II M A C A B E U S
O Segundo
Livro dos Macabeus, também conhecido como II Macabeus, é um dos
livros deuterocanônicos do Antigo
Testamento da Bíblia. Possui 15 capítulos. Vem depois de I
Macabeus e antes do livro de Jó.
O Segundo
livro dos Macabeus não é a continuação do primeiro.
É em parte
paralelo a ele, iniciando a narração dos acontecimentos um pouco antes, no fim
do reinado de Seleuco IV, predecessor de Antíoco IV Epifânio, mas
acompanhando-os apenas até a derrota de Nicanor, antes da morte
de Judas Macabeu. Isto não representa mais do que quinze anos e
corresponde somente ao conteúdo dos capítulos I a VII do primeiro livro.
ESTILO
O gênero
literário é diferente e o livro foi escrito originalmente em grego,
apresentando-se como um resumo da obra de Jasão de Cirene (II Mc II,
23) e se inicia com duas cartas dos judeus de Jerusalém (II
Mc I, 2-18). O estilo é de escritor helenístico e de historiador medíocre,
embora seus conhecimentos das instituições gregas e das personagens da época
sejam superiores ao do autor de I Mc.
O autor
escreveu para os judeus de Alexandria e seu desígnio é despertar o
sentimento de comunhão deles com os irmãos da Palestina e o interesse
pela sorte do Templo.
As duas
cartas no começo do livro são convites dirigidos pelos judeus de Jerusalém a
seus irmãos do Egito para celebrar com eles a festa da purificação do
Templo, a dedicação.
O valor
histórico do livro não deve ser subestimado. É verdade que o compendiador
incorporou as narrativas apócrifas contidas nas cartas I, 1-2 e II, 1-18 e
reproduziu as histórias fantasiosas de Heliodoro, do martírio de
Eleazar e do martírio dos sete irmãos que encontrou em Jasão,
mas a concordância geral com I Mc assegura a historicidade dos fatos
relatados por duas fontes independentes.
OBJETIVO
O objetivo
do autor é reapresentar parte dos fatos narrados em I Macabeus, sob uma
nova perspectiva, para mostrar que a luta em defesa do povo se enraíza na
atitude de fé, que confia plenamente no auxílio de Deus. Desse modo, a
resistência contra o opressor implica fé e ação, mística e prática ou, na visão
do autor, lutar com as mãos e rezar com o coração. Trata-se, portanto, de
releitura por dentro do movimento revolucionário, cuja eficácia repousa na
força de Deus, presente na ação do povo. Nessa perspectiva de fé, nem mesmo a
morte se apresenta como obstáculo ou sinal de derrota. Pelo contrário, o
testemunho dos mártires, coroado pela fé na ressurreição, mostra que não há
limites para a resistência, pois Deus gera a vida onde os opressores produzem a
morte. Confiando nesse Deus, o povo nada mais tem a temer, pois em qualquer
circunstância tem certeza da vitória.
IMPORTÂNCIA TEOLÓGICA
O livro é
importante pelas afirmações que contém sobre a ressurreição dos
mortos (7,9;14,46), as sanções de além-túmulo (6,26), o mérito dos mártires
(6,18-7,41), a intercessão dos santos (15,12-16) e a prece pelos
defuntos (II Mc XII, 45). Estes ensinamentos, referentes a pontos que os outros
escritos do Antigo Testamento deixavam incertos, explicam sua
aceitação pela a Igreja Católica
Romana, Ortodoxa e Anglicana. A igreja protestante juntamente
com o judaísmo consideram tais doutrinas apresentadas no livro como heréticas,
mas concordam que o livro tem notável valor histórico (porém consideram o
primeiro livro como de maior valor).
2º LIVRO DOS MACABEUS
O 2.° Livro
dos Macabeus não é, como facilmente se poderia supor, a continuação do
primeiro, nem tem o mesmo autor. De comum entre os dois existe apenas o clima
de perseguição à fé, orquestrada igualmente pelos Selêucidas, embora narrada de
um modo menos histórico e mais edificante. Mas convém ter em conta o que se
disse no início da Introdução a 1 Macabeus, quanto ao seu nome e à sua
classificação como livro bíblico.
AUTOR
O autor, que
terá escrito no Egipto, pretende edificar a fé dos judeus deste país, também
perseguidos por Ptolomeu. Com um estilo vivo e uma tendência para exagerar a
caracterização das personagens – pois quer apresentá-las como heróis na fé a um
povo que está a sofrer por causa dela – pretende mostrar que a perseguição é
apenas um castigo justo e pedagógico, merecido pelos pecados cometidos, para
convidar à conversão de vida e à fidelidade à aliança.
CONTEÚDO E DIVISÃO
Na sua forma
actual, o livro poderá resumir-se no esquema seguinte:
Introdução (1,1-2,32):
primeira carta (1,1-9); segunda carta (1,10-2,18); prefácio do autor (2,19-32).
I. Causas da
rebelião dos Macabeus (3,1-7,42): preservação do templo (3); Onias,
pontífice (4); matanças de Antíoco em Jerusalém (5); a perseguição religiosa
(6); martírio dos sete irmãos (7).
II. Rebelião
dos Macabeus (8,1-10,8): primeiras vitórias dos Macabeus (8); morte de
Antíoco (9); purificação do templo (10,1-8).
III.
Campanhas militares de Judas Macabeu (10,9-15,36). Novas vitórias do
Macabeu sobre os povos vizinhos (10,9-12,45); guerra e paz entre Antíoco
Eupátor e Judas Macabeu (13); Demétrio, rei da Síria, declara guerra ao Macabeu
(14); Nicanor, general dos sírios, é vencido por Judas Macabeu (15,1-36).
Epílogo (15,37-39):
considerações do autor.
MENSAGEM
Dado o
objectivo da obra, a lei – como expressão da aliança – e o templo são os pontos
de referência da fé, a necessitar de revigoramento para não se deixar absorver
pela pressão da nova cultura. Por isso, ao lado daqueles que, por debilidade ou
oportunismo sócio-político, renegam a fé, o autor coloca os que se refugiam em
Deus e vão para o campo de batalha, apoiados nas armas da oração, do jejum e da
leitura da Bíblia.
Neste quadro
de fé no Deus da aliança, que protege os que morrem por ela em vez de a
renegar, surgem alguns ensinamentos desenvolvidos depois no cenário da
revelação. É o caso dos anjos, como agentes de Deus para executar o seu
projecto (2,21; 3,24-26; 10,29; 11,6-8; 15,23), do valor da oração dos vivos
para conseguir de Deus o perdão dos pecados dos defuntos (12,43-45), bem como
do valor da intercessão dos «santos» que estão na outra vida, em favor dos que
ainda peregrinam na terra (15,12-16); e ainda a questão da ressurreição dos
fiéis (7,9.14.23.28-29.36; 12,43-45; 14,46) e a retribuição depois da morte,
tanto para os fiéis como para os que fizeram mal ao povo, pois Deus dará a cada
um segundo o que tiver merecido.
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