A história
real começa com o Livro de Samuel, e com Samuel termina o longo período de
governo dos Juízes. Quando ele subiu ao poder, o povo encontrava-se em estado
lastimável. Haviam praticamente rejeitado a Deus e passaram a clamar por um rei
terreno (I Sam. 8.4-7). Este livro começa o período de quinhentos anos de reis
em Israel, aproximadamente (1095-586 A.C).
Samuel é o último dos Juízes (I Sam.1.1 – 7.17), e a ele coube o papel
de ungir o primeiro Rei de Israel (I Sam.7.15-17, 10.1). A sua biografia está no chamado 1º Livro de Samuel
e há nesse livro, paralelamente a biografia de Saul, e parcialmente, a
biografia de Davi, que prossegue no 2º Livro de Samuel.
Distribuição
dos Capítulos:
1-3 – Até o chamado de Saul, 4-8 – Até o
pedido de um rei, 9-12 – Até Samuel resignar o cargo, 13-15 – Até a separação
entre Samuel e Saul, 16-20 – Da unção de Davi até seu pacto com Jônatas, 21-27 –
Peregrinações de Davi, 28-31 – Decadência final de Saul. I Crônicas 1-10 –
Genealogia até sua época.
SAMUEL –
“pedido a Deus, ou ouvir de Deus! ”, este é o significado do seu nome. Filho de
Elcana e de Ana. Antes de seu nascimento foi Samuel consagrado ao Senhor como
nazireu, promessa cumprida em (Sam. 1.24 a 28). “O menino serviu ao Senhor perante
o sacerdote Eli” (Sam. 2.11-19), usava a estola sacerdotal de linho branco, e
todos os anos sua mãe o visitava trazendo-lhe uma pequena túnica. Finéias e Hofni filhos de Eli se comportavam
mal, sendo censurados pelo idoso pai, então veio a Palavra do Senhor a Samuel
anunciando que ia ser afligida a casa de Eli (I Sam. 3.11-14). Passados anos, já encontramos Samuel exercendo
o alto cargo de juiz e Governador. A
Arca tinha voltado da terra dos Filisteus, e os Israelitas, exortados por
Samuel, puseram fora do seu culto a Balaim e Astarote, servindo somente ao
Senhor. E para comemorar essa vitória Samuel levanta um monumento a Ebenézer,
que ficava em Ramá, porém na qualidade de Juiz julgava a Israel em “Betel,
Gilgal, e Mispa” (I Sam. 7). Depois de um longo intervalo reaparece Samuel já
ancião, nomeando os seus dois filhos, Joel e Abias, administradores da justiça
em seu lugar, (I Sam. 8.11). Dirigido
por Deus ungiu a Saul Rei de Israel e intimou o povo a comparecer em Mispa para
escolher o seu dominador, avisando os
Israelitas a respeito de seus deveres para com o Senhor, e prometeu sua
intercessão a favor deles (I Sam.12). Quando Saul pecou foi Samuel quem lhe fez
conhecer a censura divina e depois de rejeitado ungiu a Davi seu sucessor (I Sam.13.11-15, 16.1-13, I Cron.
11.3). Parece que Samuel ficou sempre em
exercício de seu cargo de Juiz, apesar da nomeação de um rei. Sua posição entre os Israelitas, é
manifestada mais tarde nas referencia à sua personalidade e obra. Morreu
lamentado por todo Israel, sendo sepultado em Ramá (I Sam.25.1, 28.3).
O livro
começa com a narrativa de Ana, mãe de Samuel, orando para ter um filho a quem
Deus usasse. Samuel, o último dos Juízes foi a resposta de Deus à oração de
Ana. Eli, o sacerdote, julgou-a bêbada,
e mal sabia que ali estava um coração aflito que mostrou sua alma angustiada a
Deus. Ana recebeu a bênção do filho e dedicou-o ao serviço de Deus, pelo qual
mais tarde se tornou um grande Juiz, Sacerdote e Profeta de Deus.
Isto foi uma
provisão de Deus, pois o povo estava tão perdido, que até mesmo os sacerdotes
descuidaram das coisas divinas, deixando o cuidado da família e deixando de ser
piedosos para com o povo. Foi nos temerosos e agitados dias de Israel que
ouvimos a oração de fé dos lábios de Ana, a mulher simples que tinha confiança
em Deus e ao nascer Samuel, o trouxe ao tabernáculo em Silo e ali, Samuel foi
protegido e cresceu um menino dedicado e temente a Deus. (I Sam.1.24-28;
2.12-26; 3.1-21).
