O L I V R O
D E D A N I E L
O Livro
de Daniel é um livro do Antigo Testamento da Bíblia, cujo
título é derivado do nome do profeta. A autoria do livro é atribuída
tradicionalmente a Daniel; Cristo também apoia esta posição em Mateus
24:15-16. Nas bíblias cristãs, como por exemplo na Tradução Brasileira da
Bíblia, vem depois do Livro de Ezequiel e antes do Livro de
Oseias. Alguns trechos são escritos em hebraico (1:1-2:3; 8:1-12:13) e
a maioria em aramaico (2:4-7:28), havendo também as adições em
grego (versículos 24 a 90 do cap. 3 e caps. 13 e 14) não encontradas na
versão da Bíblia proposta por Lutero
Daniel tinha
três amigos: Hananias, Misael e Azarias (também chamados Sadraque, Mesaque e
Abedenego, respectivamente) que foram lançados na fornalha de fogo, mais
não se queimaram pois Deus estava com eles.
Contém uma
linguagem conhecida pelos estudiosos bíblicos como sendo
"apocalíptica", que é cheia de símbolos vivos para representar
pessoa(s) ou evento(s) futuro(s). Contém basicamente seis histórias
de Daniel e seus amigos judeus, quando estavam na corte do
rei Nabucodonosor, e mais quatro profecias, únicas em estilo no
Antigo Testamento.
O livro
possui duas versões, sendo que a versão utilizada pela Igreja Católica conta
com adições em grego (versículos 24 a 90 do cap. 3 e caps. 13 e 14),
encontradas na Septuaginta, mas não encontradas na Bíblia
Hebraica e no Antigo Testamento das Igrejas que adotam a
Bíblia proposta por Lutero.
ORIGEM
Pela
singularidade de seu estilo e conteúdo o livro é alvo de críticas e
especulações diversas a respeito de sua origem. De maneira semelhante aquilo
que se vê em relação a escritos antigos não há consenso quanto a origem do
texto.
Para alguns
trata-se de um escrito apocalíptico, que surgiu no séc. II AC, na época em que
o rei Antíoco IV queria acabar com a cultura, costumes e religião dos
judeus, e por isso perseguia quem não se sujeitava aos padrões e costumes da
cultura grega. A finalidade do livro é sustentar a esperança do povo fiel e, ao
mesmo tempo, provocar a resistência contra os opressores. Para uma correta
compreensão deste livro, é importante lê-lo junto com os livros dos
Macabeus.
TEMAS CENTRAIS
Equilíbrio
alimentar e seu benefício (cap. 1)
Revelação e
interpretação do sonho do rei (cap. 2)
Adoração
verdadeira e a falsa (cap. 3)
Segundo este
livro, todos os outros poderes, por maiores que sejam, podem ser derrubados
pela ação daqueles que acreditam ser Deus o único absoluto (Dn 2:31-47). O
livro de Daniel foi escrito na Babilonia e as pessoas importantes deste livro
são Sadraque, Mesaque, Abede-nego,Daniel, Nabucodonosor, Belsazar e Dario.
ESTRUTURA LITERÁRIA
Estrutura
literáriaO livro é organizado basicamente em duas seções: uma histórica e a
outra profética ou apocalíptica.
Seção
histórica - Na primeira parte (Dn 1-6), contam-se histórias passadas
sob o domínio dos persas, mostrando como Daniel e seus companheiros
resistiram aos poderosos do império e permaneceram fiéis à sua religião; assim
foram salvos por Deus.
cap. 1
- Daniel e seus companheiros a serviço de Nabucodonosor;
cap. 2 - o
Sonho da Estátua;
cap. 3 - a
adoração da estátua de ouro e os três companheiros de Daniel na
fornalha;
cap. 4 - a
loucura de Nabucodonosor;
cap. 5 - o
festim de Baltazar;
cap. 6
- Daniel na cova dos leões.
Em todos
esses casos Daniel e seus companheiros saem triunfantes de uma
provação e os pagãos glorificaram a Deus que os salvou.
