terça-feira, 6 de junho de 2017

2º A O S C O R I N T I O S

E P Í S T O L A     A O S    C O R Í N T I O S
2 ª    C A R T A

Autor: 2 Coríntios 1:1 identifica o apóstolo Paulo como o seu autor, possivelmente com Timóteo.

Quando foi escrito: O livro de 2 Coríntios foi provavelmente escrito cerca de 55-57 dC.

Propósito: A igreja em Corinto começou em 52 dC como resultado da visita de Paulo em sua segunda viagem missionária. Foi então que ele ficou um ano e meio, a primeira vez que pôde permanecer no mesmo lugar o tanto que quisesse. Um registro dessa visita e do estabelecimento da igreja é encontrado em Atos 18:1-18.

Em sua segunda carta aos Coríntios, Paulo expressa seu alívio e alegria que a igreja tinha recebido a sua carta "severa" (hoje perdida) de uma maneira positiva. Essa carta dirigia-se a questões que estavam causando divisões na igreja, principalmente a chegada dos (falsos) apóstolos (2 Coríntios 11:13) que estavam atacando o caráter de Paulo, semeando a discórdia entre os crentes e ensinando uma falsa doutrina. Eles parecem ter questionado a veracidade de Paulo (2 Coríntios 1:15-17), a sua capacidade de falar (2 Coríntios 10:10, 11:6) e sua relutância em aceitar sustento da igreja em Corinto (2 Coríntios 11:7 - 9; 12:13). Havia também algumas pessoas que não haviam se arrependido de seu comportamento licencioso (2 Coríntios 12:20-21).

Positivamente, Paulo achou que os Coríntios tinham recebido bem sua carta "severa". Paulo ficou muito feliz ao ficar sabendo por parte de Tito que a maioria dos membros da igreja de Coríntios tinha se arrependido de sua rebelião contra Paulo (2 Coríntios 2:12-13, 7:5-9). O apóstolo os encoraja por isso através de uma expressão de amor genuíno (2 Coríntios 7:3-16). Paulo também buscou reivindicar seu apostolado, já que alguns membros da igreja tinham provavelmente questionado sua autoridade (2 Coríntios 13:3).

Versículos-chave: 2 Coríntios 3:5: “...não que, por nós mesmos, sejamos capazes de pensar alguma coisa, como se partisse de nós; pelo contrário, a nossa suficiência vem de Deus...”

2 Coríntios 3:18: “E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito.”

2 Coríntios 5:17: "E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; {criatura; ou criação} as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas."

2 Coríntios 5:21: "Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus."

2 Coríntios 10:5: "...e toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo."

2 Coríntios 13:4: "Porque, de fato, foi crucificado em fraqueza; contudo, vive pelo poder de Deus. Porque nós também somos fracos nele, mas viveremos, com ele, para vós outros pelo poder de Deus."

Resumo: Após saudar os fiéis na igreja em Corinto e explicar por que ele não os tinha visitado como originalmente planejado (1:3-2:2), Paulo explica a natureza do seu ministério. Triunfo por meio de Cristo e sinceridade diante de Deus eram as características principais do seu ministério às igrejas (2:14-17). Ele compara o glorioso ministério da justiça de Cristo com o "ministério da condenação" que é a Lei (3:9) e declara a sua fé na validade do seu ministério apesar da intensa perseguição (4:8-18). Capítulo 5 descreve a base da fé cristã – a nova natureza (v. 17) e a troca do nosso pecado pela justiça de Cristo (v. 21).

Nos capítulos 6 e 7 encontramos Paulo defendendo a si mesmo e ao seu ministério, assegurando os Coríntios mais uma vez de seu sincero amor por eles e exortando-os ao arrependimento e vida santa. Nos capítulos 8 e 9, Paulo exorta os crentes de Corinto a seguir os exemplos dos irmãos na Macedônia e estender generosidade aos santos em necessidade. Ele ensina-lhes os princípios e vantagens de ajudar com um coração alegre.

Paulo termina sua carta reiterando sua autoridade entre eles (capítulo 10) e sua preocupação com a sua fidelidade a ele diante da feroz oposição dos falsos apóstolos. Ele se chama de "insensato" por ter que relutantemente se vangloriar de suas qualificações e seu sofrimento por Cristo (capítulo 11). Ele termina sua epístola descrevendo a visão celestial que lhe foi permitido experimentar e o "espinho na carne" que Deus o deu para garantir sua humildade (capítulo 12). O último capítulo contém suas exortações aos Coríntios para que esses se examinassem a fim de verem se o que professavam era a realidade. Paulo então termina com uma bênção de amor e paz.

Conexões: Por todas as suas epístolas, Paulo frequentemente se refere à lei mosaica, comparando-a com a suprema grandeza do evangelho de Jesus Cristo e a salvação pela graça. Em 2 Coríntios 3:4-11, Paulo contrasta a lei do Antigo Testamento com a nova aliança da graça, referindo-se à lei como aquele que "mata", enquanto que o Espírito vivifica. A lei é o "ministério da morte, gravado com letras em pedras" (v. 7; Êxodo 24:12) porque traz apenas o conhecimento do pecado e sua condenação. A glória da lei é que ela reflete a glória de Deus, mas o ministério do Espírito é muito mais glorioso do que o Ministério da lei porque ele reflete Sua misericórdia, graça e amor em providenciar Cristo como o cumprimento da lei.

Aplicação Prática: Esta carta é a mais biográfica e a menos doutrinária das epístolas de Paulo. Ela nos diz mais sobre Paulo como pessoa e como ministro do que qualquer outra. Dito isso, há algumas coisas que podemos aprender desta carta e aplicar hoje em nossas vidas. A primeira coisa é a boa administração, não só de dinheiro, mas de tempo também. Os macedônios não só deram generosamente, mas "também deram-se a si mesmos primeiro ao Senhor, depois a nós, pela vontade de Deus" (2 Coríntios 8:5). Da mesma forma, não só devemos dedicar tudo o que temos para o Senhor, mas tudo o que somos. Ele realmente não precisa do nosso dinheiro. Ele é onipotente! Ele quer um coração que anseia por servir, agradar e amar. Boa administração e ofertar a Deus é mais do que apenas dar dinheiro. Sim, Deus quer que ofereçamos o dízimo da nossa renda, e Ele promete abençoar-nos quando damos a Ele. Há mais, porém. Deus quer 100%. Ele quer que nos entreguemos por completo a Ele. Tudo o que somos. Devemos viver nossas vidas para servir o nosso Pai. Devemos não só dar a Deus de nosso salário, mas as nossas próprias vidas devem ser um reflexo dEle. Devemos dar tudo de nós ao Senhor em primeiro lugar, e depois para a igreja e ao trabalho do ministério de Jesus Cristo.


INTRODUÇÃO
Começamos com uma pequena introdução ao livro. Algumas destas informações são repetidas da introdução à primeira carta.
No mapa: Corinto era a capital da Acaia, situada no sul da Grécia. Por causa da sua posição perto do istmo que ligava duas partes da Grécia, era uma cidade de importância comercial, cultural e religiosa. Tinha diversos templos dedicados aos vários falsos deuses da época, incluindo um templo de Afrodite, onde os adoradores da deusa praticavam prostituição.
Na história bíblica: Encontramos o relato do início do trabalho em Corinto em Atos 18:1-17. Na sua segunda viagem missionária, Paulo foi de Atenas até Corínto, onde permaneceu 18 meses. Ele morou e trabalhou com Áqüila e Priscila, judeus que fabricavam tendas. Aos sábados, Paulo ensinava na sinagoga. Quando Silas e Timóteo chegaram da Macedônia (veja Atos 17:14-15), Paulo se entregou totalmente ao trabalho do evangelho. A oposição entre os judeus cresceu, e ele sacudiu o pó dos pés (veja Mateus 7:6; 10:14-15) e deu sua atenção aos gentios. Muitas pessoas, incluindo Crispo, o líder da sinagoga, creram e foram batizadas. Deus mandou que Paulo ficasse naquela cidade. Ele continuou seu trabalho em Corinto durante um ano e seis meses.
**Obs.: Algumas pessoas citam o exemplo de Paulo ensinando na sinagoga aos sábados como evidência da importância de guardar o sábado nos dias de hoje. A questão não é o fato deste apóstolo ter ensinado aos sábados, mas o motivo. Paulo costumava procurar pessoas com interesse em coisas espirituais quando e onde elas se reuniam, seja num sábado junto do rio em Filipos (Atos 16:13) ou seja todos os dias numa praça em Atenas (Atos 17:17). Nem Paulo nem outros cristãos primitivos ensinavam a necessidade de guardar o sábado, e pessoas hoje não têm direito de acrescentar tal exigência à doutrina de Cristo.
Alguns judeus começaram a perseguir Paulo, mas Gálio, o procônsul da província (52 d.C.), recusou-se a ouvir as queixas deles contra o apóstolo. Paulo permaneceu ainda algum tempo em Corinto, e depois foi para Éfeso e outros lugares, encerrando a viagem em Antioquia da Síria.
Na terceira viagem, Paulo escreveu a primeira carta aos coríntios quando estava em Éfeso, onde ele trabalhou no evangelho durante três anos. Depois de partir de Éfeso, ele mandou a segunda carta da Macedônia (Atos 20:1-2; 2 Coríntios 7:5-6). Muitos comentaristas acreditam, baseados principalmente nos comentários de Paulo em 2:1-10; 7:8; 12:14; 13:1, que entre as duas cartas aconteceram duas coisas não registradas no livro de Atos: (1) Que Paulo fez uma visita a Corínto, e voltou para Éfeso entristecido, e (2) Que ele mandou uma outra carta, considerada severa, repreendendo algumas atitudes erradas dos coríntios.
O conteúdo da carta: Enquanto a primeira carta é voltada, em boa parte, aos problemas específicos dos coríntios (questões de doutrina e prática), a segunda carta abre mais o coração de Paulo para mostrar os seus sentimentos fortes em relação aos coríntios e, mais ainda, para com o Senhor. É um livro extremamente rico pelo qual somos privilegiados para ver o coração de uma das grandes personagens da História, o apóstolo Paulo.

1:1-2
Paulo e Timóteo mandaram esta carta à igreja dos coríntios e aos demais santos na Acaia.
**Obs.: Como era seu costume, Paulo incluiu seu co-obreiro na saudação, mas a carta é do próprio apóstolo. Por este motivo, ele refere a si mesmo na primeira pessoa, e comenta sobre Timóteo na terceira pessoa (veja 1:19).
1:3-11
Paulo agradeceu pela consolação que Deus dá.
O sofrimento de Cristo favorece os seus servos.
O conforto que Deus dava a Paulo, em seu sofrimento, equipou o apóstolo para confortar outros que passavam por angústias. Como participavam do sofrimento, participariam, também, da consolação.
Paulo passou por tribulações na Ásia, até ao ponto de desesperar da própria vida. Por essa experiência, ele aprendeu a confiar mais ainda em Deus (veja 12:9-10).
O apóstolo agradeceu as orações dos coríntios a seu favor.
**Obs.: No resto do livro, Paulo comentará bastante sobre sua atitude em relação ao sofrimento, especialmente no capítulo 12.
1:12-14
Paulo afirmou sua sinceridade para com os coríntios, e os relembrou de que sua mensagem era de Deus, e não da sabedoria humana.
1:15-22
Paulo defendeu a sua honestidade em relação às mudanças nos planos dele.
Ele tinha planejado uma viagem a Corinto. De lá, ele iria à Macedônia e voltaria a Corinto antes de prosseguir para a Judéia. Quando não fez a viagem como pretendia, alguns evidentemente questionaram sua integridade. Ele se defendeu, dizendo que sua palavra era confiável, como a palavra do Senhor.
**Obs.: Paulo cita, neste parágrafo, o Pai, o Filho e o Espírito. Disse que somos confirmados em Cristo, ungidos por Deus (Pai), e selados no Espírito. Assim, ele mostra o privilégio do cristão de estar em comunhão com as três pessoas divinas (veja Mateus 28:19; João 14:17,23; 1 Coríntios 6:19).
1:23-24
Paulo disse que ainda não tinha ido a Corinto para poupá-los. Baseado em comentários encontrados mais tarde no livro, entendemos que Paulo estava dando tempo para os coríntios se arrependerem de alguns pecados, para evitar a necessidade de repreensões ásperas (veja, por exemplo, 10:2,9-11; 12:19-21; 13:1-2,10).

