O
QUE A BÍBLIA DIZ SOBRE O MILÊNIO?
Uma curta visão sobre o reino de mil anos surpreendente de
paz que Cristo estabelecerá no fim dos tempos.
A profecia dada no livro de Apocalipse fala sobre todos os
tipos de pragas terríveis e tribulações que vão cair sobre a terra no fim dos
tempos. A ira de Deus será derramada sobre os servos de Satanás em abundância
em um evento conhecido como a Grande Tribulação. Esta é a culminação natural do
desenvolvimento do pecado sobre a terra
Mas no final de tudo isso Jesus Cristo voltará com os
exércitos do céu e eles vão começar uma época gloriosa da cura na terra. Este é
o início dos mil anos era de paz conhecido como o Milênio
O
que é o Milênio?
O Milênio é um tempo de paz e harmonia na Terra quando Jesus
e os santos hão de governar com justiça. É um momento em que todos os erros
serão colocados à direita e todos os males serão limpos da terra. Isaías 65:
20-25 contém uma descrição mais completa da maravilha e da harmonia que vai
caracterizar este tempo. A palavra “Milênio” não se encontra na Bíblia, mas sim
a expressão “mil anos”, contudo é usada seis vezes em Ap. 20:1-7. É o período
após o retorno de Cristo em que os justos reinarão com Ele na terra.
Ninguém vai explorar o outro, ninguém vai roubar ou
assassinar. Toda a terra será governada por Cristo, sua noiva e os mártires.
(Apocalipse 20: 4). Vai ser um governo justo, como sempre Deus pretendeu que a
Terra fosse. Um refúgio de paz, de justiça e alegria. A criação, em completa
harmonia com o seu Criador.
As pessoas vão viver vidas muito mais longas do que eles
fazem agora. (Isaías 65:20) Mesmo os animais vão parar de matar uns aos outros
e mudar seu modo alimentar, passarão a comer grama e plantas. (Isaías 65:25)
Será que vai haver pecado durante o Milênio?
Apesar de tudo isso a natureza pecaminosa que é inerente a
toda a humanidade não terá mudado. As pessoas ainda vão nascer com uma carne em
que não habita bem algum. (Romanos 7:18) A possibilidade de as pessoas a
escolher o pecado ainda estará lá, o livre arbítrio.
Satanás será amarrado durante este tempo (Apocalipse 20: 2),
ele não será capaz de exercer a sua influência externa sobre as pessoas.
Portanto o pecado deixará de existir se assim o desejarem, pois será muito mais
fácil para as pessoas escolher servir a Deus e viver uma vida justa quando
cercadas por essa mesma justiça em todas as frentes. Quando há igualdade e
justiça, há misericórdia, a paciência e humildade em todos, ao invés de guerra
e da fome e da tirania e injustiça.
Aqueles que, no entanto, optar por viver uma vida pecaminosa
e ceder ao seu próprio orgulho e egoísmo durante este tempo, vai morrer cedo.
Leis de Deus ainda se aplica e ninguém será capaz de fugir com pecado
despercebido (Isaías 65:20).
Jesus,
a noiva, e os mártires
Jesus e Sua noiva, junto com os mártires mortos durante a
Grande Tribulação estarão governando a terra. Estes são servos mais confiáveis
de Deus. Jesus, que foi julgado em todos os pontos, mas sem pecado, tem
autoridade absoluta sobre todo o pecado e injustiça.
Aqueles que estão com noiva de Cristo também venceram o
pecado em suas vidas. Eles também têm autoridade para julgar e governar com
justiça, e eles ensinará e pregará a justiça em todo o seu tempo na terra. Deus
testou-lhes e eles foram purificados pelo fogo, da mesma forma como Jesus.
Jesus e Sua noiva vão secar as lágrimas e trazer alegria e paz para as pessoas.
Mas eles não terão mais suas próprias lágrimas, porque eles já estão cheios de
bondade e alegria de Deus.
