sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

O LIVRO DE GÊNESIS


O     L I V R O    D E    G Ê N E S I S


1 – O PLANO DE GÊNESIS

O estudo do Livro de Gênesis pode ser feito em três partes
Primórdios – Capítulo 1 ao 11, dividem-se em três partes: Eden, Dilúvio e Babel
Patriarcas – Capítulo 12 ao 36, se resume em três nomes: Abraão, Isaque e Jacó
A Descida para o Egito – Capítulo 37 ao 50, Consiste na biografia de José, e podemos dividir sua vida em três partes: Até o Egito, Até a Exaltação e Até a Morte

Quanto ao período inicial denominado “Primórdios – Capítulo 1-11”, verificamos pela designação “Eden”, não se refere apenas à criação geral e a criação do homem, mas também à descriação do Eden,com a queda do homem, e a mensagem dos descendentes imediatos de nossos pais, que termina com uma genealogia no Capítulo 5. Após este período, no Capítulo 6 a Bíblia começa a descrever a narração da corrupção do gênero humano e o anúncio do “dilúvio”, e conta-se, como Noé e sua família entram na arca e como as águas do dilúvio descem sobre a terra.
Também faz menção ao pacto que Deus fez com Noé e algumas narrativas de sua biografia, terminando com uma nova genealogia.
Interessante que tanto na primeira parte quanto na segunda parte terminam com uma genealogia. Antes, uma genealogia ate Noé, e a outra a partir de Noé. Gn 5 e Gn 10.
No Capítulo 11 se encontra a história da “Torre de Babel”, a terra tinha até então a mesma língua, e na confusão com outras línguas leva-se conseqüentemente mais uma vez ao fracasso da humanidade.

A era dos “Patriarcas” se inicia no Capítulo 12, com Abraão, Isaque e Jacó, relatando suas lutas na formação de uma descendência escolhida por Deus.

Já no Capítulo 48:45, começa então a preparação do povo escolhido de Deus na “Descida para o Egito”, mostra-nos uma convicção da providência divina na formação de uma grande e numerosa nação, escolhida por Deus.


2 - O SENTIDO ESPIRITUAL DE GÊNESIS



Gênesis fala do céu e da terra, mas imediatamente a atenção se volta para a terra. Embora Deus seja o criador de todas as coisas, a Bíblia não é uma revelação de todas as coisas. Porque?. Porque a Bíblia não foi escrita para o hipotético habitante da lua, nem de júpiter, mas foi escrita para o habitante da terra. A mensagem da Bíblia é para nós habitantes da terra, é a historia dos homens, de seu pecado, e da sua salvação.
Deus criou a  luz, a água, as plantas, os animais para a terra. A Bíblia cuida da terra e não dos céus, portanto deixa de ser astronomia. Ela cuida do homem, não das plantas, nem dos animais, portanto deixa de ser botânica e zoologia.

A Formação do Homem




A Bíblia não responde sobre a altura de Adão, sua cor, sua raça, grau de cultura, qual sua situação do ponto de vista da química, da biologia, psicologia, sociologia. Não se discute o índice facial ou craniano. A Bíblia nos fala do homem em relação a Deus. A Bíblia é teologia, pois analisa a significação espiritual do homem.
Deus criou o homem no paraíso e deu-lhe uma companheira, formando ali uma família. Quando veio a queda o pecado tomou conta,e e a família começou a se desmoronar, e os efeitos logo se fizeram sentir. Um irmão mata o outro, e a descendência de Caim se notabilizaram pela maldade. A família se desestrutura por causa do pecado.

A Falta Centralização
Deus fez tudo para que tudo girasse em torno Dele. Caim resolveu ser ele o centro, e queria que Abel girasse em torno dele. Tal atitude se chama  pecado do egocentrismo. Deus nos fez não para sermos o centro, mas para estarmos centrados Nele.