2:1-4
Paulo não queria voltar para Corinto em tristeza; então deu tempo para que resolvessem os problemas primeiro.
Ele não se regozijou na tristeza deles. Pelo contrário, ele queria participar da alegria desses queridos irmãos.
A tristeza evidente na carta dele demonstrou seu amor verdadeiro para com eles.
**Obs.: Qual carta? Alguns comentaristas acreditam que Paulo mandou uma carta entre 1 e 2 Coríntios, severamente repreendendo os coríntios por algumas atitudes erradas. Supõe-se que esta carta severa fosse enviada depois de uma visita rápida e desagradável (que teria sido, segundo esta interpretação, a segunda visita; uma vez que ele estava planejando a terceira visita em 12:14 e 13:1).
2:5-11
Quando o irmão pecador se arrepende e volta, deve ser acolhido em amor pelos irmãos.
A referida punição seria, provavelmente, a rejeição do pecador do meio da congregação, conforme o ensinamento de 1 Coríntios 5. Um dos propósitos de tal expulsão é a salvação do espírito do pecador, ou seja, o arrependimento e perdão dele. Uma vez que o pecador se arrepende, deve ser perdoado e confortado.
**Obs.: Qual irmão? Paulo não identifica o irmão que voltou. Pode ser o homem imoral de 1 Coríntios 5. Pode ser um dos homens com queixa contra o irmão em 1 Coríntios 6. Pode ser algum outro caso não especificado. Não importa o pecado ou a identidade do pecador. O princípio ensinado aqui é válido em qualquer caso de arrependimento de um irmão que pecou. Quando se arrepende, os outros devem o perdoar (veja Mateus 18:15-35).
O irmão arrependido precisa ser perdoado e confortado, para evitar que seja consumido por excessiva tristeza. A tristeza e sentimentos de culpa servem para nos conduzir ao arrependimento (7:10; Tiago 8-10). Mas, se ficar na tristeza e vergonha, a pessoa será consumida e vencida pelo erro. O irmão arrependido deve sentir o amor dos outros discípulos.
2:12-13
Paulo ficou pouco tempo em Trôade, porque não encontrou Tito. Continuou a sua viagem até a Macedônia.
**Obs.: Saindo de Éfeso, Paulo foi até Trôade (ainda na Ásia), e depois prosseguiu até a Macedônia, que faz parte da Europa.
2:14-17
O aroma de vida e morte.
Neste parágrafo, Paulo usa simbolicamente a imagem de um desfile triunfal de um exército. Depois da batalha, o comandante conduzia seus soldados, seguidos pelos prisioneiros. O incenso queimado levava o cheiro de vitória aos vencedores, mas o cheiro de morte aos prisioneiros, pois seriam mortos depois do desfile.
Paulo pregava uma mensagem só. A mesma palavra que faz o pecador sentir-se culpado e réu de morte traz as boas novas de vida aos fiéis.
Paulo disse que não mercadejava a palavra, reafirmando sua sinceridade.

3:1-11
Paulo não precisou dar carta de recomendação aos coríntios para estabelecer sua credibilidade, pois os próprios coríntios eram evidência de seu trabalho.
Ele começa, aqui, um contraste entre o evangelho de Cristo e a lei do Velho Testamento. Observe os pontos principais:
ANTIGA ALIANÇA X NOVA ALIANÇA
Tinta X Espírito
Pedra X Carne/corações
Letra mata X Espírito vivifica
Ministério da morte X Ministério do Espírito
Condenação X Justiça
Outrora X Atual
Desvanecia-se X Permanente
Glória X Sobreexcelente glória
**Obs.: "A letra mata, mas o espírito vivifica". Muitas pessoas distorcem o sentido desta frase, até usando o versículo para dizer que estudo da Bíblia pode ser prejudicial! Mas, um pouquinho de estudo do contexto mostra que tal interpretação é totalmente errônea. No contexto, a letra representa o sistema da lei do Velho Testamento, que trouxe conhecimento das conseqüências do pecado, mas não revelou o caminho para a salvação. O espírito representa a palavra de Cristo, que nos dá a solução para nosso problema.
3:12-18
A grande diferença entre o Novo e o Velho Testamentos pode ser resumida na palavra "esperança". Nós temos esperança e, por isso, temos motivo para falar ousadamente sobre Cristo.
**Obs.: A grande diferença entre o evangelho de Cristo e muitas religiões e filosofias é a esperança. Muitas religiões oferecem a "esperança" de voltar pela reencarnação para viver de novo, talvez como uma pessoa numa vida mais sofrida, talvez como vaca ou mosca. Outras religiões oferecem a "esperança" de perder a identidade em algum tipo de consciência universal. Várias filosofias oferecem a "esperança" de morrer e cessar de existir. Mas Jesus oferece a esperança da vida eterna. Pedro entendeu este fato quando disse a Jesus: "Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna" (João 6:68).
Paulo disse que as pessoas que continuavam confiando na lei de Moisés ainda tinham um véu que escondia a verdade sobre Cristo. O véu não está mais sobre o rosto de Moisés, e sim sobre o coração dos que não se convertem a Cristo.
A verdadeira liberdade está no Espírito do Senhor.
**Obs.: Liberdade X Libertinagem. Paulo disse que a liberdade está no Espírito de Deus, mas muitas pessoas procuram liberdade em outros lugares. Até rejeitam a palavra do Senhor, rebelando-se contra a autoridade dele para cumprir sua própria vontade. Tal libertinagem resulta na escravidão espiritual da pessoa (2 Pedro 2:18-20).
Pelo Espírito, somos transformados na imagem do Senhor.
**Obs.: A imagem de Deus. Deus criou o homem à imagem dele (Gênesis 1:26-27), mas o homem manchou a imagem com o pecado. Jesus nos mostrou a imagem do Pai (2 Coríntios 4:4; Colossenses 1:15). Nós somos refeitos à imagem de Cristo (2 Coríntios 3:18; Colossenses 3:10).
**Obs.: Considere as afirmações dos versículos 17 e 18 em relação a divindade do Espírito Santo: "o Senhor é o Espírito" e "pelo Senhor, o Espírito". E ainda há pessoas que negam a personalidade e a divindade dele!

4:1-6
Paulo fez seu trabalho de uma maneira transparente e sincera, e não pretendia desistir dele.
Outros andavam de modo vergonhoso, usando de astúcia e adulterando a palavra de Deus.
As pessoas cegas continuam perdidas, não enxergando a imagem de Deus em Cristo.
Paulo não pregou uma doutrina particular, mas sim, o evangelho de Cristo.
Paulo, escolhido por Cristo para ser apóstolo, se colocou na posição de servo dos coríntios, por amor de Jesus.
**Obs.: É importante observar, nas cartas de Paulo, o uso de palavras como servo, submissão, sacrifício, etc. Ele mostra uma atitude de humilde serviço, que nós devemos imitar.
Através de Cristo, conhecemos a glória de Deus.
4:7-15
Neste parágrafo, Paulo explica bem a grande responsabilidade dos apóstolos. No contexto, em que ele fala sobre a sua própria morte, parece que os vasos de barro são os próprios apóstolos. Isso não nega, porém, a nossa responsabilidade na divulgação do evangelho hoje (veja a transmissão dessa responsabilidade de uma geração para outra em 2 Timóteo 2:2).
Paulo queria sempre manifestar o poder de Cristo, e não o seu próprio.
**Obs.: Confiança na carne. Nas cartas aos coríntios, Paulo fortemente rejeita a ênfase nas obras dos homens. A grande tendência de muitas igrejas, hoje em dia, é honrar os homens pelas obras realizadas (diplomas de seminários, títulos de honra, glória de trabalhos bem-sucedidos, reconhecimento por homens, etc.). Paulo pôs tudo que o homem é, e tudo que o homem faz, na categoria de um vaso de barro. A glória pertence ao tesouro guardado no vaso, não ao próprio vaso.
O versículo 10 apresenta um tema mencionado várias outras vezes por Paulo. O cristão, em alguns sentidos, participa da morte de Cristo e, também, participa da vida após a ressurreição (compare com Romanos 6:3-4; 2 Coríntios 5:17; Colossenses 3:1-10).
No versículo 13, ele resume o sentido de Salmo 116, onde Deus é louvado por ter livrado seu servo da morte. Neste contexto, Paulo mostra a mesma confiança. Ele será livrado da morte na ressurreição, e todos que ouvem o evangelho podem participar da mesma esperança.
4:16-18
Por causa da sua esperança da ressurreição, Paulo não se desanimava quando contemplava a própria morte. Ele mostrou a sua fé nas promessas de Deus, e depositou sua confiança nas coisas eternas e invisíveis.

