quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

L A M E N T A Ç Õ E S

LIVRO DE LAMENTAÇÕES

Lamentações é um poema fúnebre relatando as misérias e desolações de Jerusalém, resultantes de seu estado de sítio e posterior destruição.  
Lamentações obteve seu título na Vulgata. A posição do livro após Jeremias no cânon reflete a influência do Antigo Testamento grego, a Septuaginta, que no primeiro versículo atribui a poesia a Jeremias. O título hebraico, ekah, é derivado da primeira palavra dos capítulos 1, 2 e 4. A palavra ekah geralmente é traduzida por “como” e era usada com frequência no verso inicial dos cantos fúnebres israelitas. Por exemplo, no lamento de Davi pela morte de Jônatas, encontra-se: “Como caíram os guerreiros! ” (2Sm 1.19), e no cântico de zombaria contra o rei da Babilônia: “Como você caiu dos céus” (Is 14.12). 
O livro de Lamentações está incluído na terceira divisão do cânon hebraico, “os Escritos”. O livro é o terceiro dos cinco livros que compõem as megilloth ou “rolo das festas” que são: Cântico dos Cânticos, Rute, Lamentações, Eclesiastes e Ester, usados em determinadas festas judaicas. Lamentações deve ser lido anualmente no nono dia do mês de Av (julho), dia de lamento pela destruição de Jerusalém pelos babilônios em 587 a.C. e pelos romanos em 70 d.C. 
Lamentações ocupa no Antigo Testamento lugar entre o de Jeremias e o de Ezequiel. Nas Escrituras hebraicas, estava incorporado na divisão dos Livros Sagrados, ou Hagiógrafo, entre o livro de Rute e o de Eclesiastes. 
O livro de Lamentações é completamente poético. Os cinco poemas equivalem aos cinco capítulos.  Poema bem estruturado levando em conta o alfabeto hebraico.  As estrofes ou versos contemplam o número de letras do alfabeto. Esse é outro livro da Bíblia de invulgar beleza poética. Não contém só tristeza; acima das nuvens de lamento do poeta pelos pecados de seu povo, brilha a luz de Deus. Em 3.22-27, a luz rompe através das nuvens para formar um luminoso arco-íris.
Os judeus cantam este livro todas às sextas-feiras junto ao Muro das Lamentações, em Jerusalém, e o leem nas sinagogas, em jejum no nono dia de Av (julho), o dia destinado à lamentação das grandes calamidades que sobrevieram à nação.

AUTOR
Embora Lamentações não cite o nome do autor e não possamos ter certeza de quem escreveu o livro, a tradição judaica e o consenso entre a maioria dos biblistas da atualidade atribui sua autoria ao profeta Jeremias. 
A Septuaginta declara tal atribuição desde o segundo século (250 a.C.), e a Vulgata Latina desde o quarto século a.C. Argumentos convincentes baseados na tradição judeu-cristã, sobre a autoria de Jeremias, têm sido apresentados. A ideia de Jeremias como autor do livro pode ter sido estimulada com base no que está escrito em 2Cr 35.25, onde se lê que Jeremias compôs lamentações para o rei Josias. No livro propriamente dito, não há indícios diretos de que o profeta Jeremias tenha sido o seu autor, embora algumas passagens do livro lembrem nitidamente as características e estilo desse profeta, especialmente no capítulo 3 (3.48-51 com Jr 14.17). 
O cabeçalho do livro na Septuaginta e na Vulgata Latina apresenta o seguinte comentário: “Jeremias se assentou a chorar e compôs este poema de lamento por Jerusalém”. 
Além disso, como o profeta Jeremias foi testemunha ocular do juízo divino contra Jerusalém em 586 a.C., é razoável supor que fosse o autor do livro que tão vividamente retrata o acontecimento. Lamentações compartilha, de modo pungente, o senso avassalador de perda que acompanhou a destruição da cidade, do templo e do ritual, bem como o exilo dos habitantes de Judá. 
Aceitando-se a autoria de Jeremias, o livro de Lamentações se torna um suplemento do livro de Jeremias, que tão frequentemente prediz uma catástrofe tal como aquela que é descrita em Lamentações. Porém, as lamentações de Jeremias são inteiramente isentas daquela atitude mental que diz “Eu avisei”. Ele apenas preocupa-se tão somente em lamentar as aflições de Jerusalém, e em pleitear perante Deus que não a rejeite para sempre.