Nesta
ocasião EIí, era Juiz e Sacerdote: governara quarenta anos. Foi, porém, indulgente
e como resultado disso, os dois filhos Hofni e Finéias, também sacerdotes,
procederam de maneira desonrosa, trazendo com isso a corrupção moral e Deus advertiu
a Elí sobre a queda de sua casa e finalmente a catástrofe sobreveio, pelo
desastre registrado em (I Sam.4). Os Filisteus haviam enfrentado Israel e tinham
levado a Arca, a qual era o símbolo da presença de Deus e mortos foram os
filhos de Elí, e este agora ancião aos 98 anos que ao saber da notícia, também
morreu. A tomada da Arca caracterizava o
desamparo de Deus e o castigo pela iniquidade. (I Sam. 5.1-2).
A Arca fora
levada pelos Filisteus sendo Samuel ainda criança, e desde então a cidade de Silo
deixou de ter grande importância. (I Sam. 4.3,11). Sob o domínio dos Filisteus,
Israel não tinha mais um lugar definido de adoração. Samuel tornou-se adulto e
assumiu a direção daquilo para o que nascera e exorta o povo ao arrependimento,
e este lhe pede um rei. As tribos independentes iriam agora constitui-se em uma
nação e para poder sobreviver entre outras nações fortes, Israel precisava
tornar-se também forte. O próprio Samuel fica decepcionado, pois o povo estava rejeitando
que Deus governasse sobre eles. Samuel estava despertando o povo para as
grandes realidades espirituais, mas pediram um rei porque os outros povos
também o tinham. Israel queria ser como as demais nações, ter um rei e a sua
visão era superficial, viam numa monarquia uma estabilidade com direitos
hereditários, mas ao pedirem um rei rejeitavam a Deus, e Deus não queria que
seu povo ficasse independente Dele. Nunca foi a intenção de Deus que Israel
tivesse outro rei, e por causa de sua apostasia Israel tomou este rumo, de ser
igual às outras nações.
Inicia-se no
Cap. 9 a biografia de Saul, que era alto, cuja cabeça estava acima dos ombros
de outras pessoas. Um homem fisicamente notável. Saíra da casa do pai em busca
de jumentas perdidas, e depois de ter procurado mais de um dia retorna para
casa, pois o pai agora, em vez de estar preocupado com as jumentas, estaria
preocupado com o próprio filho. O encontro entre Samuel e Saul assinala a unção
deste, e Saul embora ungido, não tinha o reconhecimento do povo, e só passou a
ser reconhecido pelo povo depois de defender Israel do ataque dos Amonitas, e passou a ser aclamado por seu considerável
reconhecimento de que era líder militar, realizando uma importante tarefa de
libertação (I Sam. 11.15).
Saul, o
primeiro rei, foi um fracasso. Era formoso de aspecto, alto e de porte nobre.
Começou de maneira esplêndida. Revelou-se hábil chefe militar. Derrotou os
inimigos Filisteus, os Amalequitas, os Amonitas. A princípio mostrou um espírito de humildade,
mas vemo-lo depois orgulhoso e desobediente a Deus. Nenhum homem teve maiores
oportunidades que ele e nenhum homem se revelou maior fracassado. Ele teve dons e privilégios admiráveis, mas
seu orgulho e desobediência a Deus o levou ao fracasso total. Enquanto Saul era obediente, Deus estava com
ele, mas a partir do Cap. 15, Saul se
mostra um homem arrogante e desobediente, fazendo com que o castigo venha sobre
seu trono.
As funções
de um Sacerdote, de um Profeta e de um Rei, era capital e de modo que o Rei não
podia exercer as funções sacerdotais e nem um sacerdote exercer as funções de
um rei, no entanto Saul foi desobediente a tal ponto, violando os princípios
divinos, como fazer sacrifícios por conta própria. “Violentei-me e ofereci
holocausto”, com as desculpas de que Samuel estava demorando. Foi precipitado,
fato este ocorrido durante a guerra contra os amalequitas. Saul se torna
desobediente ao ponto de separar-se de Samuel, violando as barreiras, exercendo
a função de sacerdote e foi severamente repreendido por este feito. Saul se revela um homem fútil e ao invés de
obedecer a Deus, obedece aos interesses do povo. “Tem porventura o senhor
prazer em holocaustos e sacrifícios, ou em que obedeça a Sua Palavra”. Saul
tinha realizado sacrifícios que não era de sua competência oferecer. Saul tinha
que praticar a obediência real, e isto era importante para Deus, e ele não
soube dar importância ao seu reino e isto fez com que sua carreira se tornasse
cada vez mais desastrosa, ao ponto de Samuel rasgar suas vestes, profetizando
que Deus rasgaria seu reino. (I Sam. 15.27-28).
