terça-feira, 1 de março de 2016

D A N I E L

O    L I V R O    D E    D A N I E L

O Livro de Daniel é um livro do Antigo Testamento da Bíblia, cujo título é derivado do nome do profeta.  A autoria do livro é atribuída tradicionalmente a Daniel; Cristo também apoia esta posição em Mateus 24:15-16. Nas bíblias cristãs, como por exemplo na Tradução Brasileira da Bíblia, vem depois do Livro de Ezequiel e antes do Livro de Oseias. Alguns trechos são escritos em hebraico (1:1-2:3; 8:1-12:13) e a maioria em aramaico (2:4-7:28), havendo também as adições em grego (versículos 24 a 90 do cap. 3 e caps. 13 e 14) não encontradas na versão da Bíblia proposta por Lutero
Daniel tinha três amigos: Hananias, Misael e Azarias (também chamados Sadraque, Mesaque e Abedenego, respectivamente) que foram lançados na fornalha de fogo, mais não se queimaram pois Deus estava com eles.
Contém uma linguagem conhecida pelos estudiosos bíblicos como sendo "apocalíptica", que é cheia de símbolos vivos para representar pessoa(s) ou evento(s) futuro(s). Contém basicamente seis histórias de Daniel e seus amigos judeus, quando estavam na corte do rei Nabucodonosor, e mais quatro profecias, únicas em estilo no Antigo Testamento.
O livro possui duas versões, sendo que a versão utilizada pela Igreja Católica conta com adições em grego (versículos 24 a 90 do cap. 3 e caps. 13 e 14), encontradas na Septuaginta, mas não encontradas na Bíblia Hebraica e no Antigo Testamento das Igrejas que adotam a Bíblia proposta por Lutero.

ORIGEM
Pela singularidade de seu estilo e conteúdo o livro é alvo de críticas e especulações diversas a respeito de sua origem. De maneira semelhante aquilo que se vê em relação a escritos antigos não há consenso quanto a origem do texto.
Para alguns trata-se de um escrito apocalíptico, que surgiu no séc. II AC, na época em que o rei Antíoco IV queria acabar com a cultura, costumes e religião dos judeus, e por isso perseguia quem não se sujeitava aos padrões e costumes da cultura grega. A finalidade do livro é sustentar a esperança do povo fiel e, ao mesmo tempo, provocar a resistência contra os opressores. Para uma correta compreensão deste livro, é importante lê-lo junto com os livros dos Macabeus.

TEMAS CENTRAIS
Equilíbrio alimentar e seu benefício (cap. 1)
Revelação e interpretação do sonho do rei (cap. 2)
Adoração verdadeira e a falsa (cap. 3)
Segundo este livro, todos os outros poderes, por maiores que sejam, podem ser derrubados pela ação daqueles que acreditam ser Deus o único absoluto (Dn 2:31-47). O livro de Daniel foi escrito na Babilonia e as pessoas importantes deste livro são Sadraque, Mesaque, Abede-nego,Daniel, Nabucodonosor, Belsazar e Dario.

ESTRUTURA LITERÁRIA
Estrutura literáriaO livro é organizado basicamente em duas seções: uma histórica e a outra profética ou apocalíptica.
Seção histórica - Na primeira parte (Dn 1-6), contam-se histórias passadas sob o domínio dos persas, mostrando como Daniel e seus companheiros resistiram aos poderosos do império e permaneceram fiéis à sua religião; assim foram salvos por Deus.
cap. 1 - Daniel e seus companheiros a serviço de Nabucodonosor;
cap. 2 - o Sonho da Estátua;
cap. 3 - a adoração da estátua de ouro e os três companheiros de Daniel na fornalha;
cap. 4 - a loucura de Nabucodonosor;
cap. 5 - o festim de Baltazar;
cap. 6 - Daniel na cova dos leões.
Em todos esses casos Daniel e seus companheiros saem triunfantes de uma provação e os pagãos glorificaram a Deus que os salvou.
Seção profética - Na segunda parte (Dn 7-12), em linguagem figurada, própria da apocalíptica, o autor divide a história em etapas, mostrando o conflito entre as grandes potências. Ressalta que se aproxima a última etapa da história: o Reino de Deus está para ser implantado; por isso, é preciso ter ânimo e coragem para resistir ao opressor, permanecendo fiel, ou seja contém as seguintes visões:
cap. 7 - as quatro feras;
cap. 8 - o bode e o carneiro;
cap. 9 - as setenta semanas;
caps 10 a 12 - Tempo da cólera e Tempo do fim, além das disputas do Rei do Norte com o Rei do Sul.