2 Coríntios 5
5:1-5
Neste parágrafo, Paulo apresenta uma perspectiva cristã da morte física.
O corpo físico é um tabernáculo (tenda) terrestre que está se gastando.
O corpo espiritual é um edifício (templo) eterno e celeste.
Os santos gemem neste corpo, querendo ser revestidos da vida eterna.
Tal esperança é válida somente para as pessoas preparadas/vestidas da imagem de Cristo, e não despreparadas/espiritualmente nuas (veja Colossenses 3:5-12; 2 Pedro 1:4).
Paulo deixa bem claro que ele não deseja a morte, e sim a vida eterna. Ele não quer ser despido; ele quer ser revestido da vida.
**Obs.: O desejo de morrer. É importante compreender a diferença entre a vontade de Paulo e a vontade do rei Saul, Judas Iscariotes e outros que, até hoje, consideram o suicídio uma saída. Paulo não desejava a morte, e sim a vida. Ele não estava correndo dos problemas desta vida, mas olhava para o fim do caminho (2 Timóteo 4:6-8). Embora querendo estar com Deus na eternidade, Paulo não apressou sua própria morte. Ele confiava em Deus para decidir a hora certa para dar-lhe a coroa da vida. Embora Deus tenha livrado os fiéis do medo de morrer, ele não autorizou o suicídio.
Deus nos preparou para a vida eterna, já dando uma amostra da vida eterna através do Espírito (veja Efésios 1:13).
**Obs.: A vida eterna: presente ou futuro? Quando a Bíblia ensina sobre a salvação em Cristo e a vida eterna, fala em dois sentidos (veja 1 Timóteo 4:8). Num sentido, os discípulos de Cristo já têm a salvação e participam da vida espiritual nele (Atos 2:47; 15:11; Romanos 6:4; Efésios 2:1,5; Colossenses 2:13; 1 João 5:12-13). Em outro sentido, ainda aguardamos a salvação e a vida eterna (veja Romanos 2:7; 13:11; Gálatas 6:8; Tito 3:7; Hebreus 9:28; Judas 21).
5:6-10
Paulo andava em esperança da vida eterna que o motivou a ser agradável a Deus.
Todos nós seremos julgados pelas coisas feitas no corpo.
**Obs.: Julgamento segundo as coisas feitas por meio do corpo. Apesar da confusão causada por várias doutrinas humanas, algumas afirmações bíblicas são bem claras. As diversas filosofias e religiões que ensinam a reencarnação enfrentam um problema no versículo 10. Paulo não falou de julgamento das coisas feitas por meio dos corpos. Ele falou de um corpo só (veja Hebreus 9:27). Os premilenaristas ensinam que haverá duas ressurreições, mas Jesus afirma que todos seremos ressuscitados na mesma hora para o julgamento final (João 5:28-29).
5:11-17
Paulo pregava com convicção, persuadido da mensagem de Cristo. Ele não confiava nas aparências da carne, e sim na verdade no coração. Outros o julgavam louco, mas ele continuou servindo a Deus.
Os que estão em Cristo são novas criaturas.
**Obs.: Versículo 17 mostra a grande diferença entre a morte e as trevas do passado e a vida e a luz em Cristo. Infelizmente, algumas pessoas torcem o sentido do versículo para justificar o pecado. Sugerem que a pessoa que praticava pecado pode continuar nas mesmas práticas, porque agora Deus fez tudo novo. Mas ele fez tudo novo quando justificou (salvou, perdoou) o pecador. Ele não justificou o pecado. Para sermos novas criaturas, temos que deixar de praticar as coisas condenadas por Deus (veja 1 Coríntios 6:9-11).
5:18-21
O trabalho de Paulo era o ministério da reconciliação, promovendo a paz entre Deus e os homens (veja Isaías 59:1-2; Efésios 2:14-18).
Paulo usufruiu a reconciliação, e passou a pregar a mesma mensagem para outros. Ele diz: "Deus...nos reconciliou" (5:18) e "Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo" (5:19).
Considere bem a mensagem profunda do versículo 21 sobre a grande troca feita por Deus:
- Jesus não conheceu pecado, e Deus o fez pecado por nós.
- Nós conhecemos pecado, e Deus nos fez justiça através dele!
- Ele levou sobre si os nossos pecados; levamos sobre nós a justiça dele! Que maravilha!

2 Coríntios 6
No parágrafo anterior (5:18-21), Paulo falou da reconciliação. Disse que Cristo nos reconciliou, e que deu o ministério da reconciliação aos seus embaixadores. Ele continua falando sobre este segundo aspecto da reconciliação (o papel dele como servo de Jesus) no início do capítulo 6.
6:1-3
Paulo exortou-os a não receberem a graça de Cristo em vão, frisando a urgência da sua obediência.
**Obs.: Ele cita Isaías 49:8 como a palavra de Jesus. Este versículo faz parte de uma série de profecias messiânicas em Isaías sob o tema "O Servo do Senhor".
Paulo serviu com toda sinceridade e dedicação, para não impedir o progresso do evangelho.
6:4-10
Ao invés de dar motivo de escândalo, Paulo se negou em tudo para ser um bom embaixador de Cristo.
Ele aceitou sofrimento na sua vida (versículos 4 e 5), e ainda desenvolveu as qualidades características de um servo fiel (versículo 6).
**Obs.: Tudo indica que Paulo ainda estava sendo criticado e rejeitado por alguns entre os coríntios. Seu amor não fingido (sem hipocrisia) sugere um contraste com o falso amor dos falsos apóstolos que estavam perturbando os coríntios (veja 11:13).
Paulo confiava plenamente no poder de Deus para fazer seu trabalho, independente das interpretações erradas por parte de outras pessoas.
6:11-13
Paulo sente-se constrangido, não por falta de vontade de sua parte, mas pela rejeição pelos coríntios. O coração dele estava bem aberto para recebê-los, mas eles permaneciam fechados.
6:14-18
Nestes versículos, e no primeiro do capítulo 7, Paulo destaca a importância da santificação na vida dos cristãos. Não pode haver concordância entre as coisas de Deus e as do Maligno. Observe os contrastes:
Justiça X Iniqüidade
Luz X Trevas
Cristo X O Maligno
Crente X Incrédulo
Santuário de Deus X Ídolos
Nos versículos 16 a 18, Paulo usa várias citações do Velho Testamento sobre o povo santo. Deus desejava um povo santo em Israel, mas os hebreus não cumpriram sua responsabilidade. Então, ele começou a profetizar sobre um povo santo e cumpriu as profecias em Israel espiritual, a igreja. Hoje, em Cristo, participamos da comunhão do Todo-Poderoso que habita entre os cristãos.

Paulo concluiu o capítulo 6 com um apelo à santidade. Ele citou as grandes promessas da comunhão com Deus, dizendo que Deus anda e habita no meio dos fiéis.
7:1
Baseado nas grandes promessas de comunhão com Deus, Paulo pede a cada discípulo:
(1) Purificar-se de toda impureza
(a) da carne (imoralidade, obras da carne).
(b) do espírito (idolatria, doutrinas e práticas erradas).
(2) Aperfeiçoar a santidade com reverência e respeito para com Deus.
7:2-4
Paulo volta a falar sobre os problemas entre ele e os coríntios. Ele pede que abram seus corações, afirmando que ele sempre agia em boa fé e sinceridade.
7:5-16
Paulo começou a comentar sobre sua procura de Tito em 2:12-13. Falou que chegou a Trôade (partindo de Éfeso) e não encontrou Tito. Por esta razão, foi para a Macedônia. Em 2:14, ele agradeceu a Deus pela vitória, mas não explicou o motivo específico das ações de graça. Ele continuou falando sobre as bênçãos de Deus e sobre o privilégio de participar delas. Aqui, ele volta à questão da procura de Tito.
Quando Paulo chegou à Macedônia, ele não achou Tito. Ele sentiu-se angustiado, enfrentando vários problemas com esta preocupação sobre esse irmão e cooperador. Mas, Deus o confortou com a chegada de Tito, levando notícias animadoras dos coríntios.
Paulo comentou sobre a severidade de uma carta anterior.
**Obs.: É possível que houvesse outra carta entre 1 e 2 Coríntios, na qual Paulo repreendeu algumas atitudes erradas dos coríntios. Muitas pessoas acreditam que, entre as duas cartas, Paulo teria feito uma visita a Corinto e que, devido àlguns problemas com os irmãos na visita, teria mandado uma carta severa, corrigindo-os.
Ele se alegrou por causa do arrependimento verdadeiro deles. No versículo 10, ele fez um comentário valioso sobre a tristeza e o arrependimento. A tristeza de entender que o nosso pecado fere ao próprio Deus produz o arrependimento verdadeiro que leva a salvação. Mas a tristeza do mundo, de se lamentar por causa de conseqüências pessoais e imediatas, sem compreender os efeitos maiores do pecado, não produz o arrependimento que Deus quer. Pode causar algum sentimento de remorso (como Judas Iscariotes sentiu quando devolveu o dinheiro da traição), mas não produz o arrependimento verdadeiro que precisamos para sair do pecado.
Além da sua alegria devida ao arrependimento dos coríntios, Paulo ficou mais contente ainda quando ouviu de que maneira eles trataram Timóteo.
Paulo começou este capítulo com tristeza, pedindo que eles abrissem os corações para aceitá-lo. Encerrou o capítulo elogiando a atitude dos coríntios, e dizendo que tinha plena confiança neles.

Nos capítulos 8 e 9, Paulo incentiva os coríntios a participarem liberalmente da assistência aos santos necessitados na Judéia. Neste ensinamento, encontramos instruções e exemplos que mostram um aspecto do verdadeira amor entre irmãos em Cristo. Os que tinham condições financeiras ajudaram outros que necessitavam de assistência.
8:1-7
Paulo cita o bom exemplo das igrejas da Macedônia para incentivar a generosidade dos coríntios. Apesar dos seus próprios problemas, os macedônios se mostraram liberais quanto à assistência aos santos. Insistiram em ajudar, mesmo acima da sua capacidade. Tal generosidade não começou com o dinheiro, mas com o sacrifício de si mesmos.
**Obs.: Uma vez que nós nos entregamos ao Senhor, devemos entender que os nossos recursos (dinheiro, habilidades, etc.) são ferramentas para usar no serviço a Deus. Os discípulos na Macedônia entenderam isso.
**Obs.: A graça concedida. Paulo usa essa expressão para descrever o privilégio de sacrificar, dando dinheiro para ajudar aos outros.
8:8-15
Paulo não quer obrigar os coríntios a participarem dessa benevolência, mas procura incentivá-los a dar voluntariamente por amor.
Ele cita o exemplo de Jesus. Ele deixou a riqueza dos céus e se fez pobre por causa do seu amor para conosco. Através da pobreza dele, nós adquirimos as riquezas espirituais que ele mandou.
Paulo espera a concretização dos planos dos coríntios. Eles falaram já da vontade de ajudar; ele espera a demonstração desse amor.
**Obs. Querer e realizar. Devemos sempre nos esforçar para pôr em prática os nossos planos espirituais. É importante querer crescer e fazer o bem. Cabe a nós cumprir a nossa parte para realizar tais intenções boas. Veja Filipenses 2:12-13.
Paulo não espera que ninguém dê acima das suas condições, nem quer que alguns fiquem sobrecarregados enquanto outros são aliviados. Ele procura igualdade entre irmãos.
**Obs.: Igualdade. Alguns interpretam de uma maneira literal e errada esta palavra "igualdade" (8:13). Nem Paulo nem outros servos de Deus no Novo Testamento pregaram igualdade absoluta em termos de bens materiais. Eles não propuseram nenhum sistema de comunismo onde todos teriam exatamente as mesmas coisas. Ainda encontramos ricos e pobres entre os discípulos primitivos, mas não houve a necessidade de alguém passar fome enquanto outros tinham abundância.
**Obs.: Deus proverá. A citação de 8:15 vem de Êxodo 16:18, um trecho que enfatiza o fato que Deus providencia as nossas necessidades (compare com Mateus 6:21-34).
8:16-24
Paulo quer evitar a vergonha de irmãos chegarem a Corinto para achar os coríntios despreparados. Por isso, ele enviou três irmãos para ajudar na preparação da coleta dos coríntios antes de chegarem outros com Paulo. Esses três são: Tito (8:16), um irmão escolhido pelas igrejas (8:18), e mais um irmão de confiança (8:22).
**Eleito pelas igrejas (8:19). Alguns procuram qualquer apoio para justificar a criação de grandes denominações, completas com seus congressos nacionais, etc. Mas uma vez que uma igreja mostrou sua confiança num irmão para acompanhar Tito, ele foi "eleito" ou "escolhido" por aquela igreja. Quando uma outra congregação, conhecendo o mesmo irmão, pediu a mesma coisa, ele foi "eleito pelas igrejas". Não há nada aqui que justifique reuniões ou organizações que envolvam várias igrejas em decisões coletivas.