Seção
profética - Na segunda parte (Dn 7-12), em linguagem figurada,
própria da apocalíptica, o autor divide a história em etapas, mostrando o
conflito entre as grandes potências. Ressalta que se aproxima a última etapa da
história: o Reino de Deus está para ser implantado; por isso, é
preciso ter ânimo e coragem para resistir ao opressor, permanecendo fiel, ou seja
contém as seguintes visões:
cap. 7 - as
quatro feras;
cap. 8 - o
bode e o carneiro;
cap. 9 - as
setenta semanas;
caps 10 a 12
- Tempo da cólera e Tempo do fim, além das disputas do Rei do
Norte com o Rei do Sul.
SINGULARIDADE DAS VERSÕES DEUTEROCANÔNICAS
As partes deuterocanônicas contém:
Versículos
24 a 90 do cap. 3: Salmo de Azarias e o cântico dos três jovens;
cap. 13 -
a história de Susana;
cap. 14 -
as histórias de Bel e da serpente sagrada, que são sátiras da idolatria.
CRÍTICAS
David Plotz,
da revista Slate, classificou este livro como tardio, curto, e não muito
importante.
PROFECIAS
Profecia da
estátua de Nabucodonosor
Profecia dos
quatro animais
Profecia das
70 semanas
NOTAS
Entretanto,
cabe observar que este livro é relacionado como
escrito profético no Antigo Testamento das bíblias cristãs,
diferentemente do que ocorre na Bíblia Hebraica, na qual é relacionado
entre Ester e Esdras como outros escritos (Bíblia
de Jerusalém (Nova Edição Revista e Ampliada, Ed. de 2002, 3ª Impressão
(2004), Ed. Paulus, São Paulo, p 1.245)
REFERENCIAS
A Bíblia
de Jerusalém (cit., pp 1.244-1.245) sustenta que os 39 primeiros
versículos do capítulo 11 testemunham as guerras
entre Selêucidas e Lágidas e uma parte do reinado
de Antíoco Epífanes, e que, portanto, o livro teria sido composto durante
as perseguições promovidas por Antíoco Epífanes e antes da vitória da
insurreição dos Macabeus, ou seja, entre 167 e 164 AC.
Sustenta-se que
foi escrito em 164 AC, em Apocalíptica, acessado em 21 de agosto de 2010
A Tradução
Ecumênica da Bíblia (Ed. Loyola, São Paulo, 1994, p 1.358), sustenta que o
livro foi escrito final de 164 ou no início de 163 AC.
INTRODUÇÃO APOCALÍPTICA DO
LIVRO
O livro de
Daniel é um dos mais conhecidos, ao menos sua parte histórica; entretanto é dos
mais complexos e de difícil interpretação do Antigo Testamento. O livro fala
sobre um jovem, levado à força para a cidade da Babilônia para integrar-se à
equipe diplomática do Império. Daniel teve muito êxito e esteve no topo da
pirâmide organizacional da Babilônia, mesmo quando o Império sofreu sua
derrocada.
Tal qual
Ezequiel, o livro de Daniel também faz parte da literatura apocalíptica, pois
utiliza-se de visões misteriosas para transmitir a mensagem divina de que os
reinos deste mundo não estão fora do domínio de Javé. Além disso, Daniel não
pode ser enquadrado como um profeta clássico, no sentido estrito do termo, pois
ele não condena o comportamento pecaminoso, nem recomenda a guarda da Lei da
Aliança. Os eruditos hebreus entenderam dessa forma e na Bíblia hebraica não o
colocam entre os demais profetas, mas junto com os livros de Esdras-Neemias,
Crônicas e os livros poéticos na seção chamada de “Escritos”.
Conforme as
datas citadas no livro, Nabucodonosor levou os israelitas cativos em 605 a.C. O sonho interpretado por Daniel aconteceu em
603 a.C e ele continuou na elite do governo até o primeiro ano do rei Ciro (Dn.
1:21; 538 a.C.). Daniel ainda recebeu uma revelação no terceiro ano do governo
de Ciro (10:1; 536 a.C.), quando encerrou suas atividades nos impérios
babilônico e persa.
Mas, apesar
de Daniel narrar acontecimentos relativos ao século VI a.C. muitos eruditos
afirmam que a obra foi composta no século II a.C. entre os anos de 168 a 164. A razão para esta conclusão é a citação dos
reinos do Norte e do Sul que coincidem com a história do período grego no
Oriente Médio que abrange os séculos IV a.C. ao II a.C.