Os mártires da Grande Tribulação também foram testados e também
estarão juntos para governar durante o milênio, pois eles também deram suas
vidas a Deus, embora de uma forma diferente do que a noiva. (Apocalipse 20:
4-6). Todos estes irão trabalhar em conjunto para assegurar que o mundo cresça
em paz, harmonia, justiça e piedade durante o Milênio.
Depois
do Milênio
Mesmo que o Milênio seja um tempo vivido em paz e justiça,
mas não é o objetivo final de Deus para a Sua criação. Satanás foi preso, mas
não completamente erradicado. E, apesar da admiração e harmonia na Terra, ainda
não é perfeita aos olhos de Deus, porque ela carrega a mancha do pecado eterno.
No final do Milênio Satanás será solto de suas correntes por
um curto período de tempo, embora não esteja claro exatamente quanto tempo este
é. Esta é a sua última chance de enganar todas as nações e levar as pessoas a
segui-lo. Incrivelmente, ele vai reunir número suficiente de pessoas de todo o
mundo para criar um exército, e eles vão cercar Jerusalém novamente, em uma
última tentativa desesperada para assumir a criação de Deus.
Mas agora é finalmente o suficiente, e tempo de Satanás é
chegado. Deus enviará fogo do céu para devorá-los. O diabo vai finalmente ser
lançado no lago de fogo e enxofre, onde está a besta e o Anticristo, e serão
atormentados lá para sempre. (Apocalipse 20: 7-10). Isto marca o fim do Milênio
é o último evento antes do julgamento final tomar lugar.
As principais interpretações sobre o Milênio
Como já dissemos, existem quatro interpretações principais
sobre o Milênio. Basicamente os pontos discutidos em tais interpretações são os
seguintes:
·
Quando o Milênio ocorrerá? Antes ou depois da
Segunda Vinda de Cristo?
·
O Reino Milenar deve ser entendido de forma
literal e física, ou simbólica e espiritual?
·
Quem são os indivíduos citados em Apocalipse 20
que participam do Milênio?
·
Como será o reinado de mil anos com Jesus?
Haverá pessoas nascendo e morrendo? Haverá morte?
·
Como a morte pode existir onde Jesus governa? As
pessoas que nascem neste tempo já estão salvas? Não haverá pecado?
As quatro posições que se
propõem a tentar responder tais questionamentos são: Amilenismo, Pós-Milenismo,
Pré-Milenismo Histórico e Pré-Milenismo Dispensacionalista.
O Amilenismo e o Milênio
Embora o termo Amilenismo transmita uma ideia de que não
exista um milênio, não é isso o que essa corrente escatológica defende. O
Amilenismo entende sim que há um Milênio descrito no capítulo 20 do Apocalipse,
entretanto não o interpretam como um reino literal de mil anos com Cristo
governando sobre a terra após a sua vinda. O
Amilenismo defende que o Milênio já foi iniciado na primeira vinda de Cristo, e
terminará com a Sua segunda vinda, quando haverá a ressurreição geral dos
mortos, o Juízo Final e o estabelecimento do novo céu e da nova terra. No
Amilenismo, o Milênio ocorre com o reinado dos santos com Cristo nos céus,
conectado com a expansão da Igreja e o avanço do Evangelho na terra.