A Corrupção



Deus viu a corrupção dos homens e fez solenes advertências, mas os homens não lhe deram ouvidos a Sua vos e continuavam em pecado. O homem não devia continuar no espírito do egocentrismo, em consequência destes fatos, vemos a história do dilúvio, a luta de Deus com a humanidade corrompida e pecaminosa.
Deus destruiu para que houvesse um novo começo, e uma família é providencialmente salva, a família de Noé.
A historia continua, apesar de novas promessas, e o pacto reestruturado através do “arco íris”, o pecado continua, e leva a humanidade mais uma vez ao egocentrismo.

A Torre de Babel

Babel representa vaidade humana, a inteligência aplicada do mal, a pretensão humana em realizar uma obra divina pretendendo chegar ao céu, a mesma sugestão do Eden “sereis como Deus”, conhecendo o bem e o mal.

A historia do Eden, do Dilúvio, da Torre de Babel, é o que vemos desde o início da criação. É uma rebeldia contra Deus. Uma humanidade pecadora que precisa ser salva.

A Promessa Divina
E é expressamente o que Deus fez da vigorosa história da humanidade. Deus chamou um homem, “Abraão”, e através deste homem Deus constitui uma família, e através desta família formou um povo, e através deste povo trouxe o Messias.
Deus se colocou Ele mesmo no Centro da História” e constituiu a Sua Igreja, o verdadeiro domínio da Redenção Divina
ISRAEL + CRISTO + IGREJA = FAMÍLIA DE DEUS



3 - O PERIODO DOS PATRIARCAS – CAPÍTULO 12 AO 36


No Livro de Genesis podemos descrever três biografias dos principais personagens bíblicos, Abraão, Isaq, e Jaco, os quais representam três viagens diferentes. Na primeira Abraão sai de sua terra, Ur dos caldeus para Canaã. A segunda, Abraao pede para seu sevo ir para Ur em busca de uma esposa para seu filho e mais tarde Rebeca vai ao encontro de Isaq. Gn.24.1-7,50,62-67. A terceira viagem narra a história de Jacó que depois de enganar seu irmão Esau,, foge para Pada-Arã, região de seus parentes, Gn.28.1-2, e casa-se com as filhas de Labão,Gn.29.
Depois de um tempo, mais tarde após Jacó enganar seu sogro Labão, volta a Canaã e se reconcilia com seu irmão Esaú, e graças a esse encontro, no vale do Jaboque, se torna Israel, o príncipe de Deus, Gn.33.


A Biografia de Abraão

·       A promessa de que dele seriam benditas todas as nações da terra
·       Sua descendência seria como as estrelas do céu e a areia do mar
·       Deixou sua parentela para viver em tendas, como estrangeiro em Canaã
·       Foi obediente a Palavra de Deus
·       Foi generoso com Ló, na escolha de sua terra
·       Pagou dízimo ao Rei Melquizedeque
·       Instituiu a circuncisão como pacto com Deus
·       Intercedeu por Ló e sua família
·       Intercedeu pelas cidades impenitentes Sodoma e Gomorra
·       Visitou Abimeleque e apesar da grandeza de sua alma, mostrou-se humano caindo na fraqueza da mentira e da dúvida em relação a promessa de Deus em lhe dar um filho
·       Cumpre-se a promessa de Deus em sua vida com o nascimento de seu filho
·       Abraão foi obediente, na provação de seu único filho Isaq

Abraão é o exemplo do Homem de Fé
O pedido do sacrifício de Isaq parece absurdo, mas no livro de Hebreus 11.18, temos a resposta. Abraão crê na ressurreição, ele não discute, ele obedece e sua resposta é “Deus proverá”. É o homem da fé, e sua figura passa a ocupar o resto da escritura, Rom. 4, Mat.22.31-32.