SINGULARIDADE DAS VERSÕES DEUTEROCANÔNICAS
As partes deuterocanônicas contém:
Versículos 24 a 90 do cap. 3: Salmo de Azarias e o cântico dos três jovens;
cap. 13 - a história de Susana;
cap. 14 - as histórias de Bel e da serpente sagrada, que são sátiras da idolatria.

CRÍTICAS
David Plotz, da revista Slate, classificou este livro como tardio, curto, e não muito importante.

PROFECIAS
Profecia da estátua de Nabucodonosor
Profecia dos quatro animais
Profecia das 70 semanas
NOTAS
Entretanto, cabe observar que este livro é relacionado como escrito profético no Antigo Testamento das bíblias cristãs, diferentemente do que ocorre na Bíblia Hebraica, na qual é relacionado entre Ester e Esdras como outros escritos (Bíblia de Jerusalém (Nova Edição Revista e Ampliada, Ed. de 2002, 3ª Impressão (2004), Ed. Paulus, São Paulo, p 1.245)

REFERENCIAS
 A Bíblia de Jerusalém (cit., pp 1.244-1.245) sustenta que os 39 primeiros versículos do capítulo 11 testemunham as guerras entre Selêucidas e Lágidas e uma parte do reinado de Antíoco Epífanes, e que, portanto, o livro teria sido composto durante as perseguições promovidas por Antíoco Epífanes e antes da vitória da insurreição dos Macabeus, ou seja, entre 167 e 164 AC.
Sustenta-se que foi escrito em 164 AC, em Apocalíptica, acessado em 21 de agosto de 2010
 A Tradução Ecumênica da Bíblia (Ed. Loyola, São Paulo, 1994, p 1.358), sustenta que o livro foi escrito final de 164 ou no início de 163 AC.