Aqueles que
apoiam esta data adiantada baseiam-se no fato de Daniel ser uma literatura
apocalíptica. Este tipo de literatura, entre outras características, eram:
Pseudonímia –
atribuir à uma obra o nome de um personagem famoso do passado para transmitir
credibilidade.
Vaticinium
ex eventu – produzir uma obra literária remetendo ao passado como se o
autor vivesse antes deles.
Estas
características compõem a literatura apocalíptica extra bíblica do século II
a.C. ao século II d.C. O livro de Daniel traz acontecimentos precisos do ano
168 a.C. e, por isso, alguns estudiosos afirmam se tratar de um autor
contemporâneo que escreveu estes registros pouco tempo depois.
Outra
característica apocalíptica presente em Daniel são os fatos extraordinários
tais como o livramento da fornalha dos amigos de Daniel (cap. 3) e a mão que
escreveu na parede no banquete de Belsazar (cap. 6). A literatura extra bíblica
deste período era rica neste tipo de narrativa.
Apesar de
Daniel compartilhar algumas das características da literatura apocalíptica extra
bíblica o livro de Daniel diferencia-se em certos aspectos e não é simples
determinar todos os aspectos da literatura apocalíptica. Um problema em
considerar Daniel uma produção do século II a.C. está no estabelecimento da
data, pois o período entre 168 – 164 a.C. são um período muito curto de tempo
para produzir, copiar e distribuir um livro, sem mencionar o processo de
canonização pela comunidade judaica.
Outros fatos
que depõem contra a data avançada de Daniel:
O uso do
aramaico no livro de Daniel sugere um período anterior ao século II a.C.
A inclusão
de Daniel na Septuaginta (versão grega do Antigo Testamento)
A presença
de Daniel nos manuscritos do Mar Morto (II a.C.)
A Babilônia começou
a despontar no cenário mundial como uma grande potência, aproveitando a
decadência do Império Assírio. O ano era 626 a.C. quando Nabopolassar, pai de
Nabucodonosor, foi firmado como rei da Babilônia. O Império Assírio ruiu
definitivamente, depois de 150 anos, em 605 a.C. na batalha de Carquêmis.
Após a morte
de Nabopolassar, seu filho, Nabucodonosor, assumiu o reino da Babilônia e tomou
os territórios que a Assíria não havia conquistado, incluindo o Reino do Sul, Judá.
Neste período, os filhos do rei Josias se envolveram em muitas conspirações
contra Nabucodonosor e o resultado foi o processo da deportação de parte da
população de Judá em três etapas. Nesta ocasião, Daniel já estava na corte
babilônica, pois fora deportado na primeira etapa em 605 a.C.
O reinado de
Nabucodonosor terminou em 562 a.C., entretanto seus sucessores não foram tão
competentes quanto ele e o Império Babilônico chegou ao fim em 539 a.C. quando
Ciro, o persa, tomou a Babilônia sendo recebido com um herói ao invés de
conquistador. Ao assumir o governo da Babilônia, Ciro permitiu que os povos
conquistados voltassem e reconstruíssem sua sociedade (Ed. 1:1-4). O povo de
Judá considerou isso como o cumprimento das profecias e o restabelecimento da
Aliança. Aos judeus cabia apenas aguardar a restauração do governo teocrático
com a capital em Jerusalém, que de fato nunca aconteceu.
ESTRUTURA DE DANIEL
O livro de
Daniel pode ter o seguinte esboço:
Parte histórica
·
A
preparação babilônica de Daniel – 1
·
O
sonho de Nabucodonosor – 2
·
A
estátua de Nabucodonosor – 3
·
O
orgulho de Nabucodonosor – 4
·
A
queda da Babilônia – 5
·
O
decreto de Dario e livramento de Daniel – 6
Parte apocalíptica
·
Os
quatro animais e os quatro impérios – 7
·
O
carneiro e o bode – 8
·
As
setenta semanas e a explicação de Gabriel – 9
·
Os
últimos acontecimentos – 10 a 12
Cronologicamente podemos dividir o
livro de Daniel da seguinte maneira:
Capítulos 1 a 6:
·
Do
primeiro ano de Nabucodonosor (cap1) ao último dia de Belsazar (Cap. 5),
entrando no reino de Dario (Cap. 6)
Capítulos 7 a 10
·
Primeiro
ano de Belsazar (Cap. 7) ao terceiro ano de Ciro (cap. 10)
Tomando-se por base a perseguição dos
persas aos judeus temos o seguinte resultado:
·
Capítulos 1 a 5 – perseguição crescente da religião
judaica: ordem para adora a estátua de Nabucodonosor (Cap. 3); profanação dos
objetos do Templo (Cap. 5)
·
Capítulos 6 a 12 – Daniel lançado na cova dos leões
(Cap. 6); profanação do Templo e do Altar (Caps. 8 a 12).