2 Coríntios 9
9:1-5
No início do capítulo 8, Paulo usou o exemplo dos macedônios para incentivar a liberalidade dos coríntios. Agora, ele disse que usou, também, o exemplo dos coríntios para estimular os macedônios! Devemos estimular uns aos outros em amor e boas obras (veja Hebreus 10:24).
Paulo enviou os irmãos citados no fim do capítulo 8 para evitar algum constrangimento mais tarde. Eles ajudariam os coríntios a preparar a oferta, para que não se envergonhassem com a chegada de outros irmãos depois.
9:6-15
Paulo incentiva os coríntios a darem generosamente. Ele cita um princípio bem conhecido nas Escrituras: ceifamos o que semeamos.
A oferta é voluntária, segundo a decisão de cada um para dar com alegria.
**Obs.: É obrigação contribuir? Aqui, Paulo diz que a oferta não deve ser feita por necessidade, mas 1 Coríntios 16:1-2 aborda o mesmo assunto como ordem. Podemos entender assim: é a responsabilidade de cada cristão contribuir, mas não devemos fazê-lo só por causa da obrigação. Devemos entender o propósito da oferta e participar com alegria, reconhecendo o privilégio de participar do trabalho do Senhor.
Ao invés de segurar o nosso dinheiro, recusando utilizá-lo para servir a outros, devemos lembrar que todas as nossas bênçãos e a nossa capacidade de dar vêm do Senhor.
**Obs.: O versículo 9 é uma citação de Salmo 112:9. O Salmo 112 inteiro fala sobre a importância da bondade e fidelidade do servo para ser abençoado por Deus.
A generosidade dos gentios em ajudar os santos necessitados de Jerusalém teve outros benefícios:
-Além de ajudar aqueles santos, demonstrou gratidão para com Deus.
-Além de ajudar aqueles santos, demonstrou comunhão com todos os santos.
Por outro lado, os outros santos oravam em favor dos coríntios.
Quem merece a gratidão e a glória é o próprio Deus.

Neste capítulo, Paulo volta à defesa do seu apostolado em contraste com as alegações dos falsos apóstolos que induziram os coríntios ao erro. Em alguns momentos, ele assume o ponto de vista dos seus críticos, usando de ironia para se colocar numa posição de fraqueza. É necessário uma leitura cuidadosa para não se perder nas mudanças de "tom" nas palavras de Paulo.
10:1-6
Paulo falou que era humilde entre eles mas ousado nas suas cartas. Mais tarde, ele explica que essa foi uma acusação feita por seus detratores (compare com o versículo 10: "dizem").
Por enquanto, Paulo usa esta imagem para reforçar seu ponto. O sentido é este: "Tudo bem, vocês me consideram manso quando presente e severo quando ausente. Então, façam tudo para corrigir os seus problemas, porque não quero ser severo quando chego aí."
Apesar das opiniões de outros sobre Paulo, ele afirma a sua determinação de fazer o certo, agindo de acordo com a vontade de Deus e não a dos homens. Os versículos 3 a 6 descrevem bem a atitude e as táticas do servo de Deus nas batalhas espirituais. Observe:
-Somos seres humanos, mas não usamos táticas humanas.
-As armas que usamos são espirituais, não carnais.
-Com as armas poderosas de Deus, podemos vencer a força dos homens (fortalezas, sofismas, altivez, pensamentos).
-Nosso alvo é simples: levar "cativo todo pensamento à obediência de Cristo", completando a nossa submissão.
**Obs.: Sofismas são pensamentos ou raciocínios que parecem razoáveis e válidos, porém são falsos. Paulo mostra, aqui, que a sabedoria de Deus é superior à suposta sabedoria dos homens.
10:7-12
Paulo pede para seus críticos serem justos com ele. Eles se consideravam servos de Cristo, mas negavam a posição dele na família do Senhor. De fato, Paulo não era nem um pouquinho inferior a eles. Ele tinha recebido autoridade de Cristo para edificar, e não para destruir.
**Obs.: Para edificar e não para destruir. Paulo mostra um dos problemas fundamentais do partidarismo. Ao invés de edificar, o espírito carnal destrói. Em 1 Coríntios 3:1-16, ele frisou este mesmo ponto. Os verdadeiros servos não procuram criar ou defender seus próprios partidos (assim destruindo o corpo de Cristo). Cada um de nós deve edificar e contribuir ao bem do corpo.
Paulo não aceitou a acusação que ele fosse forte nas cartas e fraco quando presente. Prometeu, se fosse necessário, usar da mesma severidade na presença deles.
**Obs.: Padrões errados para avaliação de homens. Paulo recusou avaliar-se por comparações com outros homens, e condenou tal prática. Infelizmente, muitos supostos servos do Senhor ainda não captaram o sentido desse ensinamento. Há hoje comentários sobre qual pregador é melhor que o outro, prêmios para melhores sermões, melhores livros, melhores sites evangélicos na Internet, etc. Pessoas que alegam ser cristãs participam ousadamente do pecado de auto-promoção. Tal prática não cabe no reino de Deus (veja Mateus 20:27; 23:11; Lucas 17:10).
10:13-18
Paulo não tentou validar seu trabalho por comparações com os trabalhos de outros. Ele se viu no contexto da responsabilidade que Deus lhe deu. A esfera de ação dele incluiu Corinto e ele faria o trabalho entre eles, apesar da oposição de alguns "irmãos".
**Obs.: A esfera de ação. Embora Paulo comente sobre locais geográficos, ele não sugere limites de território físico no trabalho do Senhor. Os apóstolos foram enviados ao mundo (Marcos 16:15), e a mesma responsabilidade de pregar o evangelho foi transmitida a homens fiéis e idôneos (2 Timóteo 2:2). Pessoas que se acham hoje donas de determinados "territórios" no trabalho do Senhor mostram a mesma atitude carnal que Paulo condenou. Como servos de Deus, podemos e devemos pregar em qualquer lugar onde exista oportunidade.
Neste parágrafo, encontramos uma frase que deve controlar todas as tendências orgulhosas de auto-engrandecimento: "Aquele, porém, que se gloria, glorie-se no Senhor" (versículo 17).

11:1-6
Paulo justifica sua loucura! Na segunda metade deste capítulo, ele usará alguns argumentos que normalmente não empregaria. Aqui, ele explica o motivo. Ele estava agindo por amor aos coríntios, fazendo tudo para evitar que eles caíssem no engano de falsos apóstolos.
**Obs.: A "loucura" de Paulo. Quando homens carnais começaram a comparar pessoas, Paulo ficou para trás. Outros eram mais eloqüentes ou mais polidos do que Paulo. Ele disse, ironicamente, que ele era louco e os próprios coríntios sábios (1 Coríntios 4:10). É claro que não era o caso. Em 1 Coríntios 2:16, ele disse que tinha a mente de Cristo. No início de 1 Coríntios 3, chamou os coríntios de crianças carnais. Do mesmo modo, ele criticou as pessoas que se julgavam sábias, dizendo que devemos nos gloriar exclusivamente no Senhor (2 Coríntios 10:12,17-18). Paulo não era louco, mas considerou qualquer defesa baseada nos feitos humanos um tipo de loucura. Assim, ele respondeu com esse tipo de argumento em 1 Coríntios 4:10-13 e usará a mesma abordagem em 2 Coríntios 11:21-29.
O zelo de Paulo destaca a importância de nos manter puros, e de ajudar outros a fazerem o mesmo. Paulo procurava proteger os coríntios de falsos mestres para apresentar a noiva como virgem ao seu verdadeiro esposo, Cristo.
**Obs.: A noiva de Cristo. Paulo emprega aqui uma ilustração muito comum para descrever o povo de Deus. Desde o Velho Testamento, a relação entre Deus e seu povo foi comparada ao noivado e ao casamento. No Novo Testamento, encontramos a mesma figura em vários livros (Sugestão para seu próprio estudo: faça uma lista de passagens que usam a figura de casamento para descrever esta relação espiritual). Dessa figura, vêm diversas aplicações: a pureza da noiva (aqui), o amor do marido e a submissão da mulher (Efésios 5:22-33), o problema de adultério espiritual (o livro de Oséias; Ezequiel 16); o adorno da noiva para o casamento (Apocalipse 21:2), etc.
11:7-15
Ao invés de se exaltar como outros, especialmente os falsos apóstolos (tais apóstolos-11:5), Paulo tinha se humilhado para servir. Viveu humildemente. Não pediu dinheiro aos coríntios, mesmo passando privações.
**Obs.: "Despojei outras igrejas..." (8-9). Paulo recebeu seu sustento de outras congregações. Ele não se fez pesado aos coríntios. Ele não viu o trabalho com uma igreja como "negócio" para lucrar materialmente e, sim, como serviço e sacrifício. Ele precisava de sustento, é claro, e o recebia de outras congregações. Especificamente, ele cita ajuda recebida da Macedônia durante seu tempo em Corinto. Da mesma forma, evangelistas hoje podem ser sustentados por igrejas (veja 1 Coríntios 9:11-15). Como aqui, o sustento deve ser enviado diretamente da igreja ao pregador (Filipenses 4:15-17). Não há nenhuma autorização nas Escrituras para criar ou manter algum tipo de sociedade missionária, nem de elevar uma congregação acima de outras como matriz ou igreja patrocinadora.
A humildade de Paulo não reflete falta de confiança em relação à sua mensagem ou à sua missão (10).
Por qual razão Paulo confrontaria esses falsos apóstolos? Para destruir vidas e mostrar falta de amor? De modo algum! Ele entrou nesta batalha espiritual para poupar os amados coríntios dos estragos e da perdição que os falsos mestres trazem.
**Obs.: O aspecto polêmico do nosso serviço. Qualquer servo fiel a Deus terá que enfrentar os inimigos da cruz, e devemos nos preparar para tais confrontos (1 Pedro 3:15). Nunca devemos esquecer que são batalhas espirituais (2 Coríntios 10:3-6) e que o propósito não é a destruição das pessoas que se opõem a nós, e sim a salvação das mesmas. O nosso foco não deve ser na batalha em si, mas nas pessoas que queremos extrair dos erros perniciosos do Maligno (2 Timóteo 2:24-26).
Satanás e seus servos se apresentam como anjos de luz, como se fossem apóstolos de Cristo e ministros de justiça. Uma das maiores armas do diabo é a sua astúcia. Ele vende a corrupção e a morte, mas em embalagens atraentes que parecem inocentes. Os servos do diabo são, muitas vezes, pessoas simpáticas e prestativas que parecem tão sinceras que outras pessoas são facilmente enganadas por elas. Temos de lembrar que o próprio Satanás se apresenta como anjo de luz, e os seus servos são lobos vestidos como cordeirinhos.
11:16-33
Este trecho é exemplo da "loucura" de Paulo. Na verdade, ele jamais se defenderia com argumentos carnais, tentando se exaltar. O ponto que ele quer ensinar aqui é simples: Se os servos de Deus tivessem direito de se gloriar, como os falsos apóstolos entre vocês fazem, eu poderia me defender muito bem. Mas, de fato, não temos direito de nos exaltar. A tolerância dos falsos mestres levará vocês à escravidão espiritual.
Os argumentos da loucura de Paulo:
(1) A sua genealogia: de pura linhagem dos judeus.
(2) O seu trabalho: ministro de Cristo que sofria muito por causa da sua fé.
(3) Preocupação com as igrejas: um peso até maior do que o sofrimento físico.
Paulo não se gloriou nestas coisas. A única coisa dele que deu motivo para se gloriar foi a sua própria fraqueza. Quando enfrentou perseguições intensas, foi Deus que deu livramento. A fraqueza de Paulo, até a sua incapacidade de se defender, destacou a grandeza de Deus e seu poder (veja 10:17). Este é o tema do início do capítulo 12.
**Obs.: Como precisamos de homens como Paulo hoje! É triste observar a falta de humildade entre supostos servos de Cristo. Homens procuram se glorificar, e exaltam uns aos outros, mesmo no contexto de igrejas e trabalhos espirituais. Cultos especiais para honrar homens, destaque dado a alguns por causa de sua formação teológica, exaltação de pessoas que têm conquistado bens materiais ou posição social e o uso de líderes políticos como convidados especiais são exemplos da carnalidade que Paulo rejeitou e condenou. Um dos aspectos tristes dos desvios de igrejas e pessoas "religiosas" é o esquecimento das qualidades que Deus quer na vida de todos os cristãos (leia Gálatas 5:22-23; 2 Pedro 1:3-11), nos evangelistas (1 Timóteo 4:12-16), nos diáoncos (1 Timóteo 3:8-13) e nos presbíteros/pastores/bispos (1 Timóteo 3:1-7; Tito 1:5-9). Alguns destes trechos falam sobre habilidade e talento, mas a grande ênfase está no caráter, nas atitudes e na conduta das pessoas. Paulo não confiou nas coisas que ele trouxe a Cristo, mas no que Cristo fez para ele, transformando a sua vida.
**Obs.: O cuidado de Paulo para com as igrejas (versículos 28 e 29). Entre os pesos que ele suportava, Paulo achou mais difícil o peso de preocupação com as igrejas. Ele não está reclamando sobre o trabalho em si, nem o cansaço que ele sentia. Ele tinha tanta compaixão que realmente sofria com as pessoas. Paulo sentiu as fraquezas e escândalos dos irmãos em vários lugares, como se ele mesmo estivesse passando pelos mesmos problemas.