INTRODUÇÃO APOCALÍPTICA DO LIVRO

O livro de Daniel é um dos mais conhecidos, ao menos sua parte histórica; entretanto é dos mais complexos e de difícil interpretação do Antigo Testamento. O livro fala sobre um jovem, levado à força para a cidade da Babilônia para integrar-se à equipe diplomática do Império. Daniel teve muito êxito e esteve no topo da pirâmide organizacional da Babilônia, mesmo quando o Império sofreu sua derrocada.
Tal qual Ezequiel, o livro de Daniel também faz parte da literatura apocalíptica, pois utiliza-se de visões misteriosas para transmitir a mensagem divina de que os reinos deste mundo não estão fora do domínio de Javé. Além disso, Daniel não pode ser enquadrado como um profeta clássico, no sentido estrito do termo, pois ele não condena o comportamento pecaminoso, nem recomenda a guarda da Lei da Aliança. Os eruditos hebreus entenderam dessa forma e na Bíblia hebraica não o colocam entre os demais profetas, mas junto com os livros de Esdras-Neemias, Crônicas e os livros poéticos na seção chamada de “Escritos”.
Conforme as datas citadas no livro, Nabucodonosor levou os israelitas cativos em 605 a.C.  O sonho interpretado por Daniel aconteceu em 603 a.C e ele continuou na elite do governo até o primeiro ano do rei Ciro (Dn. 1:21; 538 a.C.). Daniel ainda recebeu uma revelação no terceiro ano do governo de Ciro (10:1; 536 a.C.), quando encerrou suas atividades nos impérios babilônico e persa.
Mas, apesar de Daniel narrar acontecimentos relativos ao século VI a.C. muitos eruditos afirmam que a obra foi composta no século II a.C. entre os anos de 168 a 164.  A razão para esta conclusão é a citação dos reinos do Norte e do Sul que coincidem com a história do período grego no Oriente Médio que abrange os séculos IV a.C. ao II a.C.
Aqueles que apoiam esta data adiantada baseiam-se no fato de Daniel ser uma literatura apocalíptica. Este tipo de literatura, entre outras características, eram:
Pseudonímia – atribuir à uma obra o nome de um personagem famoso do passado para transmitir credibilidade.
Vaticinium ex eventu – produzir uma obra literária remetendo ao passado como se o autor vivesse antes deles.
Estas características compõem a literatura apocalíptica extra bíblica do século II a.C. ao século II d.C. O livro de Daniel traz acontecimentos precisos do ano 168 a.C. e, por isso, alguns estudiosos afirmam se tratar de um autor contemporâneo que escreveu estes registros pouco tempo depois.
Outra característica apocalíptica presente em Daniel são os fatos extraordinários tais como o livramento da fornalha dos amigos de Daniel (cap. 3) e a mão que escreveu na parede no banquete de Belsazar (cap. 6). A literatura extra bíblica deste período era rica neste tipo de narrativa.
Apesar de Daniel compartilhar algumas das características da literatura apocalíptica extra bíblica o livro de Daniel diferencia-se em certos aspectos e não é simples determinar todos os aspectos da literatura apocalíptica. Um problema em considerar Daniel uma produção do século II a.C. está no estabelecimento da data, pois o período entre 168 – 164 a.C. são um período muito curto de tempo para produzir, copiar e distribuir um livro, sem mencionar o processo de canonização pela comunidade judaica.
Outros fatos que depõem contra a data avançada de Daniel:
O uso do aramaico no livro de Daniel sugere um período anterior ao século II a.C.
A inclusão de Daniel na Septuaginta (versão grega do Antigo Testamento)
A presença de Daniel nos manuscritos do Mar Morto (II a.C.)
A Babilônia começou a despontar no cenário mundial como uma grande potência, aproveitando a decadência do Império Assírio. O ano era 626 a.C. quando Nabopolassar, pai de Nabucodonosor, foi firmado como rei da Babilônia. O Império Assírio ruiu definitivamente, depois de 150 anos, em 605 a.C. na batalha de Carquêmis.
Após a morte de Nabopolassar, seu filho, Nabucodonosor, assumiu o reino da Babilônia e tomou os territórios que a Assíria não havia conquistado, incluindo o Reino do Sul, Judá. Neste período, os filhos do rei Josias se envolveram em muitas conspirações contra Nabucodonosor e o resultado foi o processo da deportação de parte da população de Judá em três etapas. Nesta ocasião, Daniel já estava na corte babilônica, pois fora deportado na primeira etapa em 605 a.C.
O reinado de Nabucodonosor terminou em 562 a.C., entretanto seus sucessores não foram tão competentes quanto ele e o Império Babilônico chegou ao fim em 539 a.C. quando Ciro, o persa, tomou a Babilônia sendo recebido com um herói ao invés de conquistador. Ao assumir o governo da Babilônia, Ciro permitiu que os povos conquistados voltassem e reconstruíssem sua sociedade (Ed. 1:1-4). O povo de Judá considerou isso como o cumprimento das profecias e o restabelecimento da Aliança. Aos judeus cabia apenas aguardar a restauração do governo teocrático com a capital em Jerusalém, que de fato nunca aconteceu.