A Biografia de Isaq

·       O exemplo de Isaq como pacifista e a nata saliente e sua biografia
·       Comparada ao pai, sua vida é de menor importância
·       Entre Abraão e Jacó, a figura Isaq é apagada da história
·       Isaq a princípio era o “filho de Abraão”, depois passou a ser o “pai de Jacó”

Isaq é o exemplo de Homem Pacifista
O incidente Máximo está registrado no capítulo 26, “e cavou poço”. Os vizinhos o tomaram, “e cavou outro poço”, e os inimigos o tomaram. A expressão aparece várias vezes, e ele deixava o poço e cavava outro, até que seus inimigos o procuraram para fazer amizade com ele.


A Biografia de Jacó

·       Seu nome era enganador
·       Enganou seu irmão Esaú
·       Enganou seu sogro Labão
·       Obteve o direito da Primogenitura
·       Ganhou a bênção de seu pai
·       O enganador foi enganado
·       Trabalhou conforme os costumes da época
·       Casaou-se com as filhas de seu sogro
·       Lutou com o Anjo do Senhor
·       Apesar de tudo, percebeu que de nada valia sua atitude de enganador, pois cedo ou tarde, chegara os ajustes de contas e pediu com grande insistência a bênção dos céus.
·       Encontrou-se e reconciliou-se com seu irmão Esau, mas não encontrou mais seu pai, somando a saudade de Raquel, sua esposa querida, que veio em breve a falecer.
·       Percebeu que não havia felicidade na terra e de nada vale ser enganador

Jaco é o exemplo do Homem Convertido
Jacó transformou-se no príncipe de Deus, ele teve o primeiro nome Jaco, como o “enganador”, depois o nome Israel. Jaco o “enganador”, deixa para traz um irmão enganado, e vai a frente encontrar um sogro a quem também o engana. Apesar das promessas que fez a Deus em Betel, ele também tenta a Deus enganar, mas na volta seu espírito e outro, Gn. 32.26. Jaco encontrou-se com Deus

A grande lição dos Patriarcas, é que Deus transforma Abraão em uma família, que foi seguida por seus descendentes Isaq e Jaco, e agora transformará esta família em uma Grande Nação.


4 – DESCIDA PARA O EGITO  -  CAPÍTULO 37 AO 48

A descida para o Egito podemos destacá-las em 4 viagens que levaram a imigração de Israel no Egito.
Primeira – Quando José foi vendido
Segunda – A ida dos irmãos de José ao Egito em busca de comida
Terceira – A volta ao Egito trazendo o irmão de José, Benjamim
Quarta – A descida de Jacó com toda sua família
José usou de alguns artifícios para que Israel viesse para o Egito: José pergunta pela família, e a resposta é que tinham outro irmão que ficara com seu pai Jacó.
José usa este argumento para que se comprometessem a trazer seu irmão Benjamim. Porque? Porque José queria a comprovação da veracidade de seus irmãos, e também por Benjamim ser seu irmão mais novo e filho de Raquel, sua mãe Por fim para se  consumar a descida de toda a sua família para o Egito, ele se declara a seus irmãos.

Caminhos da Providência

·       Atirado ao poço e depois vendido por seus irmãos
·       José era o filho preferido de Jacó
·       Foi para um país estrangeiro, e vendido como escravo
·       Tornou-se mordomo de Potifar
·       Tomou conta das posses de um grande político do Egito
·       Foi traído pela esposa de Potifar
·       A ira de Potifar contra José
·       Foi mandado para a cadeia

As Dádivas de Deus

·       No Egito, país estrangeiro José era bem visto aos olhos de Potifar, o que levou a ser mordomo de um homem importante
·       José tinha espírito de disciplina e trabalho
·       Na prisão adquire confiança do carcereiro ao ponto de ter em seus poder as chaves da prisão
·       Interpreta sonhos na prisão, copeiro e padeiro, ambos iriam sair dali, um para a morte e outro para servir ao rei
·       José interpela, “lembre-se de mim”

