 1. Este é um livrinho, mas Jesus recebeu um livro (maior)
da mão de Deus. O livrinho está na mão do anjo que desceu do céu,
não na mão de Deus no trono. O livrinho está aberto e, assim, não precisa
de uma pessoa “digna” para abri-lo; o livro estava selado com sete selos e
podia ser aberto somente pelo Leão/Cordeiro.
Pôs o pé
direito sobre o mar e o esquerdo, sobre a terra: Imagine o tamanho e o poder deste
anjo forte! Pode colocar os pés sobre a terra e o mar, assim mostrando domínio
sobre o mundo inteiro. Deus nos lembra que o anjo dele tem poder superior a
toda a força de Satanás e de seus servos.
Apocalipse
10:3 – e bradou em grande voz, como ruge um leão, e, quando bradou, desferiram
os sete trovões as suas próprias vozes.
Deu um alto
brado, como o rugido de um leão. Quando ele bradou, os sete trovões falaram, desferiram
os sete trovões as suas próprias vozes.
E bradou
em grande voz, como ruge um leão: O anjo forte em 5:2 fez sua proclamação em grande voz. O
segundo anjo forte, também, tem voz forte, como a de leão. O leão claramente
representa a força da voz deste anjo. “O leão, o mais forte entre os
animais, que por ninguém torna atrás” (Provérbios 30:30; veja Isaías 21:8;
Jeremias 25:30; Oséias 11:10).
Desferiram
os sete trovões as suas próprias vozes: Agora chegamos a mais uma série de sete – os sete trovões.
Com toda a força da voz que vem do céu, eles proclamam mais uma parte da
vontade de Deus. Por diversas vezes nas Escrituras, trovões acompanham os
castigos enviados por Deus. A sétima praga no Egito incluiu trovões, chuva de
pedras e fogo (Êxodo 9:23-34). Deus pelejou contra os filisteus com seus
trovões (1 Samuel 7:10).
Apocalipse 10:4 – Logo que falaram os sete trovões, eu ia
escrever, mas ouvi uma voz do céu, dizendo: Guarda em segredo as coisas que os
sete trovões falaram e não as escrevas.
Logo que os
sete trovões falaram, eu estava prestes a escrever, mas ouvi uma voz dos céus,
que disse: “Sele o que disseram os sete trovões, e não o escreva”.
Logo que
falaram os sete trovões, eu ia escrever: Obediente às instruções recebidas no início do livro (1:19),
João prepara-se para relatar as mensagens dos sete trovões.
Mas ouvi
uma voz do céu, dizendo: Guarda em segredo as coisas que os sete trovões falaram: A
instrução geral de 1:19 é suplantada pela ordem mais específica dada aqui. A
voz vem do céu, e João é obrigado a obedecê-la “Não escreva as coisas que os
trovões falaram”. Num livro com o propósito de revelar, por que guardar em
segredo as mensagens que Deus enviou nos trovões? Devemos observar, pelo menos,
dois motivos:
1. Em
geral, Deus não revela tudo aos homens, e não teríamos a capacidade de
compreender todos os pensamentos sublimes de Deus (Isaías 55:8-9). Moisés disse
que Deus revela o que precisamos para saber como servi-lo (Deuteronômio 29:29).
João disse que o registro da vida de Cristo inclui uma pequena parte de tudo
que Jesus fez, mas que foram relatadas as coisas necessárias para criar fé nos
leitores (João 21:24-25; 20:30-31).
2. Quando
se trata da proteção dos fiéis, Deus faz muito mais do que ele mostra ao
homem. De vez em quando, ele abre a cortina para revelar alguma batalha
nas regiões celestiais, para nos confortar com o fato de ele estar
constantemente lutando a favor dos servos. Antes da batalha de Jericó, o
príncipe do exército do Senhor apareceu a Josué (Josué 5:13-15). Eliseu pediu
que Deus mostrasse ao seu ajudante o exército do céu que os protegia dos siros
(2 Reis 6:15-16). Daniel foi consolado por um mensageiro que explicou que
estava ocupado com a guerra contra o príncipe da Pérsia (Daniel 10:12-21). Os
cristãos primitivos enfrentaram perseguições, mas recebiam, às vezes,
confirmações do poder ativo de Deus lutando a favor deles (Atos 4:23-31).
Romanos 8 enfatiza o papel ativo do Pai, do Filho e do Espírito Santo a nosso
favor. E não é isso o que o Apocalipse ensina? O homem na terra pode
ver o que acontece aqui, mas Deus e seus servos fazem muito mais, nas regiões
celestiais, para ajudá-lo (Efésios 6:12).