Eles afirmam que existem apenas duas eras: “Era Presente e
Era Vindoura” – sem estado intermediário de mil anos. O reino de Deus não tem
duração de mil anos, ele é eterno. Cristo veio cumprir o AT e foi ungido rei
(Dn.2), Jesus é a pedra cortada sem auxílio de mãos, sem a interferência humana
e estabeleceu o seu reino com a sua vinda aqui presente (“é chegado o reino dos
céus”, “dou autoridades a todos vocês” “vi satanás cair como relâmpago do céu”
e quando subiu ao céu disse: “todo poder me é dado no céu e na terra”. Jesus já
está entronizado ao lado de Deus todo poderoso. Nós já estamos ressuscitados
espiritualmente e temos uma posição privilegiada com Cristo em seu reino
(Ef.2:6). Sobre esta pedra edificarei a minha igreja “nós” e as portas do
inferno não prevalecerá contra ela (Mc 16) “ide”. ³O reino de Deus está em
processo e não vem de aparências, é algo espiritual. O reino de Deus não virá
na segunda vinda de Cristo, mas já está no meio de nós. “o que ligarmos na
terra será ligado no ceu”. Os amilenistas não acreditam que terá um milênio na
terra, mas apenas o Reino Eterno. O reino de Deus não é deste mundo, não vem
com aparência física. O reino de Deus é aqui/agora, influenciado pela igreja. I
Cor.15:16 – É necessário que Jesus Cristo reine para que seus inimigos fiquem
debaixo de seus pés (reino gradativo até que a morte seja extinguida). A morte
será destruída por ocasião da 2ª vinda de Cristo e não terá lugar a partir de
então na eternidade.
O
¹Pós-Milenismo e o Milênio
O Pós-Milenismo, como o próprio nome sugere, entende que o
Milênio também ocorrerá antes da segunda vinda de Cristo, porém, ao contrário
do Amilenismo. O Pós-Milenismo entende que o
Milênio será um período de grande paz e prosperidade resultante da pregação do
Evangelho em todo mundo. Logo, para o Pós-Milenismo o mundo tende a
melhorar antes da volta de Cristo, de modo que o Milênio será caracterizado
pela maioria dos habitantes da terra respeitando a Palavra de Deus, numa
espécie de cristianização do mundo. Após esse período, Satanás será solto e
Cristo o destruirá em Sua segunda vinda, condenando-o eternamente.
O ²Pré-Milenismo Histórico e o Milênio
O Pré-Milenismo Histórico defende um reino literal de Cristo
na terra durante mil anos que será iniciado com a Sua segunda-vinda.
Como será o reinado de mil anos
com Jesus? Haverá pessoas nascendo e morrendo? Haverá morte? Como a morte pode
existir onde Jesus governa? As pessoas que nascem neste tempo já estão salvas?
Não haverá pecado?
Para o Pré-Milenismo Histórico, Cristo governará a partir de
Jerusalém e será um período sem igual na terra. No final do Milênio, Satanás
estará solto e enganará as nações influenciando-as a guerrearem contra
Jerusalém e o governo de Cristo. Então, Jesus destruirá as nações rebeldes
juntamente com Satanás, lançando-os em condenação eterna. Após isso, haverá
o Juízo Final e o início do estado eterno.
Jesus reina por mil anos em
Jerusalém e depois inaugura o Estado eterno por meio de um Juízo Final. Será um
governo literal de mil anos antes de Jesus Cristo entregar o Reino a Deus
Pai. Jesus em seu governo levantará o tabernáculo caído de Davi
(Atos 15:14, II Sam. 7:28), promessas dadas a descendência perpétua ao Trono de
Davi. Estabelecerá o reino de mil anos restaurando todas as coisas antes de
entregar para Deus (Atos 15:24-28). Jesus estabelece seu reino encerrando assim
a sequência dos reinos humanos da terra (Daniel 2:34-35 – império da Babilônia
ao império Romano), “encheu a terra” alcance total do milênio. Prenderá Satanás
por mil anos e Cristo reinará para restaurar a terra. O milênio é uma
necessidade da natureza terrena e humana (Rom.8:18-19).
No Milênio as pessoas nascerão e morrerão (terão vida longa,
reprodução e morte – Zac.8). O diabo será eliminado primeiro e depois a morte.
A morte existirá para aqueles que sobreviveram a Tribulação (restauração). A
vida e a morte existirão no milênio, mas a maldição deixará de existir, pois a
terra estará sendo restaurada enquanto satanás estará preso. A vida em Cristo é
benção no milênio.