No capítulo
1 Javé honra a demonstração de fé que Daniel e seus amigos tiveram. No capítulo
2 o conteúdo do sonho e a interpretação dada por Daniel refletem a soberania de
Javé sobre todas as nações. Entretanto ainda não havia chegado o tempo do
domínio pleno do Senhor, de fato uma mensagem desanimadora para os cativos.
Contudo a interpretação principal era que todos os Impérios mais poderosos
ruiriam, e seriam superados pelo reino Eterno de Javé que jamais será destruído
(2:44). Esta mensagem de esperança certamente sobrepunha o desânimo dos judeus.
O capítulo 3
deixa subentendido que a inspiração para a estátua de Nabucodonosor tenha vindo
do seu sonho e mais uma vez a fé tem como resposta o livramento. Um destaque
importante é que o texto deixa claro que o poder e soberania de Deus não serão
ameaçados caso o livramento não tivesse acontecido.
Os capítulos
4 e 5 mostram que Javé detém o controle das nações muito além de apenas possuir
um roteiro pré-fabricado, podendo interferir na história quando se faz
necessário.
O capítulo 6
narra os planos dos gentios para eliminar Daniel em virtude de suas práticas
religiosas. Neste episódio até mesmo o rei persa declara a soberania do Deus de
Daniel (v. 16).
O capítulo 7
enfatiza a perversidade generalizada dos reinos, especialmente o quarto.
Entretanto, após o período de adversidade, o Reino de Deus será instaurado para
sempre (v. 16-18, 27).
No capítulo
8 lemos sobre o orgulho do rei e seu programa de perseguição em massa. O
capítulo 9 indica que a restauração total viria lentamente, o que não queria
dizer que Javé não estivesse no controle. Outra revelação feita era que, ao
contrário do que os cativos que retornaram do exílio esperavam, a situação iria
piorar ainda mais.
Os capítulos
10 a 12 tratam sobre o fim dos reinos das nações. Os santos não sabem quando
todas as essas coisas acontecerão, pois, sua tarefa é perseverar até que o
tempo de Deus para as nações se cumpra.
PROPÓSITO E CONTEÚDO
O livro de
Daniel menciona os seguintes assuntos:
O exercício
da fé em um mundo agressivo
Javé está no
controle da política internacional
O PROPÓSITO DE DEUS EM LIVRAR SEU
POVO
O livro
aborda do começo ao fim a soberania de Javé sobre as nações. Esta soberania se
manifesta de forma espiritual e política. A vida de comunhão com Javé de Daniel
e seus amigos é realizada em meio à hostilidade cada vez mais crescente. Em
meio à arrogância, crueldade e orgulho dos reis das nações, Javé os faz
curvarem-se à sua vontade e soberania.
As visões de
Daniel destacam a soberania política de Deus sobre as nações para que os judeus
exilados pudessem ter suas esperanças renovadas. A leitura dos profetas
pré-exílicos durante este período levou os cativos a crerem que o Reino de Deus
seria estabelecido plenamente após o retorno do cativeiro de setenta anos.
O livro de
Daniel corrige esta distorção hermenêutica e afirma que apesar do retorno
acontecer, isso não deve ser confundido com o estabelecimento do Reino de Deus.
Na verdade, haveria mais setenta semanas de anos até que isso acontecesse.
Enquanto a
inauguração do Reino de Deus não acontecesse os judeus deveriam aprender a
viver sob perseguição e depender somente da soberania divina durante a queda e
ascensão dos reinos das nações, pois o programa de Deus não pode ser detido,
entretanto eles deveriam se preparar para uma resposta a longo prazo.
Portanto, o
livro de Daniel não deve ser encarado como um calendário que marca eventos do
fim dos tempos, mas encararmos sua mensagem principal que é a promessa de Deus,
o soberano que governa a história do mundo, de estabelecer o seu Reino.
