QUINTA PARTE
APOCALIPSE 7:1-9
AS DOZE TRIBOS DE ISRAEL
Os Servos que Pertencem a Deus
Quando
estudamos os Capítulos 16, 17 e 18 de Apocalipse vemos acontecimentos da ira de
Deus sobre a terra, sobre o anticristo, e a Grande Babilônia, enfim sobre todos
aqueles que de certa forma não serviram ao Senhor. Neste estudo focando o
Capítulo 7 de Apocalipse nada mais é do que uma complementação desses capítulos
citados no qual mostra que os primeiros seis selos já passaram e o principalmente
e sexto que irá mostrar o desespero total das pessoas castigadas – dos
poderosos e ricos até os pobres e escravos. A pergunta no final do capítulo 6
salienta ainda mais a circunstância difícil dos habitantes da terra
– “porque chegou o grande Dia da ira deles; e quem é que pode
suster-se?” (6:17). Se o sexto selo revelou coisas tão terríveis, imagine
o que o sétimo traria! Quem é que pode sobreviver à ira do Senhor?
O capítulo 7
responde a esta pergunta. Este intervalo entre o sexto e o sétimo selos consola
os fiéis. Deus não se esqueceu deles, e não abandonaria os seus servos. Ele já
providenciou uma maneira de proteger aqueles que lhe pertencem.
As Doze Tribo de Israel
- Os 144.000 Selados (7:1-8)
Existem duas visões nesse capítulo: os 144 mil servos de Deus
(v.1-8) e a incontável multidão agora no céu (v.9-17). Os quatro anjos parecem
ser agentes do Senhor associados aos juízos, e os quatro ventos representam
forças destrutivas de todas as direções.
Depois
disto, vi quatro anjos em pé nos quatro cantos da terra, conservando seguros os
quatro ventos da terra. Os quatro cantos, a partir dos quais os furacões do
juízo varrem a terra, constituem conceitos sólidos (Jr 49.36; Dn 7.2; Zc 6.5).
Em virtude da última referência surge uma estreita ligação com os quatro
cavalos da desgraça da abertura dos quatro primeiros selos. No caso dos quatro
ventos, assim como no dos quatro cavalos, trata-se, portanto, de poderes de
destruição do fim dos tempos. Não é fortuito que sua atividade seja mencionada
aqui no (v. 3) com o mesmo verbo usado em Ap 6.6. Tornam a terra um campo de
catástrofes. O número quatro novamente indica uma ideia de totalidade: como a
tribulação em Ap 3.10, eles passam sobre a terra inteira.
Apocalipse
7:1 – Depois disto, vi quatro anjos em pé nos quatro cantos da terra,
conservando seguros os quatro ventos da terra, para que nenhum vento soprasse
sobre a terra, nem sobre o mar, nem sobre árvore alguma.
Quatro
anjos em pé nos quatro cantos da terra: Os anjos não são identificados, mas a tarefa deles fica
evidente. Têm poder para danificar a terra (2), mas ainda não receberam a ordem
para fazer isso. O trabalho desses anjos claramente se refere à terra. Qualquer
interpretação que procura aqui um número fixo de pessoas no céu desrespeita a
linguagem óbvia do texto. Além das referências à terra, ao mar, às árvores,
etc., o número quatro (quatro anjos, quatro cantos, quatro ventos) sugere algo
relacionado à terra. Os quatro cantos e quatro ventos representam os quatro
pontos cardeais (1 Crônicas 9:24; Isaías 11:12; Jeremias 49:36; Ezequiel 7:2;
Zacarias 2:6; Mateus 24:31).
Conservando
seguros os quatro ventos da terra: Neste intervalo, os quatro anjos estão parados. Estão
segurando os ventos, aguardando a ordem. Agir precipitadamente, sem a
autorização divina, não caracteriza os servos fiéis do Senhor. Agir sem
primeiro ouvir a palavra de Deus traz consequências negativas (1 Crônicas
15:13). Não devemos ultrapassar a doutrina de Cristo, escrita para nos guiar (1
Coríntios 4:6; 2 João 9).
Para que
nenhum vento soprasse:
Ventos aparecem na Bíblia com poder para aliviar o sofrimento dos homens, ou
para trazer castigo (Êxodo 10:13,19; 14:21; 15:10; Salmo 11:6; 78:26; Isaías
29:6). Independente da natureza do vento é algo que demonstra o poder de Deus
– “um vento do Senhor” (Números 11:31; Salmo 107:24-25; 135:5-7).
Neste contexto, os ventos trarão destruição. Mas, por enquanto, os anjos
seguram o poder destrutivo do vento. Ainda não chegou a hora. Deus pretende
resolver uma outra questão antes de liberar esta força contra a terra.