ESTRUTURA DE DANIEL
O livro de Daniel pode ter o seguinte esboço:
Parte histórica
·        A preparação babilônica de Daniel – 1
·        O sonho de Nabucodonosor – 2
·        A estátua de Nabucodonosor – 3
·        O orgulho de Nabucodonosor – 4
·        A queda da Babilônia – 5
·        O decreto de Dario e livramento de Daniel – 6
Parte apocalíptica
·        Os quatro animais e os quatro impérios – 7
·        O carneiro e o bode – 8
·        As setenta semanas e a explicação de Gabriel – 9
·        Os últimos acontecimentos – 10 a 12
Cronologicamente podemos dividir o livro de Daniel da seguinte maneira:
Capítulos 1 a 6:
·        Do primeiro ano de Nabucodonosor (cap1) ao último dia de Belsazar (Cap. 5), entrando no reino de Dario (Cap. 6)
Capítulos 7 a 10
·        Primeiro ano de Belsazar (Cap. 7) ao terceiro ano de Ciro (cap. 10)
Tomando-se por base a perseguição dos persas aos judeus temos o seguinte resultado:
·        Capítulos 1 a 5 – perseguição crescente da religião judaica: ordem para adora a estátua de Nabucodonosor (Cap. 3); profanação dos objetos do Templo (Cap. 5)
·        Capítulos 6 a 12 – Daniel lançado na cova dos leões (Cap. 6); profanação do Templo e do Altar (Caps. 8 a 12).
No capítulo 1 Javé honra a demonstração de fé que Daniel e seus amigos tiveram. No capítulo 2 o conteúdo do sonho e a interpretação dada por Daniel refletem a soberania de Javé sobre todas as nações. Entretanto ainda não havia chegado o tempo do domínio pleno do Senhor, de fato uma mensagem desanimadora para os cativos. Contudo a interpretação principal era que todos os Impérios mais poderosos ruiriam, e seriam superados pelo reino Eterno de Javé que jamais será destruído (2:44). Esta mensagem de esperança certamente sobrepunha o desânimo dos judeus.
O capítulo 3 deixa subentendido que a inspiração para a estátua de Nabucodonosor tenha vindo do seu sonho e mais uma vez a fé tem como resposta o livramento. Um destaque importante é que o texto deixa claro que o poder e soberania de Deus não serão ameaçados caso o livramento não tivesse acontecido.
Os capítulos 4 e 5 mostram que Javé detém o controle das nações muito além de apenas possuir um roteiro pré-fabricado, podendo interferir na história quando se faz necessário.
O capítulo 6 narra os planos dos gentios para eliminar Daniel em virtude de suas práticas religiosas. Neste episódio até mesmo o rei persa declara a soberania do Deus de Daniel (v. 16).
O capítulo 7 enfatiza a perversidade generalizada dos reinos, especialmente o quarto. Entretanto, após o período de adversidade, o Reino de Deus será instaurado para sempre (v. 16-18, 27).
No capítulo 8 lemos sobre o orgulho do rei e seu programa de perseguição em massa. O capítulo 9 indica que a restauração total viria lentamente, o que não queria dizer que Javé não estivesse no controle. Outra revelação feita era que, ao contrário do que os cativos que retornaram do exílio esperavam, a situação iria piorar ainda mais.
Os capítulos 10 a 12 tratam sobre o fim dos reinos das nações. Os santos não sabem quando todas as essas coisas acontecerão, pois, sua tarefa é perseverar até que o tempo de Deus para as nações se cumpra.

PROPÓSITO E CONTEÚDO
O livro de Daniel menciona os seguintes assuntos:
O exercício da fé em um mundo agressivo
Javé está no controle da política internacional
O PROPÓSITO DE DEUS EM LIVRAR SEU POVO
O livro aborda do começo ao fim a soberania de Javé sobre as nações. Esta soberania se manifesta de forma espiritual e política. A vida de comunhão com Javé de Daniel e seus amigos é realizada em meio à hostilidade cada vez mais crescente. Em meio à arrogância, crueldade e orgulho dos reis das nações, Javé os faz curvarem-se à sua vontade e soberania.
As visões de Daniel destacam a soberania política de Deus sobre as nações para que os judeus exilados pudessem ter suas esperanças renovadas. A leitura dos profetas pré-exílicos durante este período levou os cativos a crerem que o Reino de Deus seria estabelecido plenamente após o retorno do cativeiro de setenta anos.
O livro de Daniel corrige esta distorção hermenêutica e afirma que apesar do retorno acontecer, isso não deve ser confundido com o estabelecimento do Reino de Deus. Na verdade, haveria mais setenta semanas de anos até que isso acontecesse.
Enquanto a inauguração do Reino de Deus não acontecesse os judeus deveriam aprender a viver sob perseguição e depender somente da soberania divina durante a queda e ascensão dos reinos das nações, pois o programa de Deus não pode ser detido, entretanto eles deveriam se preparar para uma resposta a longo prazo.
Portanto, o livro de Daniel não deve ser encarado como um calendário que marca eventos do fim dos tempos, mas encararmos sua mensagem principal que é a promessa de Deus, o soberano que governa a história do mundo, de estabelecer o seu Reino.