Apocalipse
10:5-6 – Então, o anjo que vi em pé sobre o mar e sobre a terra levantou a
mão direita para o céu e jurou por aquele que vive pelos séculos dos
séculos, o mesmo que criou o céu, a terra, o mar e tudo quanto neles existe: Já
não haverá demora,
Então o anjo
que eu tinha visto em pé sobre o mar e sobre a terra levantou a mão direita
para o céu e jurou por aquele que vive pelos séculos dos
séculos, o mesmo que criou o céu, a terra, o mar e tudo quanto neles existe: Já
não haverá demora,
O anjo
... levantou a mão direita ... e jurou...: Se precisa guardar em segredo as palavras dos
trovões, será que o cumprimento será adiado? O juramento do anjo responde
imediatamente a esta possível dúvida. Ele levanta a mão direita (veja Daniel
12:7) e jura pelo eterno Deus. Não há dúvida! Mesmo sem revelar todos os
pormenores, a palavra de Deus será cumprida.
Já não
haverá demora:
Novamente, encontramos uma referência ao tempo de cumprimento que promete que
as coisas profetizadas aqui aconteceriam em breve (veja, também, 1:1-3;
22:6-7,10,12,20). As muitas interpretações que sugerem tudo que foi escrito em
Apocalipse já aconteceu, mas temos que ter em mente que a Palavra de Deus é
viva e é empregada a todo tempo “a Palavra do Senhor se renova a cada dia”
portanto, mesmo que fatos ocorridos tenham semelhança com as descrições do
livro de Apocalipse, ainda acontecimentos finais estão escritos para os nossos
dias. A visão que João teve foi para os seus dias e também para tempos futuros
que ainda virão após o arrebatamento da igreja. Tudo
no Apocalipse ainda acontecerá, mais de 2 mil anos depois de João,
simplesmente não podemos contradizer a palavra do Senhor.
Apocalipse 10:5 – 7 A mensagem do anjo
E jurou por
aquele que vive para todo o sempre, que criou os céus e tudo o que neles há, a
terra e tudo o que nela há, e o mar e tudo o que nele há, dizendo: Não haverá
mais demora!
Apocalipse
10:7 – mas, nos dias da voz do sétimo anjo, quando ele estiver para tocar a
trombeta, cumprir-se-á, então, o mistério de Deus, segundo ele anunciou aos
seus servos, os profetas.
Mas, nos
dias em que o sétimo anjo estiver para tocar sua trombeta, vai cumprir-se o
mistério de Deus, da forma como ele o anunciou aos seus servos, os profetas
Nos dias
da voz do sétimo anjo: Reforçando ainda mais a iminência do cumprimento do mistério de Deus,
este anjo que domina a terra e o mar olha para a sétima trombeta. As primeiras
seis já passaram. Não será necessário esperar muito, porque a sétima já trará o
cumprimento esperado pelos santos perseguidos.
O
mistério de Deus, segundo ele anunciou aos seus servos, os profetas: A palavra mistério, na Bíblia,
refere-se a coisas ocultas, frequentemente à palavra de Deus outrora oculta e
agora revelada. No Velho Testamento, o único livro que usa a palavra mistério é
Daniel. A revelação do sonho de Nabucodonosor, no qual o servo de Deus
profetizou sobre a missão do Cristo em estabelecer o reino do céu durante o
período romano, usa a palavra “mistério” várias vezes (Daniel
2:18-19,27-30,47). A palavra aparece mais uma vez, em Daniel 4:9. A grande
maioria das ocorrências desta palavra no Novo Testamento fala do evangelho de
Jesus Cristo. Estes “mistérios” também foram revelados e estão preservados para
os fins dos tempos.