Terra,
mar, árvore: Estas
referências reforçam o fato de esta visão tratar de acontecimentos aqui na
terra. Os homens são avisados, mas a natureza vai sofrer, também. Como foi o
caso das pragas e das calamidades naturais usadas por Deus para castigar os
rebeldes da antiguidade, estes castigos atingirão a terra, o mar e as árvores.
Apocalipse
7:2 – Vi outro anjo que subia do nascente do sol, tendo o selo do Deus vivo, e
clamou em grande voz aos quatro anjos, aqueles aos quais fora dado fazer dano à
terra e ao mar,
Vi outro
anjo que subiu da nascente do sol: O nascente do sol, a direção de onde vem a luz, representa
a habitação de Deus. O tabernáculo abria para o oriente, com Moisés e Arão e
seus filhos acampados na frente (Números 3:38), e a tribo de Judá acampada ao
lado oriental (Números 2:3). Assim do ponto de vista do tabernáculo, o Senhor
guiava o seu povo do oriente, por meio dos líderes escolhidos (reis de Judá e
sacerdotes de Levi). O templo em Jerusalém, também, abria para o lado oriental
(Ezequiel 8:16; 10:19; 11:1). Quando Deus abandonou o templo cheio de
imundícia, ele foi para o oriente (Ezequiel 11:23). Quando voltou, a glória de
Deus veio do oriente (Ezequiel 43:2-4). Este anjo vem de Deus. Do ponto de
vista do santuário (o povo de Deus – 1 Coríntios 3:16-17; 1 Timóteo 3:15), o
anjo traz alívio: “Mas para vós outros que temeis o meu nome nascerá o sol
da justiça, trazendo salvação nas suas asas” (Malaquias 4:2).
Tendo o
selo do Deus vivo: O
selo de Deus, mais uma prova que este anjo veio do Senhor. O selo pertencia
exclusivamente ao seu dono, e servia para o identificar (Gênesis 38:18,25). A
pessoa que segurava o anel de um rei retinha a autoridade para selar decretos e
agir como seu representante autorizado (Gênesis 41:42; Ester 3:10; 8:2). O selo
também indica posse, que algo ou alguém pertence exclusivamente ao dono do selo
(Cântico dos Cânticos 8:6). No Novo Testamento, os discípulos fiéis têm o selo
de Deus (2 Coríntios 1:21-23; Efésios 1:13-14; 4:30). Talvez o trecho mais
confortante para os que fazem parte do santuário de Deus seja 2 Timóteo 2:19
– “Entretanto, o firme fundamento de Deus permanece, tendo este selo: O Senhor
conhece os que lhe pertencem”. Os quatro anjos seguram os ventos da ira de
Deus, mas o Senhor jamais esqueceria do seu povo fiel!
Clamou...aos
quatro anjos, aqueles aos quais fora dado fazer dano à terra e ao mar: O anjo que chega do Senhor traz uma
ordem importante para os quatro anjos. Aqui ele confirma o propósito dos ventos
que eles seguravam. O poder dos ventos, uma vez liberado, faria dano à terra e
ao mar.
Apocalipse7:3
– dizendo: Não danifiqueis nem a terra, nem o mar, nem as árvores, até selarmos
na fronte os servos do nosso Deus.
Não
danifiqueis... até selarmos na fronte os servos do nosso Deus: O que detinha o castigo pelos
quatro ventos foi a determinação divina de identificar os fiéis para a proteção
deles. O verbo plural aqui indica que outros iam ajudar o anjo que veio do
oriente. Mais uma vez, Ezequiel nos fornece uma cena parecida, na sua profecia
sobre a destruição de Jerusalém em 586 a.C. Quando os executores chegaram para
matar as pessoas em Jerusalém, Deus mandou na frente um homem que marcou com um
sinal a testa dos fiéis. Os executores seguiam matando as pessoas que não
receberam o sinal (Ezequiel 9:1-8). Aqui também, antes de mandar os ventos
executores, Deus manda alguém na frente para marcar, com um selo na testa, os
fiéis. Quando chegamos ao capítulo 13, vamos encontrar uma marca da besta, mas
somente depois de ver que Deus deu sua marca aos seus servos. O contraste é
entre a marca do Deus vivo que viverá para sempre e a marca da besta que seria
lançada ao lago de fogo.