O REINO DE DEUS
O livro de
Daniel destaca o Reino de Deus como plano final para o mundo. Embora Javé já
domine em um Reino eterno (4:3,34,35), o capítulo 2 apresenta a ideia de um
Reino indestrutível (2:44). Este Reino foi dado ao Filho do Homem, que, apesar
de não haver maiores informações no livro, podemos identificá-lo como Jesus,
pois este texto contém um forte teor messiânico, mesmo que os leitores
originais não tivessem uma clara noção disso. Filho do homem será inclusive o
título que Jesus adotará para si no Novo Testamento.
Como uma
espécie de antítese, os Reinos humanos são retratados como temporais e
limitados. Daniel percorre os principais reinos do mundo conhecido:
Babilônia –
Caps. 4 e 5
Medo-Persa e
Grécia – Cap. 8
Grécia –
Cap. 11
O modelo
apresentado de quatro reinos não é detalhado, embora Nabucodonosor seja
identificado com o primeiro Reino (2:38) e os outros dois reinos mencionados
(Medo-persa e Grego) sejam deduzidos como dois dos três restantes. Entretanto
este mapeamento perde importância ao considerarmos que o propósito principal é
destacar a eternidade e proximidade do Reino de Deus com a temporalidade dos reinos
humanos.
O ORGULHO E A REBELIÃO
O orgulho
dos reis das nações é um tema recorrente no livro de Daniel. Nabucodonosor com
sua estátua de ouro e seu orgulho arquitetônico (cap. 3), bem como o orgulho
demonstrado por Belsazar ao profanar os objetos do Templo (5:18-23) são
exemplos de como esta atitude desagradou a Deus. Outros exemplos de orgulho
podem ser vistos no decreto de Dario, nos atos do quarto animal da visão de
Daniel no capítulo 7, no pequeno chifre do capítulo 8, no príncipe do capítulo
9 e no reino do Sul no 11.
O livro
descreve o orgulho como a causa da queda destes reis; e, em contrapartida, a
razão da queda e julgamento de Judá foi a rebelião contra Javé. Portanto, o
orgulho das nações era comparável com a rebelião e desprezo de Judá pelo código
da Aliança (a Lei de Moisés).
Daniel
alerta ao povo cativo que suas angústias não terminarão após a volta do exílio;
e, embora os pecados das gerações anteriores tenham sido julgados, os judeus
ainda não haviam atingido a maturidade esperada por Javé, por isso sua aflição
e agonia continuariam. Entretanto, em meio às tribulações o Senhor deu-lhes a
esperança da ressurreição (12:2) e os encorajou a permanecerem firmes durante
este período de purificação e renovo (12:10-13).
INTERPRETAÇÕES DE ALGUMAS
VISÕES DE DANIEL
Este livro é
chamado de o Apocalipse do Antigo Testamento, todavia o valor religioso deste
Livro, a sua revelação do Plano de Deus, a sua promessa da vinda de Cristo, e
todas as lições morais e espirituais, que a Igreja, em todos os tempos, tem
recebido por meio de suas páginas, devem julgar-se independentes de qualquer
conclusão sobre o tempo em que foi escrito e a respeito do seu autor.
·
CAPÍTULO 2.31-45 – O SONHO DOS IMPÉRIOS MUNDIAIS
O Rei Nabucodonozor teve um sonho e a sua
interpretação nos ensinam coisas interessantes acerca da história do mundo,
desde àquela época até o fim dos tempos. A esse período a Bíblia chama de
“tempo dos gentios”, por que Deus colocou de lado, por algum tempo, Seu próprio
povo, os judeus, e entregou o governo do mundo aos gentios. Deus revelou em
sonho a um monarca pagão, o Seu plano do futuro, (2.29). Imagine uma grande
estátua; a cabeça de ouro, o peito e os braços de prata, o ventre e os quadris
de bronze, e as pernas de ferro com os pés e os dedos de ferro e barro. Vemos
então uma Pedra cortada sem auxílio de mãos, ferindo a estátua, quebrando-a em pedaços. E a Pedra se
tornou em uma grande montanha que encheu a terra. (Essa pedra outro não era,
senão Jesus Cristo).
Primeiramente
Deus revela as potências gentias. Quatro grandes delas se sucederiam no governo
do mundo, começando por Nabucodonozor até o fim. Deus diz: “Tu és a cabeça de
ouro”, o Império Babilônico (605-538AC);
o poder de Nabucodonozor era absoluto, podia ele fazer o que queria (5.19).