O REINO DE DEUS
O livro de Daniel destaca o Reino de Deus como plano final para o mundo. Embora Javé já domine em um Reino eterno (4:3,34,35), o capítulo 2 apresenta a ideia de um Reino indestrutível (2:44). Este Reino foi dado ao Filho do Homem, que, apesar de não haver maiores informações no livro, podemos identificá-lo como Jesus, pois este texto contém um forte teor messiânico, mesmo que os leitores originais não tivessem uma clara noção disso. Filho do homem será inclusive o título que Jesus adotará para si no Novo Testamento.
Como uma espécie de antítese, os Reinos humanos são retratados como temporais e limitados. Daniel percorre os principais reinos do mundo conhecido:
Babilônia – Caps. 4 e 5
Medo-Persa e Grécia – Cap. 8
Grécia – Cap. 11
O modelo apresentado de quatro reinos não é detalhado, embora Nabucodonosor seja identificado com o primeiro Reino (2:38) e os outros dois reinos mencionados (Medo-persa e Grego) sejam deduzidos como dois dos três restantes. Entretanto este mapeamento perde importância ao considerarmos que o propósito principal é destacar a eternidade e proximidade do Reino de Deus com a temporalidade dos reinos humanos.

O ORGULHO E A REBELIÃO
O orgulho dos reis das nações é um tema recorrente no livro de Daniel. Nabucodonosor com sua estátua de ouro e seu orgulho arquitetônico (cap. 3), bem como o orgulho demonstrado por Belsazar ao profanar os objetos do Templo (5:18-23) são exemplos de como esta atitude desagradou a Deus. Outros exemplos de orgulho podem ser vistos no decreto de Dario, nos atos do quarto animal da visão de Daniel no capítulo 7, no pequeno chifre do capítulo 8, no príncipe do capítulo 9 e no reino do Sul no 11.
O livro descreve o orgulho como a causa da queda destes reis; e, em contrapartida, a razão da queda e julgamento de Judá foi a rebelião contra Javé. Portanto, o orgulho das nações era comparável com a rebelião e desprezo de Judá pelo código da Aliança (a Lei de Moisés).
Daniel alerta ao povo cativo que suas angústias não terminarão após a volta do exílio; e, embora os pecados das gerações anteriores tenham sido julgados, os judeus ainda não haviam atingido a maturidade esperada por Javé, por isso sua aflição e agonia continuariam. Entretanto, em meio às tribulações o Senhor deu-lhes a esperança da ressurreição (12:2) e os encorajou a permanecerem firmes durante este período de purificação e renovo (12:10-13).



INTERPRETAÇÕES DE ALGUMAS VISÕES DE DANIEL

Este livro é chamado de o Apocalipse do Antigo Testamento, todavia o valor religioso deste Livro, a sua revelação do Plano de Deus, a sua promessa da vinda de Cristo, e todas as lições morais e espirituais, que a Igreja, em todos os tempos, tem recebido por meio de suas páginas, devem julgar-se independentes de qualquer conclusão sobre o tempo em que foi escrito e a respeito do seu autor.

