PARTE
3 – O DOMÍNIO DO ANTICRISTO
A SÉTIMA
TROMBETA (APOCALIPSE 11:14-19)
Chegamos à
sétima trombeta com grandes expectativas. As primeiras seis já anunciaram
flagelos severos, chegando até a morte da terça parte dos homens na sexta. As
últimas três trombetas são chamadas de “ais”, sugerindo notícias de castigos
mais fortes do que as primeiras quatro. Para aumentar mais ainda a nossa
expectativa, o anjo que domina a terra e o mar jurou que o mistério de Deus, anunciado
aos servos, os profetas, seria cumprido na sétima trombeta (10:6-7). Passou o
segundo ai. Eis que, sem demora, vem o terceiro ai (11:14). Passou o segundo
ai: A águia anunciou os três ais, que correspondem às últimas três trombetas
(8:13). Já passaram dois dos ais (a quinta e a sexta trombetas).
Eis que, sem
demora, vem o terceiro ai: O intervalo acabou. Voltamos às trombetas, prontos
para a última das sete trombetas a tocar. Vem sem demora, como prometeu o anjo
forte (10:6-7).
CAPÍTULO 11:14-19 - A ÚLTIMA TROMBETA – O TRIUNFO DE CRISTO
Com o toque da sétima
trombeta tudo estará consumado. O Senhor Jesus Cristo tomará posse do seu reino
e satanás, o anticristo e o falso profeta serão derrotados juntamente com seus
seguidores (Dn 7:14,27, Ap. 10:2, Zc. 14:9,12-13, Ap. 19:19-21). Os vinte e
quatro anciãos que representam a Igreja se encontram sentados em seus tronos,
dão graças a Deus pois tudo já está consumado. Eles se preparam pois após o
período do milênio farão parte do julgamento de todos os ímpios. (Ap.20:5-6,12;
Jd 1:14-15, II Tim. 4:1, I Cor. 6:2, Sl 72:2-6, 11-12.
Apocalipse 11:15-19 - E o
sétimo anjo tocou a sua trombeta, e houve no céu grandes vozes, que diziam: Os
reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará
para todo o sempre.
E os vinte e quatro anciãos, que estão assentados em seus tronos diante de Deus, prostraram-se sobre seus rostos e adoraram a Deus,
Dizendo: Graças te damos, Senhor Deus Todo-Poderoso, que és, e que eras, e que hás de vir, que tomaste o teu grande poder, e reinaste.
E iraram-se as nações, e veio a tua ira, e o tempo dos mortos, para que sejam julgados, e o tempo de dares o galardão aos profetas, teus servos, e aos santos, e aos que temem o teu nome, a pequenos e a grandes, e o tempo de destruíres os que destroem a terra.
E abriu-se no céu o templo de Deus, e a arca da sua aliança foi vista no seu templo; e houve relâmpagos
E os vinte e quatro anciãos, que estão assentados em seus tronos diante de Deus, prostraram-se sobre seus rostos e adoraram a Deus,
Dizendo: Graças te damos, Senhor Deus Todo-Poderoso, que és, e que eras, e que hás de vir, que tomaste o teu grande poder, e reinaste.
E iraram-se as nações, e veio a tua ira, e o tempo dos mortos, para que sejam julgados, e o tempo de dares o galardão aos profetas, teus servos, e aos santos, e aos que temem o teu nome, a pequenos e a grandes, e o tempo de destruíres os que destroem a terra.
E abriu-se no céu o templo de Deus, e a arca da sua aliança foi vista no seu templo; e houve relâmpagos
Apocalipse
11:15 - O sétimo anjo tocou a trombeta, e houve no céu grandes
vozes, dizendo: O reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo, e
ele reinará pelos séculos dos séculos.
O sétimo
anjo tocou a trombeta, e houve no céu grandes vozes: O último dos sete anjos
(8:2) toca a sua trombeta. João ouve grandes vozes no céu, mas não identifica
as pessoas que falam. Pela ligação entre estas vozes e os 24 anciãos no louvor
que se segue (11:16), é possível que as vozes sejam dos quatro seres viventes.
Em outras ocasiões, eles participaram da adoração junto com os 24 anciãos (4:8-11;
5:8,14; 7:11). Mas, não precisamos saber, pois já sabemos que todas as
criaturas no céu adoram a Deus.