Paulo
disse: “Ora, àquele que é poderoso para vos confirmar segundo o meu
evangelho e a pregação de Jesus Cristo, conforme a revelação do mistério
guardado em silêncio nos tempos eternos” (Romanos 16:25). Ele
descreveu seu papel de apóstolo aos gentios: “...da qual me tornei
ministro de acordo com a dispensação da parte de Deus, que me foi confiada a
vosso favor, para dar pleno cumprimento à palavra de Deus: o mistério que
estivera oculto dos séculos e das gerações; agora, todavia, se manifestou
aos seus santos; aos quais Deus quis dar a conhecer qual seja a riqueza da
glória deste mistério entre os gentios, isto é, Cristo em vós, a esperança da
glória; o qual nós anunciamos” (Colossenses 1:25-28). Veja outros exemplos
em Mateus 13:11; 1 Coríntios 2:7; 4:1; Efésios 1:9; 3:3,4,9; 6:19; Colossenses
2:2; 4:3; 1 Timóteo 3:9,16. No Apocalipse, “mistério” refere-se a aspectos
das visões explicados a João (1:20; 17:5,7). Somente aqui tem o sentido mais
amplo do “mistério de Deus”. O cumprimento do mistério de Deus, então, seria
relacionado à divulgação do evangelho para salvar judeus e gentios, e ao
estabelecimento do domínio de Cristo sobre as nações. Deus já anunciou estes
planos aos profetas. Quais profetas? Alguns comentaristas citam apenas profetas
do Novo Testamento, como o próprio João. Mas, a Bíblia fala sobre os “servos,
os profetas” 13 vezes no Velho Testamento antes de usar esta expressão duas
vezes no Apocalipse (aqui e em 11:18). Não devemos descontar a
importância de profecias do Velho Testamento na interpretação do mistério
revelado no Apocalipse.
No Antigo
Testamento, os “servos, os profetas” foram enviados para avisar o povo do
perigo da desobediência (Esdras 9:10-12; Jeremias 7:25-28; 25:4-7) e dos
castigos que Deus traria sobre os infiéis (2 Reis 17:23; Jeremias 26:4-6;
44:4-6).
De especial
interesse são algumas profecias do Velho Testamento que olharam para o estabelecimento
do reino de Jesus e a sua soberania sobre as nações. Ezequiel 36 e 37
profetizam da restauração de Israel, ou seja, do estabelecimento do reino de
Cristo, Israel espiritual. Uma vez estabelecido, o reino seria ameaçado pelas
nações, representadas pela multidão liderada por Gogue de Magogue. Mas Gogue
não prevaleceria, pois o Senhor chamaria “contra Gogue a espada em todos
os meus montes” e contenderia “com ele por meio da peste e do sangue;
chuva inundante, grandes pedras de saraiva, fogo e enxofre....” (Ezequiel
38:21-22). O resultado destes castigos divinos: “Assim, eu me engrandecerei,
vindicarei a minha santidade e me darei a conhecer aos olhos de muitas nações;
e saberão que eu sou o SENHOR” (38:23). Davi disse que o estabelecimento
do reino do Messias seria acompanhado por desafios e rebeliões dos gentios,
povos, reis e príncipes, mas que o Rei os despedaçaria com sua vara de ferro
(Salmo 2). Joel profetizou da vinda do Espírito (Joel 2:28-32), profecia esta
cumprida a partir do Dia de Pentecostes (Atos 2:16-21). Logo em seguida, ele
disse que as nações ameaçariam o povo de Deus (Israel espiritual) e seriam
julgados por Deus no vale de Josafá ou vale da Decisão (Joel 3). Desta maneira,
Deus venceria os inimigos e estabeleceria, em segurança, a sua habitação em
Jerusalém (Joel 3:18-21). As comparações entre Joel 3 e vários temas do
Apocalipse são inegáveis. Ainda mais óbvias são algumas comparações entre
Daniel e o Apocalipse. O reino de Deus seria estabelecido durante o período do
império romano (nascimento de Jesus Cristo) e teria domínio eterno sobre todas
as nações (milênio) conforme Daniel 2:44.
O que
podemos esperar, então, na sétima trombeta? Que será cumprida a missão de Jesus
de se estabelecer como o soberano Rei, dominando as nações com a vara de ferro
e despedaçando os inimigos rebeldes. Mas, antes de ouvir a sétima trombeta,
ainda precisamos ver o resto das coisas que João viu no intervalo.
Apocalipse 10:8 – 11 O pequeno rolo e seu propósito
Apocalipse
10:8 – A voz que ouvi, vinda do céu, estava de novo falando comigo e dizendo:
Vai e toma o livro que se acha aberto na mão do anjo em pé sobre o mar e sobre
a terra.
Depois falou
comigo mais uma vez a voz que eu tinha ouvido falar dos céus: “Vá, pegue o
livro aberto que está na mão do anjo que se encontra em pé sobre o mar e sobre
a terra”.
A voz que
ouvi ... estava de novo falando comigo: A mesma voz do versículo 4. A primeira vez, esta voz proibiu
que João escrevesse sobre os sete trovões. Esta vez, ela lhe dará outra
instrução.
Vai e
toma o livro que se acha aberto na mão do anjo: Já observamos vários pontos de
contraste entre este livrinho e o livro do capítulo 5. Agora a voz manda João a
tomar o livro da mão do anjo.
Anjo em
pé sobre o mar e sobre a terra: Novamente, o narrativo destaca a posição deste anjo (10:2).