O peito e os braços de prata
representam o Império Medo-Persa
(538-330AC); este reino era inferior ao primeiro, porque seu monarca
dependia do apoio da nobreza, e não podia fazer o que desejava como demonstra a
incapacidade de Dario de livrar Daniel (6.12-16). Esse império era duplo,
compostos da Média e da Pérsia, que derrubara a Babilônia e a ela sucedera, sob
o comando de Ciro, cujo reinado voltou os judeus a Jerusalém. Esdras 1.1-2.
O ventre e os quadris de bronze
simbolizavam o Império da Grécia
(330-30AC), que por sua vez, derrubara os Medo-Persas. Apresenta o quadro
do domínio grego “sobre toda a terra”, sob Alexandre Magno, o Grande. O governo
de Alexandre foi uma monarquia apoiada pela aristocracia militar tão fraca
quanto às ambições de seus chefes. Este império foi mais tarde foi divido em
quatro partes (7.6; 8.8).
Daniel explica o que cada metal
representa. Em 2.38 diz nos ele que
a cabeça de ouro é a Babilônia. Em 8.20 descobrimos que a seguir vem os Medo-Persas.
Em 8.21, Daniel declara que a Grécia sucederia a Pérsia, e em 8.23-24, indica que uma quarta
potência mundial. Daí em diante encontramos um reino sempre dividido e um
governo sempre enfraquecido em poder, representados pelos pés de ferro e barro,
os quais não se ligam, e não se unificará por completo que por fim terminará em caos. Esta potencia
mundial é representado pelo Império
Romano (30 aC
até o regresso de Cristo). O imperador de Roma foi eleito e seu poder
dependia de boa vontade do povo. Este império será dividido nos últimos dias em
dez partes. A mistura de ferro e barro nos dez dedos simboliza ainda outra
deterioração deste governo em uma monarquia democrática onde o monarca executa
a vontade do povo. (2.41-43).
Na Pedra cortada sem auxílio de
mãos, vemos o Reino de Cristo, o
qual nunca será destruído e porá fim a todos os demais reinos. Cristo virá
estabelecer um reino que durará para sempre. (2.44-45).
·
CAPÍTULO 4 – A GRANDE ÁRVORE DO SONHO DE NABUCODONOZOR
Vemos agora Deus falar com
Nabucodozor pela terceira vez em sonho da grande árvore que fora cortada
(4.4-27). Era uma advertência da loucura que se adivinhada. Deus procura trazer
esse orgulhoso homem ao extremo de si mesmo, que um ano depois perde a razão,
vivendo como um animal do campo. Tudo aconteceu porque se havia constituído
rival do Deus Todo Poderoso, dizia “Não é esta a grande Babilônia que eu
edifiquei para a casa real, com meu grandioso poder, e para a glória da minha majestade?”
(4.30). A loucura abriu os olhos de Nabucodonosor e sua consciência foi tocada,
ao ponto de reconhecer a grandeza de Deus e dar testemunho de sua bondade.
Aprendeu que o homem não é arquiteto de sua própria sorte.
A grande árvore simbolizava o
próprio Rei e a extensão desse reinado que foi deposto e mais tarde
restabelecido novamente ao trono (4-20-23,34-37).
·
CAPÍTULO 7 – A
VISÃO DOS ANIMAIS SIMBÓLICOS
Durante o primeiro ano do reinado
de Balsasar, Daniel teve uma visão de quatro animais selvagens, simbolizando os
quatro reinos descritos no sonho de Nabucodonozor descrito no Capítulo Dois. No
Capitulo Sete, a figura das feras mostra-nos o caráter moral desses impérios.
No sonho de Nabucodonozor temos o modo de como o homem vê magnificência desses
reinos, e no sonho de Daniel temos o modo de como Deus vê esses mesmos reinos.
7.17-23 – A primeira dessas feras é a própria
Babilônia semelhante a “leão com
asas”. O Profeta Jeremias comparou a
Nabucodonozor, tanto ao leão como à águia (Jer.49.19-22).
O segundo
é a Persia, ou Medo-Persa, o
representada pelo “urso”, animal
cruel que se deleita em matar pelo prazer de matar, representado nos três
reinos que este império subjugava: Lídia, Egito e Babilônia, prefigurados nas
três costelas na boca do urso.