Antes de os
juízos serem desatados, Deus prepara os 144 mil de Seus servos para serem
selados na fronte. Os selos são sinais de posse ou autoridade, que, nos tempos
antigos, eram estampados em documentos pressionando-se um carimbo ou cilindro
em um pedaço de argila no local onde o documento era aberto ou fechado. O
Altíssimo tem autoridade para abrir qualquer selo que Ele desejar (Mct. 27.66)
ou colocar em Seus filhos um selo que ninguém mais pode quebrar (Ef 1.13;
4.30). As duas perspectivas proporcionam confiança e segurança aos crentes.
Nesse caso, o selo garante-lhes a preservação durante a tribulação. A
identificação deles, como servos de forma declarada (em suas frontes), indica
que estão regenerados por meio da fé em Cristo e que confessam sua fé
abertamente.
Apocalipse7:4
– Então, ouvi o número dos que foram selados, que era cento e quarenta e quatro
mil, de todas as tribos dos filhos de Israel:
Foram
selados...cento e quarenta e quatro mil de todas as tribos de Israel: Literalmente 144.000? Literalmente
de Israel? Precisamente 12.000 de cada uma das 12 tribos citadas? Poderíamos
fazer ainda mais uma lista de perguntas para ilustrar o problema com
interpretações literais deste trecho. Em um livro cheio de símbolos, seria uma
abordagem errada tentar forçar uma interpretação literal dos detalhes aqui.
144.000 representa o povo de Deus. Doze já é conhecido como o número do povo do
Senhor, como observamos em 4:4 – doze tribos, doze apóstolos, etc. 12 x 12 x
1.000 enfatiza mais ainda a totalidade dos servos de Deus. Para evitar
qualquer dúvida, ele fala de Israel. Desde os comentários de Jesus em João 8:39
em diante, o significado de judeu e israelita mudou entre os seus
discípulos. Enquanto estas palavras ainda podem significar os descendentes,
pela carne, de Abraão, frequentemente identificam os descendentes espirituais
desse grande patriarca da fé. Paulo bem disse: “Porque não é judeu quem o
é apenas exteriormente, nem é circuncisão a que é somente na carne. Porém judeu
é aquele que o é o interiormente, e circuncisão, a que é do coração, no
espírito, não segundo a letra, e cujo louvor não procede dos homens, mas de
Deus” (Romanos 2:28-29). Em um livro de símbolos, não nos surpreende achar
uma referência a Israel espiritual, o povo de Deus, isto é, o povo de Deus em todas
as nações quer judeu ou gentio.
Apocalipse
7:5-8 – da tribo de Judá foram selados doze mil; da tribo de Rúben, doze mil;
da tribo de Gade, doze mil; 6 da tribo de Aser, doze mil; da tribo de Naftali,
doze mil; da tribo de Manassés, doze mil; 7 da tribo de Simeão, doze mil; da
tribo de Levi, doze mil; da tribo de Issacar, doze mil; 8 da tribo de Zebulom,
doze mil; da tribo de José, doze mil; da tribo de Benjamim foram selados doze
mil. Foram selados doze mil:
O número 144 mil pode ser considerado tanto
um real como um símbolo de totalidade (12x12x1000), referindo-se a todos que
serão salvos (no AT e no NT). A primeira opção e mais provável por causa dos
detalhes desenvolvidos nos v.5-8. Os filhos de Israel são entendidos por alguns
como agrega, a nova Israel, que inclui os gentios, aqueles que aceitaran a
salvação em Cristo (Gl. 6.16), e por outros como a nação de Israel [ou ambos].
De cada
tribo, doze mil receberam o selo de Deus. As tribos citadas são:
Quando lemos
esta lista, diversas perguntas surgem.
Por que esta
ordem? Judá está em primeiro lugar, talvez por ter a primazia e por ser a
tribo do Messias. Benjamim, a última, foi a tribo do caçula de Jacó. Mas esta
lista não segue a ordem do nascimento dos patriarcas (Gênesis 29:31-35;
30:1-24; 35:16-18), nem se apresenta segundo as quatro mães dos filhos de Jacó
(Gênesis 35:23-26).
Por que
estas tribos? Sabemos que as doze tribos, normalmente, foram vistas como
treze. Jacó teve doze filhos homens. Doze receberam herança de terra, excluindo
a tribo de Levi, que recebeu 48 cidades e teve Deus como sua herança. Para
manter o número de doze na divisão da terra, José foi dividida em duas, Efraim
e Manassés. Na lista do Apocalipse 7, Levi está incluída, e o nome de José
aparece. Os nomes omitidos são Efraim (um dos filhos de José) e Dã. Nenhuma
explicação é dada aqui, mas a história do Velho Testamento sugere um possível
motivo. De todas as tribos, Dã e Efraim foram as duas mais ligadas à idolatria.