O Sonho do Rei

·       O rei sonha e fica perturbado
·       Ninguém consegue interpretar a sonho do rei
·       José é lembrado
·       José interpreta o sonho do rei

A Exaltação de José


·       O rei acha sabedoria na interpretação de José
·       Chegara a hora da providência divina
·       As circunstâncias ”a fome”, o torna o homem mais influente no Egito e no mundo
·       Os caminhos da providência só eram tortos na aparência, na realidade Deus guiou José para a exaltação

A História o atesta através de experiências perigosas
Deus testou José tanto na prisão “rebaixado”, quanto no trono “exaltação”. Jose estava acima de tudo, chegou ao ápice, num sentido ao outro. Na prisão não se desesperou, quanto a outro podia se perder. José foi vendido, foi escravo, foi preso, foi traído, mas não se abalou, pois estava em comunhão com Deus.
Em eminência outro se exaltaria, pensaria ... "Serei como Deus". Ao contrário José nas alturas ainda era servo de Deus.
As circunstâncias de provações e de provocações, foram profetizados por ele mesmo, quando dizia que... “para conservação da vida Deus me enviou diante e vós”. Estava ele agora em circunstância que lhe era possível prover para sua família, para seu povo, para o Egito e para os povos circunvizinhos. Um homem na mão de Deus que serviu de salvação para seu povo hebreu.


5 – APÓS A MORTE DE JACÓ – CAPÍTULO 49 AO 50

Os filhos de Jacó pensam que após a sua morte José se vingaria de seu passado, e se prostam perante ele pedindo perdão e José os conforta dizendo não estar no lugar de Deus.
José estava num lugar de exaltação, mas não se perdia na exaltação “Vos intentaste mal contra mim, porém Deus o tornou em bem”.
José soube interpretar a ação divina em sua vida, conheceu seu próprio lugar, vendo Deus como seu protetor e juiz.
Deus tarda mas não falha. Desde menino José fora usado por Deus, e com o tempo, Deus foi lhe dando experiência.
José ia tomando contato com todas as classes sociais, na palestina, no convívio com seus irmãos, como escravo do Egito, na prisão, experiência como mordomo, experiência no palácio. Através destas experiências ele ficou a altura de poder exercer um cargo supremo.

6 – O DEDO DE DEUS

O resultado dos acontecimentos na vida de José foi de uma família na Palestina morar no Egito, e tudo se relacionava com a promessa de Deus feita a seus pais.
De acordo com os planos divinos, os descendentes de Abraão viriam a constituir-se em um grande povo. Se ficassem na Palestina seriam massacrados pelos povos que viviam lá, estariam numa terra estranha, pois eram oriundos de Ur dos Caldeus.
Os descendentes de Abraão eram estrangeiros vindos da Caldéia, terra onde Abraão nasceu, e se viessem a constituir ameaça, sofreria opressão, sem possibilidade de resistência, pois era apenas uma família na Palestina e não um povo.
Se estivessem vindos ao Egito sem as circunstancias ocorridas, também seriam rechaçados, ou então logo que começassem a multiplicarem seria reduzido à escravidão.
Porém o fato de serem irmãos de José, tornaram se circunstancia excepcional, onde receberam a melhor porção da terra  do Egito , que se chamava Gosen, uma terra fértil, boa para o pastoreio e criação de ovelhas. Eram protegidos em todos os sentidos, cresciam, se multiplicavam, prosperavam e os povos estrangeiros não os incomodavam, pois estavam sob a proteção do Egito.
Separados e protegidos das outras terras do Egito, não se misturavam com os egípcios, nem no sentido cultural, biológico, ou religioso. O povo de Israel teve um isolamento providencial. Assim Deus pode transformar uma família em um povo, e num povo numeroso com características próprias.
Quando a família israelita desceu ao Egito, Deus falou para Jacó que faria com que sua descendência subisse em condições de se estabelecer na terra prometia. Gen. 46.3, 48.15.