·        CAPÍTULO 2.31-45 – O SONHO DOS IMPÉRIOS MUNDIAIS
             O Rei Nabucodonozor teve um sonho e a sua interpretação nos ensinam coisas interessantes acerca da história do mundo, desde àquela época até o fim dos tempos. A esse período a Bíblia chama de “tempo dos gentios”, por que Deus colocou de lado, por algum tempo, Seu próprio povo, os judeus, e entregou o governo do mundo aos gentios. Deus revelou em sonho a um monarca pagão, o Seu plano do futuro, (2.29). Imagine uma grande estátua; a cabeça de ouro, o peito e os braços de prata, o ventre e os quadris de bronze, e as pernas de ferro com os pés e os dedos de ferro e barro. Vemos então uma Pedra cortada sem auxílio de mãos, ferindo a estátua, quebrando-a em pedaços. E a Pedra se tornou em uma grande montanha que encheu a terra. (Essa pedra outro não era, senão Jesus Cristo).
Primeiramente Deus revela as potências gentias. Quatro grandes delas se sucederiam no governo do mundo, começando por Nabucodonozor até o fim. Deus diz: “Tu és a cabeça de ouro”, o Império Babilônico (605-538AC); o poder de Nabucodonozor era absoluto, podia ele fazer o que queria (5.19).
             O peito e os braços de prata representam o Império Medo-Persa (538-330AC); este reino era inferior ao primeiro, porque seu monarca dependia do apoio da nobreza, e não podia fazer o que desejava como demonstra a incapacidade de Dario de livrar Daniel (6.12-16). Esse império era duplo, compostos da Média e da Pérsia, que derrubara a Babilônia e a ela sucedera, sob o comando de Ciro, cujo reinado voltou os judeus a Jerusalém. Esdras 1.1-2.
             O ventre e os quadris de bronze simbolizavam o Império da Grécia (330-30AC), que por sua vez, derrubara os Medo-Persas. Apresenta o quadro do domínio grego “sobre toda a terra”, sob Alexandre Magno, o Grande. O governo de Alexandre foi uma monarquia apoiada pela aristocracia militar tão fraca quanto às ambições de seus chefes. Este império foi mais tarde foi divido em quatro partes (7.6; 8.8).
              Daniel explica o que cada metal representa. Em 2.38 diz nos ele que a cabeça de ouro é a Babilônia. Em 8.20 descobrimos que a seguir vem os Medo-Persas. Em 8.21, Daniel declara que a Grécia sucederia a Pérsia, e em 8.23-24, indica que uma quarta potência mundial. Daí em diante encontramos um reino sempre dividido e um governo sempre enfraquecido em poder, representados pelos pés de ferro e barro, os quais não se ligam, e não se unificará por completo que por fim  terminará em caos. Esta potencia mundial é representado pelo Império Romano (30 aC até o regresso de Cristo). O imperador de Roma foi eleito e seu poder dependia de boa vontade do povo. Este império será dividido nos últimos dias em dez partes. A mistura de ferro e barro nos dez dedos simboliza ainda outra deterioração deste governo em uma monarquia democrática onde o monarca executa a vontade do povo. (2.41-43).
              Na Pedra cortada sem auxílio de mãos, vemos o Reino de Cristo, o qual nunca será destruído e porá fim a todos os demais reinos. Cristo virá estabelecer um reino que durará para sempre. (2.44-45). 

·        CAPÍTULO 4 – A GRANDE ÁRVORE DO SONHO DE NABUCODONOZOR
             Vemos agora Deus falar com Nabucodozor pela terceira vez em sonho da grande árvore que fora cortada (4.4-27). Era uma advertência da loucura que se adivinhada. Deus procura trazer esse orgulhoso homem ao extremo de si mesmo, que um ano depois perde a razão, vivendo como um animal do campo. Tudo aconteceu porque se havia constituído rival do Deus Todo Poderoso, dizia “Não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei para a casa real, com meu grandioso poder, e para a glória da minha majestade?” (4.30). A loucura abriu os olhos de Nabucodonosor e sua consciência foi tocada, ao ponto de reconhecer a grandeza de Deus e dar testemunho de sua bondade. Aprendeu que o homem não é arquiteto de sua própria sorte.
              A grande árvore simbolizava o próprio Rei e a extensão desse reinado que foi deposto e mais tarde restabelecido novamente ao trono (4-20-23,34-37).