O reino do
mundo se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo: Vitória! Os inimigos
perseguem, machucam e até matam os servos do Senhor, mas conseguem apenas
vitórias transitórias e falsas (veja os comentários sobre as coroas dos
gafanhotos em 9:7 e os sobre a vitória aparente sobre as duas testemunhas em
11:7-13). Pelo fato de este texto dizer que o reino “se tornou de nosso
Senhor”, algumas pessoas ensinam que o reino estava (ou que ainda está) sob o
domínio do diabo, e que Deus não mantinha controle dos reinos do mundo. Para
evitar uma conclusão errada que diminua a posição do Todo-Poderoso, devemos
observar alguns fatos importantes. O livro de Daniel ajudará, pois fala sobre o
domínio de Deus no futuro e no presente. Nos dias de Nabucodonosor, rei da
Babilônia, Deus revelou o futuro, falou de quatro reinos humanos, e disse
que, “nos dias destes reis [os do quarto reino], o Deus do céu suscitará
um reino que não será jamais destruído; este reino não passará a outro povo;
esmiuçará e consumirá todos estes reinos, mas ele mesmo subsistirá para
sempre” (Daniel 2:44). Então, do ponto de vista de Daniel e Nabocodonosor,
o reino de Deus seria estabelecido no período romano, e seria vitorioso sobre
os reinos humanos. Um reino futuro, do ponto de vista deles. Quer dizer que
Deus não dominava na época de Nabucodonosor, certo? Errado! Foi durante o
reinado do mesmo rei que Deus humilhou o arrogante líder, para que este
aprendesse “que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens e o dá a
quem quer” (Daniel 4:17,25,32). Domínio atual, na época de Daniel e
Nabucodonosor, mais de 600 anos antes de cumprir a profecia do reino eterno
revelada em Daniel 2!
Quando
chegamos ao Apocalipse, seria errado deduzir que Deus passou a dominar o
reino do mundo somente quando a sétima trombeta tocou. A mensagem consistente
do Novo Testamento, revelada já décadas antes do Apocalipse, é da posição
atual de Jesus como Soberano Rei (Atos 2:30-36; cf. 1 Timóteo 1:17; 6:15-16; 1
Pedro 4:11). Judas incluiu o passado, o presente e o futuro quando falou da
soberania de Deus (Judas 25). Desde a introdução desta profecia de João, Jesus
já é “o Soberano dos reis da terra” (1:5). No intervalo antes da
sétima trombeta, as duas testemunhas se achavam “em pé diante do Senhor da
terra” (11:4). Esta trombeta, como vários outros trechos
do Apocalipse, revela para nós de forma sequencial fatos já estabelecidos.
É uma apresentação dramática para o nosso benefício. Jamais devemos aceitar
qualquer interpretação que tira o Senhor do seu trono. Deus (Pai e Filho) não
precisou da sétima trombeta para se tornar Rei. Ele já é o Senhor de senhores e
Rei dos reis, mas achou importante mostrar para nós, depois de todos os
desafios à sua autoridade, a sua posição exaltada como Rei vitorioso.
E ele
reinará pelos séculos dos séculos: Ele é o eterno rei (1:6; 5:13; Salmo 145:13;
1 Pedro 4:11; 5:11; Judas 25). Daniel profetizou que o reino de Deus
subsistiria para sempre (Daniel 2:44).
Apocalipse
11:16 – E os vinte e
quatro anciãos que se encontram sentados no seu trono, diante de Deus,
prostraram-se sobre o seu rosto e adoraram a Deus,
Os vinte e
quatro anciãos: Como nas outras cenas de louvor no céu, os 24 anciãos, representando
o povo de Deus, participam da adoração. Prostraram-se sobre o seu rosto e
adoraram a Deus: Mais uma vez, os anciãos se humilham diante de Deus para lhe
dar o merecido louvor.
Apocalipse
11:17 – dizendo: Graças
te damos, Senhor Deus, Todo-Poderoso, que és e que eras, porque assumiste o teu
grande poder e passaste a reinar.
Graças te
damos: O louvor oferecido a Deus é baseado na gratidão dos anciãos (4:9; 7:12).
O motivo específico da gratidão, nesta ocasião, já será explicado. Senhor Deus,
Todo-Poderoso, que és e que eras: Deus é onipotente e eterno. Porque assumiste
o teu grande poder e passaste a reinar: Ele sempre tinha poder absoluto sobre
todos. Em relação à circunstância dos servos que sofriam tanto na terra, ele
assumiu o poder no sentido da vitória sobre os inimigos. Sempre reinou, mas
passou a reinar de uma maneira mais evidente, não deixando os ímpios imunes na
sua opressão dos fiéis. Ele cumpriu as profecias de Daniel 2:44 e 7:13-14. Ele
veio sem demora para aliviar o sofrimento dos perseguidos, como prometeu à
igreja em Filadélfia (3:11). Ele veio para cumprir suas promessas aos seus
servos (22:7,12,20). Ele fez “abalar não só a terra, mas também o
céu” e as coisas que não foram abaladas permaneceram (Hebreus 12:26-27).