DATA
Essa coleção de lamentos por Jerusalém, provavelmente foi composta entre a queda da cidade, em 587/586 a.C., e a libertação do rei Joaquim da prisão na Babilônia (562 a.C.). O tom desesperador do pedido de renovação nacional, nos versos finais do último poema (5.19-22), indica o desconhecimento aparente do autor da libertação de Joaquim e de suas implicações para o cumprimento das profecias de Jeremias sobre a restauração de Israel (Jr 30 – 33).

CONTEXTO HISTÓRICO DE LAMENTAÇÕES
O livro é uma resposta à destruição de Jerusalém e suas consequências pelos exércitos babilônicos do rei Nabucodonosor em 587 a.C. Os registros bíblicos da invasão de Judá e a queda de Jerusalém se encontram em 2Reis 24 e 25 e 2Crônicas 36. 
Os profetas advertiram Judá da catástrofe iminente durante dois séculos (2Rs 21.12; 24.3). Infelizmente a repetição da ameaça de juízo divino não fazia sentido para o povo e criou uma barreira contra a ideia de arrependimento. Além disso, a demora na vinda do juízo de Javé gerou um falso senso de segurança na nação (Jr 6.13,14; Jr 7.1-4). O livro lamenta o dia previsto pelos profetas, em que Javé se tornou “como inimigo” que destruiu Israel sem piedade (2.2,5).

TEMAS E TEOLOGIA
Lamentações não é o único livro do Antigo Testamento que contem lamentações individuais ou comunitárias. Muitos dos Salmos são poemas de lamento, e todos os livros proféticos, exceto Ageu, trazem um ou mais exemplos do gênero das lamentações. No entanto, esse livro bíblico é o único que consiste somente em lamentações. 
A fidelidade de Deus. Na mais extrema angústia e esmagadora derrota, sem haver absolutamente esperança de conforto de alguma fonte humana, o profeta aguarda a salvação da mão do grande Senhor do universo. Lamentações deve gerar em todos os verdadeiros adoradores a obediência e integridade, dando ao mesmo tempo aviso temível concernente àqueles que desconsideram a revelação de Deus por meio de sua Palavra. Não há registro na história de outra cidade arruinada que tenha sido lamentada em tal linguagem poética e comovente. É, certamente, proveitoso em descrever a severidade de Deus para com os que continuam a ser rebeldes, obstinados e impenitentes. 
Lamentações é tudo, menos um texto de resignação passiva. A ira de Deus é aceita, mas não sem grande carga de resistência emocional. Poderia Deus agir como inimigo do seu próprio povo e levá-lo a terrores que são penosos até de se descreverem (2.4-5, 20-22)? Embora o escritor compreenda a justiça de Deus, a agonia e perplexidade do acontecimento podem ser livremente expressas. O livro é uma mensagem poderosa em tempos de angústia. 
No meio do livro, a teologia compartilhada mediante as lamentações do profeta, chega ao seu clímax ao focalizar a bondade incondicional de Deus, o Senhor Deus. Ele é o Eterno, o Altíssimo de toda a esperança (3.21,24,24); do amor (3.22), da fidelidade (3.23), da salvação (3.26). Apesar de toda prova em contrário, porquanto as suas misericórdias são inegociáveis. Renovam-se a cada manhã; interminável é a sua fidelidade (3.22,23).