Nos
capítulos 16 aos 30 deste Livro é descritas duas biografias distintas: A de
Saul que narra um declínio espiritual e a de Davi que mostra totalmente o
contrário. Com o surgimento de Davi as
referências a Saul vão diminuindo, e Deus começa a preparar Davi para assumir o
seu lugar no trono. Davi era filho de
Jessé, bisneto de Rute e Boaz, nasceu em Belém. Era o caçula de oito irmãos e aos dezoito anos
Deus mandou Samuel ungi-lo como sucessor de Saul, e quando Samuel vai a casa
deste, rejeita a todos os filhos mais velhos pois Davi estava apascentando as
ovelhas de seu pai, com seus feitos de bravura e coragem ao defende-las de
animais selvagens. Todos os outros seus irmãos eram de bela aparência, mas para
Deus o que interessa é o nosso interior, o nosso coração. É ungido rei o menor, “ruivo e de gentil
aspecto”. Davi foi ungido rei ainda menino, ainda não preparado para o trono de
Israel.
Davi, “a
menina dos olhos de Deus”, foi um dos maiores vultos de todos os tempos, e sua
contribuição foi grande para a história de Israel, tanto espiritual como
nacional.
Neste Livro o vemos como pastor, músico, escudeiro, capitão, genro do
rei, autor de Salmos e fugitivo. Por
três vezes foi ungido Rei e foi o fundador da linhagem real, da qual surgiria o
Rei dos reis. Como harpista, a fama de Davi chegara ao Rei Saul e sua
melancolia fez com que o rei o chamasse para tocar no palácio afim de espantar
suas tristezas e amarguras.
Segue-se o
incidente na luta com Golias, e Davi o enfrenta destemido, empresta a armadura
de Saul, mas logo em seguida a tira por causa do seu peso e prefere enfrentar
Golias apenas com sua funda, arma que sempre usara nas ocasiões onde pastoreava
as ovelhas de seu pai. E através dessa arma obteve uma vitória estrondosa
matando o gigante Golias diante de todo Israel causando grande fama em toda a
terra. As mulheres começaram a cantar que Saul tinha matado milhares, mas Davi
dezena de milhares. E então se desencadeou na alma de Saul tremendo ciúme. Seu
coração começou a alimentar inveja de Davi e de seus feitos, o qual se tornou
seu grande inimigo desejando sua morte para não perder seu trono.
Uma das mais
encantadoras histórias de verdadeira amizade vamos encontrar na que existia
entre Davi e Jônatas, o filho do Rei Saul, que mais tarde o ajuda contra as
perseguições de seu pai contra Davi. Ao ser promovido a um alto posto no
comando do exército, o grande triunfo de Davi despertou ciúme em Saul, que
determinou mata-lo e por cinco vezes tentou tirar sua vida, mas Deus, porém o
livrou. (I Sam. 19.10, 15,20).
Saul deu sua
filha Mical a Davi, em troca de que lutasse por ele. Pensando em talvez
morresse pelos inimigos nas guerras. Saul perseguiu a Davi, por causa de sua
amizade com Jônatas, e teve que viver como fugitivo para não morrer. (I Sam.
20.1-2). Apesar de várias vezes Davi ter a chance de tirar a vida de Saul, não
o fez, pois temia a Deus, pois Saul ainda era o Rei, o protegido de Deus e sabia
que a seu tempo herdaria o trono de Israel. (I Sam. 24.4-6).
Após a morte
do Profeta Samuel, Saul caiu no abandono, se desespera e sai à procura de uma
feiticeira, consultando-a, pois, queria falar com o “espírito” de Samuel, fato
este que é castigado por Deus decretando sua morte por sua própria espada. Saul
morreu no campo de batalha por suas próprias mãos. As vantagens e oportunidades
na mocidade jamais asseguram bom êxito na idade madura. O indivíduo tem que ser
fiel a Deus. A ruína de Saul não foi tanta
questão de desobediência (I Sam 15). Caiu vítima do ciúme e do orgulho.
O primeiro
Livro de Samuel termina com a morte de Saul e em I Crônicas, capítulos 1 ao 10
temos uma série de genealogias. Genealogia de Adão até Noé, Genealogia de Noé e
seus descendentes, genealogia dos descendentes de Davi, genealogia dos
descendentes de Judá.... Uma coletânea de genealogias! As genealogias vão
exatamente até Saul e o capítulo 10 faz uma referência à morte de Saul. Daí em diante vai nos trazer também uma
biografia de Davi, onde anualizaremos melhor no Livro de 2º Samuel e no 1º
Livro de Crônicas onde estão narrados a vida de Davi como o Rei Ungido de
Israel, segundo o coração de Deus.