Um dos apêndices do livro de Juízes relata a história de Mica e os danitas,
mostrando como a idolatria se tornou comum nesta tribo (Juízes 17-18). No
início do reino dividido, Jeroboão, o rei efraimita de Israel, introduziu a
idolatria, erigindo bezerros de ouro em Dã e Betel (1 Reis 12:29). Betel
ficava na divisa entre os territórios de Efraim e Benjamim, mas foram os
efraimitas que tomaram controle desta cidade no início do período dos juízes
(Juízes 1:22-25). Durante o resto da história de Israel, “Efraim” praticamente
se tornou sinônimo de “idolatra” (Oséias 4:17; 5:11; 8:11; 13:12). O filho de
uma mulher de Dã, também, foi morto por sua blasfêmia na época de Moisés
(Levítico 24:10-14). A omissão destas duas tribos pode ser uma maneira de
mostrar que Deus expulsaria qualquer tribo manchada com o pecado, especialmente
com a idolatria.
É 144.000 o
número fixo de pessoas que estarão no céu? Há pessoas que ensinam que este
número identifica, literalmente, o número exato de pessoas que estarão no céu.
Há muitos problemas com esta interpretação. Observe alguns fatos:
1 - A visão de 7:1-8 fala dos fiéis na terra, e
nada diz sobre o céu até voltar ao trono, a partir de 7:9. Ironicamente, os
144.000 estão na terra e a grande multidão diante do trono celestial,
exatamente ao contrário da doutrina que alega 144.000 no céu e a grande
multidão na terra.
2 - As pessoas que defendem essa
interpretação decidem, por capricho próprio, tratar o número como um valor
literal, mas consideram os outros aspectos como figuras. Não dizem que os
144.000 são literalmente judeus, ou que a tribo de Dã é literalmente excluída,
ou que todos são literalmente homens virgens (veja 14:4). Ou tratemos todos os
detalhes como descrições literais, ou reconheçamos a natureza simbólica desta
visão, a única maneira coerente de interpretá-la no seu contexto. Os 144.000
são os servos de Deus selados na terra antes de começar os grandes castigos dos
quatro ventos. Estes, permanecendo fiéis, iam se encontrar no céu entre os
vencedores.
Judá esta em
primeiro lugar nessa lista das tribos de Israel porque Cristo, o Messias, e o
Leão da tribo de Judá (Ap 5.5; Gn 49.8-10). Rubem e a seguinte, como o
primogênito de Jacó (Gn 49.3,4). As tribos de Da e Efraim são omitidas, talvez
por causa da idolatria deles no período dos Juízes, ilustrada pelo incidente em
Da (Jz 18). Jose e seu filho Manasses estão incluídos, assim como Levi,
chegando a 12 o numero das tribos.
A Grande Multidão (7:9-17)
Apocalipse 7:9 - Depois destas coisas, vi,
e eis grande multidão que ninguém podia enumerar, de todas as nações, tribos,
povos e línguas, em pé diante do trono e diante do Cordeiro, vestidos de
vestiduras brancas, com palmas nas mãos;
Vi, e eis
grande multidão que ninguém podia enumerar: Algumas interpretações tratam a grande multidão como
um grupo distinto dos 144.000. Para alguns, os 144.000 habitam no céu enquanto
a grande multidão herda a terra. Para outros, os 144.000 são judeus e a grande
multidão, gentios. Parece mais coerente, porém, ver aqui uma progressão que
passa dos fiéis na terra aguardando a tribulação aos fiéis no céu depois de
passar pela tribulação. Nas próximas linhas, vamos ver as evidências apoiando
esta interpretação.
De todas
as nações, tribos, povos e línguas: Esta grande multidão não consiste em anjos ou outros seres
celestiais. São pessoas redimidas de todas as nações – pessoas abençoadas por
meio do descendente de Abraão (Gênesis 12:3; Gálatas 3:28-29).
Em pé diante do trono e diante do
Cordeiro: Somente os
vencedores, aqueles justificados pelo sangue do Cordeiro, teriam como se
susterem no Dia da ira de Deus para ficar em pé diante do trono (6:17; 7:14).
Vestidos
de vestiduras brancas:
A vestimenta dos vencedores (3:4-5; 6:11). Descobriremos mais sobre essas
pessoas nos versículos 13-15.
Com
palmas nas mãos: As
palmas, ou ramos de palmeiras, identificam para nós o pano de fundo desta cena.