PROPÓSITO E MENSAGEM
O propósito de Lamentações não pode ser definido em uma única palavra. De certa forma, a sua produção foi em si mesmo uma forma de lidar com a questão da destruição de Sião. O centro da gravidade da ira de Deus contra seu povo. A ira de Deus é considerada justa. Judá pecou, e os profetas transmitiram o aviso de Deus. Amós, há muito tempo, havia falado sobre um dia do Senhor contra seu povo (Am 5.18), dia este que agora havia chegado (1.12). Lamentações não expressa uma total perplexidade, como às vezes, parece acontecer em Jó. Ao invés disso, ele justifica a punição de Judá e oferece uma defesa dos profetas que a predisseram. 
Ao contrário de 2Reis 24 e 25, que registram os fatos históricos da queda de Jerusalém, Lamentações apreende a emoção da mudança trágica na experiência de Israel com o Senhor. Os poemas preservam a reação dos hebreus ao inimaginável e inexpressível, a destruição total da Sião de Davi, a ruína do templo do Deus e o abandono divino dos “eleitos” de Jeová. Embora a tragédia confirmasse a mensagem profética e vindicasse a interpretação profética do relacionamento entre estipulações e maldições com base na aliança, isso não servia de consolo para os sobreviventes abalados com o ataque babilônico. 
Lamentações registra o “Dia do Senhor” para Judá vindo com toda a fúria. A ameaça de maldição da aliança tornou-se uma realidade terrível e um pesadelo inesquecível. As admoestações de Moisés de que as violações da aliança colocavam em risco a presença de Israel na terra de Canaã provou ser muito mais que um discurso teológico vazio. Javé finalmente impusera o castigo pelas transgressões de Judá. O povo de Deus foi “vomitado” da terra da promessa divina (Lv 18.24-30). O único consolo para Jerusalém era saber que um dia as nações ao seu redor também beberiam do cálice da ira de Deus (4.21,22; 3.55-66). 
 Lamentações é tudo, menos um texto de resignação passiva. A ira de Deus é aceita, mas não sem uma grande carga de resistência emocional. 
Como cânticos fúnebres, os poemas de Lamentações foram criados para oferecer uma purificação aos sobreviventes da calamidade de Judá. Esta expressão de tristeza e extravasamento de emoções jamais responderia por completo as perguntas sobre a soberania do Senhor ao castigar seu povo, mas permitiu que os hebreus sofredores lidassem sinceramente com sua tristeza para aliviar o trauma de serem abandonados por Deus. 
 O poeta revelou a alma à nação penitente, prostrada de vergonha, e reconheceu as muitas transgressões e a grande rebeldia (1.4,22). A purificação do pecado e da culpa permitiu que a “viúva” de Sião reconhecesse a justiça de Deus em seu juízo contra a infidelidade de Jerusalém à aliança (1.18). 
Somente essa resposta de confissão e arrependimento poderia dar sentido e substância às palavras de esperança futura do capítulo 3. A própria ira de Deus indicava seu amor, fundamentado na aliança, por Israel. O pai que ama deve castigar o filho desobediente. O chamado para esperar no Senhor e na sua misericórdia infalível imprimiu esperança da futura restauração de Israel, pois a história da nação demonstrava que Javé não o rejeitará para sempre (3.21-29). 
O autor de Lamentações compreende com clareza que os babilônios eram meros agentes do castigo divino, e que o próprio Deus destruíra sua cidade e seu templo (1.12-15; 2.1-8, 17,22; 4.11). Não foi, no entanto, arbitrária a atuação de Deus; o pecado desavergonhado que desafiava ao Senhor e a rebeldia que violava a aliança foram as causas principais do infortúnio do povo (1.5,8,9; 4.13; 5.7,16). Embora fosse de esperar o choro (1.16; 2.11,18; 3.48-51) e fosse natural o clamor por punição contra o inimigo (1.22; 3.59-66), o modo certo de reagir ao juízo de Deus é o arrependimento sincero, de todo o coração (3.40-42). O livro que começa com uma lamentação (1.1,2) termina acertadamente com arrependimento (5.21-22).

AS DIVISÕES DO LIVRO
Nas Escrituras hebraicas os capítulos 1,2, 4 e 5 têm cada um vinte e dois versos, e cada verso começa com cada uma das 22 letras do alfabeto hebraico em ordem. 
No capítulo 3 os primeiros três versos começam com a letra alef, os segundos três com a letra bet, e assim sucessivamente. 
O capítulo 5 tem vinte e dois versos, mas não estão em forma de acróstico. 
Cada um dos cinco capítulos, é um lamento poético:
- Capítulo 1. Jerusalém como uma viúva chorando. Uma elegia poética, acrostica, cada versículo começando com uma as 22 letras do alfabeto hebraico.
- Capítulo 2. Jerusalém como uma mulher velada em luto, chorando no meio das ruínas. Um poema fúnebre, como o primeiro e também acróstico.
- Capítulo 3. Jerusalém como e pelo profeta em luto chorando ante Jeová o Juiz. Outro poema que encerra tristeza profunda como os dois primeiros.
- Capítulo 4. Jerusalém como ouro embaçado, mudado e degradado. Outro canto fúnebre e acróstico como os dois primeiros.
- Capítulo 5. Jerusalém como suplicante rogando ao Senhor. Outro poema fúnebre, de 22 versículos, mas não em ordem alfabética.