No milênio Jesus irá provar àqueles que nascerem neste
período a (fidelidade). Após soltar Satanás, este formará um bloco contra
Cristo (Ap.20:5-6). Satanás ainda conseguirá juntar muitos contra Cristo, mas
será finalmente destruído e após isso será estabelecido o Trono Branco
(julgamento), e por fim o reino será entregue a Deus. No milênio satanás
insultará e enganará as nações que não conheceram o pecado como fez no Éden. As
pessoas não o conheceram e da mesma forma em que agiu no início da criação,
enganará a muitos assim como fez também com os anjos do céu.
O ³Pré-Milenismo Dispensacionalista e o Milênio
Também defende que o Milênio será literal na terra, e
começara após a segunda fase da segunda vinda de Cristo. “²Diferente do Pré-Milenismo Histórico, essa posição
estabelece um tratamento completamente distinto entre Israel e Igreja, ou
seja, Deus possui dois propósitos: um com relação à terra e ao povo de Israel,
e outro relacionado com o céu e a Igreja.
Para os Pré-Milenistas Dispensacionalistas, Jesus em
Sua primeira vinda tentou estabelecer o Reino de Deus na terra, porém foi
rejeitado pelos judeus. Então, Deus adiou esse plano e começou a tratar com a
Igreja. “Somente após finalizar seus propósitos com a Igreja é que Ele retomará
Seu plano para com Israel, e isso ocorrerá principalmente no Milênio, onde as
promessas do Antigo Testamento serão cumpridas literalmente na restauração e
exaltação de Jerusalém e do povo judeu sob todo o mundo gentio”.
Nessa posição escatológica, o Milênio durará mil anos
literais, e Jesus estará governando visivelmente num trono em Jerusalém, e será
um momento de grande paz e prosperidade sobre a terra. As nações adorarão a
Deus em um Templo reconstruído em Jerusalém, onde também haverá novamente a
oferta de sacrifícios de animais, porém não serão ofertas propiciatórias, mas
ofertas memoriais em referência à morte de Cristo pela humanidade.
As pessoas viverão normalmente nessa terra maravilhosa,
haverá nascimentos e mortes, já que o pecado e a morte ainda não estarão
extintos como ocorrerá no novo céu e na nova terra. Entretanto, o mal será
amplamente restringido com a prisão de Satanás.
Durante esse reinado, a Igreja dos santos ressurretos estará
habitando a Nova Jerusalém, uma cidade celestial que estará pairando nos ares
sobre a terra, e, em ocasiões especificas, os crentes poderão descer à
terra para participarem de alguns julgamentos ao lado de Cristo.
No final desse período Satanás será solto, enganará as
nações e fará uma guerra final contra “o acampamento dos santos“, e Cristo
então os derrotará definitivamente. Depois disso haverá o julgamento perante o
grande trono branco, onde todos os ímpios ressuscitarão para receberem a
condenação eterna no lago de fogo.
Como
interpretar o Milênio?
Em todas as posições citadas acima há entre seus
defensores cristãos genuínos, que possuem compromisso com a Palavra de
Deus e que também são muito capacitados no assunto. Portanto, antes de tudo,
creio que esse tema não deva ser motivo de divisões entre os cristãos. Com
isso, quero dizer que o fato de alguém defender uma posição ou outra, não o
torna um herege, muito menos um seguidor de “seitas” como alguns erroneamente
afirmam. Este assunto é realmente muito difícil, sobretudo por tratar de
coisas ainda futuras, as quais não temos ainda o completo discernimento.
Na verdade, todas as
diferentes interpretações possuem suas dificuldades particulares, portanto
devemos analisá-las à luz da Bíblia como um todo, e julgar qual delas parece
ser mais coerente com a Palavra de Deus.