Muito diferente do anjo caído do céu que abriu o poço do abismo, este anjo tem
seus pés firmemente plantados sobre a terra e o mar. A estrela caída do céu
dominou os gafanhotos durante cinco meses. O anjo forte no capítulo 10 pode
garantir o cumprimento do plano de Deus. Que consolo saber que João recebe as
suas ordens da mão deste anjo forte.
Apocalipse
10:9 – Fui, pois, ao anjo, dizendo-lhe que me desse o livrinho. Ele, então, me
falou: Toma-o e devora-o; certamente, ele será amargo ao teu estômago, mas, na
tua boca, doce como mel.
Assim me
aproximei do anjo e lhe pedi que me desse o livrinho. Ele me disse: “Pegue-o e
coma-o! Ele será amargo em seu estômago, mas em sua boca será doce como mel”.
Fui,
pois, ao anjo, dizendo-lhe que me desse o livrinho: João foi obediente à voz do céu e
foi pedir o livrinho.
Ele,
então, me falou:
Toma-o e devora-o: Esta cena é semelhante à de Ezequiel 2:8 - 3:6. No início do
sexto século a.C., Ezequiel foi enviado como profeta à casa de Israel. O rolo
do livro que ele comeu representou a sua incumbência como profeta. O sabor era
doce, mas a tarefa difícil. O anjo avisou João que este livrinho seria doce na
boca, mas amargo no estômago. João recebeu uma tarefa desagradável.
Apocalipse
10:10 – Tomei o livrinho da mão do anjo e o devorei, e, na minha boca, era
doce como mel; quando, porém, o comi, o meu estômago ficou amargo.
Peguei o
livrinho da mão do anjo e o comi. Ele me pareceu doce como mel em minha boca;
mas, ao comê-lo, senti que o meu estômago ficou amargo.
Tomei o
livrinho ... e o devorei: João foi obediente. Ele não fez desculpas e não fugiu da sua missão.
Comeu o livrinho.
Na minha
boca, era doce como mel; quando, porém. O comi, o meu estômago ficou amargo: O livrinho foi exatamente como o anjo
dissera. Veremos a amargura da missão de João no próximo versículo. O trabalho
no reino do Senhor envolve esses dois aspectos. Traz uma grande alegria quando
presenciamos as transformações de vidas que o evangelho causa. Por outro lado,
o servo fiel tem a obrigação de avisar sobre as consequências da rejeição da
palavra e sobre a punição preparada para os desobedientes. João não fugiu da
sua responsabilidade, mas muitos pregadores hoje negligenciam o lado severo do
evangelho e divulgam uma mensagem incompleta e desequilibrada. É muito mais
agradável falar da bondade do que da severidade (Romanos 11:22). É bom falar
sobre o perdão e a salvação (Hebreus 9:28), mas não devemos excluir a mensagem
de vingança e castigo (Hebreus 10:26-31). Deus é santo, e assim não pode manter
comunhão com o pecado. Ele é, também, amor, e quer salvar todos dos seus
pecados. A tendência do homem é de exagerar um lado do caráter de Deus e
diminuir a importância do outro, esquecendo que o mesmo Deus que oferece alívio
tomará vingança e banirá de sua face os que não o conhecem ou que não o
obedecem (2 Tessalonicenses 1:6-10).
Apocalipse
10:11 – Então, me disseram: É necessário que ainda profetizes a respeito
de muitos povos, nações, línguas e reis.
Então me foi
dito: “É preciso que você profetize de novo acerca de muitos povos, nações,
línguas e reis”.
É
necessário que ainda profetizes a respeito de muitos povos, nações, línguas e
reis: Este versículo
reforça o significado do livrinho. João é obrigado a profetizar sobre nações e
reis. Já falou sobre pragas e castigos atingindo um número cada vez maior de
pessoas, até causando a morte de grandes multidões. Mas tem mais pela frente. A
difícil missão de João incluirá profecias sobre muitos povos. A missão do servo
de Deus tem seu lado doce, mas inclui, também, a amargura de pregar a pessoas
condenadas por sua rebeldia.
RESUMO
O Capítulo
10 de Apocalipse, principalmente no v.1 serve como um interlúdio entre os
juízos da sexta e da sétima trombetas (Ap 11.15-19), assim como Apocalipse 7 o
foi entre o sexto e o sétimo selo. Mais uma vez, existem dois cenários: o
livrinho (cap. 10) e as duas testemunhas (Ap 11.1-14), da mesma maneira que
existia no primeiro interlúdio (Ap 7.1-8; 7.9-17).