CARACTERÍSTICAS
Lamentações é a mais clara evidencia para a existência da métrica na poesia hebraica que parece utilizar um verso de cinco sílabas métricas divididas em três e dois. Essa métrica é chamada de qinah, derivada do nome hebraico para Lamentações e é encontrada com frequência na poesia de caráter melancólico como Lamentações. 
Uma segunda forma poética encontrada em Lamentações é o acróstico, em que os versos ou conjuntos de versos são dispostos de acordo com as vinte e duas letras do alfabeto hebraico. Cada novo verso ou grupo de versos inicia com uma letra subsequente. Esse método talvez indique que o poeta está tratando o assunto de forma completa. O acróstico consiste também de uma forma para a expressão literária do pesar, permitindo ao seu autor tratar de temas que são tão profundos para serem expressos por palavras.

FESTAS DE PEREGRINAÇÃO (1.4)
Havia três festas de peregrinação no calendário israelita: a festa do pão sem fermento, a festa das semanas e a festa dos tabernáculos. Em circunstâncias normais, nessas ocasiões as estradas estariam cheias de peregrinos em viagem para Jerusalém. Eram momentos de alegria e celebração. Em tempos de dificuldades, poucos corriam o risco e agora não havia cidade nem templo para onde dirigir-se.

PAGÃOS NO SANTUÁRIO (1.10)
Havia regras rígidas para o acesso a não israelitas aos recintos do templo (Dt 23). Apenas os sacerdotes tinham acesso ao santuário, e ainda assim era um acesso limitado. O cuidado em preservar a santidade da morada de Deus fora frustrado por causa da profanação.

ESBOÇO DE LAMENTAÇÕES
I.                   Lamentação pela miséria e deserção de Jerusalém (1)
II.                 Lamentação pela cidade de Sião derrubada na ira de Javé (2)
III.              Tristeza e esperança do poeta (3)
IV.              O Horror do cerco (4)
V.                Recordação da desgraça de Sião; pedido de restauração (5).



LIVRO DAS LAMENTAÇÕES

O Livro das Lamentações ( איכה ʾēḫā(h), Eikha ou Eiká, cuja tradução literal é "Como!", ou ainda "Oh!") é um livro que faz parte da subdivisão da Bíblia chamada de Profetas Maiores, na Bíblia vem depois do Livro de Jeremias e antes do Livro de Ezequiel ou depois do Livro de Baruque nas Bíblias utilizadas das Igrejas Católicas e Ortodoxas.
Livro cuja autoria é tradicionalmente atribuída ao Profeta Jeremias, quando com os próprios olhos via a destruição da cidade de Jerusalém por Nabucodonosor, rei de Babilônia, por volta do ano 589 a.C.
São cantos fúnebres que descrevem, de modo doloroso e poético, a destruição de Jerusalém pelos Babilônicos em 586 a.C., e os acontecimentos que se sucederam a essa catástrofe nacional: fome, sede, matanças, incêndios, saques e exílio forçado (cf. 2Rs 24-25).
As Lamentações são usadas na Liturgia da igreja Católica por ocasião da Semana Santa para lembrar o sofrimento de Jesus. A tradição popular conservou, durante a procissão da Sexta Feira Santa, no canto de Verônica, em que Verônica canta um trecho das Lamentações, posto na boca de Jesus: "Vocês todos que passam pelo caminho, olhem e prestem atenção: haverá dor semelhante à minha dor?" (1,12).
Os judeus recitam o livro no grande jejum que lembra a destruição do Templo de Jerusalém, no dia 9 do quinto mês do Calendário Judaico.

ESTILO LITERÁRIO
Os caps. 1, 2 e 4 são cantos fúnebres, semelhantes a 2Sm 1,17ss, o cap. 3 é uma lamentação individual e o cap. 5 é uma lamentação coletiva, também conhecida como Oração de Jeremias.
Os quatro primeiros poemas são alfabéticos, ou seja, as primeiras letras dos 22 versículos correspondem às 22 letras do Alfabeto Hebraico colocadas em ordem, havendo uma pequena diferença na ordem do alfabeto observada no primeiro capítulo e a ordem observada nos três capítulos seguintes. Merecendo destaque o fato de que no terceiro poema, o alfabetismo é tríplice, ou seja, a letra correspondente a cada verso é empregada no início das três primeiras palavras de cada verso. .