Paulo continua os comentários do capítulo 11, mostrando que ele poderia se gloriar mais que os falsos apóstolos que estavam enganando os coríntios. Embora que tenha como se gloriar, ele não o faz porque entende bem que toda a glória pertence ao Senhor.
12:1-6
Se fosse para se exaltar, Paulo citaria as suas próprias experiências espirituais, principalmente as suas visões e revelações. Até uma vez ele foi levado ao terceiro céu (o paraíso) onde ouviu coisas que o homem não pode falar! Mas, esta experiência não deu motivo para Paulo se exaltar. Foi algo que ele recebeu, não algum ato que ele fez. Foi Deus que lhe concedeu esta bênção, e Paulo continua sendo um mero homem.
**Obs.: "Conheço um homem" - Paulo se esforçou tanto para evitar a vanglória que nem se identificou aqui. A experiência obviamente era dele mesmo, mas ele não quer dizer "Eu fui arrebatado ao paraíso!" De fato, ele guardou silêncio sobre este assunto durante 14 anos!
**Obs.: O terceiro céu - Paulo o identifica como o paraíso. Normalmente se supõe que o primeiro seria a atmosfera (firmamento) e o segundo o espaço (sol, lua, estrelas, etc.).
**Obs.: Se Paulo recusa se gloriar nos seus feitos e nas suas experiências espirituais, ele pode se gloriar no que? Ele já falou várias vezes: na sua fraqueza. Alguns dos detratores de Paulo o consideravam fraco (10:10; 11:21). No seu argumento aqui, ele torna seu ponto "fraco" em ponto forte. Ele se gloria na fraqueza, porque a fraqueza dele destaca com mais clareza a força de Deus (11:30; 12:5,9,10; 13:3).
12:7-10
A ilustração de fraqueza que Paulo escolheu foi de algum sofrimento que ele descreve como "espinho na carne". Ele não identifica o espinho, mas fala algumas coisas interessantes que nos ajudam quando enfrentamos diversos tipos de sofrimento em nossas vidas:
(1) O espinho servia para combater qualquer tendência de se ensoberbecer ou se exaltar. Nas fraquezas, lembramos da nossa dependência de Deus e do fato que somos insignificantes em comparação com ele.
(2) O espinho foi um mensageiro de Satanás. Embora Deus use nossas angústias para seu propósito, foi Satanás que pôs o espinho na vida de Paulo. Compare com o caso de Jó. Deus permitiu que o Diabo o afligisse.
(3) Paulo pediu três vezes, mas Deus recusou tirar o espinho de sua vida. As doutrinas de algumas igrejas hoje que sugerem que a vida cristã deve ser livre de sofrimento, ou que sofrimento é prova de pecado na vida da pessoa, são doutrinas erradíssimas. Paulo, um servo fiel e dedicado, sofreu na carne. Servos fiéis hoje podem sofrer pobreza, doenças e outras tristezas.
(4) A graça de Deus basta. Satanás mandou o espinho, mas Deus o usou para mostrar a importância de sua graça para com Paulo.
(5) O poder de Deus se aperfeiçoa na fraqueza do homem.
(6) Paulo prefere gloriar em Cristo do que receber a glória dos homens.
(7) Uma vez que Paulo aprendeu entender as coisas desta maneira, ele sentia prazer nas fraquezas, injúrias, etc, pois nestes momentos ele viu o poder de Deus com mais nitidez. Veja Tiago 1:3-4.
(8) Quando Paulo era fraco em termos de circunstâncias desta vida, ele se sentiu mais forte por causa da força de Deus na vida dele.
12:11-13
Paulo considerou toda esta "loucura" desnecessária e constrangedora. Os fatos deveriam ter sido evidentes aos coríntios:
(1) Ele não era inferior aos falsos profetas!
(2) Ele apresentou as credenciais do apostolado (milagres) aos coríntios.
(3) O fato que ele não recebeu sustento da igreja dos coríntios não a fez inferior a outras. (Ele pede perdão pela "injustiça" de não ser pesado para eles!)
**Obs. As credenciais do apostolado. Paulo cita seus sinais, prodígios e poderes miraculosos como provas do seu apostolado. Nisso ele nos lembra de um fato freqüentemente ignorado sobre os dons miraculosos na igreja primitiva. Os sinais serviam para confirmar a palavra pregada pelos apóstolos (Marcos 16:20; Hebreus 2:3-4). Hoje, temos a palavra revelada e confirmada nas Escrituras, e não há mais necessidade de sinais (1 Coríntios 13:8-13). Nós não somos apóstolos (testemunhas oculares de Cristo ressuscitado - Atos 1:22; 1 Coríntios 15:8), e não temos as credenciais do apostolado. Graças a Deus, temos um caminho sobremodo excelente, superior a qualquer sinal miraculoso; temos a palavra de Deus que pode salvar almas!
12:14-18
Paulo não pretendia ser "pesado" na próxima visita a Corinto. Ele não foi atrás dos bens, e sim procurou as pessoas. Ele não se interessou pelo dinheiro dos coríntios.
**Obs.: "pela terceira vez" sugere a possibilidade de uma visita por Paulo a Corinto entre a primeira e segunda carta. Veja comentários a esse respeito na introdução (Estudo 1/15).
**Obs.: O motivo do trabalho de Paulo. Este apóstolo não procurava os bens materiais dos cristãos onde ele trabalhava. Não tinha metas de arrecadação, nem demandas salariais. Recebia sustento, sim, mas não aproveitou oportunidades de tomar os bens dos recém-convertidos nas igrejas que ele estabeleceu.
Paulo se gastou no trabalho em prol das almas dos outros irmãos (15).
Voltando a usar um tom de ironia, ele diz que prendeu os coríntios com dolo (16). Assim, ele chama atenção ao fato da sinceridade e falta de qualquer egoísmo no seu trabalho. Nem ele, nem os seus companheiros, tinham explorado os coríntios.
**Obs.: Paulo e outros poderiam ter aproveitado as coletas que foram feitas para ajudar os irmãos necessitados na Judéia, mas não o fizeram. De fato, Paulo fez tudo para evitar qualquer suspeita ou acusação em relação ao dinheiro levado (veja 8:19-24). Como o trabalho dele foi diferente dos negócios ocultos e, às vezes, sujos de algumas igrejas hoje!
12:19-21
Mostrando a sinceridade do seu amor para com os coríntios, Paulo faz mais um apelo incentivando-os a praticar a pureza. Ele não gostaria de encontrá-los praticando pecado.

2 Coríntios 13
13:1-4
Paulo se preparou para visitar Corinto pela terceira vez (veja comentário sobre 12:14 no estudo anterior) e estaria preparado para confrontar os falsos apóstolos com a justiça que a palavra de Deus exige.
Paulo mostrou certeza de que Cristo falava nele, e afirmou a sua fé no poder de Jesus. Jesus morreu na fraqueza mas ressuscitou e vive no poder. Paulo (e qualquer outro) é fraco (veja 12:10), mas vive pelo poder de Deus.
13:5-10
Paulo desafiou os leitores que se examinassem para verificar a sua situação espiritual (5).
**Obs.: O desafio do versículo 5 vale para qualquer cristão. Realmente estamos na fé?
Enquanto Paulo sugeriu a possibilidade que os coríntios fossem reprovados, ele falou com confiança de sua própria posição, e pediu que eles reconhecessem que ele não era reprovado (6).
Paulo continuou orando para que os coríntios fizessem o bem, sem depender da atitude deles em relação a ele (7).
Paulo não faria nada contra a verdade, e se regozijaria se os coríntios fossem, de fato, fortes (8-9).
As correções que Paulo fez por carta tinham o propósito de evitar uma reprovação mais forte na visita a Corinto (10). Se for necessário ser duro, ele o faria com a autoridade que o Senhor lhe concedeu.
13:11-13
Como costumava fazer, Paulo encerrou a carta com algumas saudações para os irmãos. Ele enfatiza:
(1) A união e paz entre irmãos (11)
(2) O amor fraternal (12)
Paulo encerra com uma bênção que inclui as três pessoas divinas: Jesus, o Pai e o Espírito Santo (13).
**Obs.: Algumas Bíblias dividem o versículo 12 em dois (12 e 13), assim dando um total de 14 versículos no capítulo. Outras têm apenas 13 versículos. O conteúdo é o mesmo. Aqui seguimos uma tradução que tem 13 versículos no capítulo.


1º A O S C O R I N T I O S


Autor: 1 Coríntios 1:1 identifica o apóstolo Paulo como o autor do livro de 1 Coríntios.

Quando foi escrito: O livro de 1 Coríntios foi escrito em cerca de 55 dC.

Propósito: O apóstolo Paulo fundou a igreja em Corinto. Poucos anos depois de deixar a igreja, o apóstolo Paulo ouviu alguns relatos preocupantes sobre a igreja de Corinto. Eles estavam cheios de orgulho e tolerando a imoralidade sexual. Os dons espirituais estavam sendo usados indevidamente e havia um crescente mal-entendido das principais doutrinas cristãs. O apóstolo Paulo escreveu sua primeira carta aos Coríntios na tentativa de restaurar a igreja de Corinto à sua fundação: Jesus Cristo.

Versículos-chave: 1 Coríntios 3:3: “Porquanto, havendo entre vós ciúmes e contendas, não é assim que sois carnais e andais segundo o homem?”

1 Coríntios 6:19-20: “Acaso, não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que está em vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por preço. Agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo.”

1 Coríntios 10:31: “Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus.”

1 Coríntios 12:7: “A manifestação do Espírito é concedida a cada um visando a um fim proveitoso.”

1 Coríntios 13:4-7: “O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.”

1 Coríntios 15:3-4: “Antes de tudo, vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras.”

Resumo: A igreja de Corinto estava cheia de divisões. Os crentes de Corinto estavam se dividindo em grupos leais a determinados líderes espirituais (1 Coríntios 1:12; 3:1-6). Paulo exortou os crentes de Corinto a permanecerem unidos por causa da sua devoção a Cristo (1 Coríntios 3:21-23). Muitos na igreja estavam essencialmente aprovando uma relação imoral (1 Coríntios 5:1-2). Paulo ordenou que esse homem perverso fosse expulso da igreja (1 Coríntios 5:13). Os crentes de Corinto estavam processando uns aos outros (1 Coríntios 6:1-2). Paulo ensinou aos coríntios que seria melhor sofrer uma ofensa do que danificar seu testemunho cristão (1 Coríntios 6:3-8).