A seguir, falarei muito brevemente qual a minha posição
particular sobre esse assunto. Tratarei esse tema eliminando posição por
posição, para que o entendimento fique mais claro. Começando pelo
Pós-Milenismo, sei que essa posição foi muito popular durante muitos anos, e
defendida por grandes homens de Deus. Porém as guerras, sobretudo do século 20,
fizeram com essa posição perdesse espaço.
¹Para mim, a
expectativa de um mundo maravilhoso antecedendo a volta de Cristo contrasta com
várias passagens bíblicas que afirmam a contínua e crescente tensão entre o
mundo decaído e incrédulo com os seguidores de Cristo. O próprio livro do
Apocalipse deixa isso bem claro. Logo, para mim parece claro que o ensino
bíblico é de que o mundo irá de mal a pior, até que Cristo venha.
Também tenho sérias
dificuldades em aceitar a forma geralmente preterista que muitos pós-milenistas
interpretam algumas passagens bíblicas. Como esperam por um mundo melhor,
geralmente os pós-milenistas entendem que vários eventos escatológicos já estão
no passado, como por exemplo, a grande tribulação e a apostasia mencionada pelo
Apóstolo Paulo em 2 Tessalonicenses, no Capítulo 2. Ainda sobre o
Pós-Milenismo, penso que Apocalipse 20 não dá qualquer apoio à defesa dessa
corrente escatológica.
Falando agora sobre
as posições pré-milenistas, posso dizer que o ²Pré-Milenismo
Histórico é uma visão muito mais equilibrada do que o ³Pré-Milenismo Dispensacionalista.
Para mim, esta última posição, que também é a mais recente dentro do
cristianismo, possui sérios problemas e acaba sendo totalmente confusa. A distinção radical
entre Israel e Igreja presente no Dispensacionalismo, biblicamente penso ser
injustificável. Sobre isto, podemos rapidamente dizer que qualquer
distinção entre judeus e gentios já foi abolida, e Deus possui apenas um único
povo, a noiva, a Igreja (At 13:32-39; Gl 3:28,29; Cl 3:11; Ef 2:14,19; 1Pe
2:9).
Focando agora na questão do Milênio, não há base bíblica para afirmar
que Deus adiou seus planos e o estabelecimento de Seu Reino. Nesse ponto,
prefiro concordar com Jó ao dizer que “nenhum dos Teus planos pode ser
frustrado” (Jó 42:2). A questão é que o objetivo do ministério de Jesus não
foi oferecer um reino político a Israel, restaurando o reino de Davi, ao
contrário, quando quiseram fazê-lo rei, Ele se recusou (Jo 6:15). O próprio
Jesus foi categórico ao afirmar na ocasião de seu ministério que o Reino de
Deus não viria com visível aparência (Lc 17:20-21).
É importante também
entendermos o caráter presente e futuro do Reino de Deus, ou seja, já foi
inaugurado (Mt 2:2; 4:23; 9:35; 27:11; Mc 15:2; Lc 16:16; 23:3; Jo 18:37), está
em prosseguimento (Mt 24:14; Rm 14:16,17; 1Co 4:19,20; Cl 4:11) e será
completamente consumado (1Co 15:50-58; Ap 11:15).
Também podemos
colocar como um problema das visões Pré-milenistas, especialmente o
Dispensacionalismo, a grande diferença entre o Milênio citado em Apocalipse 20
com o Milênio que eles defendem, além da falta de qualquer referência bíblica
no Antigo Testamento acerca de um reino terreno futuro de mil anos.
Sei que há
muitas referências no Antigo Testamento que são utilizadas por Pré-milenistas
para tentar justificar tal posição, porém eles falham na interpretação de
profecias que naturalmente se referem a volta de Israel do exílio babilônico,
ou à Igreja do Novo Testamento, ou até mesmo ao novo céu e a nova terra. ³Não há necessidade
de um reino terreno temporário para que tais profecias se cumpram, nem mesmo a
obrigatoriedade do cumprimento literal de todas as profecias.