AUTORIA
A atribuição da autoria à Jeremias é questionada, pois Jeremias, tal como é conhecido por seus oráculos autênticos, não poderia ter dito que a inspiração profética tinha se esgotado (2,9), nem louvar Sedecias (4,20 x Jr 24,8), nem esperar auxílio do Egito (4,17 x Jr 37,5-7), nem apoiar a doutrina da dívida pelos pecados dos pais (5,7 x Jr 31,29-30; 5,6 x Jr 2,18) além disso seu gênio espontâneo é incompatível com o estilo erudito dos poemas que estão no Livro das Lamentações,, havendo quem sustente que foram escritas por adversários de Jeremias..









LAMENTAÇÕES DE JEREMIAS – ISRAEL CHORA


O nome Lamentações vem da tradução da Bíblia para o latim: a Vulgata. O título hebraico é ‘ekah, derivado das primeiras palavras dos capítulos 1, 2 e 4. Este termo era usado nas canções fúnebres e significa “como”. Podemos verificar seu uso em 2 Sm. 1:19, quando Davi chora a morte de Jônatas dizendo: “Como caíram os guerreiros!
O livro está em forma poética, organizado em um acróstico alfabético. Os cinco capítulos equivalem aos cinco poemas.
Lamentações deve ser lido todos os anos no nono dia do m6es de Abe, como recordação da destruição do Templo de Jerusalém por Nabucodonosor em 587 a.C. e por Tito em 70 d.C.
 Foi composto provavelmente entre a destruição do Templo em 587 a.C. e a libertação do rei Joaquim da prisão na Babilônia em 562 a.C. (2 Rs. 25:27-30). O desespero demonstrado nos versos finais do livro (5:19-22) parecem indicar que o autor não tinha conhecimento sobre a libertação de Joaquim e o cumprimento das profecias de Jeremias acerca da restauração de Israel (Jr. 30-33).
 O livro é uma reação da alma sobre a destruição de Jerusalém pelo exército babilônico em 587 a.C. O registro histórico dessa destruição está em 2 Rs. 24 e 25 e 2 Cr. 36. Durante dois séculos os profetas procuraram alertar a nação de Israel sobre o julgamento iminente, entretanto os ouvidos do povo se acostumaram com as ameaças e seu coração endureceu-se. Em virtude da demora no julgamento, o povo ficou com uma falsa impressão de segurança (Jr. 6:13-14; Jr. 7:1-4). O livro mostra de maneira poética o horror que a invasão babilônica representou para o povo hebreu e como Javé tornou-se como um inimigo de Israel (Lm. 2:2-5).