O anjo forte
poderia ser aquele mencionado em Apocalipse 5.2 ou o que tinha grande poder,
descrito em Apocalipse 18.1. É improvável que ele seja Miguel, citado pelo nome
em outro lugar (Ap 12.7; Dn 12.1), ou Cristo, já que Ele nunca e chamado de
anjo no Novo Testamento. Além disso, diferente de Jesus, esse anjo vem a terra
antes que o tempo da tribulação termine.
O livrinho pode
ou não e o mesmo de onde foram retirados os selos em Apocalipse 6.1—8.1. Ou
também mais provável que seja o livro engolido por Ezequiel (Ez 2.9—3.3),
embora esse livro fizesse com que o ventre de João ficasse amargo (Ap 10.9,10),
e não apenas o seu espírito (Ez 3.14).
O anjo com o
seu pé direito sobre o mar e o esquerdo sobre a terra simboliza o controle de
Deus sobre os acontecimentos. Um representante majestoso do trono de Deus está
intervindo nos assuntos terrenos.
O diabo e
seus demônios se apresentam como leões ferozes (1 Pe 5.8; Ap 9.8,17). Mas o
vitorioso Leão da tribo de Judá (Ap 5.5) também tem um servo angelical que
brama como um leão. Não é possível saber o que os sete trovoes soaram porque
uma voz celestial, provavelmente a de Cristo, ordenou que João selasse o que
ele tinha ouvido (Dn 12.4,9). Talvez os sete trovoes constituam justiça
absoluta sem espaço para a misericórdia ou qualquer outra coisa que Deus não
desejava que fosse revelada ao homem.
O anjo jurou
por aquele que vive para todo o sempre. Apenas por meio da autoridade
todo-poderosa do Criador eterno, o anjo forte pode fazer a declaração sobre
como e quando se cumpriria o mistério divino. Apos soar a sétima trombeta (Ap
11.15-19), não haverá mais demora no desenrolar dos acontecimentos que levam ao
retorno de Cristo (Ap 19.11-21). Tudo acontecera rapidamente. Atraso
(gr. chronos, tempo) aqui implica um prolongamento do tempo da obra final
de Deus, não um retardo causado pelo Altíssimo, arbitrariamente adiando a
estancia final da história profetizada pelos profetas (v.7).
O segredo
(gr. mistério) de Deus — a verdade que ainda não foi totalmente revelada
(Ef 3.9) — será manifesto e cumprido conforme a sucessão dos acontecimentos da
metade para o final de Apocalipse. Os aspectos significativos desse mistério já
tem sido revelados por intermédio dos profetas do Antigo e do Novo Testamentos,
mas muitos ainda restam, os quais serão compreendidos plenamente apenas quando
os eventos ocorrerem.
Como
palavras de juízo, o livro faria amargo o ventre de João, da mesma maneira que
o espirito de Ezequiel se tornou amargo (Ez 3.14). Os acontecimentos em
Ezequiel 2 e 3 ocorreram antes do juízo de Deus sobre Judá e Jerusalém, e
tiveram efeito na comissão do profeta. João pode ter sentido uma comissão
parecida aqui para profetizar essa mensagem de juízo para o mundo. A profecia
de João para muitos povos, e nações, e línguas, e reis pode referir-se
especificamente ao restante do segundo ai (Ap 11.1 -14), já que existe um
enfoque nas duas testemunhas. No entanto, o uso de expressões parecidas em
Apocalipse 13.7; 14.6 e 17.15 indicam a comissão de João para profetizar a
maior parte ou todo o livro de Apocalipse, uma profecia que fala de todos os
acontecimentos ligados a segunda vinda de Cristo (Ap 19.11-21).
Um anjo
desce do céu com um livro aberto e se põe entre o mar e a terra, isto quer
dizer que após a Grande Tribulação, Cristo voltará a terra tomando posse do que
lhe é de direito. Neste período a terra estará desabitada, pois a ira de Deus
já se cumpriu sobre todos os ímpios.
O título de
propriedade, o qual satanás havia tomado do homem no jardim do Éden agora está
nas mãos de Jesus Cristo mostrando através do anjo o domínio dessa terra, com
seus pés entre o mar e a terra, a composição de nosso planeta e ao tocar da
Última Trombeta tudo estará concluído e então o mistério de Deus que foi
anunciado a seus servos e profetas estará cumprido (Dn.12:7-10).
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ResponderExcluirParte 4 - TRIUNFO DAS TESTEMUNHAS - Apocalipse 11:1-14
Bom Estudo! E boa leitura a todos!