7 – DE GÊNESIS A ÊXODO

O Livro de Gênesis revela-nos uma Família, e o Livro de Êxodo começa num grande Povo vindo dessa Família. Em Gn. 46.26, relatam-nos somente 70 pessoas “Família” ,e em Êxodo 12.37, relatam nos 600 mil pessoas em pé, somente varões “um Povo”.
Entre o Livro de Gênesis e Êxodo, temos um período de 400 anos que não se relata a vivência de Israel, durante a formação desse povo.
Em Gênesis temos uma família protegida por faraó, e em Êxodo temos um povo perseguido por faraó.
Em Gênesis vemos José como escravo no Egito, e em Êxodo um povo inteiro escravo do Egito.
No Livro de Genesis, Gosen a terra privilegiada do Egito não era a Terra Prometida aos Israelitas, Jacó já velho expressava o desejo de ser enterrado em Canaã, Gn 49.29. José teve a mesma esperança, Gen. 50.24,25.
No Livro de êxodo veremos Israel rumo a Canaã, a Terra Prometida. A esperança de Israel estava em Canaã.
A consciência dessa família era portanto, que estavam em terra estranha e de que a terra prometida era Canaã.
Deus prosperou em tudo a Israel dando vida abundante.

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O TíTULO
Gênesis é o termo grego — de onde vem “gênese” em português — com que a Septuaginta nomeia o primeiro livro da Bíblia. Significa “origem” ou “princípio”, o que corresponde de um modo geral ao conteúdo do livro. Com efeito, nele são narrados, desde uma perspectiva religiosa, as origens do universo, da terra, do gênero humano e, em particular, do povo de Israel. Na Bíblia Hebraica, este livro tem como título a sua primeira palavra, Bereshit, comumente traduzida por “No princípio” (1.1).

DIVISãO DO LIVRO
O livro de Gênesis (Gn) compõe-se de duas grandes seções. A primeira (caps. 1—11) contém a chamada “história das origens” ou “história dos primórdios”, que inicia com o relato da criação do mundo (1.1—2.4a). Trata-se de uma narrativa poética de grande beleza, à qual segue a narrativa da origem do ser humano, colocado por Deus neste mundo que havia criado. A segunda parte (caps. 12—50) enfoca o tema dos inícios mais remotos da história de Israel. É conhecida como “história dos patriarcas” e centra o seu interesse em Abraão, Isaque e Jacó, respectivamente pai, filho e neto, nos quais o povo de Deus tem as suas raízes mais profundas.

A HISTóRIA DAS ORIGENS
“No princípio, criou Deus os céus e a terra” (1.1). Este enunciado categórico e solene abre a leitura de Gênesis e de toda a Bíblia. É a afirmação do poder total e absoluto de Deus, o único e eterno Deus, a cuja vontade se deve tudo que existe, pois “sem ele nada do que foi feito se fez” (Jo 1.3). O universo é resultado da ação de Deus, que, com a sua palavra, criou o mundo, o tornou habitável e o povoou com seres viventes. Entre estes pôs também a espécie humana, que diferenciou de todas as outras ao conferir-lhe uma dignidade especial, criando-a “à sua imagem, à imagem de Deus” (1.26-27).
Este relato inicial de Gênesis considera o homem e a mulher em uma particular relação com Deus, de quem receberam a comissão de governar de modo responsável o mundo do qual eles próprios são parte (1.28-30; 2.19-20). Com efeito, o ser humano (hebr. adam) foi formado “do pó da terra” (adamá), ou seja, da mesma substância que o resto da criação; porém “o Senhor Deus... lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente” (2.7). A criação do homem, do varão (ish) é seguida no Gênesis pela da mulher (ishá), vindo a constituir entre os dois a unidade essencial do casal humano (2.22-24).
A relação especial que Deus estabelece com Adão e Eva se define como uma permanente amizade, oferecida para ser aceita livremente. Deus, criador de tudo e soberano absoluto do universo, oferece a sua amizade; o ser humano está livre para aceitá-la ou rejeitá-la. O sinal da atitude humana ante a oferta divina se identifica com o preceito que, por um lado, afirma a soberania de Deus e, por outro lado, estabelece a responsabilidade do ser humano no gozo da liberdade: “da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás” (2.17). Porém Adão, o ser humano, querendo igualar-se a Deus, quebra a condição imposta com um ato de rebeldia que lhe fecha o acesso à “árvore da vida” (3.22-24) e abre as portas ao império do pecado, cujas conseqüências são o sofrimento e a morte.