·         CAPÍTULO 7 – A VISÃO DOS ANIMAIS SIMBÓLICOS
              Durante o primeiro ano do reinado de Balsasar, Daniel teve uma visão de quatro animais selvagens, simbolizando os quatro reinos descritos no sonho de Nabucodonozor descrito no Capítulo Dois. No Capitulo Sete, a figura das feras mostra-nos o caráter moral desses impérios. No sonho de Nabucodonozor temos o modo de como o homem vê magnificência desses reinos, e no sonho de Daniel temos o modo de como Deus vê esses mesmos reinos.
7.17-23A primeira dessas feras é a própria Babilônia semelhante a “leão com asas”. O Profeta Jeremias comparou a Nabucodonozor, tanto ao leão como à águia (Jer.49.19-22).
 O segundo é a Persia, ou Medo-Persa, o representada pelo “urso”, animal cruel que se deleita em matar pelo prazer de matar, representado nos três reinos que este império subjugava: Lídia, Egito e Babilônia, prefigurados nas três costelas na boca do urso.
 O terceiro animal era o “leopardo”, ou pantera, animal de rapina e suas quatro asas significam rapidez, vemos aqui a Grécia com o rápido avanço das hostes de Alexandre Magno, o grande, e seu insensato amor pelas conquistas. Em apenas 13 anos ele tinha subjugado o mundo. As quatro cabeças significam as quatro divisões que este império recebeu após a morte de Alexandre.
 O quarto animal diferia dos demais, era “terrível e cruel, espantoso e sobremodo forte, o qual tinha grandes dentes de ferro”. A besta não descrita representa o Império Romano e seus dez chifres, os dez reinos em que será dividido nos últimos tempos e destes chifres, saí outro, o qual será o anticristo. Os dias destes dez chifres testemunharão a vinda de Cristo com poder e glória, o qual destruíra esse grande sistema mundial e seu governante, também descrito no livro de Apocalipse 13 e 19. 

·        CAPÍTULO 8 – O PEQUENO CHIFRE
            O Anjo Gabriel explica a visão, tornando a sua explicação histórica um assunto simples. O Império dos Persas, estabelecido por Ciro, durou de 538 até ao ano de 333AC, em que foi destruído por Alexandre Magno, e na idade de 32 anos este conquistador morreu (o simbolizado chifre quebrado), que havia estabelecido domínio quase universal, e não tendo deixado herdeiro, seu grande império foi repartido entre seus generais. Depois de vinte anos de rivalidades e lutas, estabeleceram-se quatro reinos: Macedônia e Grécia, Trácia e Betínia, Egito e Síria, sendo dada à parte oriental com a Babilônia e Seleuco. Por esta razão viveu a Judéia sob o governo dos reis seleucidas, e destes foi Antíoco Epifanes o nono (175 a 164 AC), prefigurado na profecia pelo “pequeno chifre”.
           O “pequeno chifre” subindo dentre os outros dez também é representado pelo “anticristo” que está por vir, como descrito no Livro de Apocalipse, como a “besta que sobe do mar”, a mesma visão descrita em Dan.7.15-25, onde os santos serão oprimidos por ele,e ele exercerá grande poder sobre o mundo.

·        CAPÍTULO 8 – O CARNEIRO R O BODE
           As perseguições aos judeus resultaram numa revolta, chefiada por Judas Macabeu, e na reconsagração do Templo em 165, cerca de três anos depois da profanação do Templo. Antíoco Epifanes morreu alguns meses mais tarde.
           Temos em Daniel 8.20-21, dois anos mais tarde, outra visão: a do Carneiro e do Bode. Belsasar ainda estava no trono. Essa visão inclui apenas dois dos quatro reinos: Pérsia e Grécia. Essa visão contem a profecia deste último reino entre os quatro generais de Alexandre, o Magno, visão esta tida em Susã, capital da Pérsia, onde 70 anos mais tarde se deram os acontecimentos narrados no Livro de Ester.
           O Carneiro Bicorne representa o Ímpério da Média e Pérsia e o Bode representa o Império Grego que destruiu a Pérsia. O Corno Notável entre os olhos do bode representa Alexandre Magno, governante do Império Grego e os quatro cornos que surgiam, simboliza, representa as quatro divisões do Império de Alexandre, após sua morte.
O Corno Pequeno que surge de uma das divisões do Império de Alexandre é o Rei Sírio Antioco Epifânio, que na sua feroz perseguição aos judeus, contaminou o santuário e procurou abolir a religião judaica, também uma personificação do anticristo que está por vir. Dan. 11.36, 12.11.