Apocalipse
11:18 – Na verdade, as
nações se enfureceram; chegou, porém, a tua ira, e o tempo determinado para
serem julgados os mortos, para se dar o galardão aos teus servos, os profetas,
aos santos e aos que temem o teu nome, tanto aos pequenos como aos grandes, e
para destruíres os que destroem a terra.
Na verdade,
as nações se enfureceram: Agora vem a explicação mais ampla do sentido em que
Deus assumira o poder e o reino. De fato, as nações se levantaram contra o
reino de Deus. Vários textos já profetizaram tais tentativas de vencer o reino
de Deus. A linguagem empregada aqui vem de uma profecia feita por Davi 1.000
anos antes do nascimento de Jesus: “Por que se enfurecem os gentios e os
povos imaginam coisas vãs? Os reis da terra se levantam, e os príncipes conspiram
contra o SENHOR e contra o seu Ungido...” (Salmo 2:1-2).
Chegou,
porém, a tua ira, e o tempo determinado para serem julgados os mortos: A ira de
Deus chegou. Este fato nos ajuda na interpretação do resto do livro. Como o
anjo prometeu, a sétima trombeta cumpre o mistério de Deus (10:7). O que vem
pela frente é uma explicação mais ampla desta trombeta, incluindo o
derramamento das sete taças da ira de Deus (capítulo 16). Mas esta trombeta
resume o mistério como já cumprido. A ira já chegou. O resto do livro – o aparecimento
dos grandes inimigos, as taças de ira, Armagedom, a queda da Babilônia e dos
outros inimigos de Deus, a vitória e a exaltação dos santos – está tudo
resumido e comprimido nesta trombeta. A ira já chegou.
O ponto aqui
não é sobre a força do adversário, e sim sobre a soberania do Messias e o
julgamento das nações: “Eu, porém, constituí o meu Rei sobre o meu santo
monte Sião” (Salmo 2:6). O Pai fala para o Filho: “Pede-me, e eu te
darei as nações por herança e as extremidades da terra por tua possessão. Com
vara de ferro as regerás e as despedaçarás como um vaso de oleiro” (Salmo
2:8-9). É esta imagem do poder de Jesus que dá motivo de adoração no céu.
Outras passagens do Antigo Testamento desenvolvem o mesmo tema. Deus restaura
seu povo, Gogue lidera as nações na invasão de Israel, e Deus destrói os
exércitos dos gentios (Ezequiel 37-38). Logo em seguida, encontramos a visão do
templo glorificado e da cidade santa (Ezequiel 40-48). Joel profetizou sobre
eventos ligados ao estabelecimento do reino messiânico (Joel 2:28-32; Atos 2:16-21) e, logo em seguida, da oposição
das nações e do julgamento delas por Deus no vale da Decisão levando à
conclusão inevitável: “Sabereis, assim, que eu sou o SENHOR, vosso Deus,
que habito em Sião, meu santo monte” (Joel 3:17).
A figura do
julgamento nos lembra, também, de Daniel 7. Depois de receber domínio e o reino
do Ancião de Dias, o Filho e seus santos servos enfrentam os reis da terra. Os
santos são entregues nas mãos do inimigo “por um tempo, dois tempos e
metade de um tempo” (Daniel 7:25; compare Apocalipse 11:2,9). “Mas,
depois, se assentará o tribunal para lhe tirar o domínio, para o destruir e o
consumir até ao fim. O reino, e o domínio, e a majestade dos reinos debaixo de
todo o céu serão dados ao povo dos santos do Altíssimo; o seu reino será reino
eterno, e todos os domínios o servirão e lhe obedecerão” (Daniel 7:26-27).
Baseado nestes trechos e nos acontecimentos até este momento
no Apocalipse, parece que os mortos aqui são aqueles que estão mortos no
pecado, mortos espiritualmente (Efésios 2:1,5; 5:14; Colossenses 2:13), aqueles
que não têm o “espírito de vida, vindo da parte de Deus” (11:11). O
julgamento dos mortos é o julgamento das nações ímpias, dos opressores que se
opuseram aos santos.