No Novo Testamento encontramos um ótimo exemplo sobre isso. Em Atos
15:14-18, Tiago interpreta uma profecia registrada no livro do Profeta Amós de
maneira não-literal. Em Amos 9:11,12, a profecia fala sobre o concerto do
tabernáculo caído de Davi, para que “possuam o restante de Edom e todas
nações” que são chamadas pelo nome do Senhor.
Já em Atos, Tiago
entendeu que essa profecia se cumpriu quando Deus chamou os gentios à salvação,
tornando judeus e gentios um só povo em Cristo. Logo, nem todas as
profecias do Antigo Testamento devem ser interpretadas de maneira estritamente
literal.
Apesar de tudo isso
já citado, os argumentos ainda podem até parecer fracos para contestar as
visões pré-milenistas. Portanto, para concluir, quero citar algumas perguntas
que não consigo encontrar respostas para elas dentro do Pré-Milenismo:
1. Se haverá um reino
milenar e literal após a segunda vinda de Cristo, por que não há qualquer
referência sobre isso nos Evangelhos e nas Epístolas do Novo Testamento?
2. Por que no Sermão Escatológico (Mt 24; Mc 13; Lc
17) Jesus apresentou uma descrição detalhada sobre os acontecimentos que
iriam ocorrer, e não citou em nenhum momento um reino milenar futuro?
3. Se o reino milenar
futuro diz respeito principalmente às promessas feitas ao povo de Israel, por
que Jesus nunca falou nada sobre ele aos seus discípulos que eram judeus? Isso
não teria os confortado de algum modo?
4. Ainda no Sermão
Escatológico, Jesus foi claro ao dizer: “Eis que de antemão vos tenho dito
tudo” (Mc 13:23). Se Ele afirmou ter dito tudo acerca do fim dos tempos,
por qual motivo ele não citou o Milênio? Não creio que Ele tenha se
esquecido justamente do reino milenar futuro.
5. Pedro foi um dos
discípulos que estava presente quando Jesus pronunciou o Sermão Escatológico, e
pessoalmente ouviu as palavras do Mestre. Então por que em sua segunda epístola
(2Pe 3) ao falar sobre a segunda vinda de Cristo, ele não fala nada sobre um
reino milenar futuro? Será que talvez seja porque Jesus não o ensinou nada
sobre isso? Para o apóstolo Pedro, haverá a segunda vinda de Cristo, o julgamento de todas as pessoas e o
início do estado eterno, com o mundo sendo “purificado” transformando-se
em novos céus e nova terra.
6. Como explicar o
retorno de crentes glorificados para uma terra ainda imperfeita, onde existe
pecado e morte, mesmo que isso seja em ocasiões específicas? Isso não seria uma
violação da finalidade da glorificação?
7. Como explicar o
convívio do Cristo glorificado e de pessoas em corpos glorificados, juntamente
com pessoas ainda vivendo em corpos de carne e sangue? Que estranha convivência
haverá entre pessoas que são imortais com pessoas ainda mortais?
8. O que acontecerá
com as pessoas que morrerem no Milênio literal? Para onde elas irão? Será que
ressuscitarão imediatamente?
9. Como será um mundo
em que Cristo estará em um trono físico governando? Como Satanás conseguirá
manipular as pessoas a se rebelarem contra uma presença tão visível e notória
de Deus? Se isso de fato ocorrer, qual foi a eficácia dos mil anos de paz e
prosperidade?
10. Como encontrar base
bíblica para defender a ideia de salvação após a vinda de Cristo? As pessoas
durante o Milênio precisarão crer em Jesus para serem salvas? Se sim, como
alguém então não crerá diante de um reino literal de Cristo na terra? Isso não
será injusto com quem viveu antes desse período, e não contrariará a doutrina
bíblica de que a fé é crer no invisível (Hb 11:1)?