O terceiro
animal era o “leopardo”, ou pantera,
animal de rapina e suas quatro asas significam rapidez, vemos aqui a Grécia com o rápido avanço das hostes
de Alexandre Magno, o grande, e seu insensato amor pelas conquistas. Em apenas
13 anos ele tinha subjugado o mundo. As quatro cabeças significam as quatro
divisões que este império recebeu após a morte de Alexandre.
O
quarto animal diferia dos demais, era “terrível
e cruel, espantoso e sobremodo
forte, o qual tinha grandes dentes de ferro”. A besta não descrita
representa o Império Romano e seus
dez chifres, os dez reinos em que será dividido nos últimos tempos e destes
chifres, saí outro, o qual será o anticristo. Os dias destes dez chifres
testemunharão a vinda de Cristo com poder e glória, o qual destruíra esse
grande sistema mundial e seu governante, também descrito no livro de Apocalipse
13 e 19.
·
CAPÍTULO 8 – O PEQUENO CHIFRE
O Anjo Gabriel explica a visão, tornando a sua
explicação histórica um assunto simples. O Império dos Persas, estabelecido por
Ciro, durou de 538 até ao ano de 333AC, em que foi destruído por Alexandre Magno,
e na idade de 32 anos este conquistador morreu (o simbolizado chifre quebrado),
que havia estabelecido domínio quase universal, e não tendo deixado herdeiro,
seu grande império foi repartido entre seus generais. Depois de vinte anos de
rivalidades e lutas, estabeleceram-se quatro reinos: Macedônia e Grécia, Trácia
e Betínia, Egito e Síria, sendo dada à parte oriental com a Babilônia e
Seleuco. Por esta razão viveu a Judéia sob o governo dos reis seleucidas, e
destes foi Antíoco Epifanes o nono (175 a 164 AC ), prefigurado na profecia pelo “pequeno chifre”.
O “pequeno chifre” subindo dentre os outros dez também é representado
pelo “anticristo” que está por vir,
como descrito no Livro de Apocalipse, como a “besta que sobe do mar”,
a mesma visão descrita em Dan.7.15-25, onde os santos serão oprimidos por ele,e
ele exercerá grande poder sobre o mundo.
·
CAPÍTULO 8 – O CARNEIRO R O BODE
As perseguições aos judeus
resultaram numa revolta, chefiada por Judas Macabeu, e na reconsagração do Templo
em 165, cerca de três anos depois da profanação do Templo. Antíoco Epifanes morreu alguns meses mais tarde.
Temos em Daniel 8.20-21, dois anos
mais tarde, outra visão: a do Carneiro e
do Bode. Belsasar ainda estava
no trono. Essa visão inclui apenas dois dos quatro reinos: Pérsia e Grécia. Essa visão contem a profecia deste último reino
entre os quatro generais de Alexandre, o Magno, visão esta tida em Susã,
capital da Pérsia, onde 70 anos mais tarde se deram os acontecimentos narrados
no Livro de Ester.
O Carneiro Bicorne representa o Ímpério
da Média e Pérsia e o Bode representa
o Império Grego que destruiu a
Pérsia. O Corno Notável entre os
olhos do bode representa Alexandre Magno,
governante do Império Grego e os quatro
cornos que surgiam, simboliza, representa as quatro divisões do Império de Alexandre, após sua morte.
O Corno Pequeno que surge de uma das divisões do Império
de Alexandre é o Rei Sírio Antioco
Epifânio, que na sua feroz perseguição aos judeus, contaminou o santuário e
procurou abolir a religião judaica, também uma personificação do anticristo que está por vir. Dan. 11.36, 12.11.
·
CAPÍTULO 9 – AS 70 SEMANAS DE DANIEL
“Setenta semanas estão destinadas
para o teu povo, e sobre a tua santa Cidade para fazer cessar a transgressão,
para dar fim aos pecados, para expiar a iniqüidade, para trazer a justiça
eterna, para selar a visão e a profecia, e para ungir o Santo dos Santos”.
Sabe e entende: desde a saída da
ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até ao Ungido, ao Príncipe,
sete semanas e sessenta e duas semanas: as praças e as circunvalações se
reedificarão, mas em tempos angustiosos.