·        CAPÍTULO 9 – AS 70 SEMANAS DE DANIEL
           “Setenta semanas estão destinadas para o teu povo, e sobre a tua santa Cidade para fazer cessar a transgressão, para dar fim aos pecados, para expiar a iniqüidade, para trazer a justiça eterna, para selar a visão e a profecia, e para ungir o Santo dos Santos”.
            Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até ao Ungido, ao Príncipe, sete semanas e sessenta e duas semanas: as praças e as circunvalações se reedificarão, mas em tempos angustiosos.
Depois das sessenta e duas semanas será morto o Ungido, e já estará; e o povo de um príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será num dilúvio, e até ao fim haverá guerra; desolações são determinadas.
             Ele fará firme aliança com muitos, por uma semana; na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares; sobre a asa das abominações virá o assolador, até que  a destruição, que está determinada, se derrame sobre ele” Daniel 9.24-27).
             A palavra “Semana” é usada para significar período de 7 anos. Sendo que:
70 Semanas = 70x7 = 490 Anos
As Divisões: São divididas em três partes, com um lapso de tempo parentético para o presente “Governo Gentio”.
7 Semanas – 49 Anos, que começaram com a ordem de reconstruir Jerusalém sob Esdras e Neemias (março de 445 aC, durante o reinado de Artaxerxes, Ne 2.1-10). O período de 49 Anos provavelmente representa o tempo ocupado na construção do muro como se menciona em 9.25.
62 Semanas – 434 Anos, período em que começaram com a construção do muro de Jerusalém, e continuaram até a crucificação de Cristo. “Cristo será morto e já não estará (9.26). Neste ponto, depois de 483 Anos, o relógio da vida nacional de Israel para.
As 62 Semanas, ou 434 Anos. Depois do período de (49Anos, 62 Semanas, ou 434 Anos), ou seja, 483Anos ao todo iam passar antes da Entrada Triunfal de Cristo em Jerusalém.
70ª Semana – 7 Anos. Período este ainda não iniciado, durante os quais Deus trata exclusivamente com Israel. Começando depois da Vinda de Cristo, depois do Arrebatamento da Igreja do Senhor. O anticristo assume o poder, faz aliança com os judeus, mas rompe-a depois de meia semana, ou seja, após (Três Anos e Meio). Isso introduz o tempo de angustia mencionado em Daniel 12.1 – A Grande Tribulação do Apocalipse ( Ler Apoc.11.2,3,9 ; 12.6 ; 13.5 ).
             A tribulação do povo judeu, ao derramamento dos juízos de Deus será seguido pela Volta Triunfal de Cristo e a Restauração de Israel, que estabelecerá o período do milênio sobre a terra, antes do julgamento dos ímpios e das hostes celestiais.
             Calculando desde Março de 434aC, o ano do decreto de construir Jerusalém, levando em consideração a diferença do calendário usado naqueles dias, e dando lugar aos anos bissextos, os estudiosos têm calculado que os 483 Anos, ou as 69 Semanas, terminaram em Abril de 30 A.D, o mês e o ano exato em que Cristo entrou em Jerusalém como a Príncipe Messias (Mateus 21,1-11;12). Depois deste período o Messias será tirado. Desde então a Igreja do Senhor tem passado por um período longo a espera do arrebatamento que após este acontecimento, prosseguirá a contagem da Última Semana revelada a Daniel, o período de reconciliação dos judeus e um período de tribulação para aqueles que não o aceitaram como seu Salvador.

·        CAPÍTULO 11 – OS ÚLTIMOS DIAS
            Encontramos em Daniel 11, a visão que diz respeito ao futuro próximo do reino em que Daniel foi tão grande figura. Três reis ainda se sucederiam no Império Medo-Persas. Depois surgiria Alexandre, o poderoso rei da Grécia (11.2-3). Seu império seria dividido entre seus quatro generais, conforme já predito. O curso do acontecimento conduz-nos até Antíoco Epifanes “O Pequeno Chifre”, e sua profanação no santuário, (Daniel 8,12.11). Uma clara demonstração de como será o período da Tribulação nos últimos dias que antecedem a Volta de Cristo.
             Como descreve Daniel 12.1, será um tempo de lutas sem paralelo. Dele falou Jesus Cristo, em Mateus 24.21. Duas ressurreições são mencionadas, (Dan. 12.2), e ambas separadas por mil anos, (Apoc.20.1-6). A primeira ressurreição é a dos santos para a vida eterna, na Vinda de Cristo, no arrebatamento da Igreja. Seguir-se-ão mil anos, o Milênio, e então virá a ressurreição dos ímpios, para a vergonha eterna. “Muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna e outros para o horror e vergonha eterna”.







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