A HISTóRIA DOS PATRIARCAS
Esta segunda parte de Gênesis (caps. 12—50) representa o começo de uma nova etapa no desenvolvimento da humanidade, uma etapa na qual Deus atua no sentido de libertar os seres humanos da situação à qual o pecado os conduziu.
A história entra em uma nova fase com a revelação de Deus a Abraão, a quem ordena que deixe para trás a sua parentela e a sua terra e emigre para terras desconhecidas. Promete-lhe fazer dele uma grande nação, abençoá-lo e engrandecer-lhe o nome (12.1-3) e lhe confirma essa promessa estabelecendo uma aliança segundo a qual em Abraão seriam “benditas todas as famílias da terra” (12.3; cf. Gl 3.8).
O livro de Gênesis destaca que o Senhor não atua de forma arbitrária ao escolher Abraão, mas que a sua eleição faz parte de um plano de salvação que se estende ao mundo inteiro. O fim último desse plano, a universalidade da ação salvífica de Deus, se manifesta no fato simbólico da mudança do nome de Abrão para Abraão, que significa “pai de numerosas nações” (17.5).
Quando Abraão morre, o seu filho Isaque passa a ser o depositário da promessa de Deus; e, depois de Isaque, Jacó. Assim ela foi sendo transmitida de uma geração a outra, de pai para filho. E todos, como Abraão, viveram como estrangeiros, fora do seu lugar de origem. Os patriarcas (isto é, “pais de uma linhagem”) eram pastores seminômades, em constante movimento migratório. A sua vida transcorreu entre contínuas mudanças e reassentamentos que, registrados no livro de Gênesis, dão à narrativa um caráter peculiar.
Jacó, por ocasião de um misterioso episódio que teve lugar em Peniel (32.28-30; cf. 35.10), recebeu o nome de Israel (“aquele que luta com Deus” ou “Deus luta”). Esse nome foi usado mais tarde para identificar as doze tribos, depois o Reino do Norte e finalmente a nação israelita na sua totalidade.
A história de José, filho de Jacó, é fascinante. Vendido como escravo e levado ao Egito, José caiu nas graças do faraó que lá reinava. O faraó o elevou ao segundo posto no governo do país (41.39-44). Essa posição política elevada permitiu ao jovem hebreu trazer para junto de si o seu pai, que, com os seus filhos, familiares e os seus rebanhos (46.5-7,26), se estabeleceu no delta do Nilo, na região de Gósen, uma terra rica em pastos e apropriada às suas necessidades e ao seu gênero de vida.
Morrendo Jacó, os seus filhos trasladaram o corpo a Canaã e o sepultaram em um túmulo que Abraão havia comprado (50.13) para ali enterrar a sua esposa (23.16-20). Essa compra de um terreno para sepultura tem no livro de Gênesis um claro sentido simbólico, prefigurando a tomada de posse pelos israelitas de um território onde os patriarcas do povo haviam vivido como estrangeiros em outra época.

ESBOçO:
1. História das origens (1.1—11.32)
2. História dos patriarcas (12.1—50.26)
a. Abraão (12.1—25.18)
b. Isaque (25.19—26.35)
c. Jacó (27.1—36.43)
d. José (37.1—50.26)