Depois das sessenta e duas semanas
será morto o Ungido, e já estará; e o povo de um príncipe, que há de vir,
destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será num dilúvio, e até ao fim
haverá guerra; desolações são determinadas.
Ele fará firme aliança com muitos,
por uma semana; na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oferta de
manjares; sobre a asa das abominações virá o assolador, até que a destruição, que está determinada, se
derrame sobre ele” Daniel 9.24-27).
A palavra “Semana” é usada para significar período de 7 anos. Sendo que:
70 Semanas = 70x7 = 490 Anos
As Divisões:
São divididas em três partes, com um lapso de tempo parentético para o presente
“Governo Gentio”.
7 Semanas – 49 Anos, que começaram com a ordem de
reconstruir Jerusalém sob Esdras e Neemias (março de 445 aC , durante o reinado de
Artaxerxes, Ne 2.1-10). O período de 49 Anos provavelmente representa o tempo
ocupado na construção do muro como se menciona em 9.25.
62 Semanas – 434 Anos, período em que começaram com a
construção do muro de Jerusalém, e continuaram até a crucificação de Cristo.
“Cristo será morto e já não estará (9.26). Neste ponto, depois de 483 Anos, o
relógio da vida nacional de Israel para.
As 62
Semanas, ou 434 Anos. Depois do período de (49Anos, 62 Semanas, ou 434 Anos),
ou seja, 483Anos ao todo iam passar
antes da Entrada Triunfal de Cristo em
Jerusalém.
70ª Semana – 7 Anos. Período este ainda não iniciado,
durante os quais Deus trata exclusivamente com Israel. Começando depois da
Vinda de Cristo, depois do Arrebatamento da Igreja do Senhor. O anticristo
assume o poder, faz aliança com os judeus, mas rompe-a depois de meia semana,
ou seja, após (Três Anos e Meio). Isso introduz o tempo de angustia mencionado
em Daniel 12.1 – A Grande Tribulação do Apocalipse ( Ler Apoc.11.2,3,9 ; 12.6 ;
13.5 ).
A tribulação do povo judeu, ao
derramamento dos juízos de Deus será seguido pela Volta Triunfal de Cristo e a
Restauração de Israel, que estabelecerá o período do milênio sobre a terra,
antes do julgamento dos ímpios e das hostes celestiais.
Calculando desde Março de 434aC, o
ano do decreto de construir Jerusalém, levando em consideração a diferença do
calendário usado naqueles dias, e dando lugar aos anos bissextos, os estudiosos
têm calculado que os 483 Anos, ou as 69 Semanas, terminaram em Abril de 30 A .D, o mês e o ano exato em que Cristo entrou em
Jerusalém como a Príncipe Messias (Mateus 21,1-11;12). Depois deste período o
Messias será tirado. Desde então a Igreja do Senhor tem passado por um período
longo a espera do arrebatamento que após este acontecimento, prosseguirá a
contagem da Última Semana revelada a Daniel, o período de reconciliação dos
judeus e um período de tribulação para aqueles que não o aceitaram como seu
Salvador.
·
CAPÍTULO 11 – OS ÚLTIMOS DIAS
Encontramos em Daniel 11, a visão que diz respeito
ao futuro próximo do reino em
que Daniel foi tão grande figura. Três reis ainda se
sucederiam no Império Medo-Persas. Depois surgiria Alexandre, o poderoso rei da
Grécia (11.2-3). Seu império seria dividido entre seus quatro generais,
conforme já predito. O curso do acontecimento conduz-nos até Antíoco Epifanes
“O Pequeno Chifre”, e sua profanação no santuário, (Daniel 8,12.11). Uma clara
demonstração de como será o período da Tribulação nos últimos dias que
antecedem a Volta de Cristo.
Como descreve Daniel 12.1, será um tempo de
lutas sem paralelo. Dele falou Jesus Cristo, em Mateus 24.21. Duas
ressurreições são mencionadas, (Dan. 12.2), e ambas separadas por mil anos,
(Apoc.20.1-6). A primeira ressurreição é a dos santos para a vida eterna, na
Vinda de Cristo, no arrebatamento da Igreja. Seguir-se-ão mil anos, o Milênio,
e então virá a ressurreição dos ímpios, para a vergonha eterna. “Muitos dos que
dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna e outros para o
horror e vergonha eterna”.
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