Paulo deu instruções à igreja de Corinto sobre o casamento e celibato (capítulo 7), comida sacrificada a ídolos (capítulos 8 e 10), a liberdade cristã (capítulo 9), o véu das mulheres (1 Coríntios 11:1-16), a Ceia do Senhor (1 Coríntios 11:17-34), os dons espirituais (capítulos 12-14) e a ressurreição (cap. 15). Paulo organizou o livro de 1 Coríntios para responder a perguntas que os crentes de Corinto tinham feito a ele e para exortá-los sobre a maneira correta de lidar com conduta imprópria e crenças errôneas que tinham previamente aceitado.

Conexões: No capítulo 10 do livro de 1 Coríntios, Paulo usa a história dos israelitas vagando no deserto para ilustrar aos crentes de Corinto a insensatez do abuso da liberdade e do perigo do excesso de confiança. Paulo tinha acabado de advertir os coríntios sobre a sua falta de auto-disciplina (1 Coríntios 9:24-27). Ele então passa a descrever os israelitas que, apesar de ver os milagres e o cuidado de Deus com eles – como a divisão do Mar Vermelho, a provisão milagrosa do maná do céu e da água de uma rocha – abusou da sua liberdade, rebelou-se contra Deus e caíram em imoralidade e idolatria. Paulo exorta a igreja de Corinto a observar o exemplo dos israelitas e evitar a luxúria e imoralidade sexual (vv. 6-8), assim como evitar colocar Cristo à prova e queixar-se (vv. 9-10). Veja Números 11:4, 34, 25:1-9; Êxodo 16:2, 17:2, 7.

Aplicação Prática: Muitos dos problemas e questões com os quais a igreja de Corinto estava lidando ainda estão presentes na igreja de hoje. As igrejas da atualidade ainda lutam com divisões, imoralidade e com o uso dos dons espirituais. O livro de 1 Coríntios poderia muito bem ter sido escrito para a igreja hoje e faríamos bem em prestar atenção às advertências de Paulo e aplicá-las a nós mesmos. Apesar de todas as repreensões e correções, 1 Coríntios traz o nosso foco de volta ao lugar certo -- Cristo. Amor cristão genuíno é a resposta a muitos problemas (capítulo 13). Uma boa compreensão da ressurreição de Cristo, como revelada no capítulo 15, e, por conseguinte, uma adequada compreensão da nossa própria ressurreição, é a cura para o que nos divide e derrota.

1 Coríntios 1:1-31
Problemas em Corinto
Paulo visitou Corinto, uma cidade bem importante no litoral da Grécia, pela primeira vez, durante sua segunda viagem missionária (Atos 18). Ele permaneceu ali durante um ano e meio e, como resultado de seu trabalho, muitos se converteram ao Senhor e uma igreja começou. Depois que ele partiu, Paulo continuou a pensar nos irmãos que tinha ensinado e a orar por eles (1 Coríntios 1:4-5). Ele recebeu várias informações sobre eles através da família de Cloe (1:11), Estéfanas, Fortunato e Acaico (16:17-18) e por carta (7:1). Escreveu-lhes várias vezes, incluindo-se pelo menos uma carta antes de 1 Coríntios (5:9).
A primeira carta aos coríntios ensina, adverte e até repreende quanto a vários problemas e questões que se levantaram na igreja. Desde que o ensinamento de Paulo era o mesmo em todas as igrejas (4:17), ele endereçava a carta tanto à igreja de Deus em Corinto como àqueles que invocam o Senhor em todos os lugares (1:2). Muitos dos problemas que os coríntios enfrentaram nós também enfrentamos; por isso, um estudo cuidadoso dessa carta pode ajudar-nos.
Introdução (1:1-9): Paulo apresenta a si mesmo e aqueles a quem ele estava escrevendo (1:1-2), saúda-os (1:3) e lhes conta sobre suas orações por eles (1:4-9). Ele chama a atenção para o próprio Senhor (note com que frequência Paulo se refere a Deus ou a Jesus) e sobre sua volta. Vários dos temas iniciais de Paulo nos preparam para discussões mais extensas no decorrer do livro: seu apostolado (9:1-18); a coerência da revelação em todos os lugares (4:17; 7:17; 11:16; 14:33-34; 16:1-2); nossa dívida com Deus por tudo o que temos (3:1-9; 4:1-13, etc.), a volta do Senhor (capítulo 15).
Problema de divisão (1:10-17): A família de Cloe disse a Paulo que a igreja estava desenvolvendo um espírito partidário, declarando fidelidade a vários pregadores famosos. Paulo ficou horrorizado. Eles estavam tentando arrancar os membros de Cristo dividindo seu corpo. Paulo insistiu que ele não foi crucificado por eles e que eles não foram batizados no nome dele. De fato, ele se alegrava por ter batizado pessoalmente poucos deles, para que assim não tivessem base para dizer que eram "de Paulo".
Problema de sabedoria humana (1:18-31): A questão da divisão tinha origem num problema mais fundamental: uma exaltação da sabedoria humana, seja a filosofia grega, ou a visão judaica do rei conquistador, que é totalmente contrária ao caminho de Deus. O evangelho apresentando um Messias crucificado parecia absurdo para eles, como se falasse de "gelo frito." Mas Deus intencionalmente escolheu redimir o homem de um modo que o mundo considera loucura, para humilhar os homens. Seu lema é: "Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor" (1:31).

1 Coríntios 2:1-16
Revelação pelo Espírito
Os coríntios exaltavam a sabedoria humana (capítulo 1). Em contraste, Paulo demonstrava que tanto o meio de salvação que Deus escolheu (a crucificação de Cristo 1:18-25) quanto o povo que Deus salvou (1:26-31) contradizem a sabedoria humana. No capítulo 2, Paulo mostra que Deus se revela somente através do Espírito; portanto, a sabedoria dos homens não pode chegar a conhecer Deus nem a aprender sua vontade.
Métodos de ensino (2:1-5): Deus escolheu uma mensagem simples que Paulo proclamou de modo direto. Ele não mostrou eloquência retórica, mas simplesmente declarou Cristo e sua crucificação. Muitos líderes religiosos até hoje procuram projetar uma imagem de ostentosa autoconfiança; Paulo mostrou humildade, sentindo sua inadequação diante da tremenda tarefa de proclamar a vontade do Senhor. Sua recusa a fascinar sua audiência com seu próprio encanto e cultura deixou a fé do povo repousando no Senhor e não nele mesmo.
Sabedoria de Deus (2:6-13): De fato, a salvação de Deus é sábia. Sua sabedoria, contudo, continua desconhecida pela elite do mundo. Desde que a sabedoria de Deus não pode ser descoberta pelo raciocínio humano, nenhum homem pode jamais chegar a entender a vontade de Deus pelo seu próprio entendimento ou pesquisa. Ninguém pode saber o que estou pensando a menos que eu lhe diga. Do mesmo modo, ninguém pode conhecer a mente de Deus fora da revelação que Deus fez aos seus apóstolos através do Espírito. Deus não revelou apenas o conteúdo geral de sua mensagem, mas deu as próprias palavras da Escritura. Assim, podemos chegar, a saber, a vontade de Deus revelada pelo Espírito quando lemos o que os apóstolos e os profetas escreveram no Novo Testamento.
O homem separado da revelação (2:14-16): Paulo contrasta o homem "natural" e o homem "espiritual". O homem "natural" é o que não aceita a revelação de Deus, a Bíblia. Seu horizonte é limitado pelas coisas da vida. Ele não pode conhecer Deus porque é somente através da palavra de Deus que uma pessoa pode chegar a entender qual é sua vontade. O homem "espiritual" ouve as Escrituras e confia no que Deus revelou. Enquanto as pessoas mundanas consideram tolo o homem "espiritual", isso não importa; afinal, foram os sábios deste mundo que crucificaram o próprio Senhor da glória (2:8).
A auto revelação direta de Deus, impossível de ser descoberta pelo engenho do homem, envergonha todas as tentativas de exaltar a sabedoria humana.

1 Coríntios 3:1-23
Cristãos Carnais
Paulo tinha repreendido os coríntios por seguirem os homens e exaltarem a sabedoria mundana. O capítulo três declara a causa radical desses pecados: a carnalidade.
Carnalidade (3:1-4, 18-20): Paulo repreendeu os sintomas da espiritualidade infantil dos coríntios: 
1. Sua alimentação. Eles não podiam tolerar carne forte (isto é, verdades espirituais profundas), somente leite (isto é, os fundamentos). 
2. O ciúme e a discórdia. Os irmãos competiam entre si tentando mostrarem-se superiores uns dos outros.
 3. Sua exaltação de pregadores. Os coríntios tentavam aliar-se com um pregador ou outro, criando partidos rivais.
 4. Seu orgulho. Eles pensavam que eram sábios (3:18), cheios de conhecimento (8:2) e espiritualidade (14:37). Egoísmo e presunção cegavam-nos para suas verdadeiras necessidades espirituais.
Ensinamentos corretivos (3:5-9, 21-23): Paulo enfatiza a posição inferior dos pregadores. Eles eram meros servidores de Deus, mas é ele quem dá o crescimento e que recompensa aos pregadores de acordo com seu trabalho (não de acordo com sua eloquência ou inteligência). Além do mais, ciúme, rivalidade e jactância sinalizam sentimentos de inferioridade. Mas nenhum cristão precisa provar ou "reivindicar" nada porque Deus nos deu todas as coisas em Cristo.
Edifício de Deus (3:10-17): A igreja é o edifício de Deus, composto de Cristo como fundação e aqueles que são trazidos a Cristo como materiais de construção (veja Efésios 2:19-22; 1 Pedro 2:5). Paulo instrui pessoas que fazem três tipos de coisas para o edifício de Deus: lançar a fundação, construir sobre a fundação e destruir o edifício. Àqueles que estão lançando a fundação, ele insiste que Cristo seja o material exclusivo. Desde que a filosofia e a sabedoria mundana são vazias, aqueles que pregam o evangelho precisam pregar aquelas coisas reveladas pelo Senhor. Àqueles que estão construindo sobre a fundação ele encoraja o cuidado. Os construtores trazem vários tipos de pessoas a Cristo. Alguns são duráveis como ouro, prata e pedras preciosas; outros são altamente inflamáveis como madeira, feno e palha. No fogo (isto é, no tempo da tribulação e da tentação) a qualidade destes discípulos se manifesta. Alguns construtores encontram suas "obras" (isto é, convertidos) destruídas pelo fogo da aflição. Ainda que grandemente desapontados, esses mesmos construtores serão salvos desde que pessoalmente resistam ao fogo. Outros construtores regozijam-se grandemente porque aqueles a quem eles ensinaram perseveram na tribulação. Finalmente, aqueles que destroem o edifício com falso ensinamento e com divisão estão ameaçados com julgamento severo pelo Todo-Poderoso.