Levítico 23:33-43 descreve a Festa dos Tabernáculos. Nesta festa anual, o povo
se alegrava perante o Senhor em lembrar da libertação do Egito e do seu tempo
com Deus, habitando em tendas, no deserto. Esta festa era comemorada logo após
o Dia da Expiação (Levítico 23:26-32). Foi numa Festa dos Tabernáculos que
Jesus ofereceu a água da vida ao povo (João 7:37-39). Lembramos, também, das
festividades e dos ramos de palmeiras quando Jesus entrou em Jerusalém (João
12:13).
Apocalipse
7:10-12 – e clamavam em grande voz dizendo: Ao nosso Deus, que se assenta no
trono, e ao Cordeiro, pertence a salvação...
A grande
multidão, além de louvar o Altíssimo e o Cordeiro pela salvação, mais adiante,
glorificara a Deus por julgar a Babilônia (Ap 19.1-3) e proclamara as bodas do
Cordeiro (v.6,7). Essa multidão de caráter multinacional poderia muito bem
representar o fruto evangelístico do trabalho dos 144 mil durante o período de
sete anos de tribulação. Em Seu furor, Deus se lembrara da misericórdia. As
vestes brancas podem ser as dos crentes vencedores (Ap 3.5,18) ou as dos
mártires (Ap 6.11). Palmas eram normalmente agitadas pela multidão em
celebrações de vitória (Jo 12.13).
Por meio da
retomada depois destas coisas, João vê
“(vi... vs. 9”), anuncia-se novamente uma mudança de cena. É uma troca
de local, pois agora João não está mais olhando, como em Ap 7.1, para a terra,
e sim para o santuário celestial (vs. 15).
Apocalipse 7:13-17 - Um dos anciãos tomou a palavra,
dizendo: Estes que se vestem de vestiduras brancas, quem são e de onde
vieram?...
Acrescenta-se
uma total mudança de situação. Enquanto o selamento precedia expressamente as
tempestades do fim dos tempos, agora a grande tribulação já é coisa do passado
(v. 14). Associa-se a esta mudança uma alteração da disposição. No lugar de uma
tensão prenhe de desgraça em vista do perigo iminente ocorre o cântico de
vitória.
E eis grande
multidão que ninguém podia enumerar. Assim como o v. 4 impõe-se novamente a
impressão da magnitude. A promessa a Abraão em Gn 15.5 foi cumprida: “Olha para
os céus e conta as estrelas, se é que o podes. E lhe disse: Será assim a tua
posteridade.” Abraão não é capaz de contá-las. Conforme Hb 11.12 ela é para ele
incontável, o que obviamente não pode valer para Deus. Desta maneira também a
presente multidão é incontável para João, porém enumerável para Deus, não
ocorrendo uma contradição com o v. 4. Lá Deus contou e pode revelar o número,
aqui João tenta fazê-lo, deparando-se com a impossibilidade de contar.
Na
especificação subsequente da origem intensifica-se a lembrança de Abraão. De
todas as nações, tribos, povos e línguas.323 Em Abraão haveriam de ser
“abençoadas todas as nações, todas as gerações da terra” (Gn 22.18; 12.3). O
número de quatro definições volta a ressaltar a dimensão da abrangência. João
vê na igreja a humanidade abençoada em Abraão.
João tem a
visão da igreja formada de todas as nações, tribos, raças e línguas, superando
a Babilônia que confundia os povos e representando as primícias (Ap 14.4) de
uma humanidade reunificada, congregada em torno do centro da restauração, em pé
diante do trono e diante do Cordeiro (Ap 5.13). Estão vestidos de vestiduras
brancas como os mártires na visão do quinto selo. Agora, portanto, está completo
o número deles (Ap 6.11), todos estão reunidos como uma grande multidão, e a
tribulação chegou ao fim. O número cheio relembra novamente Ap 7.4. Além da
vestimenta de vencedores trazem ainda ramos de palmas nas mãos. A ilustração de
um vencedor. Contudo, também um escrito judaico traz a frase: “Quem traz em
suas mãos a folha de palmeira, dele sabemos que é vitorioso”.
RESUMINDO...
Os quatro
anjos se preparam para o julgamento dos ímpios, mas recebem ordem para não
danificarem a terra até que seu povo, os judeus, que aguardam a vinda do seu
Messias como Rei. Esses judeus juntamente com a igreja que não fora arrebatada
receberão uma proteção de Deus através do seu selo para não sofrerem a ira de
Deus, assim como o povo de Israel foi protegido das 10 pragas sobre o Egito nos
tempos de Moisés.
A multidão
que João vê, a qual ninguém consegue contar, são os salvos da tribulação que
juntamente com toda a Igreja arrebatada e os Anjos se prostram diante de Deus
dando-lhe glórias e aleluias e louvor, em sinal de misericórdia, pois mesmo não
sendo merecedores, Deus os fez dignos de seu reino.