Para se dar
o galardão aos teus servos: O julgamento dos opressores traz um benefício óbvio
para os fiéis. Os servos recebem a recompensa pela sua fidelidade. Observemos
as descrições dos fiéis aqui:
● Teus
servos: A função principal de qualquer criatura é de servir ao Criador. Nós lhe
devemos o nosso serviço mais ainda quando pensamos no valor da redenção que
recebemos por meio dele.
● Os
profetas: Servos fiéis que revelaram os planos de Deus, tanto para salvar os
pecadores como para castigar os rebeldes.
● Os
santos: Os santificados, purificados e justificados pelo sangue do
Cordeiro.
● Os
que temem o teu nome: Todo servo fiel respeita profundamente o Senhor, e age no
nome dele.
● Tanto aos
pequenos como aos grandes: A promessa da recompensa é para todos os fiéis, dos
maiores aos menores.
Para
destruíres os que destroem a terra: A palavra traduzida “destruíres” e
“destroem”, neste versículo, não significa a aniquilação. O significado
principal da palavra grega é “corromper, mudar para pior”. Aqueles que
corrompem a terra – os servos de Apoliom, o destruidor (9:11) – são
corrompidos, arruinados, consumidos como por vermes ou traça. Resumindo este
versículo importante, chegou a hora determinada por Deus para:
1. Julgar os
mortos (ímpios).
2. Dar a
recompensa aos fiéis.
3. Arruinar
aqueles que corrompem a terra.
Apocalipse
11:19 – Abriu-se, então,
o santuário de Deus, que se acha no céu, e foi vista a arca da Aliança no seu
santuário, e sobrevieram relâmpagos, vozes, trovões, terremoto e grande
saraivada.
Abriu-se,
então, o santuário de Deus, que se acha no céu: Esta parte do livro começou no
capítulo 4, quando o céu foi aberto e João subiu para descrever as coisas que
ele viu. Termina com uma vista do santuário aberto no céu. Sabemos que o
verdadeiro santuário é celestial, e que o tabernáculo e o templo eram meras
cópias do real (Hebreus 9:1-2,11-12,23-24). A vitória de Jesus na morte rasgou
o véu do templo (Marcos 15:38), mostrando que ele abriu o acesso ao Pai
(Hebreus 10:20) e se tornou o único Mediador entre Deus e o homem (1 Timóteo
2:5; Hebreus 10:12). Ele intercede por nós como o nosso “Advogado junto ao
Pai”(Romanos 8:34; 1 João 2:1).
Foi vista a
arca da Aliança: Melhor, a arca da Aliança dele. Não é a arca da Aliança
limitada dada aos judeus no Velho Testamento. Esta arca representa a presença
de Deus na Aliança feita em Jesus, a aliança que traz remissão dos pecados pelo
sangue dele (Mateus 26:28; veja Apocalipse 5:9; 7:14; 12:11).
E
sobrevieram relâmpagos, vozes, trovões, terremoto e grande saraivada: Mesmo
neste momento da vista gloriosa do céu, não podemos esquecer da batalha travada
contra os inimigos. Como esta trombeta resume tudo que vem pela frente, assim
cumprindo o mistério de Deus anunciado aos profetas (10:7), há um elemento
forte do poder de Deus para castigar e destruir. Mais uma vez, encontramos
estes símbolos deste poder de Deus. A voz dele será ouvida e o poder dele
demonstrado nas explicações mais detalhadas nos capítulos subsequentes.
CONCLUSÃO
Depois de
tanta expectativa, encontramos na sétima trombeta a visão da vitória. Enquanto
claramente inclui elementos de castigo e destruição dos inimigos, a ênfase
está, obviamente, na vitória do Senhor e dos seus santos. Deus fez o que
prometeu. Os adversários fizeram o possível para destruir o reino dele, mas
jamais conseguirão fazer isso. O vitorioso Senhor dos senhores julga e destrói
os inimigos e salva e exalta os fiéis. Por isso, ele merece a adoração de todos
os seus servos, começando com as vozes no céu. É importante frisar o significado
desta trombeta em relação ao resto do livro. Sete selos foram abertos, e o
último revelou as sete trombetas. As sete trombetas nos levam até o fim, o
cumprimento do mistério revelado por Deus aos profetas. Mas a sétima não
termina aqui. Ela inclui o que vem depois, as explicações mais detalhadas no
resto do livro. Deus dará a vitória aos santos e arruinará os inimigos. O resto
do livro mostrará mais informações sobre as características destes inimigos, e
a natureza da vitória de Deus e do povo santo. “Graças te damos, Senhor
Deus, Todo-Poderoso”!