1 Coríntios 4:1 - 5:13
A Posição de Paulo
A incompreensão do papel dos pregadores era um dos principais problemas dos coríntios. Para corrigi-los, Paulo usou como exemplos a si mesmo e Apolo. Ele discutiu:
Sua relação com Deus (4:1-6): Paulo era um administrador de Deus, incumbido de administrar sua preciosa revelação. Como tal, Deus era o seu juiz. Ele não estava sujeito nem aos irmãos coríntios nem a si mesmo. Uma vez que nenhum ser humano está qualificado para avaliar os servos de Deus, ele não permitia que as críticas o impedissem de cumprir as tarefas dadas por Deus. Uma vez que o homem pode facilmente enganar-se e convencer-se de que está certo, quando não está, ele não tinha confiança em sua própria aprovação. Seu brilho, sucesso, eloquência e popularidade eram insignificantes porque Deus julgaria somente sua fidelidade.
Sua relação com o mundo (4:7-13): Paulo contrastou sua própria aflição com o triunfalismo deles. Enquanto eles se imaginavam ricos e sábios, Paulo era a escória da terra. Com ironia, ele os fez envergonharem-se de seu orgulho: "Que pena que nós, os apóstolos, não sabíamos que a vossa dispensação de glória já tinha começado!" Hoje muitos tentam tornar o cristianismo num meio de buscar a grandeza mundana. Cristo não prometeu sucesso e prosperidade na vida e aqueles que pensam de outra forma devem reler 1 Coríntios 4:7-13.
Sua relação com eles (4:14 - 5:13): Por evangelizar Corinto, Paulo se tornou, em certo sentido, o pai espiritual deles. Ele esperava que o imitassem (como ele imitava a Cristo) e os disciplinava quando necessário. A disciplina de Paulo incluiu instruções especiais a respeito de um homem da congregação que estava vivendo com sua madrasta. A igreja deveria agoniar-se diante desta flagrante desobediência, mas, de fato, estavam orgulhosos de sua tolerância liberal. Paulo reprovou-os firmemente e lhes disse que se reunissem para entregar o homem a Satanás. Ele pretendia que apontassem publicamente o homem como infiel e não mais nas boas graças dos irmãos. Isso mostraria que ele agora estava no reino de Satanás, e não do Senhor. Eles também deveriam deixar de ter vida social com ele. Quando uma igreja tolera membros que se recusam a se arrepender do pecado, o corpo todo rapidamente fica infectado com a corrupção espiritual. A igreja deve identificar publicamente os membros imorais e cada membro deve evitar conviver com eles até que se arrependam.

1 Coríntios 6:1 - 7:40
Moralidade Cristã
Os cristãos, às vezes, falham nos pontos fundamentais da vida espiritual. Os coríntios procederam assim e Paulo escreveu para corrigi-los.
Demandas judiciais (6:1-11): Ainda que os coríntios aceitassem calmamente a gritante imoralidade em seu meio (capítulo 5), eles processavam seus irmãos, junto à justiça, por danos pessoais sem importância. Paulo ficou horrorizado ao ver que os cristãos que julgarão o mundo estavam resolvendo as diferenças entre si em tribunais humanos. Ele proibiu terminantemente os cristãos de processarem os outros cristãos. Ele os aconselhou a indicarem um irmão para arbitrar as disputas, ou melhor, para evitá-las definitivamente sofrendo a injustiça sem se queixarem.
Imoralidade sexual (6:12-20): Os cristãos abusavam de sua "liberdade" em Cristo reivindicando o direito de satisfazerem seus desejos sexuais como desejassem. Mas Paulo argumentou que a imoralidade sexual é inaceitável para um cristão:
1.     Desde que a união sexual envolve a transformação em "uma só carne", a fornicação com efeito afasta o membro do corpo de Cristo que se une a uma meretriz.
2.     Os pecados sexuais são contra nossos próprios corpos. Não existe sexo "ocasional". 
3.     Deus habita no cristão; portanto, nada que seria errado no templo de Deus é justo no corpo do filho de Deus. A fornicação é tão terrível que não devemos parar para negociar com ela. Temos que fugir!
Questões sobre casamento (7:1-40): Os coríntios tinham feito a Paulo diversas perguntas por carta. No capítulo 7, Paulo começou a respondê-las. Eles queriam saber se a pessoa deveria mudar seu estado conjugal quando fosse convertida. Generalizando, Paulo disse que não. Ele ordenou que os casados continuassem casados e que satisfizessem os desejos naturais de seu cônjuge. Ele disse que os que fossem casados com não cristãos não procurassem a separação, mas que permanecessem casados se o par incrédulo quisesse. Ainda que Paulo advertisse as viúvas e as solteiras de que a perseguição iminente poderia complicar suas vidas caso se casassem, ele enfaticamente afirmou que o casamento não era errado para aqueles que o desejassem muito.
O fato de ser um cristão não muda a profissão da pessoa, sua raça nem seu estado civil. Normalmente, quando alguém é chamado, continua no estado em que está. Há exceções claras, certamente. Por exemplo, se a ocupação da pessoa ou o casamento é pecaminosa, é preciso haver mudança. Aqueles que vivem em poligamia, homossexualidade ou adultério têm que separar-se do seu parceiro para servir ao Senhor. Mas se o relacionamento não for pecaminoso, o mesmo permanece quando a pessoa se converte.

1 Coríntios 8:1 - 9:23
Carnes dos Ídolos: Ame a Teu Irmão
Os irmãos no primeiro século debatiam fortemente a questão de comer carne que tinha sido sacrificada aos ídolos. Uma vez que as festas dos ídolos eram ocasiões sociais importantes, a família e os amigos pressionavam os cristãos para assisti-las. Todos sabiam que um servo de Deus não poderia adorar ídolos, mas assistir a um festival de ídolo era outra questão e alguns dos coríntios acreditavam que era correto fazer isso. Paulo dedicou três capítulos a essa questão crucial. Ele começou mostrando como visitar templos de ídolos poderia "ferir" os demais discípulos e, portanto, ser contrário ao princípio de amar uns aos outros.
Respondendo aos argumentos deles (8:1-13): Paulo citou e refutou argumentos dos coríntios que favoreciam o comer carnes dos ídolos.  "Sabemos que todos temos conhecimento" (8:1 NVI). Os coríntios se orgulhavam do conhecimento e sabedoria que possuíam (capítulos 1-4). Paulo respondeu que o amor supera o conhecimento, porque enquanto este ensoberbece, o amor edifica. Para visualizar a diferença, pense numa bolha e num edifício. "Sabemos que o ídolo não significa nada no mundo" (8:4 NVI). O ponto crucial do argumento deles era que não fazia mal assistir a festas de ídolos porque estes não existem. Paulo respondeu dizendo que os ex-idólatras honravam, em seu coração, o ídolo, enquanto assistiam. Finalmente, eles diziam que a comida era indiferente para Deus (8:8). Eles estavam insistindo no seu direito de comer o que lhes agradasse, mas Paulo afirmou que o amor, e não a liberdade deve guiar nossa conduta. O perigo era que o irmão "fraco", induzido pelo exemplo do cristão "forte", entrasse no templo e realmente adorasse o ídolo. Desta forma, este abuso dos "direitos" por parte do irmão forte era capaz de levar o irmão a pecar. Ser culpado de destruir o irmão por quem Cristo morreu é um assunto bem sério.
O exemplo de Paulo (9:1-23): Paulo observou como ele tinha renunciado aos seus "direitos" a favor do evangelho. Ele tinha pleno direito de receber sustento financeiro pela sua pregação, mas se recusava a receber isso deles. Uma vez que ele tinha renunciado ao seu direito de exigir um salário para aliviar a carga deles, certamente eles poderiam renunciar a alguma carne por amor à alma de um irmão fraco. Mais ainda, Paulo renunciou ao seu direito de ser ele mesmo, tornando-se todas as coisas para todos os homens, a fim de que ele pudesse ser mais eficiente no ganhá-los para Cristo. O exemplo de Paulo mostra que nenhuma quantidade de sacrifício próprio é demais. Os coríntios, portanto, deveriam deixar de comer a carne sacrificada aos ídolos por amor aos seus irmãos.

1 Coríntios 9:24 - 11:1
Carnes dos Ídolos: Ame a Deus
Ao escrever sobre as carnes sacrificadas aos ídolos Paulo tinha dois pontos a defender. Ele apresentou o primeiro no capítulo 8 (abstenha-se de carne por amor a teu irmão) e, então, deu duas ilustrações no capítulo 9 (eu renunciei ao meu direito ao sustento financeiro e a ser eu mesmo por amor do evangelho). Ele começou o segundo ponto com ilustrações (o atleta, 9:24-27 e os israelitas, 10:1-13) e, então, fez sua exortação (foge da idolatria 10:14-22).
Exemplos (9:24 - 10:13): Os atletas olímpicos são esforçados, disciplinados e concentrados. Eles forçam seus músculos até o limite e renunciam a prazeres normais em sua busca por uma coroa corruptível, a qual era, naquela época, feita de aipo seco. Não devem os cristãos ser mais esforçados, disciplinados e concentrados em sua busca pela coroa incorruptível no céu?
Os israelitas, no deserto, foram todos abençoados por Deus. Ele guiou a todos, batizou todos no Mar Vermelho e deu a todos alimento e bebida espirituais. Contudo, "a maioria" caiu no deserto. "A maioria" era 603.548 dos 603.550 homens. Todos, menos dois. Por que caíram? Eles festejaram em volta de um bezerro de ouro, cometeram imoralidade sexual associada com idolatria, etc. E por que Deus registrou estes acontecimentos? Não para aqueles que caíram (era muito tarde para eles), mas para nós, de modo que aceitando a advertência possamos evitar o julgamento que eles tiveram.
Fugindo da idolatria (10:14-22): Este é o ponto crucial do argumento de Paulo. Participar da ceia do Senhor une os cristãos a Cristo e aos outros cristãos. Participar do altar une os judeus ao altar e à adoração do Velho Testamento. Portanto, participar de festas idólatras também tem consequências. Paulo não estava ensinando que comer carne oferecida a ídolo une os cristãos a um "deus" imaginário, mas aos demônios que promoviam a idolatria. Não se pode participar da mesa do Senhor e ao mesmo tempo da mesa do ídolo.
Conclusões (10:23—11:1): Paulo finalizou a discussão considerando assuntos práticos. Algumas vezes sobras de carne de ídolo seriam vendidas no atacado ao açougueiro, que as revenderiam como qualquer outra carne. Uma vez que essa carne não foi fisicamente alterada pela cerimônia no templo, um cristão poderia comprá-la sem investigar a sua origem. Ele também poderia partilhar de uma refeição na casa de um vizinho pagão. Mas se fosse chamada a atenção para a carne como tendo vindo de um templo de ídolo, então ele deveria abster-se de comê-la por causa da consciência de outras pessoas. Tudo precisa ser avaliado por dois princípios: A glória de Deus (10:31) e o bem-estar de outros (10:32).