11. A ideia da retomada
dos sacrifícios durante o Milênio, mesmo que memoriais, não significa um
retrocesso considerando a excelente explanação do autor da Epístola aos Hebreus onde claramente ele
coloca todas essas coisas como algo temporário?
12. Se o reino milenar
futuro exige um julgamento após mil anos da segunda vinda de Cristo, como
entender o ensino de todo o Novo Testamento de que o Juízo Final segue
imediatamente à segunda vinda Cristo? Também como explicar o fato de a Bíblia
se referir a apenas um único juízo, ao contrário do que ensina o Pré-Milenismo?
13. Se o Pré-Milenismo
exige pelo menos duas ressurreições (em alguns casos até mais de três), como
explicar a doutrina bíblica que haverá apenas uma única ressurreição (Jo
5:28,29; Jo 6:39-54; 11:24)?
Estes são apenas
alguns dos questionamentos que me fazem rejeitar a posição Pré-Milenista,
entretanto, respeito muito quem defende tal posição.
Bem, se considero
que o Pós-Milenismo e as formas de Pré-Milenismo falham em ter fundamentação
bíblica suficiente, só me resta agora o Amilenismo. Sob esse ponto de vista,
vamos brevemente entender alguns pontos acerca do Milênio do capítulo 20 do
Apocalipse.
Diante destes fatos
e dessas perguntas que talvez ficaremos sem respostas, só posso dizer que há
muitas coisas que jamais conseguiremos entender por tais coisas fazem parte dos
pensamentos de Deus e ninguém conseguirá entender por completo os pensamentos
de Deus. Se assim eu me comportar, também terei que perguntar como pode um mar
se abrir diante de um povo e este povo passar e chegar a seco do outro lado?
Como pode o Profeta Elias ser levado para o céu diante dos olhos de seu servo
Eliseu? Como pode um homem possuir a força de mil homens nas tranças de seu
cabelo? Como pode o próprio Jesus ser gerado no ventre de uma mulher através do
Espírito Santo? São perguntas que só Deus pode nos responder que um dia creio
que Ele nos responderá (Jó 5:9, Ecl.11:5, I Cor.2:9). Resumo dizendo: Milagre
não é para quem vê, mas para quem crê. Deus criou todas as coisas por
intermédio de sua palavra. Eu creio!
Sei que esse é um tema muito complexo, e que todas as posições,
inclusive a que eu defendo, apresentam suas dificuldades. Porém, precisamos
deixar claro acima de tudo que a Palavra de Deus é inerrante e
infalível, ou seja, não há qualquer erro ou contradição nela.
Se nossas posições
escatológicas possuem dificuldades em alguns pontos, tais dificuldades estão
firmadas em nosso erro humano de interpretação da perfeita Palavra de Deus.
Ademais, também
sabemos que há mistérios que não nos foram revelados, mas devemos ter a plena
certeza de que tudo ocorre conforme a soberana vontade de Deus, por mais que
não compreendamos.
Mais uma vez ressalto que essas discussões são secundárias, e o
importante é que Pré-Milenistas, Amilenistas e Pós-Milenistas concordam que Cristo
voltará, julgará todos os homens, condenará eternamente Satanás, seus agentes e
os incrédulos ao lago de fogo, e os santos viverão eternamente com Ele no novo
céu e na nova terra. Se mil anos antes, ou mil anos depois, diante de
uma eternidade inteira isso é só um detalhe.
A PARTIR DO MÊS DE MARÇO ESTAREMOS POSTANDO OS ÚLTIMOS CAPÍTULOS DO LIVRO DE APOCALIPSE, ONDE TRATAREMOS ASSUNTOS SOBRE A ETERNIDADE.
ResponderExcluirAGUARDEM!
BOM ESTUDO E BOA LEITURA A TODOS!