 Estrutura de Lamentações de Jeremias
 O livro de Lamentações de Jeremias está estruturado da seguinte forma:
·         Pranto pela cidade fantasma – 1
·         Pranto pela ira da Javé manifestada em Jerusalém – 2
·         Um canto de esperança – 3
·         O caos de Jerusalém – 4
·         A desgraça e a restauração – 5
Conforme a lista acima Lamentações é composto de cinco poemas. Os poemas contidos nos capítulos 1, 2 e 4 são canções fúnebres que começam com a interjeição “como” (‘ekah). Os outros dois capítulos são poemas de pranto individual e coletivo, os capítulos 3 e 5 respectivamente.
 Conforme exposto anteriormente, os poemas em Lamentações são acrósticos alfabéticos, seguindo as vinte e duas letras do alfabeto hebraico. Há ao menos três benefícios para disposição dos lamentos no formato acróstico:
·         Facilita a memorização da catástrofe que se abateu em Jerusalém. O povo hebreu tinha uma forte tradição oral, e este método ajuda no processo de disseminação do conteúdo.
·         Os poemas acrósticos simbolizam de forma completa toda tristeza pela lamentação de Jerusalém.
·         A forma acróstica obrigava o poeta a pensar em todas as faces de um mesmo tema, atingindo a completude.
O primeiro poema personifica a cidade de Jerusalém como uma mulher orgulhosa, brutalmente estuprada e abandonada, enfatizando a solidão, a decadência e o abandono (Lm. 1:2,9,16,17).
O segundo trata sobre a força da ira de Javé contra Jerusalém e o quarto mostra as terríveis consequências do julgamento divino. O único consolo de Jerusalém é saber que seu castigo terminará (Lm. 4:22).
O terceiro poema acróstico é o mais longo e bem construído do livro com três versos para cada letra do alfabeto. Só perde em complexidade para o Salmo 119, que possui sete versos para cada uma das 22 letras do alfabeto hebraico. É o centro de toda composição da obra, tanto no viés literário quanto no teológico. Este trecho contém:
·         sofrimento pessoal do poeta, que também expressa o sentimento da nação (3:1-20)
·         oração por consolo e esperança (3:21-29)
·         oração de arrependimento (3:40-54)
·         pedido de vingança (3:55-66)
·          
Propósito e conteúdo
O livro de Lamentações de Jeremias aborda os seguintes assuntos:
·         Javé castiga o pecado
·         O sofrimento é um meio de aprendizado
·         O julgamento de Javé reflete sua justiça
·         Apesar do sofrimento há esperança
Na narrativa de 2 Reis 24 e 25 lemos o registro histórico, embora do ponto de vista teológico, da tomada e destruição de Jerusalém pela Babilônia. Em Lamentações, Jeremias capta o estado de espírito dos hebreus àquilo que eles consideravam impossível: a queda de Jerusalém e a ruína do Templo. Apesar de constantemente advertidos sobre esta tragédia, resultado da quebra da Aliança deuteronômica, os sobreviventes estavam inconsoláveis.
A ameaça de expulsão da Terra da Promessa não era uma simples cláusula nos termos da Aliança moisaica. O povo finalmente havia experimentado a concretização das ameaças contidas na Lei e foram vomitados da terra (Lv. 18:24-30). Agora, a única fonte de consolação era saber que haveria a restauração para Jerusalém e também o julgamento das nações ao seu redor (Lm. 4:21-22; 3:55-66).
Embora não respondesse questionamentos “como” e “por quê”, o pranto registrado em Lamentações servia uma catarse, um extravasamento do turbilhão de emoções que os judeus sentiam diante da destruição de sua cidade e abandono por Javé. Em meio à dor e sofrimento, tentando lidar sinceramente com este trauma, o texto de Lamentações revela que o povo reconheceu sua culpa, rebeldia e infidelidade (Lm. 1:14-22).
Essa confissão de arrependimento pôde dar um sentido na esperança da restauração para o futuro conforme o capítulo três. A ira de Javé indicava seu amor pelo povo escolhido, tal qual um pai castiga um filho que o desobedece. Esta ira estava indicada como um dos itens da Aliança que o Senhor havia feito com os hebreus. O livro ainda mostra que a misericórdia de Deus é infinita e ele não rejeitará seu povo para sempre (Lm. 3:21-29).
O sofrimento humano
O sofrimento humano é inevitável, pois é uma consequência do afastamento da humanidade de Deus (Gn. 3). Ao se afastar do Senhor, a humanidade fez somente o que era mal (Sl. 14:1-4) e tornaram-se corruptos.
Javé, embora longânimo (Na. 1:3), em virtude de sua santidade e justiça, não deixará os culpados sem castigo. O Antigo Testamento fornece oito sugestões para o entendimento do sofrimento humano (de acordo com R.B.Y. Scott).
1. Retributivo
castigo justo pelo pecado
Jó 4:7-9; 8:20
2. Disciplinador
aflição corretiva
Dt. 8:3; Pv. 3:11-12
3. Probatório
teste divino do coração
Dt. 8:2; Jó 1:6-12; 2:10
4. Temporário
comparado com a boa ou má sorte dos outros
Jó 5:18; 8:20-21; Sl. 73
5. Inevitável
resultado da queda
Jó 5:6-7; Sl. 14:1-4
6. Misterioso
caráter e plano de Deus não são plenamente conhecidos
Jó 11:7; Ec. 3:11
7. Fortuito e sem sentido moral
tempo e acaso afetam a todos
Jó 21:23-26; Ec. 9:11-12
8. Vicário
um sofre por outro ou por muitos
Dt. 4:21; Sl. 106:23; Is. 53:3,9,12
Judá reconheceu merecer o castigo como execução da justiça da Javé (Lm. 1:5,14,22; 4:13)
O abandono divino
Uma das consequências do julgamento de Javé foi seu abandono de Judá. Este assunto do abandono divino de seu templo e povo foi registrado também pelos povos mesopotâmicos. Nesta literatura a divindade deixa o templo em razão da destruição da cidade porque foi incapaz de corrigir a situação.
Entretanto, o abandono de Javé foi devido à falta do cumprimento da Aliança pelo povo e não pela incapacidade do Senhor. Por causa disso Deus removeu sua glória do Templo.
Na literatura mesopotâmica, o abandono da divindade provocava clamor para seu retorno e a confissão de pecados. Em Judá, o efeito foi justamente o contrário, pois, aproveitando a ausência do Senhor se rebelaram e 

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