1 Coríntios 11:2-34
Relembrando as Tradições
O cristianismo se apoia num modelo fixo dado a nós pelo Senhor através dos apóstolos. Em geral, os coríntios estavam retendo firmemente as tradições que Paulo lhes havia entregado (2). Mas havia uma área na qual Paulo os repreendeu (17) e relembrou-lhes o ensinamento que lhes havia passado (23).
Liderança (11:2-16): Deus é o cabeça de Cristo, que é o cabeça do homem, que é o cabeça da mulher. Deus, o Criador, tem direito a determinar nossos papéis e devemos respeitar a hierarquia que ele estabeleceu. Sem dar muitos detalhes específicos, Paulo ensinou os homens a não cobrirem as suas cabeças quando oravam ou profetizavam e as mulheres a usarem véus quando oravam e profetizavam. Ele baseava seu apelo na natureza básica dos homens e das mulheres (7-9), nos anjos (10), no comprimento do cabelo dos homens e das mulheres (14-15) e na prática universal das igrejas (16).
A Ceia do Senhor (11:17-34): Os coríntios estavam abusando da ceia do Senhor. As divisões entre eles os levavam a não esperar para partilhar juntos, mas cada um comia o seu próprio alimento logo que possível, nada deixando para os outros. O ambiente era irreverente, e os pobres estavam sendo excluídos. Paulo deu diversas ordens específicas para corrigir a situação. Primeiro de tudo, a ceia do Senhor não era para ser transformada numa refeição comum. As refeições deveriam ser tomadas em casa, mas a ceia do Senhor era uma recordação solene da morte de Cristo. Segundo, ele ordenou que a ceia fosse observada reverentemente meditando na crucificação. Ele advertiu que aqueles que participassem sem uma séria reflexão seriam culpados do próprio corpo e sangue do Senhor. De fato, alguns já tinham sido castigados pelo Senhor porque não estavam participando corretamente. Finalmente, Paulo lhes disse para esperar uns pelos outros antes de começar a tomar a ceia do Senhor. Desse modo todos eles poderiam juntamente comer e recordar do Senhor.
Estes mesmos princípios precisam ser observados hoje. Eventos sociais fazem parte do trabalho do lar, e não da obra da igreja. A obra da igreja local é espiritual. Devemos comemorar a ceia do Senhor com a máxima reverência, dando tempo para pensar sobre o sofrimento e o amor do Senhor e quanto lhe devemos. A ceia deve ser comemorada por toda a congregação ao mesmo tempo. A ceia do Senhor pertence à reunião da igreja, onde o Senhor a colocou.

1 Coríntios 12:1 - 13:13
Dons Espirituais (1)
Os coríntios entenderam mal como os dons espirituais funcionariam por isso Paulo escreveu para corrigir os equívocos deles.

Verdades sobre os dons espirituais

O conteúdo determina a autenticidade dos dons espirituais (12:1-3). No paganismo, a própria experiência era importante; o que era feito não importava. Em Cristo, o teste de cada dom é a mensagem que ele inspira seu possuidor a afirmar.  Uma vez que todos os diversos dons espirituais têm uma mesma fonte (12:4-11) não deveria haver rivalidade, ciúme ou comparação jactanciosa.  Todos os membros do corpo são necessários (12:12-26) porque todos são batizados por um Espírito em um corpo inteiro. Os membros não deveriam sentir-se inferiores ou superiores a outros membros porque Deus pôs cada um no corpo onde lhe agradou e deu a cada um as capacidades que ele quis.  Dons de ensino (apóstolos, profetas, professores) são mais importantes do que os dons espetaculares (milagres, curas, línguas) (12:27-31).  O amor é mais importante do que os dons espirituais (13:1-7). Mesmo que alguém fale línguas angelicais, sem amor isso é inútil. Ainda que se saibam todos os mistérios e todo o conhecimento, sem amor não é nada. Mesmo que se dê tudo aos pobres e seja queimado numa fogueira, sem amor é vazio. ' Os dons espirituais foram temporários (13:8-13). Quando o perfeito (a revelação completa) veio, os dons espirituais acabaram. Como características infantis são descartadas quando a idade adulta é atingida, assim os dons espirituais ficaram obsoletos quando Deus completou a revelação de sua vontade no primeiro século.

Lições para nós

Ainda que os dons espirituais tenham cessado, os princípios que Paulo ensinou são importantes para nossa edificação.  Tudo deverá ser provado pelos critérios de sua concordância com o ensinamento do Senhor Jesus Cristo.  Todas as capacidades vêm de Deus, assim não devemos ser arrogantes pelas nossas.  Cada membro deverá ser valorizado e devemos pensar de nós mesmos como um corpo em Cristo.  O ensinamento é o alicerce de nosso crescimento e função.  Sem amor, todo o nosso serviço espiritual é inútil. ' Devemos prestar cuidadosa atenção à revelação completa que foi produzida pelo uso dos dons espirituais no primeiro século.



1 Coríntios 14:1-40
Dons Espirituais (2)
Os coríntios tinham muitos problemas relacionados com o uso dos dons espirituais. Em resposta, Paulo observou que os dons eram temporários, durando até completar a revelação do Novo Testamento (13:8-13). Ele também lhes disse como usar esses dons durante a era na qual eles ainda estavam em vigor.
 
Tudo para edificação (14:1-19). A meta das reuniões cristãs tinha sido sempre a edificação, o desenvolvimento espiritual dos irmãos. A profecia edificava os coríntios porque ensinava, consolava e exortava. Mas falar em línguas (e., em outras línguas) nos cultos em Corinto não edificava porque somente Deus e a pessoa que falava sabiam o que estava sendo dito. O único modo pelo qual falar em línguas estrangeiras poderia edificar os coríntios era se alguém as traduzisse para a língua que falavam; de outro modo era como uma trombeta soando uma advertência ininteligível, inútil. Paulo não estava "rebaixando" as línguas porque ele não podia falá-las; ele podia. Mas sabia que as reuniões da igreja fortaleceriam os irmãos somente quando os presentes entendessem a linguagem que estava sendo falada.
 
O propósito das línguas (14:20-25). O verdadeiro papel das línguas era servir como um sinal para os incrédulos. Em Atos 2 os apóstolos falaram em línguas e pessoas de várias nações que tinham-se juntado para a festa judia do Pentecostes puderam entendê-los. A súbita capacidade dos apóstolos para falar línguas estrangeiras maravilhou a multidão e levou à conversão de 3000 em um só dia. Corinto não tinha milhares de pessoas de outras nações reunidas para uma festa. Quando os irmãos falaram em línguas estrangeiras ali, isso soava como algaravia. E pior, falavam todos ao mesmo tempo, compondo a confusão. Do modo como os coríntios estavam abusando das línguas, seria mais provável alguém ser convertido pela profecia (que era realmente para os crentes) do que pelas línguas.
 
Instruções especiais (14:26-40). Paulo deu regras minuciosas para o uso dos dons espirituais, regras que são quase sempre ignoradas por aqueles que declaram ter estes dons hoje em dia. Somente dois ou três oradores em línguas ou profetas deveriam falar em cada reunião. Cada um tinha que falar na sua vez. Nos cultos, nunca deveria ter diversas pessoas falando ao mesmo tempo. Nenhuma mulher deveria falar alto nas assembleias da igreja. O culto inteiro tinha que ser conduzido com decência e ordem. Os princípios por trás destas regras aplicam-se na adoração de hoje, também.



1 Coríntios 15:1-58
A Ressurreição
Alguns mestres ensinavam que não havia ressurreição dos mortos. Para refutar esta falsa doutrina, Paulo primeiro estabeleceu uma base comum com seus leitores, afirmando a ressurreição de Cristo. A evidência da ressurreição de Cristo é esmagadora. Não há confirmação mais forte de um evento histórico do que testemunho ocular. No caso de Jesus, mais de quinhentas pessoas viram Jesus vivo depois que ressurgiu. Sua ressurreição não pode ser razoavelmente negada, e assim prova que há ressurreição dos mortos.
Consequências da ressurreição de Cristo (15:12-28). Cristo ou foi ressuscitado ou não. Se não foi, então a pregação apostólica foi em vão, porque acusavam Deus de algo que ele não tinha feito, e a fé é vã porque se apoia na ressurreição de Cristo. Se Cristo foi ressuscitado então todos os crentes serão ressuscitados com ele. Cristo foi os primeiro fruto, um sinal e uma garantia de farta colheita. Observe o raciocínio de Paulo: a meta máxima de Deus para o universo é que Cristo retorne o governo a Deus depois de derrotar todos os inimigos. O último inimigo a ser derrotado é a morte, a qual Cristo venceria pela ressurreição. Sem a ressurreição, Cristo não venceria o último inimigo. Ele não retornaria o reino a Deus, que não seria o supremo rei. A negação da ressurreição frustra todo o plano de Deus para o universo.

Se não há ressurreição (15:29-34). , o batismo não tem sentido. Se for assim, aqueles que estavam sendo batizados acreditando na ressurreição estavam apenas sendo batizados para os mortos, para a sepultura. O sofrimento de Paulo e as escapadas por um triz da morte foram absurdas se esta vida é tudo o que existe. De fato, se não há ressurreição, deveríamos viver intensamente aqui, porque amanhã morreremos.
Como são ressuscitados os mortos? (15:35-58). Os oponentes de Paulo objetaram contra a ressurreição porque não podiam imaginar como poderia acontecer. Paulo explicou a ressurreição por analogia. Enterrar um corpo é como plantar uma semente, porque a planta brota da semente, mas não se parece com ela. O corpo ressurgido sai do corpo enterrado, mas não se parece com ele. Deus tem muita experiência em preparar corpos adequados, por isso será capaz de providenciar facilmente um corpo adaptado a nossa existência eterna. Quando Cristo retornar, os mortos serão ressuscitados com corpos glorificados, os vivos serão mudados instantaneamente e todos serão levados ao grande julgamento do trono de Deus. A promessa de ressurreição deve motivar todos a perseverar e abundar no Senhor.

1 Coríntios 16:1-24
Instruções Finais
Ao concluir 1 Coríntios, Paulo deu várias instruções.
 
Coleta (16:1-4). Muitos textos relatam a coleta que Paulo dirigiu para os cristãos pobres de Jerusalém (2 Coríntios 8-9; Romanos 15:22-33; Atos 24:17). Esta coleta ilustra princípios importantes: 
1.     O Novo Testamento é um projeto para todas as igrejas. As diretrizes que Paulo tinha dado às igrejas da Galácia e mais tarde daria às igrejas da Macedônia (2 Coríntios 8:1-5) eram as mesmas que ele estava dando a Corinto. Havia uniformidade de doutrina e prática entre os irmãos primitivos (1 Coríntios 4:17) que era um reflexo da unidade do próprio Deus (Efésios 4:4-6).
2.      A doação deveria ser semanal. Paulo acertou o domingo como o dia em que os cristãos devem contribuir para a caixa comum.

3.      A contribuição deve ser de acordo com a prosperidade da pessoa. O Novo Testamento não tem nenhuma declaração da quantidade exata ou porcentagem a ser dada. Quanto mais prosperamos por Deus, tanto mais devemos dar.
 
Visitas (16:5-12,15-18). Paulo planejou ficar em Éfeso até o Pentecostes e então esperava visitar Corinto e passar o inverno com os irmãos de lá. Ele reconhecia que estes planos dependiam de Deus (7). Muitos adversários confrontaram Paulo em Éfeso (9), mas ele não os viu como um sinal de que não estava fazendo a vontade de Deus. Além do mais, o evangelho costuma provocar oposição. Timóteo provavelmente visitaria Corinto também e Paulo queria que o respeitassem (10-11). Apolo, apesar do forte encorajamento de Paulo, decidiu não ir ainda. Estéfanas e dois outros irmãos saíram de Corinto para visitar Paulo e passaram algum tempo ajudando-o. Agora estavam retornando a Corinto. O trabalho duro destes homens deveria merecer o respeito e a cooperação de todos os irmãos.
 
Várias exortações (16:13-14,19-24). Paulo podia juntar muitas coisas num pequeno espaço. As exortações dos versículos 13 e 14 podem ser lidas em segundos, mas exigem trabalho real para se aplicarem. Ele os encorajou a estarem alertas e vigilantes, permanecerem firmemente no Senhor, a serem corajosos, fortes, e amarem sempre. Ele também queria que os coríntios saudassem uns aos outros afetuosamente e enviou suas saudações a eles. O próprio Paulo escreveu a saudação final (compare 2 Tessalonicenses 3:17; Gálatas 6:11; Colossenses 4:18; Romanos 16:22; Filemom 19). 1 Coríntios começa e termina com o Senhor. Jesus é mencionado em cada um dos primeiros 10 versículos do livro e também nos últimos três.